28 novembro, 2008

MelToon - 14


Clique na imagem para ampliar...

27 novembro, 2008

Colmeias Diferentes - 4

Retirado de: falta_de_absurdo.spaceblog.com.br


Desta vez nem faço comentários, só sei que TAMBÉM QUERO UM!!!

Juraci, o jumento apicultor de Itatira, tem atraído atenção não só dos outros produtores de mel da região, mas também de dezenas de curiosos e até da imprensa.O dono, Manoel Juraci Vieira, trabalha no ramo há dois anos e conta que tinha dificuldade em carregar o mel dos apiários, uma espécie de colméia artificial, até as casas de mel, onde o produto é beneficiado."Tíanhamos que andar mato a dentro, em lugar que não dava pra levar um carrinho de mão, por exemplo. Estão eu tive essa idéia", conta.Em dezembro do ano passado, e com a ajuda de outros apicultores, ele criou a indumentária para o bicho, com direito a tela e tecido especial, para não incomodar o animal."Ele não acha ruim. É meu amigo, daqueles fiéis mesmo, sabe?", avalia Manoel. Na hora de vestir a roupa, Juraci não faz cerimônia: até levanta as patas para facilitar o trabalho do dono.
"É uma graça", diz Socorro, esposa de Manoel. Todos os trabalhadores do mel da região têm registro na Associação dos Apicultores de Itatira e agora Manoel quer que Juraci também seja registrado."Acho mais do que justo", argumenta. A presidente da associação afirma que está avaliando o pedido: "Estamos analisando como é que vamos certificar esse jumento, mas que é merecidíssimo é!", reconhece Cláudia Guerra.A expectativa dos associados é ampliar a experiência para todos os outros produtores. "É só uma questão de dias", afirma Cláudia.
A produção de mel é recente no município de Itatira. Há apenas 4 anos a cultura foi introduzida entre os produtores rurais e fez tanto sucesso que já ocupa a terceira posição na economia local."Antes tínhamos o ouro branco, que era o algodão. E os nossos pais compravam tudo com o dinheiro da venda dele. Agora não, o ouro é dourado mesmo", explica um dos apicultores da região, Júlio César Muniz.O sabor da iguaria por lá é característico, graças à florada do marmeleiro, planta típica da região. Das casas de mel e em sachês, o produto segue para as escolas e é a parte preferida da merenda das crianças.
Redação Terra

26 novembro, 2008

Rouxinóis e Abelhas



Saudades da Primavera...

A vida de apicultor tem destas coisas...
Com a chegada do Inverno e do tempo frio, de alguma forma nos chega o ócio, ou pelo menos algum descanso em contraste com a azáfama da estação quente.
Nesta fase recordamos os dias soalheiros, em que tudo nos serve de desculpa para “incomodar-mos” as abelhas e passar-mos longas horas no apiário.
Numa das noites em que fazia transumância para o Girassol, fim da Primavera, início do Verão, ouvi um som muito melódico de um rouxinol em rituais de acasalamento. Como ando sempre com um gravador digital no bolso, para o caso da Natureza surgir com alguma revelação destas, resolvi gravá-lo para agora poder matar saudades do tempo quente...




Colmeias Diferentes - 3


REGRESSO À ESTRADA
Desta vez as colmeias até são bastante normais, engraçado é o apiário... na faixa de rodagem...
Mas pensem só nas vantagens, acesso facilitado e o carro pode estacionar mesmo junto ás colmeias.
Podíamos ir distribuindo assim colmeias pela nossa rede viária, era até muito mais fácil cumprir a legislação do ordenamento. Atentos ao conta quilómetros deixávamos os apiários à distância regulamentar uns dos outros e a transumância também ficaria muito facilitada... só rosas.
De facto, trata-se de um assentamento muito correcto, as colmeias encontram-se num corte de estrada, sem utilização.

Alerta: Varroose


Durante esta semana recebi vários telefonemas do Centro e Sul do País, informando sobre infecções de Varroa destructor anómalas para a época, até porque esta data coincide com o fim dos tratamentos.
Independentemente dos medicamentos utilizados registaram-se vários casos de Varroose, o que á primeira vista parece indicar resistência dos ácaros ou reinfestações.
Não é de modo algum um sinal de alarme, no entanto... o seguro morreu de velho, convém que se façam inspecções aos apiários no sentido de se detectarem os respectivos sintomas. As baixas temperaturas e ventos fortes dos últimos dias dificultam bastante uma inspecção acurada às colmeias, no entanto devem mesmo ser feitas.
O ideal é aguardar por um dia mais calmo, ensolarado, e abrir as colmeias ao fim da manhã ou depois de almoço, quando as temperaturas estão mais elevadas. Nunca esquecendo que esta intervenção deverá ser o mais célere possível. Antes de abrir as caixas, o apicultor deverá observar bem o terreno frente às mesmas, para procurar abelhas expulsas e que normalmente têm as asas atrofiadas.
Cuidado com os falsos diagnósticos, muitas vezes encontramos o terreno limpo frente às colmeias, só porque nesta estação algumas vespas coloniais procuram alimentos activamente, removendo todos os cadáveres de abelha.

