27 fevereiro, 2011

23 fevereiro, 2011

Calendário de Floração - Caderno de Apiário

Depois de alguns mails trocados com apicultores e dos comentários do post: Caderno de Apiário, construiu-se este modelo de Calendário de Floração que pode ser usado por todos.
Na tabela acima, optei por dividir o tempo em semanas, pois normalmente falamos no início de determinada floração "a partir do início de...", ou da 1ª, ou da 2ª semana de determinado mês. De qualquer forma, esta divisão é sempre discutível...
Utilizei no primeiro grupo uma gradação de cinzentos, no segundo uma gradação de outra cor e no último gradações de cores diferentes.
Pessoalmente prefiro a gradação de cinzentos, saem bem em qualquer impressora...

A novidade advém precisamente da gradação de cores, às quais se pode associar uma determinada "probabilidade" ou "frequência de datas de floração" (mais ou menos empírica).
Ou seja, nós sabemos que ao longo de determinada região, ao longo do país e até na mesma região, determinada espécie vegetal sofre oscilações de dias e até semanas na data de floração. Há anos em que floresce mais cedo e outros mais tarde, dependendo da temperatura, foto-período, regime de chuvas etc.
Com a gradação de cores, ou "probabilidade estatística de floração", sabemos que em determinado período é provável que determinada espécie vá florir (período com cores mais claras). Já no período assinalado com as cores mais "carregadas" há mais certeza que essa mesma espécie se encontre em floração...

Não é complicado preencher este tipo de tabela:
Se houver feed back e me enviarem calendários de floração de cada região, vários até de cada região, eu sobreponho-os na tabela e consoante os períodos de desfasamento ou de coincidência das datas, assim obtemos faixas mais claras ou mais escuras e consequentemente maior ou menor probabilidade de floração em determinado período...

Claro que este "esquema" é mais funcional quando se acompanham e anotam as datas de início e de fim de determinada floração, na mesma região e ao longo dos anos.

Tabela ou Calendário de Floração mais usual, que peca por ser pouco dinâmica, todos os períodos nos aparecem da mesma cor e por isso com igual probabilidade de floração, o que não é verdade.

Tabela em branco, para quem a quiser preencher e enviar-me, para que possamos construir um Calendário de Floração bastante rico em espécies (nectaríferas, poliníferas, nectaríferas + poliníferas e até resiníferas).
Esta tabela irá ser colocada no Caderno de Apiário, logo que este seja actualizado com as propostas que me chegaram.

22 fevereiro, 2011

Criadeira de Rainhas de 15 e 25 Quadros

Cada vez estão mais na moda as colmeias para criação de rainhas com 15 ou 25 quadros.
No fundo resultam de um núcleo acoplado a um ou dois ninhos de dez quadros, separados por grade excluidora de rainhas. A vantagem deve-se à maior quantidade de abelhas - ama providenciadas por este método, garantindo com isso rainhas de melhor qualidade.

Há quem opte por incluir separadores na tábua de voo para evitar desvios das abelhas, dada a proximidade das colónias utilizadas. Claro que o problema é mais grave quando é uma rainha a enganar-se na entrada…

Para evitar o problema dos desvios é sempre aconselhável a pintura das colmeias com cores diferentes, ou a utilização de sinais facilmente identificáveis pelas abelhas.

Em tempos havia também quem construísse estas colmeias com tampos independentes, o que permitia que a(s) colónia(s) com rainha continuasse(m) a produzir mel.
Nunca foi uma estratégia muito expedita, pois o tampo dividido em várias secções nunca é totalmente estanque e acaba sempre por entrar água ou humidade para o interior.

De qualquer forma o problema de inspeccionar uma colónia, ou alimentá-la, sem “incomodar” as restantes resolve-se facilmente com pranchetas independentes.

A posição e dimensões da grade excluidora na interface núcleo – colmeia(s) também é motivo de discussão e de complicadas teorias, que vão desde a placa central a meia altura, mais acima, mais abaixo, até todo o separador em rede excluidora…

É no centro do núcleo que se coloca o quadro porta cúpulas, local privilegiado para onde acorrem boa parte das amas produzidas numa ou nas duas colmeias com rainha.
Claro que o truque ou dificuldade está em criar aí as condições para atrair estas abelhas. Uma das principais prende-se com a quantidade de larvas desoperculadas, cuja dependência alimentar as torna alvo das atenções das amas. Não é demais lembrar que apesar de desoperculadas, as larvas não devem ser demasiado novas, caso contrário irão competir com as outras, seleccionadas por nós e que aguardam no quadro porta cúpulas.

