28 maio, 2009

Aniversário www.apicultura.forumeiros.com Macedo de Cavaleiros 23-05-09

Para quem não foi a Macedo de Cavaleiros: a minha "conversa"...

seis horas de viagem
seis horas de sono
uns copos ao almoço
desculpas...
Acerca da "festa" de aniversário do forum: FANTÁSTICO
Fica apenas a sensação de pouco tempo para estar com toda a gente...

21 maio, 2009

Quem Quer Ser Milionário ???

Já perdi a conta ao número de jovens e menos jovens que se abeiram de mim com o desejo de se tornarem apicultores.
Invariavelmente, a segunda ou a terceira questão que me colocam, quando não é a primeira, é se “...então e isso dá dinheiro?”.
Claro que dá dinheiro, fortunas, aliás, um dos principais problemas dos apicultores é precisamente onde guardar e o que fazer a tanto dinheiro... Recuperada a calma e o ar sério, lá lhes justifico que até a simples actividade de pregar botões pode dar dinheiro. É necessário muito empenho, dedicação, sorte e algum engenho.
Claro que o “...então e isso dá dinheiro?”, perde toda a inocência quando associado ao “...elas (as abelhas) não precisam de pastor...”. É uma frase curiosa que a rapaziada aqui da região costuma dizer, insinuando que a apicultura não dá qualquer trabalho ao apicultor.
Se entendermos por “pastor” todo aquele que guarda, cuida e sobretudo acompanha o gado até à pastagem, o apicultor não é de facto um pastor, e as abelhas também não precisam dele. Mas que a apicultura dá muito trabalho, lá isso dá.

Passada a primeira abordagem vêm os orçamentos e as respectivas contas de cabeça ali mesmo à minha frente:
“Quanto custa uma colmeia?”, “e com abelhas?”, “que quantidade de mel produz uma colmeia num ano?”, “...5,00€/kg, e isso vende-se bem? Sai todo?”
“...ora 100 colmeias vezes 30 kg vezes 5,00€ é dinheiro à bruta!!...”


Querem ver que o gajo vai tirar o país da crise e eu aqui com as mãos nos bolsos? Onde é que o Sócrates tinha a cabeça quando convidou o Manuel Pinho para ministro da Economia?
Ó amigo, isso dos 5,00€/Kg é uma treta, é só para vender à vizinha, aponte aí para os dois euros e pouco e faça a festa mais barata... E os custos? Equipamentos? E as baixas? Doenças? Más produções? Dores de costas? Picadas? ...
Poucos resistem a esta observação, mas ainda assim há os determinados que mesmo com o orçamento rectificativo em baixa lá partem para a actividade apícola.

A ajudar à festa, há outros que me contactam no sentido de lhes dar formação, retirar dúvidas ou marcar uma visita para me acompanharem aos apiários e se familiarizarem com as abelhas. No fim da conversa normalmente perguntam quanto é que isto lhes vai custar.
Confesso que por uns nanosegundos ainda penso que aí está uma boa forma de juntar uns trocos. De imediato faço os cálculos de quanto paguei aos Mestres que me ensinaram tal ofício, para assim poder aferir a “conta” do interessado. Nada! zero!, zeríssimo, foi um prazer para uma infinidade de nomes terem partilhado o seu saber comigo e sem qualquer ganho. Ainda hoje partilham, todos os dias me ensinam qualquer coisa de novo. Porque é que eu não devo fazer o mesmo? Será que não ganhamos todos com isso?
Perdoem-me a brutalidade da próxima expressão, mas enquanto continuarmos a basear esta merda no dinheiro nunca iremos a lado nenhum. Obviamente que não me refiro só à apicultura.
Qualquer dia, em vez de sairmos da maternidade com a antiga e gasta Cédula de Nascimento presa às fraldas, saímos com o cartão de contribuinte e um livro de facturas...
Veja-se o resultado de anos e anos de empresas cada vez mais competitivas e inovadoras no estado actual da economia. Porque carga d'água ninguém pensou simplesmente em empresas viáveis? Ou sustentáveis? Enfim...

