30 dezembro, 2014

Concurso de Mel - Confraria do Mel - LabApis


A 21 de Fevereiro de 2014 decorrerá a 2ª edição do Concurso de Mel, que a Confraria do Mel em colaboração com o LabApis UTAD realiza por ocasião do seu IV Capítulo.

O objectivo principal do concurso é premiar méis de qualidade, contribuindo para a sua promoção e divulgação junto dos consumidores.

Este concurso enquadra-se no âmbito de um conjunto de iniciativas promovidas pela Confraria do Mel em parceria com a Universidade de Trás os Montes e Alto Douro.

Julgamos estarem reunidas as condições necessárias para que o êxito do Concurso de Mel esteja desde já assegurado. A participação de V.ª Ex.ª contribuirá para o prestígio de um evento que pretendemos fazer cada vez melhor. Neste contexto remetemos os respectivos regulamentos, ficando ao V.º dispor para qualquer esclarecimento adicional.
Com os melhores cumprimentos,

Francisco Rogão (Grão Mestre da Confraria do Mel)
Paulo Russo Almeida (Responsável pelo LabApis)

Regulamentos, inscrições:

29 outubro, 2014

II Encontro - Mel do Campo Branco - Castro Verde


2º ENCONTRO | MEL DO CAMPO BRANCO

CASTRO VERDE | SÁBADO, 1 DE NOVEMBRO
CENTRO DE PROMOÇÃO DO PATRIMÓNIO E DO TURISMO

A apicultura é uma actividade económica tradicional e importante na região e em Castro Verde.
Numa altura em que, a nível internacional, se receiam as consequências da diminuição do número de colónias de abelhas, em Portugal aumenta o número de colmeias e de apicultores.

Por isto é importante a continuidade deste evento como forma de contribuir para o incremento e rentabilidade desta atividade, e a melhoria e diversificação da produção de mel e derivados.

A organização desta iniciativa resulta de um processo partilhado com alguns apicultores do concelho através da realização de reuniões de trabalho onde se evidenciou a importância desta iniciativa como ponto de encontro anual dos apicultores do concelho e não só, com vista à divulgação dos produtos da colmeia, ao aumento dos conhecimentos e à melhoria do inter-relacionamento entre os apicultores da zona, com vista ao desenvolvimento da actividade, da cooperação e do associativismo.

Assim, e com o objetivo de um maior envolvimento e participação dos apicultores, foram definidas mesas-redondas subordinadas a dois temas distintos considerados pertinentes:

. A água-mel, produto regional com grande interesse nutricional e económico e que importa
revitalizar e dar visibilidade;
. O associativismo, as vantagens e as dificuldades na especificidade da atividade apícola.
Pretende-se um Encontro participado, enriquecedor e que aprofunde as relações entre os apicultores e que isto se reflita no desenvolvimento da atividade apícola no concelho e na região.

2º ENCONTRO | MEL DO CAMPO BRANCO

Posto de Turismo / Centro de Promoção do Património e do Turismo
Sábado, 1 de novembro de 2014

PROGRAMA

10h00 – ABERTURA DA MOSTRA / VENDA DE PRODUTOS DA COLMEIA
aberto até às 18h00 horas

10h30 – 12h30 – MESA-REDONDA A ÁGUA-MEL

Participação de:
Fernando Duarte (apicultor)
Nuno Marques (apicultor)
12h30 – 14h00 – ALMOÇO LIVRE
14h30 – 16h30 – MESA-REDONDA

ASSOCIATIVISMO APÍCOLA

Associação de Apicultores da Serra do Caldeirão e Planície Alentejana
APIGUADIANA – Associação de Apicultores do Parque Natural do Vale do Guadiana

17h00 – VISIONAMENTO DE DOCUMENTÁRIO SOBRE APICULTURA

19h30 – JANTAR – CONVÍVIO de apicultores e amigos (custo parcialmente suportado pelos

participantes. Inscrições durante o dia do Encontro, até às 12.30 horas, no Posto de Turismo).

22 outubro, 2014

... ainda a Vespa crabro

Este assunto nunca está encerrado.

Agora foi porque recebi uma série de fotos enviadas pelo meu amigo Jorge Tiago, fotos essas que registam alguns aspectos comportamentais menos conhecidos destas estranhas vespas.

