20 março, 2010

Seminário Biodiversidade: Moita: 11 de Março 2010

Números referentes à apicultura nacional que de alguma forma demonstram o potencial produtivo e económico deste sector.

Outros produtos da colmeia cujo valor acrescentam mais-valias à economia apícola.

A importância “social” da apicultura, na medida em que rivaliza de uma forma saudável com a manutenção de idosos e reformados em Centros de Dia ou simplesmente inactivos.
Este aspecto é particularmente sentido nas zonas rurais, sobretudo quando se associa a prática da apicultura com as pequenas hortas familiares e criação de gado.
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Frase enigmática proferida por A. Einstein que procura demonstrar a importância da apicultura, nomeadamente da polinização levada a cabo pelas abelhas, no equilíbrio dos sistemas naturais.
Apesar de tudo apontar para isso, nada sabemos acerca da sua veracidade, e oxalá que nunca o venhamos a saber…

Classificações das plantas relativamente à forma como são polinizadas. Tal classificação reflecte uma co-evolução entre plantas e mamíferos, aves ou insectos.
Na Natureza a maioria das plantas são polinizadas por insectos, o que mais uma vez demonstra a necessidade das abelhas na manutenção do coberto vegetal.

A polinização das plantas: os componentes de flor (estruturas sexuais masculinas e femininas).

Polinização da flor de laranjeira: Abelha a sugar o néctar disponibilizado nos nectários e estrutura sexual feminina (carpelo: ovário) já fecundada e evoluindo para o fruto.
Tanto o pólen como o néctar das plantas zoófilas normalmente são muito nutritivos, servindo para atrair os insectos (neste caso) e funcionando também como moeda de troca para o serviço da polinização.
Podemos comparar a natureza a uma aula de economia, na medida em que a planta investe em nutrientes nos nectários e nos grãos de pólen para garantir a sua reprodução.

Processo da fecundação dos óvulos:
A – Auto polinização, pouco desejável, normalmente os vegetais têm forma de a evitar inibindo a germinação do tubo polínico.
B – Polinização com grãos de pólen de outra espécie, não são reconhecidos e acabam por não germinar. Caso o fizessem originariam híbridos, situação pouco comum na Natureza.
C – Polinização cruzada, a ideal, grãos de pólen da mesma espécie para fecundarem os óvulos de outro indivíduo.

Reconhecimento do grão de pólen, emissão do tubo polínico e a dupla fecundação do óvulo: originando o embrião e o endosperma.

Semente = embrião (estrutura cuja germinação origina a nova planta) + endosperma (substância de reserva necessária ao crescimento do embrião até a nova planta ser auto-suficiente, ou seja, ter folhas verdes, fotossintéticas).
Formação do Fruto: Só após a formação da semente, a planta “investe” na formação do fruto, cuja função é a de disseminar as sementes para longe da planta mãe.
Novos exemplos da “economia natural”: as plantas só investem nas reservas da semente (endosperma) quando se forma o embrião, e só investem no fruto após a formação da semente. Caso contrário não haveria qualquer interesse em mobilizar reservas de açúcar para formar o fruto, se não houvessem sementes para disseminar.
Facto que clarifica bastante a importância da apicultura na economia agrícola, nomeadamente com os incrementos na produção de frutos, hortícolas e sementes:

Vantagens das abelhas na Polinização:
Fidelidade à Espécie Vegetal: Quando uma abelha batedora comunica às outras abelhas a descoberta de determinada fonte de néctar/pólen, durante a dança em “oito” distribui “amostras” de néctar/pólen às restantes abelhas, que ao saírem da colmeia buscam preferencialmente a vegetação com essas características e no local “combinado”…
Grande Densidade de Insectos: Com a alteração da capacidade de suporte do meio promovida pelo apicultor com o maneio apícola:

Paisagem apícola, com vários hectares e quatro apiários.

Possíveis interacções (de voo) entre as várias comunidades de abelhas (apiários).
Representação de quatro limites teóricos:
5 km - Limite biológico (teórico) para o voo das abelhas. Distância que as abelhas podem percorrer para colectarem alimentos (se não houver disponíveis mais próximos) de forma que a colónia possa sobreviver.
Esta situação, economicamente, é pouco interessante na medida em que as colónias (apesar de sobreviverem) não conseguem fazer reservas que possam ser crestadas pelo apicultor.
É da responsabilidade do apicultor não fazer assentamentos de colmeias em zonas com tão pouca densidade de flora apícola, ou então não praticar encabeçamentos tão elevados que obriguem à exploração de zonas muito afastadas do apiário.
2 km – Limite a partir do qual (para valores inferiores) além da sobrevivência da colónia, as abelhas conseguem armazenar excedentes. Sendo considerado interessante economicamente.
1 km – Limite de voo desejável para a colecta de mel e pólen, na medida em que permite grandes armazenamentos de reservas = grandes produções.

Estimativa da densidade de insectos numa área circular de cinco quilómetros de raio (Limite biológico (teórico) para o voo das abelhas) assumindo um apiário com 20 colmeias e cerca de 80.000 insectos/colmeia.

Estimativa da densidade de insectos numa área circular de dois quilómetros de raio (Limite sustentável) assumindo um apiário com 20 colmeias e cerca de 80.000 insectos/colmeia.

