06 maio, 2009

Apicultura no BRASIL

Desde há algum tempo que tenho vindo a trocar mail's com um apicultor brasileiro do Estado de S. Paulo e que conheci no montedomel.
Pedi-lhe que me enviasse fotos da sua exploração e me falasse um pouco da sua apicultura, para que todos pudéssemos conhecer a forma como os nossos irmãos do outro lado do Atlântico convivem com as abelhas.

Contou-me que não explora o mel, ou pelo menos da mesma forma que o fazemos no nosso país. Prefere a comercialização em favo, é mais rentável, menos trabalhosa e o investimento mais suave. Interessante o pormenor de adicionarem óleo de Soja à cera durante a moldagem, o que a torna mais macia ao mastigarmos o favo.

O mel vendido em quantidade rende pouco, ou melhor, rende pouco para o apicultor, afinal não partilhamos apenas a língua...
Percebi que a apicultura no Brasil é vivida com muita poesia e sobretudo com muita dedicação. O Carlos Correa dedica-se à colecta de pólen, usando para o efeito umas curiosas armadilhas internas colocadas sob a colmeia.

Faz imenso sentido, os nossos equipamentos de colheita de pólen, exteriores, pouco serviriam numa região tropical onde chegam a haver chuvadas de hora a hora.
Para maximizar a colheita, o Carlos alimenta artificialmente as colónias durante esta fase, para compensar o pólen que lhes é subtraído. Os alimentadores são colocados lateralmente na colmeia e com acesso pelo interior. Um aspecto curioso: fora da época de colecta daquele produto, e para habituar as abelhas, coloca um “coxo” de farinha no exterior. Confessou-me que acha imensa graça às abelhitas que pousam ou “caem” na farinha e regressam à colmeia todas brancas.
Quanto ao processamento pós-colheita do pólen, montou um curioso (mas muito funcional) equipamento, que lhe permite secar o dito produto e separá-lo em três tamanhos. Bastou-lhe para isso um vulgar secador de cabelo e uma série de tubos e ligações: por “meia dúzia” de Reais.

Um secador de pólen, em Portugal, ronda os 1.500,00€ e não selecciona os grãos.
Falou-me ainda numa doença a que chamou “doença da pupa” que pelos sintomas aparenta a nossa micose, e da qual apresento a seguinte imagem:

A doença está a causar-lhe grandes baixas nos efectivos, apesar dos esforços para a controlar.
Gostava que o Brasil fosse aqui mais perto, seria interessante visitar-mos essas explorações apícolas, tal intercâmbio havia de ser muito proveitoso para ambas as partes. Mas para um português quando pensa no Brasil, creio que lhe ocorre tudo menos a apicultura...

15 comentários:

Mário disse...

Que imensidão de regalar de olhos.
Até me da vontade de fazer as férias deste ano no Brasil.
Parabéns ao colega trans-atlântico pela arte desenvolvida, a ao Mestre pela elaboração do post
Mas rais parta tantas doenças que teimam em atacar as preciosas e inofensivas abelhas.
Abraço
Ferradela

José Roberto disse...

O que ocorre aos portugueses a respeito do Brasil, por exemplo?

Alien disse...

Caro José Roberto,

Entre praias, rios, florestas e outras paisagens de sonho, ainda há a cultura e os costumes de um país e de um povo que tenho a certeza qualquer português gostaria de visitar e conhecer.
Sem retirar qualquer mérito ou protagonismo à apicultura, como é óbvio.
Abraços
JPifano

Unknown disse...

ola, sou do brasil e nao conheço este senhor carlos, poderia me enviar o contato? bio.habitat@hotmail.com
muito obrigado, gabriel.

Anónimo disse...

Ola Carlos meu nome também é Carlos e gostaria de saber sobre a montagem do secador de polén, os diametros das conexões dos tubos.
para contado o meu email é carloscorredor@oi.com.br .
Desde ja agradeço-lhe.

Anónimo disse...