Eu estou para aqui a vender, aliás a dar, “banha da cobra” e também tive a tentação em tempos, de fazer as ditas contas, “se uma colmeia produz 30 kg, 500 colmeias...” E nós portugueses, à semelhança do resto da humanidade, temos logo a tendência de fazer planos de investimento para o resto da vida: a casa (é justo), a segunda casa, a casa de praia, o carro (um chega), o segundo carro, Mercedes? BMW também serve, o barco, funcionários, mais outro carro, funcionárias, a Margarida tem as pernas bonitas mas não se mexe tanto...

Creio, mas só creio mesmo, que a apicultura à semelhança de tantos outros sectores num mundo finito, com recursos finitos, sofrem de um problema já pouco falado que são os “numerus clausus”. Ou seja, isto até chega para todos, não podemos é todos querer tudo, ou simplesmente querer muito.
A estrutura económica apícola nacional tem um tecido característico, em pirâmide como todos os outros: imensos pequenos apicultores, menos um pouco de apicultores com mais colmeias, menos ainda de médios apicultores, poucos grandes apicultores e pouquíssimos gigantescos apicultores. Esta estrutura ainda está longe de ser equilibrada, ainda cabem imensos apicultores e detentores de imensas colmeias. Estamos muito longe de cada um que aumente os efectivos causar problemas aos vizinhos.
Mas aparte tudo isto, não será possível ser feliz com meia dúzia de colmeias? Apanhar mais um enxame sem com isso ter receio de baixar o preço global do mel???
Cada família uma colmeia, vá lá, uma dúzia. Uma horta para o tempo que sobra, meia dúzia de cabeças de gado, segurança alimentar mesmo sem a ASAE. Não é para vender, é mesmo para comer. Se se vender alguma coisa também não é por aí que o gato vai às filhoses.
Há tantas outras actividades complementares que os apicultores podiam praticar para melhorar a sua qualidade de vida. Nunca me canso de repetir o caso da Suécia, contado pelo Vicente Furtado, em que o próprio governo incentiva a apicultura familiar. Aumenta com isso a rede nacional de apiários, que acabam por surgir em locais de menor floração (sem interesse económico para os grandes produtores) e aumentando consequentemente as áreas polinizadas.
Tenho o maior carinho e admiração pelos grandes produtores de mel, creio que justifiquei lá atrás a sua importância (grande importância) no tecido económico nacional. Este texto pretende apenas fazer a apologia do crescimento lento, ponderado e sustentável. Não faz muitos anos que um colega do meu primeiro curso de apicultura saiu de lá estimulado para comprar 500 colmeias. Comprou 50 que ao fim de dois anos pouco mais serviram que para a lareira do vizinho dele. A madeira propolizada arde com muita facilidade, nem precisa de acendalhas.

Ultimamente têm sido aprovados projectos de apicultura, estes com fundos comunitários, dinheiros públicos, cuja estrutura e viabilidade deixam muito a desejar. Para não falar na própria competitividade, parâmetro de caracter mais ambicioso.
Atingem jovens apicultores, aliás, candidatos a apicultores, pois muitos nem conhecimentos têm. Atraídos pelos prémios de instalação e demais subvenções do dito apoio, lançam-se na vida activa com dezenas (centenas) de colmeias, equipamentos para equipar uma melaria de âmbito regional e... créditos bancários e demais compromissos e “entaladelas”, sem as quais nunca teriam acesso ao almejado prémio = presente de Grego...

E lá em cima? Apostou na resposta “B”? Não quer pensar melhor?
Não pense mais porque acertou! De facto a apicultura é uma excelente aposta, e o termo milionário não se aplica apenas a quem tem muito dinheiro...

16 maio, 2009

Colmeias Diferentes - 8

Disseram-me que se tratava de uma antiga centrifugadora de mel, estrangeira. Mas será mesmo essa a sua utilidade?
À primeira vista, parece, mas com um interior destes:

Se alguém conhecer semelhante "engenhoca" e me puder ajudar, agradecia desde já...