Estimativa da densidade de insectos numa área circular de um quilómetro de raio (Limite desejável) assumindo um apiário com 20 colmeias e cerca de 80.000 insectos/colmeia.

Números referentes a outro “produto da colmeia”: os serviços de polinização pagos por colmeia:

Mais um “argumento ambiental” de peso para o sector apícola: a abelha como base da alimentação de uma espécie protegida: o abelharuco, cuja presença em grandes bandos por vezes causa danos nas colmeias, principalmente quando ataca as rainhas no voo nupcial.

A Varroose, como um dos mais sérios problemas do sector apícola na actualidade.
Desde meados da década de 1980, quando o ácaro Varroa jacobsoni (hoje Varroa destructor) entrou em Portugal que o controlo desta doença tem tido um tremendo impacto negativo no sector: seja pelas baixas nos efectivos, como pelos custos dos medicamentos, como ainda pelos riscos de resíduos no mel.
Com o surgimento desta moléstia as abelhas ficaram totalmente dependentes do ser humano, uma vez que a ausência de tratamentos leva ao colapso da colónia em menos de um ano.
Aplicando a lógica a esta afirmação e à de A. Einstein, podemos concluir que o ser Humano está muito dependente de si próprio, conclusão que decerto não abonará muito a nosso favor…

A importação de méis do Sudoeste Asiático, nomeadamente da China, continua na ordem do dia. Tal prática penaliza muito a apicultura nacional na medida em que os méis chegam a Portugal a preços inferiores aos nossos custos de produção. Com a agravante de exigirem aos apicultores portugueses pesados investimentos nas melarias.
Fica a dúvida: se por um lado os legisladores demonstram tantas preocupações com a qualidade que chega aos consumidores (situação muito positiva), porque razão permitem a entrada de méis oriundos de países onde tal controlo não se verifica?
O Síndroma do Despovoamento de Colmeias (SDC) ou Colony Collapse Disorder (CCD) como um dos mais actuais e principais problemas do sector apícola, sobre o qual muito se escreve e pouco se sabe…

Algumas das causas apontadas para o SDC…

Curioso cartoon, retirado da net, que pretende demonstrar a confusão em torno do SDC…

A apicultura no Modo de Produção Biológico, como uma das alternativas mais saudáveis para o sector apícola. No entanto, se não se resolverem as situações previstas nos dois acetatos seguintes (entre outras) poderemos ver abortadas todas as esperanças depositadas nesta prática…

14 março, 2010

Colmeias Diferentes - 16


Uma revolução na arte de pintar colmeias...

12 março, 2010

O infalível teste da “Bolha”…

Em determinadas circunstâncias, o “Teste da Bolha” devia estar para a apicultura como o fermento Inglês para as bolas de golfe…
Não há nada que mais me tire do sério do que ver um cliente com ar de entendido a emborcar um frasco de mel e seguir atentamente o percurso da “bolha”. O último foi precisamente no Natal passado.

Estava eu numa loja gourmet da região quando vi um casal que discutia animadamente frente à secção do mel, enquanto “o que usava calças” segurava duas embalagens “de cabeça para baixo”. “Este deve ser o melhor!” Concluía ele perante o ar estupefacto da esposa, e depois de ter revirado os frascos umas boas cinco vezes… Ainda assim ela duvidava do marido e do infalível teste.

Então não viste!!!???” E lá voltaram as embalagens a fazer o pino, mais parecendo uma corrida de bolhas. Entretanto, a senhora deve ter ficado alérgica ao mel e mudou de secção, deixando o respectivo na dúvida…

A apicultura é a minha profissão, boa parte da vida e até uma paixão. Ainda assim decidi nunca mais interferir no que não me dizia respeito desde que uma vez tentei comprar mel a um apicultor sobre a parede da barragem de Castelo de Bode. Para saber o que comprava perguntei a que tipo floral pertencia o mel exposto.
Então não foi que o apicultor me respondeu com um “Olhe, isso não sei, quando as abelhas saem da colmeia vão onde querem e eu não interfiro…”

Voltemos à “Bolha”, incorrigível como sou, abeirei-me do indivíduo e na medida do possível lá lhe expliquei que com tal malabarismo aos frascos pouco mais ficaria a saber que a humidade relativa de cada mel… se é que disso dependeria a sua decisão.

Tratava-se de um Mel de Rosmaninho e de um Multifloral, já não recordo qual dos dois acabou por levar, mas creio que nunca mais o verão a rodar embalagens para ver qual é o melhor…

Regra geral, e pelas datas de cresta quase sempre tardias praticadas nesta região, é uma raridade, senão impossível que algum mel venha a fermentar por excesso de humidade. Pelo que tal teste é quase sempre supérfluo, e mesmo assim a única verdade que conseguimos “arrancar” é a humidade comparada entre as duas amostras e não a absoluta de cada uma, que de facto interessa.

Muitas vezes recorremos ao teste da “bolha” nos concursos de mel (e na ausência de um refractómetro), quando duas amostras obtêm a mesma pontuação e se opta pela humidade como factor de desempate, ganhando obviamente o de menor humidade, mais viscoso e com a “bolha” mais lenta.

Digamos que se o Michael Schumacher fosse uma bolha de ar num frasco de mel, este já teria fermentado há muito, em contrapartida o “nosso” Pedro Lamy daria um excelente conservante para o mel…