Resta agora saber se esta anomalia sanitária não seja já um reflexo da “novidade” do actual Programa Apícola Nacional, pois com o fim da distribuição gratuita de medicamentos milhares de colmeias ficaram sem tratamento.

25 novembro, 2008

"Estórias" da Apicultura IV


Provérbios retirados de http://www.nossogrupo.com
A abelha perto do monte, com fonte e casa abrigada, produz mel e cera dobrada.
A abelha procura a parelha.
A abelha, gado santo de vento, conhece o dono que a trata bem e farta, não ferra ninguém.
A abelha-mestra não tem sesta e se a tem, pouca e depressa.
A rainha das abelhas não tem aguilhão.
Abelha e ovelha e a pena de trás da orelha e parte na igreja, desejava para o filho a velha.
Abelha, ovelha e parte na igreja, desejava para seu filho a velha.
Abelha-mestra não tem sesta e se a tem, pouca e depressa.
Abelhas e ovelhas têm as suas defesas.
Abelhas e ovelhas, em suas defesas.
Abelhas sem comida, colmeia perdida.
Ainda que doce seja o mel, a mordidela da abelha é cruel.
Ano de abelhas, ano de ovelhas.
Atrás do mel correm as abelhas.
Da mesma flor a abelha tira o mel e a vespa o fel.
Deus não queira, nas minhas colmeias, abelha que não coma mel.
Diz a abelha: traz-me cavaleira, dar-te-ei mel e cera.
Do que diz que não bebe mel, livre Deus minhas colmeias.
É com mel que se pega a abelha.
Longe das minhas colmeias, semelham zângão.
Morta é a abelha que dava mel e cera.
Mosca, gente; abelha, presente.
Não morde a abelha senão a quem trata com ela.
O que não é bom para a colmeia não é bom para a abelha.
O rei das abelhas não tem aguilhão.
O rei das abelhas não tem ferrão.
Pelas abelhas de São Pedro pagam as de São Paulo.
Quando chupa a abelha, mel torna; e quando a aranha, peçonha.
Quanto chupa a abelha, mel torna; e quanto a aranha, peçonha.
Quanto chupa a abelha, se torne mel e quanto a aranha, peçonha e fel.
Tanta chuva pelas Candeias, tantas abelhas para as colmeias.
Uma boa abelha não pousa em flores murchas.
Enxame de Abril para mim, de Maio para meu irmão.
Enxame de Abril vem para o covil e o de Março vem para o regaço.
Enxame de Abril, deixai-o ir; o de Maio, agarrai-o e ao de Junho, nem que seja com um punho.
Enxame de Maio, a quem to pedir, dá-lho e o de Abril, guarda-o para ti.
Enxame de Março, apanha-o no regaço; o de Abril, não deixes ir; o de Maio, deixai-o.
Enxames em Abril, mil; em Maio, apanhai-os; pelo São João, apanhai-os ou não.
O enxame de Abril, não o deixes ir.
O enxame de Maio, quem to pedir, dá-lho; o de Abril, guarda para ti.
O enxame de Março, mete-o no regaço.
O enxame pica o matreiro onde quer que ele se encontre.

24 novembro, 2008

MelToon - 13


Clique na imagem para ampliar...

De Quem é o Enxame ?


Ora aí está mais uma curiosidade apícola que todos devíamos conhecer.
Quantas vezes o apicultor já “encaixou” um enxame acabado de capturar, sem que surja logo outro a reclamá-lo como propriedade sua?
E provar a quem pertencem as abelhas? Impossível! A não ser que a rainha esteja marcada ou o dito seja capturado demasiado próximo de um apiário. Mas grande parte das vezes nada disto se verifica... ficando a contenda sem solução.
Aliás, ficava, porque depois desta descoberta n' “As Abelhas” de Eduardo Sequeira das Edições Domingos Barreira – Porto, 1942, será muito mais fácil repor a verdade e a justiça...

Segundo este autor, em desacordo com a legislação da época, “É por isso de toda a justiça a garantia da posse do enxame sempre que o proprietário prove claramente ter ele saído do seu colmeal, quer por meio de testemunhas, quer por meio das próprias abelhas, o que é facílimo”.

As “testemunhas de saída de enxames” davam pano para mangas, tenho dois ou três amigos que poderia indicar para essa nobre função...

