Já andava com esta “fisgada” há muitos meses, anos até...
Levantar-me muito cedo, máquina fotográfica a tiracolo, e “espiar” as abelhas na colecta da melada de Azinheira.
Como é sabido, a melada que se acumula sobre as folhas e ramos da Azinheira tem uma grande concentração de açúcares, em detrimento da humidade, até porque ocorre durante os meses mais quentes: Julho e Agosto. Para o efeito esperei por uma manhã húmida e com algum nevoeiro, que liquefizesse os ditos açúcares sobre a folhagem de modo a atrair as abelhas.
Esta substância só pode ser recolhida nestas condições, pelo que a partir das 08:00 horas da manhã é já demasiado tarde.
Não foi preciso andar muito para encontrar uma Azinheira a “transbordar” de melada: mesmo atrás da minha garagem. Não eram muitas as abelhas que por lá andavam, menos de meia dúzia de cada vez, a árvore é ainda muito pequena: cerca de três metros de altura por outros tantos no diâmetro da copa.
Ainda assim eram bem visíveis as gotas da dita substância sobre folhas, raminhos e bolotas. O primeiro impulso foi procurar as colónias de ácaros responsáveis pela melada.
Vi, revi, olhei, virei ramos e folhas, mas nada de Afídeos, nem um só que posasse frente à objectiva. De qualquer forma já sabia que nem toda a melada da Azinheira era produzida por tais insectos. Sempre ouvi dizer aos mais idosos que tais secreções muitas vezes se devem ao excesso de “viço” da planta, eventualmente por qualquer fenómeno fisiológico. Nestas circunstâncias vêem-se quase sempre bolotas verdes rebentadas ou destacadas da cápsula, por onde escorrem os ditos açúcares.
Para ter a certeza que se tratava de melada ainda passei a língua por uma folha, onde se tinha acumulado boa quantidade desse líquido: era mesmo doce e até gelatinoso.
Não consegui foi perceber por que razão as abelhas evitavam os locais onde a melada se acumulava em maior quantidade, entretendo-se antes a libar as folhas ligeiramente manchadas.
Por outro lado, não deixou de ser curioso ver a quantidade de outras espécies de insectos que se encontravam neste “Ecossistema” para aproveitarem o “maná” doce e abundante oferecido pela Natureza:
Repare-se nesta imagem o aspecto “esbranquiçado” dos açúcares, o que indiciará decerto o baixo grau de humidade que os caracteriza.
Os predadores também foram convidados: esta vespa terá “almoçado” a sua dose de açúcares na melada e tratou de levar um lanche para as larvas...
Este “post” valeu sobretudo pelas imagens, algumas até novidade para mim que vivo nesta região, mas de facto esperava desvendar muitas mais coisas acerca desta importante fonte de mel que são os Montados de Azinho.
A melada não ocorre todos os anos, é necessária a conjugação de diversos factores para que a sua produção se dê. Lembro-me de um ano em que foi tão abundante, e eu tinha um apiário sob a copa de uma destas árvores, que o tampo de algumas colmeias escorria açúcares. Cheguei até a ponderar destapá-las de forma a que a melada caísse directamente lá dentro...
Acerca desse fenómeno, também me surpreendeu a razão porque não havia qualquer abelha sobre os tampos a recolher tamanha abundância de néctares que acabaram por secar.
Já depois do "fecho da edição", percebi que a "hora da melada" não é só na alvorada, pois às sete da tarde as abelhas e outros insectos continuam a banquetear-se com estes açúcares gratuitos.
Por outro lado, as minha preocupações acerca da "indiferença" das abelhas para com os locais onde se libertava mais melada (bolotas e respectivas cápsulas) também se dissipou, pois noutra manhã encontrei-as cheias de abelhas a beber:
02 agosto, 2009
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7 comentários:
Que grande quantidade de insectos INDESEJADOS sobre a melada
Excelentes fotografias sem dúvida!
Na próxima semana estou a pensar em ir finalmente ai a avis. Espero que não esteja de férias...
Abraços
Hugo
Cá estou à tua espera Hugo, és sempre bem vindo.
Só não gostei da tua "esperança" acerca das minhas férias, pois tou mesmo a precisar delas :-)
Abraços
JPifano
Bom dia!
Eu só disse espero porque vai a única semana até outubro que vou ter para fazer o que quer que seja... depois a partir de outubro vou estar fora do país 6 meses...
abraços
Hugo
que maravinha
Simplesmente fantástico a apresentação deste trabalho. Só uma pessoa conhecedora e amante destas coisas o consegue fazer. Da minha parte fica o agradecimento. Fiquei só com a dúvida sobre os anos em que tel fenómeno possa ocorrer, já que também sou de zona de muito sobreiro e azinho. Excelenetes fotos.
Brigada
Ferreira
Olá Ferreira,
De facto, o problema é mesmo esse: a imprevisibilidade dos anos em que tal vai acontecer. Caso o soubessemos decerto apostariamos mais nesse tipo de mel, que é excelente.
Estamos agora a preparar um trabalho sobre a melada de Carvalho (que eu desconhecia) com um amigo apicultor que vive no Norte, será publicado em breve...
Um abraço
JPifano
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