Faça você mesmo… ora aí está uma expressão cada vez mais em desuso.
No entanto devem recordar-se que nas décadas de 1970 e 1980 era muito comum, com a moda do “bricolage” dizia-se e escrevia-se por “dá cá aquela palha”…
De há uns anos a esta parte se caímos na idiotice de perguntar a alguém um inocente “Então ?! o que é que fazes ??” Levamos logo com um suspeito “Não faço nada, compro tudo feito…”
Relíquias da Revolução Industrial…
Desta vez o amigo António Sérgio ofereceu-nos uma excelente foto - reportagem sobre a manufactura da cera moldada. Pouco habitual no nosso dia a dia, mas que poderá ser uma forma económica de conseguir cera moldada e com isso passarmos a substituir mais amiúde os quadros velhos.
Primeira Parte:
Vamos recordar todas as “fontes” de cera que devemos aproveitar para reciclar e com ela obter novas lâminas de cera moldada.
Os quadros com cera velha, favos retirados de colmeias, cera de opérculos, etc… Recorda-me um tempo em que eu próprio, andando mais dedicado à economia apícola, chegava a guardar num saco os alvéolos reais que obtinha nas sessões de controlo de enxameação. Essa cera ia também para o cerificador…
Não esqueçamos que a cera é mesmo muito cara e um pouco mais de trabalho no seu aproveitamento reflectir-se-á decerto no custo final.
Mais uma dica: é aconselhável separar as ceras dos opérculos da restante cera dos quadros do ninho ou ceras velhas. A cera de opérculos, mais limpa e de cor esbranquiçada poderá destinar-se exclusivamente ao fabrico de lâminas de cera moldada para as alças.
Claro que isto só faz sentido para grandes produtores (com muita cera de opérculos) ou ao nível associativo se todos os apicultores juntarem a dita cera.
Segunda Parte:
Esta é mesmo para acabar com a paciência... raspar quadros, esticar ou colocar arames e repor lâminas de cera moldada. Mas não é isto que nos trás cá hoje.
Terceira Parte:
Fundir a cera. São inúmeros os métodos e alternativas que temos para resolver esta etapa. A utilização de um depósito de metal aquecido ao lume com água e cera no interior é um método barato, se houver disponibilidade de lenha.
Quase sempre, quem procede desta forma tem o inconveniente de a cera em fusão se encontrar misturada com a água, o que não se verifica neste caso onde ambas as substâncias estão separadas, tornando o processo contínuo.
O Cerificador Solar é de longe o meu método preferido, muito barato (o mais barato) e permite também a obtenção da cera sem misturas. Além do argumento “preço” ainda vale pelo facto de evitar qualquer forma de combustão com todos os riscos que a mesma acarreta.
Outro ainda: o facto de não necessitar da presença do operador a controlar o processo.
O Cerificador a Gás, o mais rápido mas também o mais caro e perigoso?
Quarta Parte
Filtragem da cera fundida. Pormenor muito importante que aplicado correctamente (com uma malha fina) resulta na obtenção de ceras muito mais limpas e claras.
Finalmente: a obtenção de blocos (bolos) de cera:
Estes normalmente são trocados por lâminas de cera moldada, nos centros de recolha e ou moldagem. Neste caso vamos “nós” transformá-los nas ditas lâminas…
Quinta Parte
Começam aqui as novidades, pois habitualmente “despedimo-nos” da cera no ponto anterior.
Refundir a cera, em menores quantidades, e colocá-la em moldes especiais para a obtenção de lâminas de cera lisa. Tais moldes podem ser confeccionados em madeira ou utilizar tampas inutilizadas (em esmalte) dos fogões.
As lâminas são cortadas para se manusearem melhor após uns segundos na água quente e logo de seguida quando vão para os rolos, pois se elas se usassem no tamanho que saem ao sair das tampas de fogão era quase impossível trabalha-las sem problemas.
Agora uma forma diferente de obter as ditas lâminas lisas: utilizando para o efeito uma placa de vidro, com as dimensões desejadas, que se mergulha num banho de cera em fusão o número de vezes necessárias a conseguir a espessura desejada:
Finalmente as lâminas de cera lisas, prontas a serem moldadas.
Sexta Parte
Moldar a cera. Não faço ideia do preço dos rolos, mas acredito que seja um número com muitos zeros… mesmo com rolos manuais…
Começa-se por pincelar a superfície dos rolos com uma substância lubrificante, onde a água com sabão satisfaz perfeitamente:
Finalmente passar as lâminas de cera lisa entre os dois rolos, que estão a ser accionados manualmente. Esta tarefa é tanto mais eficaz quanto mais colaboradores estiverem presentes.
Sétima Parte
Acertar as dimensões da cera, já com o formato final e embalá-la. Está mais que pronta para voltar às colmeias.