“...Fora do caso da raça das abelhas ser único e por conseguinte diferente do da localidade, o apicultor pode, no dia da saída do seu enxame ou no seguinte, provar, ao encontrá-lo instalado em casa de qualquer vizinho, se ele lhe pertence ou não, cobrindo um grupo de abelhas com farinha muito fina e fazendo retirar a colmeia nova do lugar onde estava, para outro muito desviado.
As abelhas enfarinhadas, não encontrando a nova habitação, depois de alguns minutos de hesitação, voltam para a colmeia antiga, donde enxamearam e é fácil verificar a sua entrada, atendendo a que foram completamente cobertas da farinha que lhes foi deitada, a fim de, irrefutávelmente mostrarem qual a sua origem, e portanto qual o seu dono”.

Continuo a preferir as testemunhas... mas não deixa de ser interessante.

Legislação a que o autor se refere:

“O código civil português diz apenas o seguinte, com respeito às abelhas:

“Artigo 402.º. É lícito a qualquer ocupar os exames que primeiro encontrar:
1.º Não sendo perseguidos pelo dono da colmeia, de que houverem enxameado.
2.º Não se achando pousados em prédio do dono da mesma colmeia ou em qualquer edifício, ou dentro de prédio em que não seja permitido caçar.
Único. Mas se o enxame for perseguido pelo dono da colmeia, será o proprietário do prédio
obrigado a permitir-lhe que recolha, ou a pagar-lhe o valor dele”

20 novembro, 2008

Recordar os Cortiços

Sempre me impressionou a forma como se romanceava a apicultura, mesmo dos tratados científicos ou técnicos escapava sempre uma ponta de poesia, ou um sentimentalismo mal contido.

Até na actualidade, suponho que seja difícil escrever sobre o assunto sem romancear, pois esta actividade, apesar da componente económica, não deixa de ter uma parte lúdica. Não sei, se pelo tamanho das abelhas, que em comparação com vacas, ovelhas ou porcos, as torna mais em bichos de estimação, como peixes de aquário, do que em animais de exploração pecuária. Talvez até por passarem a vida nas flores, ou pelas metáforas como animais laboriosos, o que é um facto é que a Apicultura se compara muitas vezes a um conto de fadas, onde não faltam rainhas pelo menos.
É por isso, que em tempo de apicultura mobilista, muito dinâmica, com grandes produções e grandes problemas, gostava de recordar, ou pelo menos de avivar a memória do que foram os cortiços, que contra tudo e contra todos, ainda subsistem.

Nos descortiçamentos, quando surgia um caneiro mais redondo e de boa cortiça, fruto de arvore saudável, e de tirador experiente, era de imediato posto de lado, e até escondido, não fosse o proprietário da terra discordar.
Eram assim obtidas algumas pranchas de cortiça, e guardadas até à Primavera seguinte, onde albergariam algum enxame.
Nos tempos livres, o mestre abelheiro, normalmente detentor de alguma arte para manusear este tipo de materiais, cortava e “aparelhava” o caneiro de cortiça, de modo a dar-lhe a forma indicada. Era então necessário unir os bordos, para lhe dar a forma cilíndrica e tornar a construção mais estável. Esta etapa não era decerto fácil, pois a disponibilidade de pregos ou arames não era muita, usavam-se então “sevinos”, vulgo, pregos em madeira de esteva, que fixavam a cortiça.
De seguida, e de novo com cortiça, confeccionava-se o tampo, uma prancha redonda e plana resolvia o problema, sendo também fixa com os pregos de madeira. Faltam ainda as “trancas”, escoras feitas com duas varas de esteva, e cruzadas perpendicularmente no interior do cortiço, duas ou três trancas eram suficientes para escorar os favos.
Para finalizar, recortava-se a abertura por onde passariam as abelhas. Os apicultores mais metódicos teriam ainda o cuidado de “barrear”, todas as frestas e junções do cortiço com barro, e estava assim pronta a colmeia.
Vinha então o esperado tempo dos enxames, nos meses de Março e Abril, esfregavam o seu interior com estevas, alecrim e principalmente com rosmaninho, conferindo-lhe um aroma inconfundível a mato, havendo até quem os deixasse por largas temporadas, com estas plantas no interior.
O cortiço era colocado estrategicamente, escondido numa balsa ou arbusto, num local onde passasse uma “canada” de abelhas, entendendo-se por canada, um local de passagem frequente de enxames, e aguardava-se pacientemente durante alguns dias que este fosse povoado. Quando tal acontecia, e consoante os apicultores, a colmeia era deslocada para a silha, ou então esperavam pelo Inverno, “quando as ceras estavam feitas” , para que pudessem ser transportados.
E realmente havia, e há, quem mantenha estes apiários ancestrais, e de difícil maneio, num estado impecável, todas as ervas e arbustos no espaço envolvente são arrancados, para evitar incêndios, ou que alberguem pragas e predadores das abelhas.
Encontrei diversas vezes, apiários deste género, com uma sebe, feita de estevas em paliçada, ou com alecrim plantado, onde o apicultor mantinha uma estrutura em madeira, com arbustos secos de carqueja, pendurados, onde os enxames iriam pousar.
Relataram-me a ocorrência de apiários com cerca de duzentos cortiços, sendo nesses tempos perfeitamente viável um encabeçamento dessa ordem.
Verdadeiramente notável, é o dia da cresta, “no quarto minguante de Agosto, quando não há criação! ”, todo o ritual que envolve este episódio. Tudo a postos, para que nada falte, o mestre abelheiro e alguns ajudantes, os alguidares de barro para o mel, o pano de linho branco, para afastar abelhas e impurezas dos favos, a crestadeira, ferramenta para extrair os favos, e o fumo, de fumigador ou apenas uma serapilheira incandescente que se sopra.