15 maio, 2009

“Obrigado, mas dispensamos o serviço das colmeias...”

Uma vez disseram-me para nunca escrever nada quando estivesse com raiva.
Eu não estou com raiva. Estou com aquela sensação de vazio no estômago (estou a escrever isto depois de almoço, um bom almoço), e estou com essa sensação. Talvez um “estou conformado” seja mais correcto...
Creio que foi Miguel Esteves Cardoso, quem escreveu sobre não haver sentimento pior do que quando nos conformamos com uma tristeza. Quando estamos inconformados temos a sensação de poder remediar algo, quando nos conformamos está tudo perdido.

Mas antes que alguém se derreta em lágrimas, é melhor contar o que se passou.
Logo no início deste ano consegui girassol para a transumância de todas as minhas colmeias. Melhor ainda, consegui girassol para as abelhas de mais uns quantos apicultores. No entanto, tenho cerca de 25 núcleos ainda atrasados, a Primavera não correspondeu e queria dimensioná-los antes da produção de Verão.
Para minha felicidade, também encontrei uns bons hectares de girassol mais adiantado, ainda por cima a meio do percurso do primeiro girassol que “guardava” para o Verão.
Pensei duas vezes antes de falar com o proprietário, não o conhecia, nem o conheço ainda, é espanhol. É um desses espanhóis que compraram/arrendaram uns largos milhares de hectares de terra no Alentejo, para substituírem o que quer que fosse que lá houvesse pelo dito olival intensivo (AS OLIVEIRAS DA DISCÓRDIA 05/11/2008).
Telefonei ao administrador, português, que me atendeu com a maior das deferências e que anotou convenientemente a minha solicitação. Pediu-me 24 horas para falar com o proprietário, uma vez que não podia ser ele a tomar a decisão.
Liguei no dia seguinte para o ouvir dizer “obrigado mas dispensamos o serviço das colmeias”. Frisei que o “serviço” era gratuito, uma vez que ambos beneficiávamos com tal negócio e até referi o aumento de produção que a polinização lhe traria. Voltei a ouvir outra mensagem lacónica que pouco variava da primeira.
Foi quando senti o dito nó no estômago. Mas dissipei a raiva quando pensei que de facto o terreno era dele. Comprado ou alugado era dele e contra isso não havia nada a fazer.

Nesse momento ocorreu-me um artigo que lera recentemente sobre agricultores americanos que se debatiam para conseguir abelhas que lhes polinizassem as culturas. O SDC nesta altura é um entrave para muitas produções agrícolas nos EUA. Ocorreu-me também que no ano passado, produtores de girassol espanhóis pagavam pela polinização do girassol (em Portugal).
Ocorreram-me ainda uma série de coisas, entre as quais alguns versos e trocadilhos que em crianças fazíamos com o nome dessa herdade, Herdade do Ramalho. Prestava-se a umas quantas rimas engraçadas que pouco servem agora para o efeito.
Mas também se prestava para as melhores produções de Verão que alguma vez tive. Entre o girassol, o cardo e uma excelente melada de Azinho, tinha sempre muita água fresca à superfície. Até já tinha imaginado as colmeias à sombra de um bosque de choupos que ladeia um charco cuja água é sempre transparente, vendo-se o fundo a mais de três metros de profundidade.

Obrigado mas dispensamos o serviço das colmeias”, foi a castelhana sentença que me afogou o reforço energético dos desdobramentos na tal água cristalina.