Não liguem à cor da cera, quem vê caras não vê corações. O escurecimento deve-se a ceras velhas e que de certeza não passou por nenhum processo (químico?) de branqueamento… é mesmo apenas CERA! …
Por vezes, quando as caldeiras onde a cera foi derretida não são de inox, podem passar a cor do ferro oxidado à dita cera…
12 maio, 2010
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24 comentários:
...é isso mesmo. Todos temos presente a importância de tal substância. A mudança de ceras numa colmeia é importante por várias razões, mas, a razão principal que leva muitas das vezes o apicultor ao "esquicimento", da sua substituição, atribuo ao elevado preço da cera. De uma forma simples e barata, aqui está um esquema que poderá ser adaptado por muitos, com os benificios evidentes.
Camarada Pifano, o seu excelente trabalho, não precisa de apresentações, pois quem segue o bicinho abelha, decerto reconhece o "Monte do Mel". Mas quero salientar o trabalho do António Sérgio, que é sem dúvida, um apaixonado deste ofício. Para ele um grande abraço.
Francisco
Amigos Pífano e Sérgio, o método parece ser simples e eficaz, só não entendo a parte depois onde entram as folhas do vidro, como se separa a cera já arrefecida do vidro, julgo que será cortar rente e efectuar ma separação, obtendo duas folhas de cera por cada lamina de vidro.
Abraços
Ferradelas
amigo Pifano e se puser-mos nos quadros placas de cera sem ser moldada só a cera lisa será que as abelhas não puxam cera?
se já teve uma experiência dessas gostava de saber.
até outro dia:
MELFONTENOVA
Olá Mário e Adelino,
Vamos aguardar que o sergio responda ao Mário (foi ele que fez a experiência)...
Quanto à questão colocada pelo Adelino (e que já me ocorreu dúzias de vezes) não sei a resposta pois nunca experimentei fazer dessa forma... mas a questão é pertinente...
Abraços
JPifano
O vidro deve ser mergulhado na cera estando limpo e seco (sem granulos de sujidade) depois de se mergulhar várias vezes deixando que a cera solidifique ligeiramente entre cada mergulho e quando já termos uma espessura de 3 a 4 mm de cera em cada face do vidro, deixa-mos o conjunto placa de vidro e cera em repouso uns minutos para que a cera arrefeça um pouco, depois com uma faca raspa-mos (ou recorta-mos) as bordas da placa de vidro que estão cobertas de cera, depois de recortar/raspar os bordos da placa e a puser-mos de perfil ficamos a ver uma face de cera, o vidro no meio, e na outra face a outra placa de cera e assim é muito fácil descolar a folha de cera (ainda ligeiramente quente / macia) da placa do vidro pode-mos usar a lâmina da faca para levantar a folha de cera é como abrir uma folha de papel autocolante mas aqui ainda mais fácil. Este pormenor das placas de vidro mergulhadas na cera leva-nos muito tempo, o ideal é o uso dos moldes de madeira ou tampas de esmalte dos fogões (não foi mencionado, É OBRIGATÓRIO ter os moldes de madeira quase "ensopados" de água para isso deixamo-los durante umas horas dentro de água para que no momento de se deitar a cera liquida ela solidifique sem se agarrar à madeira, ao passar do estado liquido para sólido a cera perde volume sendo assim fácil a sua remoção dos moldes), porque basta ter a cera liquida e deitá-la dentro molde, esperar uns minutos, há que ter o cuidado de ter os moldes de nivel para que no final não resultem placas de cera com espessuras diferentes em cada ponta da placa.
Respondendo ao amigo Adelino, eu nunca experimentei mas penso que se dermos folhas lisas de cera às abelhas elas não fazem favos perfeitos como se consegue com a cera moldada, talvez apareçam muitas células de zangão.
Bem... é experiência que posso fazer depois das férias. Caso a faça, reportarei os resultados.
Abraço
Ferradela
Excelente trabalho!
Parabéns António Sérgio. Aqui está uma recolha de dados de épocas onde foi referido, "quase tudo se fazia em casa".
Óbviamente que para a intensificação da apicultura, não estou em crer que este método tenha resultados eficientes para quem tenha o número de colmeias a passar da meia centena.
Mas fica o registo fotográfico e cinéfilo de um apaixonado pela apicultura.
Grato ao António Sérgio pela recolha feita, grato ao Monte do Mel por fazê-la chegar até nós.
Aqui fica um excelente trabalho para memória futura.
Excelente trabalho, continue
Excelente trabalho, contnue
Tenho moldado alguma cera e tenho uma duvida, a cera sai muito clara, no entanto, a que eu vejo a venda e de um amarelo muito dourado e brilhante, já pensei em juntar um pouco de polen a cera para lhe dar mais cor, gostaria de saber algumas opinioes.
cumprimentos
Hélio Gomes
Olá Hélio Gomes,
Eu não estou muito familiarizado com a moldagem de cera. Sei no entanto que se for filtrada por uma malha muito fina tende a ficar mais clara.
Talvez essa alteração da cor se deva à temperatura a que se faz a fusão...