É madrugada, pesam-se os cortiços para estimar a sáfora, e mãos à obra. É um dia de festa no Alentejo, semelhante à matança do porco ou outro acontecimento do género. Retira-se todo o mel da parte de cima do cortiço, desde o tampo até às trancas superiores, sensivelmente um terço, “o resto é para elas, bem merecem”.

Dizia-me alguém, num dia de cresta “o mel das caixas, é muito bom, mas não é o mesmo, não sei se é da cortiça...”.
Em casa a azáfama continua, as mulheres esmigalham os favos em pedaços muito pequenos, que seguem depois para a prensa de molinete, ou então improvisada, com o mel e a cera envolvidos num pano, sobre o qual se coloca uma pedra ou objecto pesado.

Uma vez extraído o mel, é ainda filtrado e acondicionado em recipientes, e a cera comercializada em bolo, tal como sai da prensa, ou purificada.

É fácil perceber que, com todos os requisitos sanitários, e higiénicos exigidos por lei, não é possível manter e rentabilizar explorações apícolas com estas características, hoje pouco mais são do que um ponto de referência.
Todas estas práticas, actualmente em desuso, ou pelo menos desaconselhadas, encerram uma magia própria para quem labuta nestas lides, mesmo os apicultores profissionais as recordam com algum saudosismo.
Texto que publiquei há uns anos atrás na revista "O Apicultor"

18 novembro, 2008

A Arca do Mel

Foi uma das descobertas mais curiosas que fiz enquanto apicultor.
Ocorreu durante a visita a um primo, já idoso e sem qualquer ligação à apicultura. Achei estranho ver uma arca em madeira e de grandes dimensões coberta por telhas de barro, como se de uma casa se tratasse.


À minha pergunta respondeu que se tratava de “uma arca do mel”que alguém lhe tinha deixado por herança. As telhas serviam apenas para a proteger da intempérie, até porque actualmente está muito melhor acondicionada sob um telhado de verdade.

Contou-me ele, que há muitos anos, “a arca do mel”, era usada para transportar os favos de mel durante a cresta. Devido ao seu tamanho, era colocada em cima de uma carroça e puxada por um burro ou uma mula. Na madrugada do dia da cresta, no “mítico minguante de Agosto”, a carroça com a arca era estacionada junto ao apiário, ao muro apiário talvez, e o burro era retirado do local.

Esta passagem: “e o burro era retirado do local”, foi omitida pelo meu primo, e eu na altura nem perguntei os pormenores, tão embevecido que estava com o relato, mas prefiro pensar que era assim, não fosse o animal estar para ali umas horas a levar ferroadas. Quase decerto que seria assim.

Há medida que o mel era crestado aos cortiços, os favos eram colocados dentro da enorme arca, sobre um estrado feito de canas e que assentava sobre um friso de metal a um terço da altura. O mel ia assim escorrendo, separando-se da cera por gravidade e pingando para o fundo da arca, fundo esse revestido com uma folha de metal até à altura do friso.



Interior da Arca do mel em corte transversal.
Colocado o último pedaço de favo, tapados e “barreados” os cortiços, levava-se a arca para o monte onde se dava continuidade aos trabalhos.
Nesta fase, os favos eram fragmentados em pedaços muito pequenos e esmagados para que libertassem todo o mel. Havia também quem os colocasse numa cesta de verga com um peso por cima para acelerar o processo.
A arca tinha uma torneira por onde retiravam o mel para dentro de grandes recipientes de barro onde era embalado.

