13 abril, 2011

Grelhas para Própolis em Metal

Durante a visita ao Sr. Joaquim Correia, em Rio Mau, foi-me apresentada uma das suas mais enigmáticas “invenções apícolas”: a grelha metálica para própolis.

Na tarde que passei com ele muitos foram os “inventos” e alterações que o idoso me confidenciou ter feito, a maioria em utensílios apícolas. De louvar o espírito crítico com que ainda hoje olha para o sector, sobretudo para as melhorias que deviam ser efectuadas. É a vantagem de ter sido fabricante e apicultor em simultâneo, sobretudo a vantagem de ser um criativo.

Ao que parece, a dita grelha metálica não passou de um protótipo, uma experiência que até resultou, mas não passou da fase de teste. Abandonou-a por causa da idade, ainda lhe faltam alguns melhoramentos. A mim pareceu-me perfeita…

Não deixa de ser um equipamento muito curioso e quiçá bastante útil. Aparentemente demonstra algumas vantagens relativamente aos métodos convencionais: a facilidade de extracção do própolis, a resistência/longevidade do equipamento e a facilidade de higienização.

Trata-se de um caixilho de metal, inox, com réguas recortadas onde encaixam umas dezenas de arames também em aço inoxidável. Estas estruturas eram colocadas em grupos de quatro sobre os quadros de uma colmeia.
O objectivo seria o preenchimento com própolis dos espaços entre os arames, à semelhança das grelhas comuns. Chego a pensar no facto de os arames se encontrarem soltos não seja um estímulo para que as abelhas os fixem, propolizando-os.

Disse-me que uma única grelha grande (do tamanho da colmeia) era menos eficaz que quatro pequenas. Não me chegou a dizer as razões, talvez por causa do tamanho dos arames…

Na colheita do própolis, ou se recolhia toda a grelha ou apenas se substituíam os arames propolizados por outros limpos, mantendo o equipamento em produção contínua.
Muito prática era depois a forma de separar o própolis dos arames, tendo concebido também um utensílio específico para o efeito. Uma placa de metal a servir de base, onde se fixava um recipiente circular com um cone afiado ao centro. Tanto a placa rectangular como o cone eram perfurados, de modo a deixar passar o arame propolizado por dentro.

O dito arame era enfiado por cima, no sentido descendente pelo orifício apertado do cone, de modo que apenas o arame passasse e o própolis ficasse retido no bico do cone, escorregando para o recipiente. A vareta saía limpa pelo outro lado.

Desta forma, fácil e expedita, recolhia-se rapidamente o própolis de uma boa quantidade de arames, grelhas e colmeias. Para retirar o própolis do recipiente bastava desajustar este da base metálica e colocar a respectiva carga num saco.
Toda a operação era executada sem necessidade de congelar as grelhas ou os arames e retirava-se a totalidade do própolis.

Fica a proposta para os nossos criativos apicultores reproduzirem, experimentarem e até melhorarem este método.

De referir que o equipamento original em arame não estava disponível, apenas vi a grelha que reproduzi nas fotos, que em vez de arames utiliza pequenas varetas de secção em “U”. O princípio é o mesmo, apenas a estas lhes falta o utensílio para a extracção.

Curiosamente, no dia seguinte, em visita à Macmel em Macedo de Cavaleiros, deparou-se-me esta recentíssima grelha para recolha de própolis. Novidade que deverá ser promovida este ano: tubos de plástico, unidos, para que as abelhas encham os interstícios com própolis… não vos lembra nada ???

1 comentário:

Anónimo disse...

As minhas saudações apícolas!
Os afazeres profissionais não me têm deixado tempo para nada, nem para catar as abelhas, mas agora com um fim de semana longo já posso voltar às colmeias e à conversa.
De facto este dispositivo do Sr. Joaquim Correia para recolha de própolis, parece extremamente engenhoso e eficaz, falando muito a seu favor a durabilidade do conjunto. O único senão é não estar ao alcance de qualquer apicultor, necessitando ser fabricado por um especialista, principalmente a peça calibrada por onde vão passar os arames. Talvez um apiculor que também domine as artes de torneiro mecânico possa fabricar este dispositivo.
Fiquei no entanto bastante curioso de o ver em funcionamento.
Um abraço.
Abelhasah.