15 julho, 2011

Controlo de Enxameação (continuação)

Relativamente a um post sobre Controlo de Enxameação, publicado em Abril de 2009, recebi este comentário de Leonardo Merlo – Brasil, que apresenta uma estratégia muito engenhosa para substituir a grade excluidora de rainhas à entrada da colmeia.
Uma das criticas que é feita à utilização deste método prende-se com o constrangimento que tal artefacto provoca no tráfego de abelhas, situação que parece ultrapassada com a utilização do equipamento apresentado:

Estava lendo um post antigo (http://montedomel.blogspot.com/2009/04/controlo-de-enxameacao.html) e ali falavas de uma tela para conter a rainha no processo de enxameação e resolvi te escrever para comentar o dispositivo que venho utilizando há quase um ano (usei-o na entrada da primavera e não retirei até agora em pleno inverno pois actua como redutor de alvado também) e tenho também recomendado para apicultores urbanos para evitar enxameações e posteriores remoções em locais de difícil acesso como escolas e prédios altos.

O dispositivo consiste de uma ripa de madeira onde faço um entalhe de 5 mm de altura com a serra circular, por esse entalhe as abelhas entram e como não são furos e sim um entalhe contínuo, não há perdas das pelotas de pólen (fotos em anexo).

Inicialmente utilizava o dispositivo somente durante a primeira semana após a captura de enxames para evitar a saída do enxame nos dois primeiros dias mas como acabei esquecendo de retirar em alguns e vi que não houve inconvenientes acabei por deixar mais tempo para avaliar.

Em outras colmeias que estão fora do padrão do apiário utilizo uma simples chapa de metal com o mesmo entalhe de 5 mm e funciona bem.

Durante esse ano acompanhei de perto as colmeias onde instalei o dispositivo, (somente em uma não pude deixar porque elas ficaram tão ocupadas tentando retirar que quando estava perto da caixa escutava estalos e fui ver e eram devido a que estavam tentando retirar as farpas da madeira, troquei de ripa por uma sem farpas e seguiram tentando "morder a madeira", ai acabei retirando), nas outras caixas aceitaram bem, inclusive as duas primeiras fotos anexas são de uma colmeia onde elas saem de cabeça para baixo sem nem antes tocar o chão da colmeia.

O único inconveniente que vi foi o aumento dos alvéolos de zângãos no centro da colmeia e solucionei colocando esses favos nas laterais, acredito que seja por causa do instinto de enxamear mas a produção nessas caixas foi de 27 a 32 kg em comparação com as que não tinham o dispositivo que variou de 12 a 17 kg. Logo, apesar de ter mais zângãos e de as abelhas terem maior trabalho para a retirada dos restos destes (vi que partem o zangão em pedaços para levarem para fora da caixa), a produção ainda assim é maior. Acredito que estes benefícios e inconvenientes também aconteçam com quem utiliza a gaiola que mencionasse.

Agora de posse dessas informações pretendo modificar o maneio no final do Inverno, antes da próxima Primavera, como é natural em todas as espécies a reprodução, acredito que com as abelhas não é diferente, no entanto como em outras espécies para nós não é benéfica essa multiplicação, mas mesmo assim vou retirar as ripas de alvado antes do início da primavera e espalhar caça-enxames em numero dobrado ao número de caixas que possuo e deixar que nos dois primeiros meses da primavera (Outubro/Novembro) elas enxameiem para que ocorra a renovação das rainhas e depois recolocarei as ripas novamente e os enxames que capturar farei a união deles de acordo com o tamanho e vou iniciar a trabalhar com o tabuleiro de Snelgrove neles.


Leonardo Merlo da Silva

7 comentários:

Osvaldo disse...

Boas
Realmente penso ser uma ideia valida e que estou tentado a experimentar, pois já tinha pensado em aplicar uma ripa de madeira para reduzir a altura da entrada das colmeias para evitar a pilhagem, desta forma sou capaz de resolver 2 problemas de uma vez só. Se avançar com isto para o ano coloco aqui o resultado. Outra que quero experimentar é a de produção de própolis na lateral da alça, pois já estou farto dos capta própolis de plástico... e com isto juntar o hobbie de carpinteiro aos que já tenho...

Anónimo disse...

Parece muito promissor, mas tenho uma questão. É a questão do acompanhamento da colónia?!, pois se a raínha morre por qualquer problema físico elas não conseguem reproduzir-se e ficam órfãs, com uma raínha inutil dentro da colmeia.
Para usar em Março, Abril e Maio parece muito válido, permitindo também seleccionar as colónias de zangão reprodutores. Gosto!, e vão saír mais uns testes..

ass: abelhasdoagreste

Alien disse...

Olá Afonso,

No caso de mortalidade/substituição da rainha, a monitorização do interior da colmeia permite-nos saber isso e remover o constrangimento da entrada, não sei se o autor do invento tem outra explicação...
Abraços
Pifano

Anónimo disse...

As minhas saudações!
Extremamente simples, muito fácil de executar, ao alcance de qualquer apicultor e muito mais económico que a grade excluidora.
Não sei se resolverá o problema dos constrangimentos na entrada. Pelo menos em algumas fotografias vê-se um grande apinhamento de abelhas.
Para a pilhagem, uma vez que esta ocorre quase sempre em colmeias fracas, parece ter ainda uma largura excessiva. Quando tenho problemas de pilhagem em alguma colmeia muito fraca, fecho quase completamente a entrada com uma ripa, ficando apenas um quadrado de acesso com cerca de 6X6 mm e tenho tido bons resultados.
Seja como for, a solução é extremamente simples e prática.
Boa cresta.
Abelhasah.

Leonardo Merlo disse...

Complementando o Joaquim, através do monitoramento da postura nos favos tem-se uma ideia de como está a rainha (favos com muitas falhas na espiral = rainha velha - segundo um livro francês que me comprometo a citar o nome em outro momento, a partir de 2 -3 anos começa a ocorrer esse fenômeno devido a mortalidade de sptz ou até mesmo ao esgotamento da reserva destes na espermateca - dependendo da intensidade da postura)e a partir dessas observações se decide a continuar com o apetrecho ou retirá-lo. Por enquanto acompanhei de perto porque tive esse receio quando notei a presença de células de zangões, mas as colmeias iniciaram nesse manejo no inicio da primavera e estão até agora em pleno inverno. Um detalhe que observei esta semana é que as colmeias que usam esse apetrecho não propolisaram a entrada enquanto que as outras deixaram apenas alguns orifícios livres na entrada.

Osvaldo disse...

Caro Leonardo

Na última foto gostaria de saber qual a razão de estar junto da entrada um pratinho com uns pauzinhos e mais alguma coisa lá dentro? para que serve?

Leonardo Merlo disse...

Osvaldo, agora estamos em pleno inverno e como essas colmeias não são modelo Langstroth não dá pra colocar o alimentador Boardmann, por isso nessas colmeias coloco alimento no pires e alguns gravetos para que não se afoguem.

Abraco