Fica a dúvida se num sistema de duas rainhas, como o que ora apresento, não seria viável utilizar dois quadros porta cúpulas e com isso produzir o dobro das rainhas (48). Há quem assim o faça, mas na opinião de Vicente Furtado (Lagos – Algarve) o ideal serão duas (ou até três) rainhas a trabalharem para um único porta cúpulas. Mas quem quiser experimentar… com uma boa dose de alimento artificial estimulante…


Em tudo iguail à anterior, a criadeira de 15 quadros perde apenas pela quantidade de amas que disponibiliza para os cuidados das rainhas. No entanto é menos uma colmeia que se mobiliza, mais fica para produzir mel…

É suposto este post ser interactivo, e que sejam propostas alterações, críticas, vantagens e desvantagens, destas e de outras criadeiras de rainhas...

19 fevereiro, 2011

17 fevereiro, 2011

Vimioso: Empresário investe 300 mil euros para criar fileira de produção de mel

Um jovem empresário do concelho de Vimioso ligado ao sector apícola vai investir cerca de 300 mil euros na construção de uma unidade transformadora que englobará toda a fileira da produção de mel, com vista a conquistar os mercados internacionais.

O projecto foi idealizado há cerca de uma década, começando a ganhar forma na zona industrial de Vimioso, para se tornar numa unidade transformadora de “referência” em toda Região Norte, dentro do “exigente” sector apícola de produção em modo biológico.
O mentor do projecto, Jorge Fernandes, disse que com este projecto pretende-se ir além do que é tradicional, a mera produção do mel, e explorar toda a fileira da apicultura, sem excepção.
“Pretendemos que toda a produção saia da empresa já embalada e rotulada, obedecendo sempre a rigorosos controlos de higiene e qualidade, para que as mais-valias económicas fiquem na região,” frisou o empresário.
A unidade transformadora, que resulta de uma candidatura a fundos do PRODER financiada em 45 por cento do investimento global, abarcará uma série de valências ligadas à produção de mel, ceras, pólen, geleia real, própolis (uma resina extraída de certos vegetais pelas abelhas para manter sua higiene e bom estado sanitário).
A comercialização de enxames e rainhas é outra das fórmulas encontradas para rentabilizar o negócio.

http://www.rba.pt/noticias.php?id=1946

14 fevereiro, 2011

Caderno de Apiário

Conforme combinado, apresento o Caderno de Apiário que estamos a utilizar na ADERAVIS. Quem o quiser utilizar basta clicar nas imagens e imprimi-las. Convém imprimir frente e verso, visto que a paginação está preparada para isso.
Solicitava que me fossem remetidas as vossas opiniões e propostas de alteração de modo a melhorarmos o caderno.
Disponibilizam-se duas capas, uma delas alternativa, para quem não é sócio da ADERAVIS.
Nas primeiras páginas são sugeridos alguns factores/observações passíveis de serem anotados e que poderão ajudar bastante como rastreio para interpretação e diagnóstico de possíveis anomalias que possam resultar do trabalho nas colmeias.
O caderno contempla páginas para anotações de 21 colmeias.

Clique nas imagens para ampliar (e imprimir?)

13 fevereiro, 2011

As Abelhas vão à Escola…

Não pude ficar indiferente ao mail enviado por um apicultor, onde relata a experiência por que passou no dia em que foi à escola da filha falar na vida das abelhas.

Todos os dias se fala em cidadania e no dever de cada um em melhorar as condições da vida em sociedade e por isso dos que nos rodeiam. No entanto, a conjuntura actual não se compadece com estas iniciativas pouco lucrativas: é necessário dispor de tempo, gastos com deslocações, materiais, etc, para poder animar uma aula e partilhar o seu saber e experiência.

Recordo a minha infância onde raros eram os meses em que não iam à escola artesãos, profissionais e detentores de outras artes, para partilharem o saber com as crianças. Toda a sociedade beneficiava com isso. Actualmente e com o aconselhamento violento à dita competitividade, toda e qualquer actividade ou iniciativa do género (perda de tempo?) requer ponderação.