Ceras extraidas em cerificadores solares (se a cera pemanecer muito tempo ao Sol) também tende a ficar esbranquiçada.
De qq forma não creio que a adição de pólen seja a forma mais correcta de tornar a cera mais amarela.
Lamento não poder ajudar muito...
Joaquim Pifano
Caros amigos apicultores,belo trabalho do MR.sergio,a cera aqui deste lado do atlantico tamben e cara, alguem me podia imformar o preco dos rolos de moldar cera, e aonde se venden en portugal.Muito obrigado a todos desde Nova jersey ,USA Antonio
Caro Colega António
Agradeço o seu comentário, quanto ao preço dos rolos de moldar isso já não lhe sei responder com precisão pois não vendo e por enquanto também não estou comprador, do que me lembro andava sempre acima dos 1000€ (rolos de manivela, pois os eléctricos já ficam mais caros). Quem os vende? Uma pesquisa na net sobre fabricantes de material apicola em Portugal, e logo encontrará possíveis vendedores, sem querer tirar qualquer partido sugiro-lhe um contacto com a Macmel.
Cumprimentos, António Sérgio
Antonio Sergio muito obrigado,encontrei uma casa no estado de arkansas preco dos rolos sem motor a volta de 2500 dollares talvez para o proximo ano devo comprar,tenho pouca cera, mas irei fazer os meus proprios quadros. Obrigado
Oo mano vê ali no site da macmel esta la a novidade por 180€ funciona e com o rolo da massa suponho que seja mais barato que a alternativa
suponho que se chegar a rico a coisa depois vira eléctrica ate la tenho tempo.
Boa tarde, tenho uma dúvida que gostava de ver esclarecida se for possível. Após termos a cera em "bloco" teremos que a fundir novamente antes de meter nos moldes. Nessa etapa a cera tem que atingir alguma temperatura especial? Não pode atingir determinadas temperaturas? Terá que estar algum tempo a determinada temperatura? Ou basta que fique liquida colocando-a em seguida nos moldes de madeira? Cumprimentos
Bom dia Rui.
Neste processo temos que derreter os blocos de cera, não há que ter em atenção uma temperatura especial (a cera derrete a partir dos 62/65ºC), é derretê-los em banho-maria até ficar tudo bem líquido, depois vazar essa cera líquida nos moldes de madeira e deixá-la arrefecer até solidificar. Há quem faça moldagem de cera com equipamentos mais sofisticados e que ao mesmo tempo querem ser mais perfeccionistas e então deixam a cera em banho maria a alta temperatura (creio que 120ºC) durante várias horas (talvez 4 a 6 horas) para que os esporos de possíveis doenças como a loque amreicana possam ser destruídos e só depois iniciam o processo de moldagem. Esta técnica de moldagem da cera que aqui mostro não é complicada e dá um certo gozo de se fazer mas leva muito tempo. António Sérgio
António, obrigado pela explicação e disponibilidade. Já fiz a experiência e correu quase 100% bem, no entanto tive um problema com algumas impurezas, e como tal, tive que colocar um coador para a cera ficar mais limpa, mas mesmo assim ainda passaram algumas. Pensei que depois de ter obtido o "bloco" de cera, extraída através de caldeira de compra a vapor, a cera ficasse limpinha, no entanto reparei que não. Será que posso fazer de outra forma sem ter de estar a coar? Já pensei em fazer uma caldeira com torneira a 15 cm do fundo de forma a que as impurezas fiquem depositadas e só saia a cera limpinha? Resta saber se as impurezas no momento em que a cera está a passar para o seu estado líquido vão ficando logo depositadas no fundo ou não... O que acha? Cumprimentos e mais uma vez muito obrigado
Boa tarde
Tem mesmo de coar, é o que dá melhores resultados. Deve ter a cera bem liquida (bem quente) e depois como coador pode usar um de rede metálica fina quase como os do mel ou algo mais barato e de improviso que pode ser por exemplo tecido fino, uma gaze/ligadura que é fácil de arranjar, barato e ao mesmo tempo sufientemente fino para limpar as impurezas maiores. Lembre-se que deve derreter/reciclar os favos velhos e opérculos na caldeira, depois quando já se tem as broas sólidas devemos raspar as impurezas que ficaram na base, e só aí voltamos a derreter as broas em banho maria para depois ser coado. No meio disto tudo as suas experiências é que vão afinar a sua própria técnica, nestas coisas não se "ganha" logo à 1ª tentativa. Bom trabalho. António Sérgio
Obrigado António. Vou fazer dessa forma então, coando. Um abraço
boa noite,
vende folhas favo de cera?
se sim, por qto vende sff?
Olá Hugo,
Eu não vendo lâminas de cera, mas se me disser onde vive eu posso aconselhar-lhe um vendedor.
Envie-me um mail: montedomel@gmail.com
cumprimentos
Joaquim Pifano
ola eu jose quero comprar um cilindro alveolador p. cera dos aperfeiçoados padrao prodapys quero ver o preço dos cilindro com motor , e manual
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