Começa logo pelo facto do ninho ter sido construído no exterior, no tronco de um Sobreiro, quando sabemos que é habitual fazerem-no em tocos ou buracos mais protegidos da intempérie.

Pouco conheço da biologia/ecologia da espécie, mas os únicos ninhos completos que vi, retirados um de um toco de árvore e outro do interior de um cortiço, não tinham a protecção exterior em fibra vegetal como a da imagem acima. Apenas constroem os discos de alvéolos sobrepostos e ligados por pilares.

Talvez quando optem por construir no exterior, ou não tenham alternativa (?), envolvam os alvéolos com essa protecção extra. Não deixa de ser fascinante como elas avaliam as condições disponíveis e alteram a sua rotina para um comportamento mais elaborado. Basicamente são conhecimentos, habilitações, que possuem mas não utilizam, reservando-os apenas para quando necessários.
Ou então, o que é bem provável, essa capa de celulose exterior terá sido removida acidentalmente nos ninhos retirados de buracos que observei.

Na imagem anterior é bem notória a diferença entre os indivíduos da colónia, nomeadamente nas dimensões e na pigmentação dos anéis. Já tinha percebido essa diferença quando fotografei as Vespas crabro para o último post.

Os insectos de menor dimensão não têm os anéis negros até à extremidade do abdómen, como os maiores, mas mantêm no entanto as manchas em forma de gota. Se observarem a primeira imagem do post anterior (O Ataque da Vespa crabro) nota-se que essa vespa também tem poucos anéis negros mas apresenta manchas acinzentadas e sem forma padronizada na faixa amarela dos anéis.

Não sei se tais diferenças se devem a diversas castas ou funções dentro da colónia, as castas com diferente morfologia são mais comuns nas formigas, talvez até dimorfismo sexual, possivelmente as menores serão obreiras e as maiores as fêmeas férteis que irão sobreviver ao Inverno para fundarem novas colónias no próximo ano…

As referências apontam para várias raças geográficas ou subespécies de Vespa crabro, talvez isso justifique as diferenças na pigmentação de colónia para colónia.

Larvas de Vespa crabro nos alvéolos

Na imagem anterior uma enorme larva que poderá ter caído acidentalmente do ninho, o que parece pouco provável, ou talvez expulsa pelas adultas por qualquer razão sanitária. Tal também se poderá dever à proximidade do período frio e as vespas eliminem todos os indivíduos poupando apenas as fêmeas e machos férteis. As abelhas fazem o mesmo com os zangãos nesta estação, por motivos de economia de reservas face à inutilidade daqueles no período que se avizinha.

O Jorge Tiago chamou-me a atenção para o facto de o solo debaixo do ninho apresentar uma mancha escurecida, possivelmente devido à enorme quantidade de dejectos líquidos que as vespas expulsavam com alguma frequência:

Mérito e paciência do Jorge que conseguiu fotografar as vespas no preciso momento em que uma delas expulsou um abundante esguicho.

Já fotografei abelhas rainhas com um ovo na extremidade do abdómen, outra vez consegui uma que regressava do voo nupcial onde se via perfeitamente os ganchos do pênis do zangão na parte terminal do abdómen. Fotografar uma vespa em plena evacuação de líquidos fisiológicos foi mesmo uma grande façanha do Jorge Tiago!

Há uma árvore pimenteira no jardim frente à sede da ADERAVIS, sob a qual eu estaciono o meu carro. Todos os dias nesta estação eu vejo imensos polinizadores a visitarem as flores e bagas dessa árvore, abelhas do mel, abelhas solitárias e várias espécies de vespas entre as quais a Vespa crabro. Percorrem toda a copa num voo ruidoso, por vezes arremetem contra um cacho de flores, não sei se para caçar outro insecto, mas já vi uma delas partir com outra vespa menor nas patas. Suponho que também colectam néctar para a sua própria alimentação.


Que pena não conhecermos suficientemente a espécie, decerto que poderiam ter muita utilidade no combate a insectos nocivos nas lutas biológicas. Volto a frisar que se trata de uma animal formidável!