Gostei do seu blog. Parabéns.
Sou brasileiro, biólogo, entomólogo e designer. Faço réplicas de insetos, inclusive abelhas. Se tiver um tempinho sobrando, por favor visite meu blog: biodesignbr.blogspot.com
Comentários são bem-vindos.
Abraços. Moisés Perecin

Moisés Perecin disse...

Gostei do seu blog. Parabéns.
Sou brasileiro, biólogo, entomólogo e designer. Faço réplicas de insetos, como abelha (Apis mellifera). Se tiver um tempinho, por favor acesse meu blog: biodesignbr.blogspot.com e veja meus trabalhos.
Comentários são bem-vindos.
Abraços a todos os irmãos portugueses.
Moises Perecin

Moisés Perecin disse...

Gostei do seu blog. Parabéns.
Sou brasileiro, biólogo, entomólogo e designer. Faço réplicas de insetos, como abelha (Apis mellifera). Se tiver um tempinho, por favor acesse meu blog: biodesignbr.blogspot.com e veja meus trabalhos.
Comentários são bem-vindos.
Abraços a todos os irmãos portugueses.
Moises Perecin

Moisés Perecin disse...

Gostei do seu blog. Parabéns.
Sou brasileiro, biólogo, entomólogo e designer. Faço réplicas de insetos, como abelha (Apis mellifera). Se tiver um tempinho, por favor acesse meu blog: biodesignbr.blogspot.com e veja meus trabalhos.
Comentários são bem-vindos.
Abraços a todos os irmãos portugueses.
Moises Perecin

Anónimo disse...

Boa tarde,
Sou apicultor nos Estados Unidos.
Aqui enfrentamos varios obstaculos para exercer a profissao, doencas e problemas com quimicos das lavouras . Mas seguimos e assim por diante .
Abracos

Alien disse...

Coragem amigo,
o seu problema está generalizado a todo o mundo.
Um abraço e votos de bom trabalho.
Gostariamos muito de saber noticias da apicultura nos EUA

Joaquim Pifano

Anónimo disse...

Será que a doença nas abelhas não vem do fato de se retirar o rico alimento que ela coletou para ingerir e colocar no lugar farinha? Por acaso farinha tem algum nutriente que seja parecido com o pólen ou própolis?
E o mel que esta abelha produzirá a partir de farinha? Com certeza não vai conter compostos fenólicos e outros nutrientes que são encontrados no mel

http://apiariosforte.blogspot.com/ disse...

Caro amigo, como vão as coisas por ai no mundo apícola?!Por cá muita chuva, neste outono, e estou a reforçar os enxames para superar o inverno que promete ser ainda pior.Uma dúvida nesta postagem sobre o pólen; de quanto em quanto tempo é coletado o pólen das colméias?

Alien disse...

Olá Ozório,

Por aqui o problema foi mesmo a falta de chuva, estragou o inicio da Primavera.
Foi bom para a produção de abelhas, mas não tão bom para o mel, cuja colheita se vai agora iniciar.

Quanto à colheita de pólen, aqui em Portugal, temos por habito as recolhas diarias, ao fim do dia, para que o polen não apanhe a humidade da noite.
Ha quem diga que nas armadilhas caça-polen que ficam sob o estrado da colmeia ou dentro da alça, podem ter o polen mais tempo sem se deteriorar.
No entanto eu aconselhava-o a fazer as colheitas diarias, visto que a sua região ha-de ser decerto mais humida e com muita chuva.
Aguardamos novidades

abraços
Joaquim Pifano

Anónimo disse...

Sou brasileiro e tenho uma pequena propriedade rural onde quero praticar a apicultura e por isso venho estudando tanto quanto posso sobre o assunto. Nesse post pude ver, além da pratica do meu patrício, a ótica portuguesa sobre a nossa apicultura. Fico feliz de não ter visto qualquer sinal de hostilidade. Frequente em vídeos e em outros sites encontro a triste ignorância que nos afasta. Obrigado pelas informações!