Nesse tempo a embalagem final era da responsabilidade do cliente, levava-a vazia e regressava com o precioso néctar, e com alguma sorte ainda conseguia comprar um pouco de água mel.
Não sei se as “arcas de mel” eram utensílios frequentes no Alentejo ou noutra região do país, só vi esta e nunca soube de qualquer outra referência a objectos semelhantes. Há duas semanas fui visitá-la, lá estava ela, velha, mas imponente no seu tamanho e nas “doces” recordações que decerto ainda possui.

Se alguém souber da existência de outras arcas concebidas para tal função, era interessante informarem o “montedomel” e enviarem textos/fotos etc... e todos ficávamos a conhecer.

Colmeias Diferentes - 2

Desafiando a gravidade... ou a lógica?

Clique na imagem para ampliar

17 novembro, 2008

MelToon - 12


Clique na imagem para ampliar...

15 novembro, 2008

Os filhos da mãe e os filhos da namorada do pai


ou os macromicróbios do país de Cervantes

Esta história passou-se no Verão de há dois anos, durante uma incursão que fiz a Espanha. O objectivo era, e foi, adquirir frascos para o mel em Almendralejo.
Os últimos dias de Julho, nestas latitudes, costumam ser demasiado quentes e este não fugiu à regra. Saí bem cedo da cama, e juntamente com outros dois apicultores da associação fizemo-nos à estrada, nem tive tempo de tomar o pequeno almoço.
Só depois do carregamento dos “envases”, das negociações e da trapalhada do costume em que fingimos saber falar castelhano, e eles fingem que nos entendem, resolvi ir comer qualquer coisa. Entrei no primeiro café e deparei-me logo com uma surpresa: um móvel de alumínio em bruto, sem ser lacado, cheio de presuntos. Nesse momento lembrei-me que semanas antes um amigo tinha sido advertido pela ASAE por ter os garrafões da lixívia no chão da mercearia.
Apesar da Europa ser uma, “una”, unida, os espanhóis têm regras diferentes das nossas.
Esqueci o incidente e concentrei-me num pequeno cartaz que anunciava tostas com patê. Cheio de fome, resolvi experimentar o pitéu... primeiro chegou a tosta, um pão enorme e quentinho com bom aspecto, de seguida atiraram para cima do balcão, literalmente, uma lata de patê. Não aquela pequena cuvette, clássica, com dose individual, mas uma lata de 800g ou talvez mais.
Das duas três, ou deram-me uma dose proporcional ao meu tamanho ou adivinharam a fome que eu tinha. Retirei a tampa da lata e vi que no fundo havia um resto de patê com dois ou três centímetros de altura. Curiosamente a pasta não estava oxidada, essa fase terá ocorrido meses antes, nesta altura estava em pleno processo de fossilização, mas como o que não mata engorda...
Já vinha no caminho quando me ocorreu que regressava a um país onde substituíram os tradicionais galheteiros, machos, por umas garrafinhas de azeite efeminadas e com tampa inviolável, por razões higiénicas.
Que grandes e gordos deviam ser os micróbios espanhóis, que não cabiam numa lata de patê com 12 cm de diâmetro, ao contrário dos nanóbios portugueses que insistiam em infectar o azeite dos galheteiros tradicionais, cujas aberturas tinham menos de um centímetro.
Nessa altura, devo ter “passado pelas brasas”, percebi que o motorista em vez de conduzir para Poente acelerava em direcção a Madrid. Chamei-lhe a atenção mas ele nem me ouviu, parecia que uma força maior o atraía para a capital de Espanha. Voltei a adormecer, quando me levanto cedo o Sol tem este efeito em mim.
Só recuperei os sentidos à entrada de Madrid, acabávamos de estacionar à porta de um casino e era quase meia noite, nem queria acreditar: os espanhóis festejavam a passagem do ano numa noite quente de Julho.
Arrastado pelos outros dois ainda consegui ajeitar o nó da gravata... porra, mas eu nem saí de casa com gravata!? Não interessa, fui por ali adentro quando me apercebi da grande nuvem de fumo em torno de uma mesa. Aproximei-me e reconheci logo o responsável da ASAE espanhola, com um grande charro “nos queixos” e uma lata de patê igual à minha a servir de cinzeiro.
A proibição de fumar nos recintos fechados em Espanha era coisa recente, com pouca tradição.
Foi então que percebi tudo, aliás, quase tudo, uma travagem mais violenta à entrada de Estremoz trouxe-me de novo à realidade.
Desde essa data, tostas só com manteiga... e mel, claro!!!

14 novembro, 2008

Pensamento...


Cada colmeia é um livro de 20 páginas,
que deve ser bem lido e interpretado para
uma intervenção correcta.


... já estou a ouvir uns engraçadinhos
a dizerem que se a colmeia é um livro,
o cortiço podia ser um rolo de pergaminho.