Chegamos a cúmulo em que as crianças à saída da maternidade já trazem o número de contribuinte. Lá chegará o dia em que o teste de gravidez trará anexo um livro de recibos verdes…
Mas já estou a divagar, atentemos pois ao facto de ainda haver quem de uma forma altruísta e abnegada disponha do seu tempo para incutir nos mais novos o gosto por uma vida saudável e por uma actividade não só sustentável como também “sustentadora” de outras…

Que este relato sirva de exemplo a tantos “pais – apicultores” que poderão dar uma forte ajuda na divulgação da apicultura.

Quero começar por agradecer à professora da minha filha o convite para ir à escola falar da apicultura e das abelhas à crianças que lá andam.

Penso que o título "Aula apícola num jardim de infância", não seja o mais apropriado, pois faltava lá um professor. A pessoa que se propôs a falar de apicultura (eu) mal sabe para si, quanto mais para explicar a crianças e respectivas professoras e funcionárias o fantástico mundo das abelhas. Mesmo assim às 9.30H do dia 3/2/2011 lá estava eu a preparar o material para a dita aula.
Não foi fácil para mim falar das abelhas às crianças. Não era culpa da matéria a ser exposta, mas sim como iria ser exposta. Era obvio que iria falar de coisas simples, mas... como haveria de as dizer de modo a que as crianças entendessem? Para quem está ligado à apicultura sabe do que se está a falar quando por exemplo se fala de favo ou opérculo, mestra ou zangão. Mas as crianças não sabem estas coisas (nem alguns dos adultos que assistiram). Uma professora perguntou como as abelhas transportam o pólen para a colmeia? É obvio que é nas patas, falando de uma forma muito simplificada! É óbvio... para quem sabe!

Outro problema que senti foi dar um fio condutor à aula. Não queria andar a saltar de assunto em assunto. Queria falar das coisas de forma encadeada. Queria, mas não consegui. Umas vezes porque tentava simplificar as coisas e depois perdia o raciocínio, outras vezes porque surgiam perguntas que não estavam directamente relacionadas com o que estava a falar nesse momento e depois da resposta ... uups onde é que eu estava???

Apesar destes contratempos, gostei daquela hora que estive com as crianças. Apesar de fazerem poucas perguntas, essas surgiam mais por parte das professoras, tentavam sempre responder as perguntas que eu lhes fazia. E algumas vezes com sucesso. Eram muito curiosos e atentos quando eu lhes mostrava o resultado do trabalho das abelhas. Pólen num quadro e enfrascado, mel operculado e enfrascado, cera laminada e puxada e ainda alguns utensílios que utilizo no maneio apícola.
O melhor momento foi quando deixei os miúdos utilizarem o levanta quadros e eles próprios tirarem um quadros do ninho como se de verdadeiros apicultores se tratassem. Foi a verdadeira "loucura" para a maioria.
Para finalizar vieram os agradecimentos pelo tempo passado com as crianças e pelas explicações sobre as abelhas e o mel.

Eu é que agradeço a oportunidade que me foi dada para falar de um assunto que gosto e de tentar criar o bichinho das abelhas nesta geração que está crescer.
Obrigado também ao Joaquim Pifano a oportunidade de divulgar seu e nosso blog esta iniciativa.


Luís Vale

09 fevereiro, 2011

PERMAPICULTURA

“Gostaria de construir e operar colmeias totalmente automáticas, onde não são necessários conhecimentos apícolas de alguma espécie, pois só se abrem para as crestar?”

É com esta enigmática e “tentadora” abordagem que Oscar Perone, o conhecido apicultor, formador e divulgador argentino apresenta o seu novo site http://www.permapicultura.com/ sobre PERMAPICULTURA. Onde se conclui no fim que as abelhas pouco mais necessitam que ESPAÇO, RESERVAS e PAZ para serem saudáveis e produzirem em quantidade para elas e para nós.

PERMAPICULTURA (!La apicultura del no hacer!) é o novo conceito de apicultura, onde se aplicam os princípios da PERMACULTURA cuja definição retirada de http://pt.wikipedia.org/ postula o seguinte:

“A PERMACULTURA é um método holístico para planejar, actualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambientalmentesustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis.

Foi criada pelos ecologistas australianos Bill Mollison e David Holmgren na década de 1970. O termo, cunhado na Austrália, veio de "permanent agriculture" (agricultura permanente), e mais tarde estendeu-se para significar "permanent culture" (cultura permanente). A sustentabilidade ecológica, ideia inicial, estendeu-se para a sustentabilidade dos assentamentos humanos.

