Parece ter chovido mais nos últimos dias que no resto do ano.
Antes da cresta e com as alças sobre o ninho, os riscos de fome parecem mínimos…
Este Maio “submerso”, traz-me à memória duas histórias apícolas relacionadas com água, enchentes e afogamentos. A primeira é mesmo uma anedota, a segunda nem por isso…
Conta-se que em tempos um pastor calcorreava acima e abaixo as margens de caudaloso ribeiro. Não encontrava local onde pudesse atravessar a vau com as ovelhas.
Já desesperado encontrou um moço que por ali perto errava. Abeirou-se dele e perguntou-lhe pelo melhor sítio para a travessia, ao que o rapaz lhe respondeu:
“O gado do meu pai atravessa sempre ali à frente, junto às rochas”
Agradecido, o pastor lançou-se à água no local indicado, seguido pelas ovelhas. Tal era a força da corrente que tudo arrastou, bípede e quadrúpedes que a muito custo se salvaram.
Mais tarde, ainda encharcado e novo na frente do rapaz, inquiriu-o o pastor: “Olha lá, meu mariola, que tipo de gado possui o teu pai?”
“O meu pai?...” gaguejou o moço, atrapalhado, “… o meu pai é apicultor!”
Há uns anos atrás, numa sessão de divulgação/esclarecimento para apicultores, dissertava eu sobre a importância das colmeias passarem o Inverno sem alças. Argumentei com o espaço demasiado grande para aquecer, a necessidade de aplicar acaricidas nesse período… enfim. Quando um apicultor de idade, contrariado com as minhas razões, disse de sua justiça:
“Sabe lá você, tenho as colmeias junto ao rio, não contava com cheias tão grandes este ano, não fosse eu deixar as alças sobre o ninho e morriam-me as abelhas afogadas…”
Explicou depois que as colmeias ficaram parcialmente submersas e as abelhas se tinham refugiado no “primeiro andar”,
Viver e aprender…
24 maio, 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
4 comentários:
Realmente a palavra gado leva a crer ovelhas e cabras, mas, não é só.
A Voz da esperiência, à beira do rio é melhor fazer casas sempre com vários andares e nunca res do chão.
Olá!
O mariola de rapaz devia era ser um grande gozão e quiz tramar o pastor, porque as cabras lhe tinham deitado umas colmeias ao chão!
Até aos peixes Camões chamava "gado de Próteu". Logo no canto I:
"Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando,
As marítimas águas consagradas
Que do gado de Próteu são cortadas ..."
E adiante no canto VI:
" O profeta Próteu, deixando o gado..."
Próteu, filho de Tétis e Oceano (ou Poseidon), era pastor dos rebanhos de Poseidon, assim como o apicultor é pastor dos rebanhos de abelhas. Por esta razão , o apicultor é uma personagem mítica, um Semi-Deus, como tal adorado por uns e odiado por outros.
Um abraço.
Abelhasah.
"o apicultor é uma personagem mítica, um Semi-Deus, como tal adorado por uns e odiado por outros"
Até apetece reescrever a mitologia "apícola"
com novas personagens: IFAP, MADRP...
Até que a idéia de escrever uma mitologia aplicada à apicultura não era má de todo.
É que ele há situações em que a razão pouco ou nada teve a ver...
;-)
Abraços
Pifano
Acho que é um problema que nos afecta a todos. Portugal está lentamente a afundar... e até parece que são umas "personagens míticas" (ou deuses como eles gostam de ser tratados e até o parecem), que o estão a ajudar empurrar o país ainda mais para o fundo...
iiooo tu sabes nadar?
um abraço
Enviar um comentário