Infelizmente não dá para desenrolar...

13 novembro, 2008

Avis mellifera faltam 22 dias

Colmeias Diferentes - 1

"Colmeias Diferentes", vai ser a nova rubrica do montedomel.blogspot, onde vou publicar fotografias com colmeias/apiários e outras situações menos vistas ou pouco comuns, resultantes da habilidade e imaginação fértil dos nossos apicultores.

Colmeias de Pedra, foram de facto talhadas na rocha, granito, e com acabamentos em cimento e pedra.
Não sei se as abelhas apreciarão muito o "ninho", mas neste caso a traça parece estar a gostar.

Entretenho-me a pensar no trabalho de "paciência" do apicultor sempre que decide fazer transumância...
Mais uma vez fico a aguardar que me enviem imagens "dentro do género" para montedomel@gmail.com, para que todos possamos apreciar as obras de arte...

11 novembro, 2008

MelToon - 11

Dois MelToon's hoje... já que o Benfica voltou às antigas goleadas, fica aqui a minha homenagem. Os "Lampiões" que me perdoem, mas não fui eu que "Criei" as abelhas listadas, nem as Varroas cor de ... Varroa!

Clique na imagem para ampliar

MelToon - 10

"Dia de S. Martinho vai à Adega e Prova o Vinho"

Clique na imagem para ampliar

10 novembro, 2008

O meu primo apicultor no Séc. XIX

O Primo Martinho dos Lobos

Sempre lamentei não ter um antepassado apicultor. Muitas pessoas que eu conheço herdaram a arte dos pais ou avós e hoje dão-lhe continuidade. O meu pai ainda teve dois cortiços, gostava de ver as abelhas a chegar e a partir, mas era um amigo dele que crestava e fazia todas as tarefas.
Há pouco tempo, enquanto mexia nas velharias lá de casa, encontrei um livro escrito em 1942 pelo meu tio-bisavô, Jacinto José Moreira, que foi capitão do exército na I Guerra Mundial. No referido escrito “Memórias da Minha Terra”, relata inúmeras histórias e tradições sobre a Casa Branca no século XIX, onde encontrei o texto que aqui reproduzo e... já tenho um antepassado apicultor!!!

"O Primo Martinho dos Picões, mais conhecido pelo “Martinho dos Lobos”, por se dedicar à caça destas feras, era primo-co-irmão de minha mãe e tio do meu primo Marcolino Luiz, ainda vivo, felizmente, e que è proprietário do “Monte do Poço”. O primo Martinho, que era proprietário do “Monte” do Pego, onde resida, era um exímio caçador de lobos tendo conseguido, com esse seu género de desporto de ha mais de sessenta anos, um importante peculio. Abateu grande numero destas feras e por vezes lhes tirou as suas ninhadas, chegando defrontar as lobas nos seus covas – diziam – e a tirar-lhes as crias para o que, antecipadamente lhes introduzia o cano da espingarda na boca. Apresentava então aos lavradores, criadores de gado, os pequeninos lobos, andando para isso de “Monte” em “Monte”, dos quais recebia grandes remunerações. Diziam então que ele evitava, com o seu sistema de não querer matar as lobas-mães, com a mira de nos anos seguintes lhes poder tirar novas crias e viver assim daquele rude género de desporto.
Este homem, que à primeira vista alguém diria ser uma criatura desumana em virtude de se dedicar a tão rude profissão, que muitas vezes exercia com grave risco, tinha a sua afeição, muito dedicada, a outros animais.
Tinha grande criação de abelhas em numerosas silhas e então era curioso presenciar a maneira carinhosa como ele tratava estes insectos.
Quando notava que alguém lhe destruía algum destes utilissimos produtores do saboroso mel, todo ele se indignava.
Chegava às vezes em que, dizia ele, estes animais andavam cheios de frio, a apanha-los com a mão e a acariciá-los, chegando até a leva-los junto da lareira para os reanimar, dando-lhes a seguir a liberdade. Dizia ele que estes animais o conheciam e na verdade assim parecia, pois que nunca o picavam.
Faleceu jà de avançada idade na sua propriedade do “Monte” do Pego, já referido, no sítio do Almadafe, onde ha grande quantidade de “Montes” dispersos pertencentes à freguesia de Casa Branca."
In “Memórias da Minha Terra” de Jacinto Moreira


Conservação das Ceras e Alças

Trabalhos de fim de Verão
Findas as estações de produção, Primavera e Verão, importa realizar uma série de tarefas na apicultura

Desvantagens da manutenção das Alças sobre o Ninho durante o Inverno:
A existência de um maior volume na colmeia trará problemas de aquecimento acrescidos, o que se irá reflectir na duração das reservas de mel, que além de alimento é também usado para aquecimento da colónia. A presença de alças sobre o ninho durante a estação fria leva mais facilmente ao esgotamento das reservas e à morte por fome ou frio.