09 outubro, 2014

O Ataque da Vespa crabro

Todas as manhãs a gazela acorda sabendo que tem que correr mais veloz que o leão ou será morta. Todas as manhãs o leão acorda sabendo que deve correr mais rápido que a gazela ou morrerá de fome. 
Não importa se és um leão ou uma gazela: quando o Sol desponta o melhor é começares a correr.

Provérbio africano, retirado de “A confissão da leoa”, de Mia Couto

Poucas imagens da vida selvagem suscitam tanto dramatismo como um leão a caçar uma gazela nas pradarias africanas. São presas e predadores de grandes dimensões, à nossa escala, as vidas em jogo, os ruídos da luta, o sangue a escorrer e a carne a rasgar ferem a nossa humana sensibilidade.

No entanto, mesmo a escalas mais reduzidas como ao nível dos insectos, as relações presa-predador revelam momentos tão pungentes como os do exemplo anterior. Apenas a maior parte da acção nos escapa ao olhar e por isso somos levados a supor que tudo decorre com mais suavidade e recato.

Há poucas semanas encontrava-me no campo com um amigo que tinha instalado o seu primeiro apiário com três colmeias. Observava-mos numeroso grupo de abelhas que regressavam à colmeia carregadas de pólen, quando um ruidoso voo de insecto nos chamou a atenção. Cedo identificamos a Vespa crabro de grandes dimensões que circundava o local atraído pelas abelhas recém-chegadas.

É curioso como a maior parte das abelhas que voavam nas proximidades depressa se refugiaram na colmeia e passaram a guardar a entrada, atentas a tudo o que se desenrolava no exterior.

Não imaginava que tais vespas tivessem no apiário um efeito semelhante ao provocado pela presença e pelo canto dos abelharucos: manter a maior parte das abelhas em sentido à entrada e com uma notória redução do fluxo de insectos.

Baldadas as tentativas de capturar as abelhas que partiam ou regressavam por parte da enorme vespa, uma vez que esse movimento cessou quase por completo, o predador iniciou então uma série de voos e aproximações provocatórias à entrada das colmeias. Pretendia com isso estimular o ataque de alguma abelha mais temerária, isolá-la do grupo e lançar-se sobre ela.

Vimo-la passar em voo rasante frente à entrada das colmeias e toda a guarda avançada das abelhas acompanhava o movimento da vespa mudando de posição. Noutras vezes aproximava-se a escassos centímetros das abelhas ficando a pairar uns instantes no local, o que fazia com que as potenciais presas avançassem ligeiramente na sua direcção.

Setas amarelas - Posição da Vespa crabro a pairar frente às abelhas.
Setas vermelhas - Posição de uma abelha que seguia nervosamente todas as movimentações da vespa, reparem como ela altera a sua posição consoante o movimento da vespa.

Essas vespas surgiam com a frequência de um ataque a cada dez ou quinze minutos e todas as tentativas eram bem-sucedidas.

Quase se sente a tremenda tensão que paira nesta selva em miniatura, o voo frio e calculista da vespa, os avanços e recuos a medo da defesa das abelhas, o inimigo mortífero ali tão perto. Dava qualquer coisa para saber se ambos, presas e predadores, têm alguma consciência do sucesso de tais ataques e por isso da inevitabilidade de a todo o instante uma das abelhas perecer na defesa de uma causa que face às evidências parece perdida. Mesmo assim não desistem do sacrifício individual pela causa comum.

Logo que o predador conseguia isolar uma abelha, rapidamente a alcançava em voo agarrando-a com as patas e as mandíbulas. De seguida pousava num ramo da árvore mais próxima e despedaçava-a. 

Na imagem do canto inferior esquerdo a abelha já não tem a cabeça.

Desembaraçava-se das asas e da cabeça e segundo as referências mastiga toda a parte muscular cuja massa é levada para o ninho onde alimenta as vespas em estado larvar. Segundo as mesmas referências apenas os insectos em estado larvar são carnívoros, as vespas adultas alimentam-se de néctar.

Numa dessas vezes vimos como a enorme Vespa crabro capturou uma abelha em voo, perdendo altitude e quase se estatelando as duas no solo. Recuperava de novo altitude quando outra pequena abelha, talvez injectada de coragem por ver a situação crítica em que se encontrava a irmã, se lança a tremenda velocidade sobre os dois insectos e os derruba por terra. Foi uma imagem alucinante, parecia um autêntico míssil lançado contra uma aeronave.

