
É sempre uma alegria rever os amigos, mais ainda quando comungamos de opiniões e interesses semelhantes, neste caso: as abelhas...
Era grande a minha expectativa em torno do novo tipo de quadro inventado pelo Vicente, (Vicente Algarvio – como lhe chamam os amigos). Tratava-se de um quadro de alça dividido ao meio e adaptável para os nucléolos de fecundação ou para as alças.



Os mais conhecidos são os quadros desmontáveis, com um sistema de encaixe mais ou menos complexo (em madeira, metal ou plástico) e que permitem o seu uso alternado nos ditos nucléolos ou em alças ou ninhos. Os principais problemas prendem-se quase sempre com a eficácia do encaixe, muitos soltam-se ou partem-se com facilidade, e quase sempre resultam numa estrutura pouco firme ou segura.
Há quem resolva o problema usando quadros de ninho ou alça em Nucléolos de Fecundação/Estágio exageradamente grandes, que obrigam a um maior consumo de cera, reservas nutricionais e até a uma maior disponibilidade de abelhas. Vale-lhes no entanto o facto de tais quadros poderem ter outras aplicações.
Por fim, os quadros pequenos só para nucléolos, difíceis de puxar a cera com tão poucas abelhas, ou que obrigam a cortar cera puxada de quadros maiores para montar nestes pequenos caixilhos. Para não falar na armazenagem e conservação destas estruturas fora da época de criação de rainhas, pois não têm outra utilidade.
De tanto trabalhar, matutar e aperfeiçoar estes “utensílios” o Vicente “Algarvio” conseguiu um novo mecanismo de quadro convertível, aparentemente muito mais eficaz que qualquer outro dos modelos conhecidos.
O “truque” desta invenção prende-se com a engenhosa dobradiça a meio do quadro que permite transformar um quadro de alça em dois de Nucléolo, sem nunca se separarem as duas metades.







Estes Nucléolos de Fecundação/Estágio são ligeiramente diferentes dos apresentados em (Nucléolos de Fecundação e Estágio de Abelhas Rainhas: http://montedomel.blogspot.com 21/02/2009), uma vez que deixamos de ter dois nucléolos por módulo, ou seja: desta forma cada caixa só nos permite colocar uma única rainha ou alvéolo real. A vantagem deste método, além da versatilidade do quadro, tem a ver com a população acrescida de amas para cuidar da rainha/alvéolo real, uma vez que trabalhamos com um quadro duplo:




1.Câmara para o alimento artificial.
2.Encaixe da dobradiça do quadro.
3.Acesso das abelhas ao alimentador.
4.Câmara do quadro e das abelhas.
5.Porta de entrada/saída de abelhas.
6.Encaixe ou suporte normal de quadros em chapa zincada.
Na próxima figura podemos ver um apiário de módulos com dois nucléolos (por cima), e por baixo um apiário com o novo tipo de nucléolos, de quadro duplo ou dobrado:

Outras diferenças/semelhanças aos Nucléolos anteriores:
Este nucléolo já não possui paredes laterais em vidro para monitorização do interior, esta é feita por cima mediante o uso de uma “prancheta” em acrílico muito fino. É nesta tela de acrílico que se encontra um orifício (tapado com fita gomada) por onde se introduz a rainha ou se coloca a cúpula com o alvéolo real.
É curioso o pormenor que o Vicente fez: um orifício no forro em esferovite da tampa do Nucléolo, onde a cúpula que suporta o alvéolo real vai encixar:

A porta de acesso ao interior/exterior, à semelhança dos nucléolos anteriores, trata-se de um disco rotativo que permite várias posições:
Acesso a todos os tipos de abelhas (Rainhas, Zangãos e Obreiras).
Acesso restrito a Obreiras.
Sem acesso (entrada ou saída) de qualquer tipo de abelhas, mas permitindo a ventilação:


Uma última curiosidade: à despedida perguntei ao Vicente “Algarvio” se não se importava que publicasse/divulgasse as imagens e pormenores deste quadro, ao que ele me respondeu com aquela humildade que tanto o caracteriza:
“Se não divulgássemos as novidades e as descobertas que vamos fazendo, isto não teria graça nenhuma, a magia da apicultura é isso mesmo...”