Durante a aplicação de medicamentos a existência de um volume maior levará à diluição do mesmo medicamento e consequentemente a uma baixa na dosagem e na eficácia.
Por este facto as colmeias tratadas na presença das alças são mais susceptíveis à resistência da Varroose e de outras moléstias.

As ceras das alças que passaram o Inverno em contacto com o medicamento ficarão com resíduos tóxicos que contaminarão o mel durante a próxima fase de produção.


Face ao exposto, há toda a vantagem em nunca juntar alças e medicamentos no ninho, antes de colocar o acaricida (ou outro medicamento), retiram-se as alças. Quando è tempo de colocar as alças na colmeia, antes, devem ser retirados todos os medicamentos.
O problema è assim bem fácil de resolver, cria-se no entanto outro mais complicado de solucionar
A CONSERVAÇÃO DAS ALÇAS.
Quase sempre o empilhamento de alças no armazém leva a ataques de traça e consequente destruição da cera puxada. Esta situação à deveras desagradável, pois há que repor toda a cera danificada, o que trás custos para a exploração, como também pelo trabalho moroso de retirar as ceras destruídas dos quadros, esticar arames e colocar a nova cera.

Muitos apicultores tentam resolver esta etapa:

- Mantendo as alças sobre os ninhos, com as já verificadas desvantagens.
- Retirar os quadros, colocá-los num recipiente estanque conservando a cera com bolas de naftalina, com a combustão de enxofre ou outros produtos químicos.
- Arejar os quadros, retirando-o-os das alças e pendurando-os num fio.
- Armazenando os quadros com cera puxada numa arca frigorifica.
- Mantendo as alças sobre os ninhos durante o período quente e retirando-os apenas no Inverno quando a traça deixa de constituir perigo para a cera.

Todos estes métodos apresentam uma ou mais falhas, pelo que o mais indicado será a construção/adaptação de um pequeno armazém ou câmara para as alças e cera puxada.
Cada alça (meia alça) ocupa um espaço de 0,20 metros quadrados ou um volume de 0,030 metros cúbicos.
Ou seja, num metro cúbico è possível armazenar cerca de 30 a 33 alças.
Desta feita è possível construir ou adaptar a baixos custos uma pequena instalação que possa albergar as alças durante o período em que estão fora das colmeias. Uma pequena casa ou dependência semelhante aos usados para os motores de rega com cerca de 2 x 2 x 2 metros, 8 metros cúbicos, permite armazenar aproximadamente 250 alças, o que excede as existências da maioria dos apicultores.


Se aumentarmos uma das dimensões da casa de 2 para 3 metros, aumentamos a capacidade de armazenamento em mais 150 alças, ou seja um total de 400.
O armazém de alças deverá ter o chão e o tecto em cimento para evitar a humidade. Uma porta e uma janela, fáceis de vedar/isolar para que uma vez cheias de alças e com o insecticida, este não escape para o exterior.
O insecticida habitualmente usado para o efeito, o PHOSTOXIN, è extremamente tóxico, pelo que todo o cuidado com o manuseio, crianças e animais não è de descurar. Já se verificaram acidentes graves com a sua utilização, por isso o interesse na construção/adaptação de instalações exclusivas para o efeito.
No chão deve ser colocado um estrado em madeira (paletes) para evitar problemas de humidade e os inconvenientes fungos. Uma vez colocadas as alças no armazém, a porta e janela(s) serão fechadas e preferencialmente isoladas com fita ou silicone.

A quantidade de PHOSTOXIN a utilizar poderá ser de uma pastilha para 20 ou 30 colmeias. Este insecticida não è habitualmente usado na apicultura, sendo vocacionado para a conservação de cereais, no entanto DEVERÁ SEMPRE LER O RÓTULO E SEGUIR AS INDICAÇÕES DE SEGURANÇA.As pastilhas de PHOSTOXIN não podem ficar em contacto directo com o chão ou com humidade pois poderá resultar numa reacção de combustão, deverá utilizar um recipiente seco e aberto para as colocar.
O ideal será colocar a pastilha dentro de um frasco, destapado, que se coloca na alça de cima após abrir-se um espaço central entre os quadros.

