05 fevereiro, 2011

Mel e Slow Food, porque não?...

Slow Food – degustar com tempo os sabores tradicionais…
Por Victor Lamberto

Sinopse - o movimento Slow Food, surgido em Itália em 1986, é um verdadeiro projecto cultural global, que apela ao gosto pelo saudável, aos sabores tradicionais e à sustentabilidade do mundo rural.
Este movimento pretende combater, mediante promoção da ecogastronomia, da biodiversidade e do prazer, os efeitos da fast life e o fast food, os quais, sob a máscara da eficiência, homogeneízam o gosto e corroem a nossa vasta herança gastronómica (e.g. mais de 300.000 plantas extinguiram-se nos últimos 100 anos; menos de 30 plantas são responsáveis por 95 % da alimentação mundial).
Face às pressões da sociedade moderna, onde o frenesim, o stress, a falta de tempo e o distanciamento aos espaços rurais tendem a crescer, o Slow Food contrapõe a desaceleração, a lentidão, a meditação, o convívio, a recuperação da qualidade de vida, o direito ao prazer... e os saberes e sabores testados pelo tempo!
Defendendo um modo de vida sem pressa, que procura a preservação e a difusão da riqueza enogastronómica, com uma especial preocupação na protecção do património agro-alimentar, a preservação dos conhecimentos rurais e artesanais e a defesa da biodiversidade vegetal e animal, o combate começa à mesa, através de prazeres lentos, prolongados no tempo e no espaço, e com saber, que combatam a massificação da fast food, envolvendo mais de 100.000 membros, gourmets, gourmands e curiosos distribuídos por mais de 120 países, para os quais… uma vida rápida é uma vida superficial!
O movimento contribui para a saúde, a economia rural, o ambiente e a preservação da cultura gastronómica, ensinando a aprender, a reconhecer e a exigir alimentos que sejam bons (saborosos, frescos, sazonais, capazes de estimular e satisfazer os sentidos), limpos (produzidos sem exigir demasiado dos recursos da Terra, dos seus ecossistemas e do meio ambiente e sem prejudicar a saúde humana) e justos (respeito pela justiça social, promovendo o pagamento e condições justos para todos os envolvidos, desde a produção até à comercialização e consumo).
Esperando contribuir para que a mesa junte, cada vez mais, pessoas que compartilham a convivialidade e a apreciação da arte de viver bem, a um ritmo mais lento e respeitando a tradição e o ambiente, o Slow Food pretende contribuir para a promoção da qualidade de vida, da sustentabilidade económica dos territórios e do meio ambiente, dos recursos endógenos e do geoturismo, sempre na protecção do direito ao prazer, dos sabores e da vida calma, ao ar livre... e combatendo a impaciência e o frenesim, os maus hábitos alimentares e a eterna Primavera nas prateleiras dos supermercados! Em suma, uma formade estar que promove um outro olhar sobre o que sempre soubemos que era bom!

Nota biográfica

Victor Lamberto - engenheiro geólogo, especialista em planeamento mineiro, investigador em rochas ornamentais, formador e consultor em recursos naturais, turismo, enogastronomia e formação profissional. Gastrónomo inquieto e leader do Convivium Alentejo do movimento internacional Slow Food,
é autor de diversos artigos de imprensa e comunicações nas áreas dos georrecursos e da enogastronomia e está envolvido, desde 1999, em actividades de divulgação da Ciência, do geoturismo, da gastronomomia tradicional, da lentidão. É autor, entre outros projectos, da “Rota dos Mármores – Rede de Percursos Geoturísticos Slow”

Saiba mais em: www.slowfood.com

1 comentário:

Abelha Preguiçosa disse...

Isto da SlowFood faz-me sempre lembrar uma parte de "O principezinho" em que aparece um homem que inventou uns comprimidos que tiram a sede, com o objectivo de não se estar a perder tempo a beber água...
:)