13 comentários:
Impecável!
De todos os processos que vi, este parece ser o mais prático.
Apesar de ser muito simples, foi muito bem explicado.
Parabéns a ambos.
AB
De facto este quadros são bastante funcionais pois se há pormenor que importa no povoamento dos nucleólogos é desde logo fornecer reservas de uma forma natural nos favos no momento em que introduzimos as jovens abelhas que mais tarde irão receber o alvéolo real ou rainha virgem.
Talvez melhor que levar já o mel e pólen nos alvéolos é também conseguir-mos inserir alguma criação operculada ou aberta o que é sempre uma mais valia para "fidelizar" as abelhas ao novo espaço e também o reforço da população a curto prazo.
Mais uma bela ideia do Amigo Vicente Furtado, que um dia espero conhecer pessoalmente.
Parabéns ao Repórter.
Simples e fácil de executar, aliás como quase todas as ideias que saiem das mentes dos inventores. Parabéns a Vicente Furtado.
Parabéns, também, ao amigo, Pífano, pelo excelente detalhe com que nos deu a conhecer este modelo tão simples.
Confesso que me vou "aventurar" - não sei se a patente já está registada - a fazer um exemplar com quadro de ninho.
Bem Hajam
Porto/Octávio
Boa noite amigo Pífano,chamo-me Rui,desde já dou-lhe os parabéns pelo excelente seu blogue,que para além de nos mostrar uma apicultura tão avançada,ensina-me muitas coisas,isto porque estou aventurar-me na apicultura. Mas para além deste "desabafo" queria que o amigo, se possível, me desse o número de telefone do Sr. Vicente Furtado para posterior contacto para venda de rainhas.
Muito obrigado e mais uma vez muitos parabéns.
P.S enviar para leandro46oliveira@gmail.com
"época de criação de rainhas" encontro esta expressão em vários sítios, mas sem definição. Afinal vai de quando a quando?
Paulino
"Época de criação de rainhas" encontro esta expressão em varios sítios, mas nenhuma definição. Afinal a época vai de quando a quando?
Obrigado!
Olá Paulino,
De facto não há uma época definida, depende de região para região.
De qualquer forma, todo o período quente,com entrada de pólen e néctar é considerado época de criação de rainhas e evidentemente que tal período deve também contar com a disponibilidade de zangãos
abraço
O comentário que aqui vou deixar nada tem a ver com produção de rainhas, mas tem a ver com abelhas.
Este ano já é a segunda vez que sou roubado. O primeiro roubo rondou as 100 colmeias. Ontem, Domingo, foram mais 18 núcleos lusitana pintados com óleo de linhaça. Já eram desdobramentos feitos a partir das poucas que me deixaram.
Sei que neste blogue se fala de muita coisa sobre apicultura. Já o usei também para esclarecer algumas dúvidas.
Caros amigos, não sei como, mas temos que nos unir para combater esta praga dos roubos. Deixo aqui uma sugestão: quando comprarem alguma coisa a algum apicultor peçam-lhe factura, verifiquem se está inscrito na DGV e se tem as suas colmeias registadas. Eu sei que só isto é muito pouco, mas pode ser um começo.
Obrigado
R. Araújo
Olá Rui Araujo
Lamento o que lhe aconteceu, de facto o roubo de colmeias está a tornar-se um flagelo em parte motivado pela desorganização dos projectos proder.
Se por acaso tiver imagens dos equipamentos que lhe foram furtados, terei o maior prazer em ajudá-lo colocando essa informação na primeira página.
Um abraço
JPifano
Obrigado pela disponibilidade. Se me enviar a sua conta de e-mail envio-lhe algumas fotografias das caixas que me foram roubadas. Porém estou em crer que as caixas já foram destruídas, quem as roubou interessava-lhe as abelhas. Se assim não fosse não teriam deixado para trás meia dúzia de colmeias que com o inverno estavam um pouco mais fracas. Mas de qualquer das formas fico grato pela divulgação.
Obrigado
Rui Araujo
Olá Rui Araújo
Envie-me então um mail para:
montedomel@gmail.com
abraço
Joaquim Pifano
já tinha visto algo assim em um produtor na Alemanha. Mas não sabia de onde tinha surgido a idéia. Parabéns!
Fiquei muito interessado nestes processos e vou fazer pequenos testes aqui no Brasil.
Assim que obter resultados entro em contato novamente para contar as novidades.
Edson Fernandes.
Curitiba- Brasil.
Olá Edson Fernandes,
Fico a aguardar os resultados das suas experiências, agradecendo desde já a posterior partilha aqui no Montedomel.
Se o Edson for ao Congresso de Apicultura a Belém do Pará podemos falar pessoalmente, pois conto estar por lá no dia 3 de Novembro,
Um abraço
Joaquim Pifano
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