Na Primavera, e uma ou duas semanas antes de retirar as primeiras alças para colocar nas colmeias deverá abrir a porta e a janela para que o armazém possa arejar convenientemente. Se as temperaturas forem altas deverá controlar as eventuais reinfestações de traça nas ceras que permanecem armazenadas.
Há quem opte pelo segundo esquema, comprando manga de plástico onde coloca as alças em pilhas individuais. Neste caso, o mais acertado, poderá colocar uma pastilha em cada saco para 20 alças.
ATENÇÃO: A pastilha deverá ser colocada no frasco imediatamente antes de fechar o saco, para que o apicultor não fique sujeito aos gases tóxicos. Esta operação deve ser feita com bastante ventilação e com o cuidado necessário.
Esta parece ser a melhor solução, na medida em que o apicultor só vai arejando e retirando do ARMAZÉM DE ALÇAS, a quantidade suficiente sem que as restantes sejam afectadas pela traça.

08 novembro, 2008

O meu desenho premonitório


Fiz este desenho a 16 de Outubro de 1978, quando estudava na Escola Primária de Casa Branca, tinha quase nove anos, e resolvi publicá-lo hoje no dia em que completei os 39. Foi um desenho premonitório, pois acabei por fazer da apicultura a minha ocupação principal.
Acredito que nesse dia eu ainda tenha vacilado entre desenhar o Tio Patinhas ou um banqueiro, e hoje tinha um fundo de garantia disponibilizado pelo governo e que me permitia uma vida desafogada. Mas nada disso, rabisquei precisamente um apicultor, e hoje chego a aguardar dois ou três anos à espera que o mesmo governo me disponibilize o vencimento.
Voltando ao meu desenho, reparem como um único cortiço já encheu uma carreta de frascos de mel e deve haver muito mais. Quanto à carreta e á forma como o mel foi embalado no apiário, perdoem-me mas é segredo pessoal...
Este post é dedicado à minha Professora da Escola Primária, D.ª Maria Amélia, a melhor professora do mundo e que infelizmente há muito que não está entre nós.

05 novembro, 2008

As Oliveiras da discórdia


Desde a antiguidade que são consideradas um símbolo da paz, desta vez as oliveiras parecem estar no centro de mais uma polémica.
Nos últimos anos, empresas espanholas compraram ou arrendaram dezenas de milhares de hectares de terra no Alentejo. Terrenos cerealíferos, olivais centenários, olivais muito recentes, ou em plena produção, terras de regadio, tudo foi abatido para a instalação de oliveiras anãs para produção super intensiva de azeite.
Que diriam os poetas que exaltaram a beleza das oliveiras e dos olivais soalheiros, agora substituídas por arbustos raquíticos, porém pródigos em azeitona?
Para que esta máquina de produção forçada funcione, serão necessários milhões de hectolitros de água, recurso escasso nesta província. Mais químicos, herbicidas, fertilizantes e pesticidas, toneladas de venenos que a curto prazo afectarão a qualidade de vida das populações rurais.
No fim desta campanha as terras não terão qualquer utilidade, vão ficar aí a definhar e a acelerar um processo de desertificação que já quebrou todos os limites de velocidade.
Para a apicultura, mais umas pérolas, muito em breve todo este cocktail de produtos químicos acabará por entrar no circuito, mais mortalidades inexplicadas e respectivas quebras de produção. Seguem-se os impactos ambientais indirectos, alem dos já citados. Por mais localizadas que sejam as pulverizações, que nunca o são, acabam por infectar a flora circundante e os cursos de água.
Curiosamente cada vez se fala mais no mel em Modo de Produção Biológico, sempre que um apicultor me fala da possibilidade de vir a produzir mel com tais características eu pergunto-lhe se tem facilidade em colocar as colmeias em Marte.
Finalmente incriminam-se os telemóveis e coloca-se tudo no saco de culpas a que agora resolveram chamar Síndroma do Despovoamento de Colmeias...

Se houver outro dilúvio, muitos animais de Noé ficarão satisfeitos ao verem as pombas com ramos de oliveira, mas as abelhas decerto hão-de desconfiar desta aparição.

04 novembro, 2008

MelToon - 9


Clique na imagem para ampliar

Maracujá com Abelhas

Fotografias tiradas no Monte do Mel, em finais de Outubro

Desta vez não foi o fogo

Há cerca de 15 dias o apicultor Artur Martins dos Santos de Tramaga – Ponte de Sor, foi informado para ir ao apiário onde se passava algo de anormal.
Chegado lá deparou com 18 colmeias tombadas, tampos, alças e quadros espalhados pelo chão. Haviam muitas abelhas mortas, as temperaturas da época são implacáveis para estes bichinhos.
De imediato chamou a GNR que acorreu ao local, mas como é óbvio, poucos ou nenhuns indícios haviam no terreno que pudessem identificar o autor de tal façanha.
Quando são roubadas, é desagradável, mas pelo menos sabemos que serão úteis noutro local, agora a destruição gratuita é de facto lamentável.