Porque carga d'água a Herdade do Ramalho, à semelhança de tantas centenas de herdades no Alentejo, são economicamente rentáveis para os agricultores espanhóis e nunca o foram para os proprietários/agricultores portugueses?
Em algumas, muitas, até substituíram o olival, imaginem, por... olival!
O que recearia o agricultor espanhol? Que as abelhas colectassem sementes em vez de néctar e pólen?
Mas quem pensa/age desta forma pode ser agricultor? Saberá o que está a fazer?
Eu não quero extrapolar este incidente para os restantes milhares de hectares espanhóis em solo luso, mas o Ministro da Agricultura terá ponderado sobre estas e outras consequências ao permitir que “isto”...?
Uma coisa eu tenho a certeza, nunca nenhum apicultor espanhol vai levar uma nega ao tentar polinizar girassol português em Espanha. E não será pela “má vontade” dos agricultores portugueses...

Felizmente que ainda “tenho” à disposição o girassol do agricultor português, grande amigo e pessoa extremamente educada. Já foram muitas as horas que passamos frente ao monte dele a falar nas culturas e quanto elas beneficiam com o serviço das abelhas...

14 maio, 2009

Ó formiga, formiguinha...

Sempre gostei de insectos, em particular dos insectos sociais e dentro destes... as formigas.
Confesso que há uns bons anos nem gostava muito de abelhas, preferia as vespas, achava as primeiras muito “domesticadas”, pelo que perdiam a graça toda.
Ao mesmo tempo custava-me a “inutilidade económica” das formigas, pelo menos a económica positiva. Sabia que nunca haveria de ser um formicicultor, desculpem, um mirmecultor, é o termo mais correcto. Não havia nada que elas colectassem com valor, em quantidades rentáveis e passível de ser “crestado” pelo criador.
Mas na semana passada, o Sr. António Bonito, artesão de Avis, mostrou-me que eu estava errado. Contou-me uma história da infância dele, em que andava com o pai a guardar ovelhas. Nesse tempo a rapaziada do campo ligava pouco à Playstation entre outras inutilidades, tinha então como passatempo a procura e pilhagem de ninhos.
Parece uma barbaridade, mas é curioso como a rapaziada do campo nunca conseguiu extinguir nenhuma espécie de passarinho, ao contrário dos desequilíbrios ambientais provocados pela indústria moderna, inclusive a que produz as ditas consolas de jogos.
Voltando ao Sr. António, disse-me ele que um dia capturou um casal de rolas, retirou-as do ninho e propôs-se a criá-las numa gaiola construída com canas. Dava-lhes trigo, as cearas já estavam bem douradas no tempo dos ninhos de rola, ele colhia umas quantas espigas, debulhava-as à mão e alimentava as avezinhas.
Como tal trabalho era extenuante e com pouco rendimento, “estudou uma manha” para conseguir os grãos de trigo sem grande esforço. Abeirou-se de um carreiro de formigas que carregavam os ditos grãos a partir de uma eira, onde o trigo aguardava pela debulha.
Abriu um buraco profundo mesmo no local onde passava o longo carreiro, colocou uma lata lá dentro e aconchegou-lhe a terra à volta.

De ambos os lados da lata onde o carreiro fora interrompido, construiu uma ponte com dois paus espetados no chão e uma linha esticada a fazer a ligação.

Desta feita, as formigas subiam a custo pelo pau, passavam para a linha “bamba”, tremiam, oscilavam e lá ia a carga para o abismo de lata. Umas atrás das outras quase lhe encheram a enorme lata de trigo.
Contou-me ele que antes das formigas resolverem contornar o obstáculo, ainda juntou trigo para criar as pequenas rolas.

A ideia não me pareceu má, quem gosta de insectos sociais podia diversificar um pouco para a cerealicultura, o pior será mesmo convencer os proprietários da ceara. Por outro lado, as formigas poucas hipóteses tiveram com o fim das eiras, substituídas então pelas modernas ceifeiras. Até estas já enferrujam pelos campos, o trigo no Alentejo pouco mais é que uma miragem...

Esqueceu-me um pormenor, os idosos destas paragens quando “apanham” alguém mais novo gostam muito de os “entalar” com estas histórias-que-pouco-faltam-para-ser-verdade, mas creio que o Sr. António nunca me iria mentir com um assunto destes...

13 maio, 2009

MelToon - 37

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11 maio, 2009

Réguas Reguladoras de Entrada e outros mistérios...

