13 dezembro, 2012

Avis mellífera 2012

Realizou-se no passado dia 8 de Dezembro a quinta edição das Jornadas Técnicas Apícolas - Avis mellífera. Trata-se de uma iniciativa que começou em 2008 e que durante estes cinco anos tem trazido a Avis apicultores, técnicos, dirigentes associativos e outros agentes do sector, oriundos de todo o território nacional.
Trata-se de um evento privilegiado para a troca de conhecimentos e experiências, quer pela diversidade de participantes como pela multiplicidade de temas que têm sido abordados.
É de louvar, dadas as dificuldades que as famílias portuguesas atravessam nestes tempos conturbados, o elevado número de visitantes e participantes que este ano acorreram a Avis para participar no evento que já é considerado uma “festa da apicultura”.

09:00 Concursos de Mel
Júri: Eng.º José Gardete; Eng.º Paulo Varela (Montemormel); Eng.º Jorge Rocha (ADERAVIS)
Mel Multifloral – 26 amostras
Lugar – João Domingos Xarez da Rosa – Avis (AVIS)
Lugar – Custódia Maria Casanova – Pavia (MORA)
Lugar – João Carlos Castelinho – Vale de Seda (FRONTEIRA)
Mel de Rosmaninho – 9 amostras
Lugar – Carolina Paraire Durão – Vale de Açor (PONTE DE SOR)
Lugar – José Nunes Oliveira – Montargil (PONTE DE SOR)
Lugar – José Zeferino Traquinas Barata – Alcórrego (AVIS)

09:30 Workshop – Produção de Hidromel
Formador: Dr. António Hermenegildo (SAP – Sociedade dos Apicultores de Portugal)
Foi um dos momentos mais marcantes das jornadas. Tão importante e misterioso como o “segredo da abelha” é o segredo de transformar o mel em vinho – hidromel.
Sempre que se solicita a receita de tal iguaria é habitual ouvirmos como adenda às instruções de fabrico: “…e ao fim de uns meses teremos hidromel, ou vinagre!”.
Foi pela dificuldade geral na confecção de tal sucedâneo do mel, pelo interesse demonstrado por inúmeros apicultores no Hidromel e conhecendo os trabalhos que o Dr. António Hermenegildo já desenvolvera nesse campo, que a organização das jornadas o convidou para formador no workshop e a quem agradecemos a disponibilidade e alegria que proporcionou ao evento.
Como era de esperar, a degustação de hidroméis que variavam entre o seco, meio seco e doce, redundou num dos momentos mais aguardados da manhã. Causando tal ajuntamento de participantes em torno da mesa de provas que não havia mãos a medir para encher tanto copo. O sabor, algo estranho a princípio, harmonizava-se depois com as papilas gustativas, melhorando gradualmente ao longo das provas, havendo quem chegasse ao 7º e 8º copo para o comprovar…

14:30 Colóquio
Boas vindas por parte da Direcção da ADERAVIS e pela Presidente da Junta de Freguesia de Avis, Dr.ª Anabela Pires, também em representação do Município de Avis.

Moderador – Eng.º José Joaquim Gardete
Tema: Flora Apícola, abordagem passiva/activa do apicultor - Dr. Joaquim Pifano (ADERAVIS)
Foram apresentados vários factores responsáveis pelo declínio da apicultura, como as questões sanitárias, a sobre-exploração de recursos e as alterações climáticas entre outros. Propôs-se também um novo formato de intervenção, mais activo, do apicultor sobre a flora apícola, nomeadamente a plantação/sementeira de espécies melíferas e poliníferas que floresçam sobretudo em datas determinantes para o desenvolvimento das colónias de abelhas.
É sabido que o período pós estival, cuja flora rarefeita pelas altas temperaturas associadas a incêndios devastadores e a más práticas agrícolas, impedem as abelhas de renovarem a população que há-de subsistir durante o Inverno, tendo como consequência o colapso de inúmeras colónias durante esta estação.
Qualquer intervenção no coberto vegetal que contribua com novas fontes de pólen/néctar é sempre desejável, não esquecendo a alimentação complementar ou mesmo a transumância.

