Por Mónica Lopes, Técnica de Apicultura
Alguns meses após o nascimento do meu segundo filho e com a entrada do Outono, os dias começaram a ficar frios. Em consequência, apareceram as constipações, nariz entupido, mal estar, olhos lacrimejantes, noites sem dormir…
Começa a pairar o desespero. Uma mãe habituada a comer e dar mel ao seu filho mais velho e marido… “Por que não lhe dar uma colherzinha de mel? Com certeza ficará menos entupido, logo sentir-se-á melhor!”
Após conversa com alguns amigos, e de algumas opiniões (negativas e positivas), lá fui pesquisar…
A maioria dos pediatras são contra a entrada do mel na dieta de crianças menores de 1 ano, devido, ao perigo de existência de uma bactéria chamada, Clostridium botulinum.
A ingestão desta bactéria origina a doença do Botulismo. O botulismo é uma doença neuroparalítica grave, não contagiosa, podendo ser transmitida de várias formas diferentes, através da ingestão de alimentos contaminados, ferimentos e acidentalmente. Havendo assim quatro formas de botulismo: botulismo alimentar, botulismo por ferimentos, botulismo intestinal e outras formas (acidental).
Esta bactéria liberta uma toxina ao longo do seu crescimento, provocando uma intoxicação alimentar em crianças com idade inferior a 1 ano. Seus esporos resistem a temperaturas de 120° C por 15 minutos.
As bactérias do botulismo são comuns na natureza, mas são mortas pelo oxigénio. As bactérias, portanto, formam esporos que as protegem do oxigénio, e esses esporos são activados assim que entram em ambientes livres de oxigénio. Estes esporos podem ser encontrados em produtos agrícolas como legumes, vegetais, mel, vísceras de crustáceos e no intestino de mamíferos e peixes.
O botulismo intestinal, resulta da ingestão de esporos presentes no alimento, seguida da fixação e multiplicação do agente no ambiente intestinal, onde ocorre a produção e absorção de toxina. A ausência da microbiota de protecção permite a germinação de esporos e a produção de toxina na luz intestinal. Ocorre com maior frequência em crianças de 3 a 26 semanas, e por isso foi inicialmente denominado de botulismo infantil (Guia de vigilância epidemiológica, 2005).
As abelhas costumam colectar os esporos de botulismo enquanto colectam o néctar, e os misturam ao mel. A maioria das pessoas sem problemas relacionados com a flora intestinal e com um sistema imunológico saudável, o consumo desses esporos nos alimentos não gera qualquer tipo de problema para a saúde. Os bebés ainda não possuem essas defesas. Quando um bebé come mel, os esporos encontram-se em um intestino livre de oxigénio e entram em acção. Produzindo a toxina dentro do bebé.
A toxina botulínica invade as células nervosas estimulantes no lugar em que elas se encontram com as fibras musculares, bloqueando essa ligação para que nenhum sinal consiga passar. O resultado é a paralisia, e em casos graves, imobiliza o paciente completamente podendo levá-lo à morte.
Os sintomas nas crianças, varia de quadros com constipação leve ao síndrome de morte súbita. Manifesta-se inicialmente por constipação e irritabilidade, seguidos de sinais neurológicos, caracterizados por dificuldade de controle dos movimentos da cabeça, sucção fraca, disfagia, choro fraco, hipoactividade e paralisias bilaterais descendestes, que podem progredir para complicações respiratórias.
Portanto… mais vale prevenir que remediar!!!
http://saude.hsw.uol.com.br/questao214.htm
Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde. Guia de vigilância epidemiológica. 5. ed. rev. amp. Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2002.
01 março, 2012
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