Comunicação apresentada em Torres Novas, aquando do III Aniversário do FORUMEIROS, no dia 28 de Maio de 2011.Combater a crise, recuperar a economia, confiança dos mercados…
Nunca o país esteve tão votado aos números como actualmente. Por muito que nos custe a aceitar devemos igualmente aderir à “mania da poupança”, tentando com isso rentabilizar as nossas explorações.
A redução de custos com aumento de receitas nem sempre é o trajecto mais linear para o sucesso económico, certo é que também na apicultura se cometeram e cometem excessos, gastos desnecessários que podem ser evitados.
Vamos ponderar sobre alguns dos aspectos da nossa actividade tentando com isso maximizar os lucros sem danificar minimamente a sustentabilidade desta actividade tão nobre que é a apicultura.
Para começar convém nunca esquecer o leque de possibilidades que nos permite a criação de abelhas. Pessoalmente gosto de olhar para uma colmeia como um bioreactor, uma caixa “negra” cada vez menos misteriosa, onde entram vários substratos e saem produtos. Com a grande vantagem de não termos de ser nós a recolher os substratos, as abelhas fazem-no de graça, de uma forma muito selectiva e com uma precisão cirúrgica.
O que para nós não passa de uma paisagem bucólica e de grande valor estético, para estes simples insectos de olhar mais calculista, tal imagem representa uma verdadeira mina, não só a sobrevivência como um autêntico manancial de recursos que a nós passa despercebido.
Os órgãos sensoriais das abelhas permitem-lhes não apenas detectar os substratos que necessitam para o seu labor: néctar, pólen, água e resinas, como também avaliar as florações mais adequadas para cada um deles.A economia é indissociável destas decisões, as flores mais próximas, os pólenes mais proteicos, os açúcares mais concentrados e energéticos… tudo é medido e ponderado.
No fim do processo, o apicultor consegue colher na exploração uma série de produtos cada vez mais valorizados, como a crescente procura parece demonstrar.
A primeira medida que proponho é a Diversificação da Produção Apícola.É sabido que na Natureza a especialização pode ser muito lucrativa a curto prazo e em determinadas situações. Certo é que pode também constituir uma “armadilha mortal” em termos de adaptação quando o ambiente se altera.
Transpondo tal evidência para a nossa realidade, imaginemos um apicultor que investe apenas na produção de mel, se apetrecha apenas e sobretudo de conhecimentos, experiência e equipamentos destinados à produção e processamento deste produto.
Ele será sempre um produtor de mel com mais sucesso que outro que produza de tudo um pouco: mel, pólen, própolis, geleia real…
Se houver alterações nos mercados, situação cada vez mais comum, diminuir muito a procura/preços do mel, essa exploração entra em colapso. O apicultor não tem conhecimentos ou equipamentos que lhe permitam uma rápida conversão da exploração.
Não sendo o melhor exemplo, visto que o preço dos méis continuou em alta, mas o ano passado a cotação do pólen subiu anormalmente, atingindo quase preços proibitivos.
Foi uma excelente oportunidade de negócio para os (poucos) produtores de pólen. Para quem não estava apetrechado de equipamentos e conhecimentos tudo isto lhe passou ao lado…
Este ano está a passar-se exactamente o mesmo com os enxames: a grande mortalidade do Inverno passado, associada a uma Primavera com pouca enxameação natural, mais a grande procura a nível de mercado fizeram subir o preço das colónias para números surrealistas.
Com a diversificação das nossas explorações adquirimos experiência e capacidade de resposta para as tendências do mercado.
Por outro lado também beneficiamos com a colheita de outros produtos na mesma exploração, sem grande acréscimo no investimento e aproveitando a mesma deslocação ao apiário.
(continua)