Habituado a ver cortiços, foi para mim uma surpresa quando me apercebi da grande quantidade de componentes e peças que constituíam a colmeia de quadros móveis. A princípio era um autêntico quebra cabeças. Valeu-me a presença do fabricante ou não montaria a minha primeira colmeia.

Um dos componentes que mais me prendeu a atenção foi precisamente a régua reguladora de entrada, pareceu-me quase um instrumento de tortura medieval...
Os primeiros conselhos foram no sentido de a manter sempre... a “regular” a entrada da colmeia. Durante a Primavera e Verão na posição com mais buracos (30 ou perto disso), no tempo frio e chuvoso devia reorientá-la para a posição menos esburacada.
Assim fiz, e no Primeiro Verão (tinha começado a actividade a 8 de Maio), deparei-me com grande engarrafamento de abelhas à entrada da colmeia. Lembravam-me as cabines das portagens nas autoestradas em fins de semana prolongados. Num olhar mais acurado percebi o motivo do entupimento: dúzias de escaravelhos entalados nos buracos impediam a livre passagem das abelhas.
Tratavam-se das “cetónias”, coleópteros com cerca de dois cm e característicos das regiões de montado. Não aquecem nem arrefecem, apenas escavam pelos favos onde devem comer de tudo um pouco: mel, pólen e cera, mas com poucos prejuízos. Por vezes já mal se mexem, graças às camadas de própolis com que as abelhas as cobrem até à imobilização total.

A parte pior é mesmo o entupimento dos orifícios na régua reguladora de entrada e a consequente dificuldade que causam ao normal tráfego das abelhas.
Mas os apicultores em geral inventaram e mostraram-me dúzias de ferros retorcidos e pontiagudos, com e sem cabo, destinados a espetarem as ditas cetónias sobre a tábua de voo. As conversas na associação andavam à volta da quantidade de “carochos” colocados dentro de uma garrafa de plástico que cada um tinha conseguido...

Numa bela manhã, despido de preconceitos e farto dos “carochos”, resolvi eliminar nas minhas próprias colmeias um dos mitos mais enraizados na apicultura: a régua reguladora de entrada! Nem no Inverno lá as admitia, se bem que ultimamente já tive umas recaídas.
Pouco mais as uso que quando dou alimento artificial estimulante às abelhas. Este tipo de alimento, mesmo com alimentadores internos, induz a pilhagem. Por isso coloco as ditas réguas com a abertura mínima nos desdobramentos e com os “30 buracos” nas colónias com dez quadros ocupados.

Repare-se agora no efeito das réguas reguladoras de entrada com diversos graus de regulação (número de buracos ou dimensões da entrada) em dois tipos distintos de colmeia: as mais comuns e as colmeias características da fábrica Alberto da Silva Duarte & Filhos:

Régua Reguladora de Entrada com a abertura máxima:

Régua Reguladora de Entrada com a abertura miníma:

Colmeias sem Régua Reguladora da Entrada:

Aparentemente, o melhor sistema, para mim, é mesmo o último: ausência de qualquer impedimento à entrada de abelhas. Certo é que tal “desimpedimento” serve também às cetónias, ratos e outros problemas. Costumo argumentar que uma colónia forte se defende facilmente de qualquer invasor, se a colónia for fraca... não sei se vale a pena a sua manutenção, mas... há sempre as réguas reguladoras de entrada!
Num último olhar às imagens acima, as réguas das colmeias da marca Alberto da Silva Duarte & Filhos, na abertura máxima, parecem ter uma boa funcionalidade. Pessoalmente não sou grande (nem pequeno) apreciador deste modelo de colmeias.

Esta Primavera, após ter feito os desdobramentos, resolvi fornecer alimento artificial estimulante às colmeias resultantes. Reduzidas a metade da população e ocupando apenas cinco quadros, coloquei as ditas réguas reguladoras na posição de cinco orifícios. É mais fácil proteger uma entrada reduzida das tentativas de pilhagem ao alimento muito líquido.
Findo o período de alimentação, esqueci-me de retirar as réguas. Estiveram na colmeia durante os dez ou quinze dias de chuva em Abril. Quando as fui retirar no fim do mês deparei-me com o seguinte fenómeno: larvas mortas no exterior de várias colmeias.

