08 setembro, 2010

SDC: Ninguém informou o ministro :-(

6 | SETEMBRO | 2010 I aponte I

O famoso cientista Albert Einstein terá dito que "se as abelhas desaparecerem, ao homem restarão apenas quatro anos de vida". Esta visão catastrofista pode não concretizar-se mas deve ser, no mínimo, razão de preocupação da humanidade, Os apicultores, até porque retiram dividendos da actividade, têm alertado através da comunicação social para o problema do «Sindroma do despovoamento de colmeias» mas «as autoridades sanitária nacional - a Direcção Geral de Veterinária (DGV) - não tem sobre o assunto feito qualquer comentário», afirmou à «aponte» Joaquim Pífano. O Ministério da Agricultura responde que «nunca nos foi reportado em concreto nenhum fenómeno desta natureza» mas que tem acompanhado e apoiado os apicultores nacionais na sua actividade.


SINDROMA DO DESPOVOAMENTO DE COLMEIAS

Apicultores perdem cerca de 50% do efectivo

Os apicultores estão a ficar desesperados com o despovoamento que as abelhas estão a fazer das suas colmeias. Uma constatação com seis anos e poucas certezas sobre as verdadeiras causas deste fenómeno. Joaquim Pífano, biólogo e director técnico da ADERAVIS -Associação para o Desenvolvimento Rural e Produções Tradicionais do Concelho de Avis, critica o Ministério da Agricultura por não tomar uma posição sobre o Sindroma do despovoamento de colmeias e deixar os apicultores à deriva: «não sabemos qual a sua posição sobre o assunto e desconhecemos a investigação que está a ser feita para saber as causas e encontrar soluções. Em Espanha o Estado está a levar este assunto a sério com diversos investigadores a estudar o fenómeno» Recentemente o jornal Público publicava um trabalho de Sara Dias Oliveira titulado «As abelhas estão a desaparecer do país e ninguém sabe porquê». Pífano clarifica, «estão a desaparecer mas temos a certeza que estão mortas, não se esconderam dentro de nenhum guarda-fato. Como morrem há uma causa, mas como não se sabe a razão diz-se que há um sindroma do despovoamento de colmeias, porque elas abandonam a colmeia e vão morrer longe». A história deste fenómeno - aliás como o blog «monte do mel» de Joaquim Pífano abordava em 2008 e citava um trabalho do jornal «Le Monde» -, terá começado na Europa e tem cerca de uns 6 anos. Um investigador espanhol que Joaquim Pífano trás à conversa, terá referido que na base do abandono das colmeias podem estar alterações climáticas que, a nível global, produziram anos muito quentes. Isto poderá ter eliminado determinado tipo de vegetação que alimenta as abelhas já no final do verão. As explicações podem ser diversas. Fala-se, entre outras razões, nos Organismos Geneticamente Modificados, no aumento da utilização dos pesticidas na agricultura e nas radiações electromagnéticas. Mas Pífano argumenta e inclina-se para uma variedade de explicações, mas dá ênfase às alterações climáticas, tendo por base a explicação do técnico espanhol: «Ora, se as abelhas não se alimentam no final do período em que estão mais activas, que dura cerca de uns trinta dias, a rainha não consegue repor as obreiras e durante o inverno -que pode durar 3 a 4 meses de inactividade no exterior - não provocou a necessário renovação das populações de abelhas. Como na época seguinte as que ficaram estão mais velhas e menos capazes», com as consequências que conhecemos.
No concelho de Fronteira, o ano passado, houve muitas colmeias completamente abandonadas paredes meias com colmeias em que este fenómeno não aconteceu. Enquanto não se encontram soluções o número de abandono de colmeias vai engrossando. O ano passado, em Portalegre, de 450 colmeias perderam-se 230. Em Avis vários apicultores perderam cerca de 50 por cento do seu efectivo.
Confrontado com estas críticas o Ministério da Agricultura esclareceu que «nunca nos foi reportado em concreto nenhum fenómeno desta natureza», sendo «a diminuição de efectivo sido sempre associada a causas naturais (incêndios, seca) ou a causas sanitárias (doenças das abelhas»>. Aliás, refere o gabinete de António Serrano, «no âmbito da apicultura, a DGV tem trabalhado sempre ao lado dos apicultores, nomeadamente organizando cursos técnicos multidisciplinares, implementando desde 2008 o Programa de Controlos Sanitários a apiários a nível nacional, e tem participado, sempre que solicitado, em várias acções de formação/ divulgação junto das Associações de Apicultores e divulga informação específica sobre "Apicultura" no respectivo portal». Alega desconhecer a existência de algum «estudo especifico realizado em território nacional sobre desaparecimento e/ou despovoamento de colmeias», mas que tem contribuído no âmbito da EFSA - European Food Safety Agency, que tem «um estudo especifico que se encontra disponível no site daquela entidade», e para a qual a DGV colaborou «nomeadamente» no que respeita às «estatísticas e aos dados relativos a Portugal». As repercussões económicas nos Estados Unidos já são significativas. Numa região onde a principal fonte de rendimento dos apicultores locais não é a venda de mel mas o aluguer das colmeias para o processo de polinização em pomares, o valor do aluguer de uma colmeia para polinização ronda agora os 120 euros, quando há uns três anos era cerca de um terço. «Os preços subiram fruto da diminuição da oferta de colmeias», refere.
Mas há outros problemas que atormentam os apicultores. Para o técnico da ADERAVIS - que reúne cerca de 120 apicultores com um universo de cerca de 6000 colmeias - a Varroase, uma das doenças que mais ataca as abelhas, «não esta controlada, ao contrário do que dizem» e critica as autoridades que homologam os medicamentos, «caros e raros e sem a eficácia desejada», mas que os apicultores são de certo modo obrigados a comprar e a utilizar. J.L.R.

1 comentário:

octávio disse...

Evidente distância entre os apicultores e o poder de decisão.

Para mim os responsáveis são os Senhores, alguns, que controlam as Associações.

Haverá dúvidas?

Basta desmentirem o(s) governantes de que nada lhes foi dito ou sensibilizado.