Foi nessa altura que uma providencial ramalhada de esteva pôs fim à contenda. Não foi lá muito ético nem científico, mas precisávamos de imobilizar uma vespa para a fotografar.

Por outro lado tinha ficado algo intrigado com o comportamento extremamente defensivo das abelhas à entrada da colmeia por causa da proximidade da vespa, pelo que resolvi coloca-la quase morta na tábua de voo e o ataque das abelhas não se fez esperar. Rapidamente a atacaram e expulsaram para longe quando se certificaram que já não constituía qualquer ameaça.

É visível o ferrão da abelha no canto superior direito.

Na imagem superior vêem-se as abelhas a bater as asas para dispersarem alguma hormona de alarme.

Enquanto umas abelhas atacam o intruso, as restantes fazem a defesa do perímetro com uma curiosa formação em semi-circulo. 

Já com a vespa expulsa da tábua de voo, as abelhas deixaram de atacar mas mantiveram-se nas proximidades...

Noutro dia o Paulo seguiu o voo dessas vespas e conseguiu encontrar o ninho num buraco de numa pernada de Sobreiro, estava a cerca de quatro metros de altura e a uns 400 a 500 metros distante do apiário.

Aproximamo-nos bastante e as vespas pouca ou nenhuma agressividade demonstraram, creio, mas não me responsabilizo, que deve ser a espécie de vespas menos agressiva que conheço.

Entretanto víamos chegar ao local dezenas de vespas vindas de todas as direcções, pousavam nas árvores e arbustos em redor trazendo abelhas, vespas de espécies menores e outros insectos. 

Algumas Vespa crabro circulavam pelo tronco recém-descortiçado do Sobreiro onde tinham o ninho e pareciam estar a arrancar pedaços de fibras com as enormes mandíbulas. Talvez usem essa matéria-prima depois de bem mascada e misturada com saliva para erigirem os alvéolos de celulose com que constroem o ninho.

São animais fantásticos, são com certeza uma peça chave no equilíbrio ecológico dos ecossistemas em que se encontram. Decerto que os apicultores não apreciam a sua actividade predadora de abelhas, mas estas serão sem dúvida uma percentagem mínima da imensa quantidade de insectos que as vespas capturam.

Nunca tinha registado um desequilíbrio nas populações de Vespa crabro como no ano passado, 2013, pelo menos segundo os apicultores com quem falei. Por qualquer razão nesse ano as fêmeas férteis terão sobrevivido e tido sucesso em tal quantidade que na maioria dos apiários da região se registaram ataques desse predador. Podemos afirmar com muita certeza que se tratou de um caso isolado, pois durante todo o mês de Setembro deste ano e até à data, raros são os casos registados de ataques dessas vespas a apiários. Mesmo em anos anteriores essas ocorrências foram sempre muito raras.

Por outro lado estas vespas são de tal forma ariscas e discretas, evitando áreas urbanas, que não passam de meras desconhecidas para maioria das pessoas, mesmo para trabalhadores rurais que passaram a vida nos campos. Trata-se no entanto de animais que pertencem à nossa fauna autóctone, convivendo connosco à distância mas há milhares de anos.

Os ataques por elas perpetrados são sem sombra de dúvida um caso clássico de “ocasião que faz o ladrão” e quem proporciona essas ocasiões é o péssimo ordenamento que temos na nossa apicultura. As circunstâncias que potenciam o ataque destas vespas são exactamente as mesmas que facilitam o ataque dos abelharucos, do ácaro Varroa destructor e de tantos outros inimigos das abelhas.

Já regressávamos a casa por um caminho ermo de terra batida quando encontramos uma das mais simpáticas e curiosas aves nocturnas da região – o Noitibó, pousado no meio da estrada.

Encetamos uma série de tentativas para a fotografar de longe, não fosse a ave fugir com a nossa presença. Consegui depois aproximar-me lentamente, cheguei a rastejar no chão até me aproximar o suficiente para conseguir as imagens que agora partilho convosco.

Eu a uns escassos centímetros de um Noitibó, eu sou o que está com calças de ganga...