Infelizmente não tirei fotografias, mas as larvas aparentavam sintomas de micose numa fase inicial. Numa inspecção ao interior confirmei as minhas suspeitas: boa parte das colmeias padeciam de micose numa fase muito precoce.

Colónia com criação saudável:

Colónia infectada com micose:
Habitualmente as larvas afectadas por esta patologia perdem a cor branca e brilhante e adquirem uma tonalidade mais creme e sem brilho. A partir desta fase a larva perde volume e ganha uma consistência cada vez mais dura.

Fica agora a questão: Ter-se-á devido tal moléstia à conjugação do tempo húmido, alimento artificial estimulante (muito húmido) e as réguas reguladoras com abertura mínima a restringirem o arejamento das colmeias?
Certo é que com o regresso do bom tempo todos os sintomas desapareceram, mas nunca me sucedera nada semelhante. Fiquei com mais esta má experiência a desfavor das réguas reguladoras de entrada associadas ao “clima abafado” e prejudicial no interior da colmeia.

06 maio, 2009

Apicultura no BRASIL

Desde há algum tempo que tenho vindo a trocar mail's com um apicultor brasileiro do Estado de S. Paulo e que conheci no montedomel.
Pedi-lhe que me enviasse fotos da sua exploração e me falasse um pouco da sua apicultura, para que todos pudéssemos conhecer a forma como os nossos irmãos do outro lado do Atlântico convivem com as abelhas.

Contou-me que não explora o mel, ou pelo menos da mesma forma que o fazemos no nosso país. Prefere a comercialização em favo, é mais rentável, menos trabalhosa e o investimento mais suave. Interessante o pormenor de adicionarem óleo de Soja à cera durante a moldagem, o que a torna mais macia ao mastigarmos o favo.

O mel vendido em quantidade rende pouco, ou melhor, rende pouco para o apicultor, afinal não partilhamos apenas a língua...
Percebi que a apicultura no Brasil é vivida com muita poesia e sobretudo com muita dedicação. O Carlos Correa dedica-se à colecta de pólen, usando para o efeito umas curiosas armadilhas internas colocadas sob a colmeia.

Faz imenso sentido, os nossos equipamentos de colheita de pólen, exteriores, pouco serviriam numa região tropical onde chegam a haver chuvadas de hora a hora.
Para maximizar a colheita, o Carlos alimenta artificialmente as colónias durante esta fase, para compensar o pólen que lhes é subtraído. Os alimentadores são colocados lateralmente na colmeia e com acesso pelo interior. Um aspecto curioso: fora da época de colecta daquele produto, e para habituar as abelhas, coloca um “coxo” de farinha no exterior. Confessou-me que acha imensa graça às abelhitas que pousam ou “caem” na farinha e regressam à colmeia todas brancas.
Quanto ao processamento pós-colheita do pólen, montou um curioso (mas muito funcional) equipamento, que lhe permite secar o dito produto e separá-lo em três tamanhos. Bastou-lhe para isso um vulgar secador de cabelo e uma série de tubos e ligações: por “meia dúzia” de Reais.

Um secador de pólen, em Portugal, ronda os 1.500,00€ e não selecciona os grãos.
Falou-me ainda numa doença a que chamou “doença da pupa” que pelos sintomas aparenta a nossa micose, e da qual apresento a seguinte imagem:

A doença está a causar-lhe grandes baixas nos efectivos, apesar dos esforços para a controlar.
Gostava que o Brasil fosse aqui mais perto, seria interessante visitar-mos essas explorações apícolas, tal intercâmbio havia de ser muito proveitoso para ambas as partes. Mas para um português quando pensa no Brasil, creio que lhe ocorre tudo menos a apicultura...