24 outubro, 2016

Turismo Rural Descaracterizado

Por António Marques

Recentemente fiquei, juntamente com a minha família, hospedado num alojamento de turismo rural na região do Oeste, concelho de Alcobaça.

Um empreendimento bastante agradável com uma classificação de “Fabuloso” nos sítios da internet utilizados para fazer reservas.
Como sabemos o turismo rural é uma modalidade de turismo cujo objetivo é permitir aos hóspedes um contato direto e genuíno com a natureza, com as tradições locais e também com a agricultura constituindo uma atividade geradora de desenvolvimento económico para as zonas rurais. Tudo isto num ambiente rural e familiar.
Portanto, não estamos à espera de encontrar num empreendimento desta natureza gastronomia estrangeira ou, neste caso, produtos alimentares que não sejam nacionais.
Infelizmente, neste caso, encontrei no pequeno-almoço algo que me surpreendeu, e muito, pela negativa e que manchou desnecessariamente a classificação que atribuí ao empreendimento quando me foi solicitada.
Um pequeno-almoço “normal” para este tipo de alojamentos: Pão, “croissants”, compotas nacionais, manteiga nacional, etc. A partir do momento que me apresentam MEL estrangeiro e por sinal de qualidade duvidosa e incerta deixou de ser um pequeno-almoço normal, obviamente tendo em conta o espaço onde me encontrava.

É nosso dever – como portugueses – promover e defender o que é nosso e, como já referi, um turismo com estas características ainda mais a isso é “obrigado”.
Apresentam ao pequeno-almoço Mel Granja de São Francisco, um produto que não é Português e como sabemos de origem incerta. Observando o rótulo não temos possibilidade de saber a sua proveniência, ou seja, é impossível fazer a sua rastreabilidade.

Enviei uma mensagem ao empreendimento a chamar atenção e a explicar os motivos porque deveria optar por MEL nacional.
Foi explicado aos proprietários que, no rótulo desse produto vão encontrar escrito “mistura de méis CE e não CE”, o que quer dizer que pode ter de tudo no interior daquele frasco. Por exemplo se “misturarmos 200g de um excelente mel nacional num depósito com várias toneladas de mel oriundo do Sudoeste Asiático ou da África Sub Saariana, já o podemos rotular com a desdita “mistura de méis CE e não CE”. A legislação nem sequer obriga a mais - está em conformidade”.
Normalmente ou quase sempre, excetuando o mel Granja de São Francisco, os méis “mistura de méis CE e não CE” são vendidos a preços muito baixos por serem provenientes de regiões onde os custos de produção são mínimos. A saber, condições higiosanitárias muito precárias e as abelhas são sujeitas a tratamentos extremamente violentos com antibióticos e acaricidas. Como facilmente se percebe o produto final não pode ter qualidade porque seguramente existirão resíduos das substâncias referidas.
A título de exemplo, em 2003 a DECO – Teste Saúde - testou várias amostras de mel e detetou presença de medicamentos em cerca de metade das amostras. Entre elas – quase todas de misturas de méis CE e não CE - encontrava-se o mel disponibilizado na unidade turística referida que para agravar a situação ainda continha um antibiótico proibido para uso veterinário na União Europeia, o Cloranfenicol.

Como facilmente se percebe é sempre melhor optar por algo nacional e de proveniência conhecida.
Suponho, que neste caso o tipo de embalagem utilizada pela marca adquirida teve influência na compra. No mercado nacional já existem embalagens que permitem uma utilização do MEL mais controlada e adequada para este género de situações.

Aqui temos duas hiperligações onde poderemos consultar os resultados dos testes efetuados pela DECO em 2003.



Infelizmente no nosso país o consumidor não está devidamente informado sobre as características dos produtos alimentares que consome e a maior parte das vezes é levado, por razões óbvias, a adquirir o mais barato.
Nas superfícies comerciais do nosso país, grande e pequenas, encontramos uma variedade imensa de méis de origem desconhecia ao preço da chuva.

António Marques – Terceira - Açores

4 comentários:

Anónimo disse...

Olá António.

Em S. Miguel, no hotel ao pequeno almoço havia mel em embalagens individuais da "Casa de Mateus" e, de acordo com o rótulo, Mel NÃO CE...

Abraços,

Abelhasah

Eco-Escolas disse...

Olá António

No sítio da internet da "Casa de Mateus" podemos ler o seguinte:
"Desde 1959 que os doces Casa de Mateus são preparados com frutas cuidadosamente seleccionadas, que nos asseguram a qualidade e tradição de sempre".
Sendo assim, parece que só selecionam cuidadosamente a Fruta. O resto são "peanuts".
Estive há pouco tempo no Hotel Canadiano em Ponta Delgada e tinham mel à descrição numa embalagem aberta (suponho que seria mel de São Miguel).

Abraços

GONCALOCARAPETO disse...

Alguém me pode indicar compradores de mel a granel?
Temos 1400kg de mel de rosmaninho biologico, zona do alentejo

Alien disse...

Queira enviar-me um email para:

montedomel@gmail.com

e poderei dar-lhe um contacto de um possivel comprador