06 novembro, 2011

Um quintal apícola muito especial

Tudo começou, já não tenho bem a certeza, há uns dezasseis ou dezassete anos quando, numa casa de arrumos anexa à casa principal, encontrei uns cortiços que nunca tinham sido usados.
Por brincadeira, e já um pouco tarde na época apícola, aí por meados de Maio, resolvi "preparar"o cortiço para apanhar um enxame. Limpo de teias de aranha,vedadas as fendas, defumado e esfregado com rosmaninho, à maneira dos abelheiros, foi colocado naquele cantinho onde se vê, no minúsculo quintal que não tem mais de quarenta metros quadrados.

Aquelas colmeias são suas descendentes e não existiam na altura.
Cerca de dois meses depois , o meu pai foi à aldeia para tratar de uns assuntos. Logo no dia seguinte recebi um telefonema de reclamação:
- o quintal está cheio de abelhas! Onde? - perguntei eu - Dentro ou fora do cortiço? Por todo o lado, a entrar e a sair - foi a resposta.

E assim o cortiço povoou-se. Todos os anos saiam um ou dois enxames, entre a primeira e a terceira semanas de Março. Nunca lá pude estar nestas alturas e sempre os perdi. Nenhum dos outros cortiços que lá coloquei agradou às abelhas e a única vez que o bati foi um insucesso. Também nunca foi crestado. Era apenas uma curiosidade no quintal.

Há uns cinco anos atrás aí em princípio de Junho eu estava lá, e ao chegar a casa ao fim da tarde a minha esposa disse-me estar um enxame pousado no medronheiro ( é um medronheiro enorme que tapa quase todo o quintal e tem uns seis metros de altura). Fui ver e era de facto uma pequena garfa pouco maior que um punho. É muito pequeno - disse eu - não vale a pena apanhar. Não vai sobreviver sem ser alimentado e, mesmo assim vai ser difícil. A minha esposa insistiu: Se vai morrer sem ser ajudado porque não o apanhas e alimentas?

Apesar da dificuldade ( estava quase no cimo do medronheiro) acabei por o apanhar. Valeu-me umas deslocações extra de 300 quilómetros para o alimentar. Sobreviveu e dele descendem as dez colmeias que tenho lá agora. O cortiço morreu nesse ano. Ficou zanganeiro. Aquele enxame foi o último que o cortiço deu !!

A rama que se vê à esquerda é do medronheiro. O chão está coberto da sua flor. Das quatro colmeias que aí estavam, duas foram para a Casa das Abelhas para serem divididas e essas duas que aí se vêem também foram divididas. Com o medronheiro a fechar todo o quintal e os muros altos que o rodeiam, torna-se um sítio terrivelmente sombrio, principalmente no Inverno, mas a primeira escolha foi delas!

Abelhasah

2 comentários:

Malijo disse...

Também gostava de ter assim um quintal!

Parabéns pela reportagem :)

Cump
Malijo

AnaPCarvalho disse...

Lindo Quintal!
As abelhas sabem encontar refugios e abelheiros que as tratam bem!
Parabéns!