Para um final em apoteose ainda tentei fazer o que seria sem dúvida a primeira selfie com um Noitibó. Cheguei suficientemente perto para o efeito, mas quando tentei passar-lhe o braço com a máquina fotográfica pela frente a esquiva ave terá achado um abuso de confiança e fugiu no seu característico voo vertical.

23 setembro, 2014

MONTEDOMEL 500.000 !!!

Quinhentas mil visitas, ou de uma forma mais sonora: meio milhão.

Há muito tempo que não comemorávamos uma data ou um número de visitas mítico, agora e de uma assentada foi o 6º aniversário do blog e as 500.000 visitas.

Se a memória não me falha comemoramos a visita nº 10.000, a 100.000 e o balanço aos seis meses de existência. Ainda dá vontade de rir quando penso que fiz um balanço aos seis meses, mas é certo que volvido esse tempo já tinham sido publicados 120 artigos, notícias, entradas… nunca mais consegui tal produtividade.

O primeiro balanço foi feito aos seis meses e 3000 visitas, em Dezembro de 2008, dava o Montedomel os primeiros passos, tão trôpegos como todos os que se seguiram. Ainda hoje mantenho as mesmas dúvidas sobre se devo ou não escrever um blog de apicultura, qualquer coisa que possa espicaçar o espírito dos “abelheiros” e que resulte em animadas tertúlias à distância, sobre o maravilhoso mundo das abelhas.

Pelo sim pelo não vou escrevendo, nunca se sabe, e quando tiver a certeza logo direi qualquer coisa…

A primeira publicação foi um mini cartaz publicitário na revista “O Apicultor” e que gosto sempre de recordar:

Afinal as abelhas continuaram a ser as mesmas, nós é que envelhecemos seis anos… seis anos a criar abelhas, a produzir mel, a levar ferroadas e sobretudo a conhecer imensa gente e a aprender. Foi este talvez um dos aspectos mais positivos deste balanço: a imensa quantidade de apicultores e amigos das abelhas que consegui conhecer em quatro continentes, não fazia ideia como a apicultura podia ser um meio tão bom para socializar e fazer amizades um pouco por todo o mundo.

Nunca fui um verdadeiro “apiturista”, nunca rumei a determinado destino por causa da apicultura local, mas já que lá me encontrava aproveitava para conhecer a apicultura e os apicultores locais e isso sim, fazia-o com determinação. Não há nada como encontrar um apicultor a mais de 5.000 km de distância, falamos todos a mesma língua, partilhamos todos o gosto pela actividade mais ecológica que se conhece. É um prazer depararmo-nos com materiais e métodos muito semelhantes aos nossos, mas com uma dose suficiente de exotismo que justifica todos os sacrifícios de tais jornadas.

Em qualquer paragem, seja ela mais ou menos turística, quando perguntamos pelos apicultores a resposta invariavelmente elucida-nos sobre as lojas e mercados onde podemos comprar mel. 
Eu não quero comprar mel, eu quero mesmo é falar com os apicultores!
Segue-se então um olhar apiedado do nosso interlocutor, talvez lhe suscitemos tanta controvérsia mental como quem procura o turismo sexual, e com um pouco de sorte lá nos indicam um abelheiro, ou um amigo de um amigo de um amigo…

Alguns números do Montedomel para ilustrar

A origem das visitas:

Em Dezembro de 2008, quando do primeiro balanço (e único também, acho) era bem patente a minha felicidade pelas mais de 3.000 visitas, mais 1.000 que as minhas melhores estimativas, como pelos visitantes de 13 países que até então tinham visitado o Montedomel.

Actualmente temos visitas de 157 países, onde pelo menos em mais de 100 o fazem com alguma regularidade, contando que abaixo de dez visitas por país talvez o tenham feito acidentalmente nos motores de busca. 

Também é possível que tal variedade geográfica se deva aos milhões de portugueses dispersos pelo mundo, alguns dos quais apicultores emigrados. Bem notória aqui a ajuda do governo à multinacionalidade das visitas ao Montedomel, com um aconselhamento tão enérgico aos portugueses para que emigrem.