Tema: A Apicultura e a Nova PACEng.º Pedro Santos (CNA)
Uma perspectiva sobre a Agricultura em geral e Apicultura em particular, após a nova remodelação da já tristemente célebre PAC.
Um quadro a que infelizmente já nos habituamos, com novos agravamentos dos custos de produção, diminuição das ajudas e da protecção aos produtos nacionais, com os consequentes abandonos de explorações agrícolas e apícolas que se anteveem.
Já as importações de produtos apícolas, oriundos de países extra CE aumentam a cada ano…

Tema: Melarias Colectivas, vantagens e desvantagensEng.º Paulo Varela (Montemormel)
Também  nas melarias, a união de vários apicultores parece ser bem mais vantajosa que a iniciativa individual. Sobretudo no ponto de vista económico, onde a redução de custos com um único investimento colectivo, é preferível a investimentos vários, onde a taxa de utilização é quase sempre mínima, rentabilizando-se muito mais a exploração e aumentando a competitividade.
Como desvantagens, poucas mais se encontram além dum investimento inicial mais avantajado e da perda de individualidade de cada produtor.

Tema: Sanidade Apícola, produtos Químicos vs HomeopáticosEng.º José Serranito (Qalian)
A eterna polémica entre medicamentos de síntese química e à base de produtos naturais, as respectivas eficácias, condições e métodos de aplicação e… custos, sempre e sempre com o espectro dos produtos ilegais à espreita.
A Qalian disponibiliza actualmente o APILIFE VAR (à base de produtos naturais) e o APIVAR (de síntese química) ambos com comprovada eficácia no combate ao ácaro Varroa destructor.
Um apelo também à sincronização de tratamentos e utilização das mesmas substâncias activas em cada região, para um combate mais eficaz à Varroose, moléstia que há quase três décadas fustiga as explorações apícolas.

17:30 Entrega dos Prémios dos Concursos de Mel
18:00 Encerramento das Jornadas Técnicas Apícolas Avis mellífera 2012.


Conclusões das Jornadas de Apicultura Avis mellífera 2012
1. As entidades oficiais, nomeadamente a autoridade sanitária nacional para a apicultura, Direcção Geral de Veterinária, devia intervir no sentido de promover os tratamentos simultâneos em todo o território contra a varroose, bem como a uniformização dos medicamentos a utilizar pelos apicultores.

Só dessa forma se conseguirá um controlo efectivo da moléstia que tantas baixas tem causado no sector apícola, bem como evitar o surgimento de resistências por parte do ácaro em causa que tornam obsoletos os medicamentos utilizados.
2. Tendo em conta a dimensão do país, seria muito mais interessante e sobretudo eficaz, generalizar o estatuto de Zona Sanitária Controlada a todo o território. Fomentando assim as acções de carácter profilático e de controlo que actualmente apenas visam as áreas restritas com tal estatuto.
Mas que esse controlo vise também o imenso tráfego de colónias de abelhas estrangeiras que todos os anos são trazidas para Portugal, desrespeitando a legislação sanitária das já existentes Zonas Sanitárias Controladas.
3. Que os Serviços Oficiais do MAMAOT articulem e reúnam sempre que seja necessário com as várias associações e agentes do sector disseminados por todo o território, de modo a que o movimento associativo nacional seja ouvido no levantamento e resolução de todos os problemas do sector apícola.

4. O actual surgimento de grande quantidade de novos apicultores e consequente aumento muito elevado do número de colmeias neste sector, requer a coordenação e regulação pelas entidades oficiais, de modo a que seja respeitado o ordenamento apícola. Tendo em conta os recursos apícolas disponíveis em cada região, evitando sobrecargas de colónias de abelhas, evitando o esgotamento de recursos e ou a quebra de rendimentos até níveis insustentáveis.

A ADERAVIS solidarizou-se com o movimento Em Defesa da Agricultura Familiar, e Contra o Fim dos Serviços Publicos e Freguesias, tendo exibido um cartaz de protesto.

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