O princípio da Permacultura vem da posição de Mollison de que "a única decisão verdadeiramente ética é cada um tomar para si a responsabilidade de sua própria existência e da de seus filhos" (Mollison, 1990). A ênfase está na aplicação criativa dos princípios básicos da Natureza, integrando plantas, animais, construções, e pessoas em um ambiente produtivo e com estética e harmonia. E, neste ponto encontra paralelos com a Agricultura Natural, que sendo difundida intencionalmente pelas pesquisas de Masanabu Fukuoka por todo o mundo, chegaram as mãos dos senhores fundadores da permacultura e foram por eles desenvolvidas.
Permacultura é uma síntese das práticas agrícolas tradicionais com ideias inovadoras. Unindo o conhecimento secular às descobertas da ciência moderna, proporcionando o desenvolvimento integrado da propriedade rural de forma viável e segura para o agricultor familiar.”


Para quem está habituado a lidar com as recentes técnicas de maneio da dita “Apicultura Racional”, onde impera sobretudo uma participação activa do apicultor, intervenções constantes na colónia, manipulações e alterações na biologia das abelhas, decerto irá ficar chocado com a maioria das novidades desta nova “filosofia” apícola.

Certo é que se visitarem o site, lerem atentamente o que se apresenta, após a surpresa inicial irão decerto concordar com a inteligente argumentação (e com as razões) a que Oscar Perone já nos habituou. Quanto mais não seja à luz de um chavão que já não é novidade para ninguém: antes do Homem criar abelhas, elas prosperavam na Natureza, hoje trata-se de uma espécie totalmente dependente do Homem…
Mas vamos a alguns exemplos só para aguçar o apetite, o que não dispensa de modo algum a visita ao excelente site:

1. Acho bastante curioso o conceito de “Abelhas do Apicultor”, a forma como Oscar Perone classifica animais demasiado domesticados e até “adulterados” pelo ser humano. Trata-se quase de uma subversão da biologia e da funcionalidade das abelhas, modificadas à vontade e à necessidade do apicultor. Como tal resultando em colónias enfermas, pouco produtivas e susceptíveis a toda a espécie de anomalias, extremamente dependentes de inputs externos como alimentos artificiais e medicamentos.

“Y ese paradigma industrial aplicado a la apicultura, con su traspaso de "poder" a las manos del apicultor, hizo que este creyera que sabía más de apicultura que las abejas, y empezó a manejarles el espacio, las reservas y a dejarlas sin paz, con su eterno afán de control absoluto, continuo, sobre la intimidad de la colmena…”

2. Extremamente interessante a forma como a Radiestesia importa neste método, e poderá condicionar o sucesso de uma exploração apícola. Nomeadamente as energias telúricas, entre outras, que poderão afectar positiva ou negativamente o desenvolvimento e as produções de uma colónia de abelhas.

3. A substituição de ceras com alvéolos de 5,7 mm por 4,9 mm, cujas dimensões mais naturais poderão ser um entrave ao desenvolvimento do ácaro Varroa destructor. Teoria que já começa a fazer escola entre muitos apicultores em todo o mundo.

A Varroa é a primeira vítima deste “filme de terror” iniciado pelo uso da cera estampada (moldada), pois que para nenhum parasita é “negócio” matar o seu hóspede, pela simples razão que a morte do parasitado é também a morte do parasita…”

4. O apelo à não substituição de ceras, mesmo que negras e velhas, argumentando que nos enxames naturais tal nunca sucedia, nem era necessário, e as abelhas prosperavam saudáveis e produtivas. Quando na apicultura dita racional as ceras com tais características apontam para focos de doença e moléstia, aconselhando-se a sua substituição periódica.

5. A manutenção das alças sobre o ninho continuamente ao longo de todo o ano. Evitando perturbar a colónia de abelhas que consome desmesuradas quantidades de mel sempre que se abre a colmeia e baixando-lhe muito a produtividade.
Oscar Perone salienta que o consumo energético para manter a temperatura no ninho é equivalente à necessária para o mesmo espaço ampliado com as alças. Não esquecendo também que a ausência de tratamentos o permite, evitando o contágio da cera das alças.

Estas e muitas outras razões e novidades relacionadas com a alimentação artificial, as colmeias concebidas para o efeito, o controlo de enxameação, a cresta e tantos outros aspectos menos ortodoxos do maneio apícola, são motivo de sobra para visitarmos o referido site e sobretudo… reflectirmos bastante sobre o seu conteúdo.

http://www.permapicultura.com/