Eu devia ter um castigo que me obrigasse a visitar cada um desses destinos e tomar pelo menos um café e dois dedos de conversa com cada um dos visitantes do blog, e cumpriria com prazer J.

Top 10 dos países com mais visitas ao Montedomel:

Só por curiosidade o record de visitas num único dia (que eu tivesse monitorizado) ocorreu a semana passada, na Sexta Feira dia 19 de Setembro com 558 visitas.

As notícias, artigos, posts e demais coisas do Montedomel:

Dos mais de 600 artigos e entradas nunca vos intrigou saber quais os mais procurados pelos visitantes?

A mim já, muitas vezes, incógnita que constituiu um verdadeiro dilema até perceber que eu tinha acesso a tal informação, que passo a divulgar:

Top 10 dos posts mais visitados no Montedomel:

N.º 1“Lusitana” A Colmeia do Padre Manuel Sousa, publicado a 02 de Abril de 2011, até à data teve 10.613 visitas e suscitou 10 comentários.

N.º 2O Mel feito no Sol…, publicado a 12 de Janeiro de 2009, até à data teve 5.997 visitas e 5 comentários.

N.º 3Cuidado com as Vespas Gigantes…, publicado a 20 de Julho de 2009, até à data teve 4.980 visitas e 18 comentários.

N.º 4Desdobramentos: Colmeia Modificada para a Criação de Abelhas MacMel, publicado a 6 de Setembro de 2010, até à data teve 4.508 visitas e 10 comentários.

N.º 5Moldagem Manual de Cera… Faça Você Mesmo, publicado a 12 de Maio de 2010, até à data teve 3.828 visitas e 23 comentários.

N.º 6A Cera da Abelha, publicado a 4 de Janeiro de 2010, até à data teve 2.663 visitas e 13 comentários.

N.º 7Picada de Abelha…, publicado a 16 de Junho de 2009, até à data teve 2.396 visitas e 9 comentários.

N.º 8Instalar um Apiário I, publicado a 11 de Dezembro de 2008, até à data teve 1.802 visitas e 6 comentários.

N.º 9O Açúcar no Alimento das Abelhas, publicado a 29 de Janeiro de 2013, até à data teve 1.782 visitas e 5 comentários.

N.º 10Desdobramentos, mais práticos que teóricos…, publicado a 16 de Março de 2009, até à data teve 1.777 visitas e 5 comentários.

A fortuna ganha com o Google AdSense no Montedomel

É uma contabilidade fácil: 500.000 x (valor estipulado por visita) + outros donativos simbólicos = 1 cerveja Sagres Mini!

Talvez esteja a ser ingrato, talvez me tenham pago mais algumas cervejas e cafés, mas recordo agora um apicultor idoso que me pagou uma cerveja Sagres mini, reconhecido por qualquer ajuda ou explicação que lhe disponibilizei.

Mas este foi um assunto que várias vezes me assaltou o pensamento, podia e devia ter angariado alguns avos com publicidade ou com o número de visitas ao blog, até porque para lá da eternidade de tempo que consumi nisto, ainda houve bastante dinheiro gasto sem qualquer retrocesso para além do enorme prazer que esta experiência proporcionou e espero que continue a proporcionar.

Das várias vezes que pensei em pôr o Montedomel “a render” consegui arrepender-me antes de concretizar o intento. Ficava logo com aquela sensação de ter de cumprir, de compromisso e decerto de perder muita margem de manobra, o que é claramente a antítese do que sempre me moveu nesta iniciativa. E por isso não o fiz, optei por uma independência total, seja lá isso o que for no contexto actual, e mantive um blog quase subversivo (andava à espera de uma oportunidade para usar o termo) mas só um bocadinho, o suficiente para ser diferente. Fazer com que os apicultores (e eu também) olhassem para o habitual mas de um ângulo diferente e daí tirarem novas ou velhas conclusões.

Outras coisas ainda…

Ultimamente não tenho escrito muito, não tenho publicado Meltoon’s, não tenho feito aqueles esquemas pormenorizados nem tão pouco renovado o stock de fotografias. Não é por nada em especial além do facto de não haver por ora muita coisa a dizer, ou talvez ande desinspirado, vamos deixar passar o tempo.

Grande parte da “blogosfera” apícola portuguesa também amainou as velas, anda demasiado conformada, surge um blog por outro mas a maioria nada publica ou raramente o faz. É uma pena. Recordo-me do período áureo entre 2008 e 2012 onde se disponibilizava imensa informação, era um gosto fazer zapping pelos blogues todos e saber das novidades, aprendia-se imenso e a rapaziada estava continuamente em contacto.
O pior é que nem podemos culpar esse fiasco que é o programa apícola, ou a troika…

Vamos esperar por dias melhores e ter fé.
Não esqueçam da responsabilidade que todos (apicultores) temos em tornar este planeta melhor, pelo menos mais doce e respirável. Há imenso dióxido de carbono para a vegetação substituir por oxigénio, há áreas imensas para reflorestar e sem abelhas saudáveis não há polinização nem flora.

Resta agradecer aos milhares de visitantes e amigos do Montedomel, este trabalho também foi e é vosso, pelos comentários, mails, conselhos, apoio e palavras encorajadoras,

Obrigado a todos e um grande abraço!!!


20 setembro, 2014

Secador Solar de Pólen do José Chumbinho - Algarve

No passado fim de semana visitamos o amigo José Chumbinho no Algarve. É sempre com imensa curiosidade que acedemos às suas instalações, sempre em evolução, para ver com que novos "inventos" ele nos irá brindar desta vez.
Mais uma vez as expectativas não saíram frustradas, encontramos logo num lugar de destaque (apesar de apertado, o que dificultou as fotografias). um Secador Solar de Pólen, muito semelhante ao que projectei no post de 1 de Outubro de 2013 "Secador Solar de Pólen?":


O secador de pólen encontra-se provisoriamente neste local e será depois deslocado para outro mais espaçoso e definitivo. 

Era de facto o equipamento que faltava ao Chumbinho. Nada como as excelentes condições climáticas do Algarve, que associadas à extrema habilidade deste apicultor para os engenhos e maquinarias resultassem num Secador Solar de Pólen extremamente eficaz e sem dúvida bastante económico.

O equipamento terá pouco mais de dois metros de altura por mais de um metro de largura e metro e picos de fundo. Optou por fazer a câmara de aquecimento solar da atmosfera em madeira, e plástico em vez do vidro que se preconizava para esta função. Segundo o José Chumbinho o resultado é equivalente e muito mais barato, apesar de haverem outras opções solares para mais calor.
Não convém esquecer que o Algarve tem muitas horas diárias de Sol e as temperaturas são elevadas.

Repare-se no pormenor dos pés do secador, apoiados em caixas metálicas com óleo queimado para impedir o acesso de formigas e outros insectos. Trata-se dos mesmos aparelhos muito em uso para as mesmas funções sob as colmeias ou sob os estrados que suportam as colmeias.

Na imagem seguinte outro pormenor para uma função semelhante, a cobertura e protecção da torre de saída do ar para evitar a entrada de insectos.
Esta estrutura bastante alta facilita a tiragem do ar húmido, e por assim dizer aumenta o fluxo de ar quente acelerando a secagem do pólen.

Os tabuleiros de secagem, que suportam o pólen, são construídos em rede mosquiteira com caixilho de madeira, que o apicultor pretende substituir a curto prazo por aço inoxidável para maximizar a higienização.

Na base do Secador Solar de Pólen, sob os tabuleiros, vão-se acumulando os resíduos de menores dimensões, nomeadamente o pólen em pó, que será posteriormente recolhido e utilizado na alimentação das abelhas.

O Pólen seco naturalmente, em menos de 24 horas com este tipo de secadores, fica com uma consistência muito mais agradável que o obtido nos secadores eléctricos. Não só fica mais macio, sem aquela sensação de areia na boca, como é também mais doce e saudável, pois as temperaturas mais baixas e os tempos de secagem mais longos não destroem os aminoácidos, vitaminas e demais constituintes deste produto.
Sendo ainda que o argumento mais válido para tal opção se deve principalmente à economia deste equipamento, não só na aquisição ou fabrico como na manutenção e nos gastos energéticos, sobretudo no nosso país com imensos dias ensolarados ao longo do ano.

Outros assuntos relacionados no Montedomel:

Secador Solar de Pólen?

Secagem Natural do Pólen