29 setembro, 2008

Beesiness - Negócios Apícolas


Beesiness – Negócios Apícolas” pretende ser uma secção do montedomel onde seja possível negociar todo o género de artigos apícolas, desde o mel aos enxames de abelhas, passando pelos parafusos em segunda mão para os pés da centrifuga.
Todos os interessados terão acesso a este serviço de forma inteiramente gratuita, salvo as empresas de material apícola, bastando para isso contactar o montedomel através do mail montedomel@gmail.com ou do telemóvel 96 58 18 250 e disponibilizar todos os dados que considere convenientes para que se realize o negócio.
Todas as informações/anúncios classificados em OFERTA; PROCURA e TROCA, estarão disponíveis com as características dos materiais/equipamentos e o contacto dos interessados.

DADOS A DISPONIBILIZAR AO MONTEDOMEL:

. Nome do interessado (facultativo)
. Material/Equipamento/Produto (artigo) para oferta/procura/troca
. Principais características ou referências do artigo
. Preço e ou forma de pagamento (facultativo)
. Foto do artigo (facultativa)
. Telefone e ou telemóvel e ou E.mail
. Informar o montedomel logo que o negócio se realize e ou o artigo ou a sua procura deixe de estar disponível.


ESTE SERVIÇO SERÁ DISPONIBILIZADO MUITO EM BREVE

Bons Negócios...

28 setembro, 2008

Polinização, Ambiente e Economia.


Desde há muito que se especula sobre o futuro da Terra e da Humanidade na ausência das abelhas. Assunto sobre o qual se têm traçado os mais diversos cenários, cada um mais negro que o outro. É indiscutível a importância de cada espécie no equilíbrio natural do planeta, até de algumas que nem percebemos bem para que servem. De qualquer forma, desde há séculos que se regista a extinção de inúmeros grupos de seres vivos sem que isso tenha alterado muito a nossa vida, o que não deixa de ser lamentável, e em termos naturais há facturas que demoram milénios a serem pagas.
No caso das abelhas è possível determinar uma relação causa/efeito imediata, quer em termos económicos directos nas explorações apícolas, quer indirectamente na polinização de espécies cultivadas e na vegetação dita espontânea. É a partir dos impactos económicos e sobretudo ambientais que nos baseamos para simular os ditos quadros, face a uma eventual e não pouco provável extinção da Apis mellifera.
Há portanto uma relação muito próxima entre os insectos polinizadores e as plantas, o que se chama uma coevolução, na medida em que estes dois grupos evoluíram conjuntamente, adaptando-se muito um ao outro.
Esta relação resulta da necessidade de reprodução das plantas face à impossibilidade de se deslocarem para encontrar um parceiro sexual. É aqui que entram os polinizadores (insectos, aves, mamíferos, etc...) que medeiam a troca de genes entre plantas, funcionando como casamenteiros.
Deste facto retira-se um dos ensinamentos mais importantes do mundo natural, na natureza não se fazem favores, ninguém trabalha de graça, tem de haver sempre um incentivo, suborno ou moeda de troca. A natureza é uma das mais perfeitas aulas de economia. Para que as abelhas transportem os grãos de pólen de uma flor para outra, a planta começa por atraí-las com pétalas de cores vistosas e disponibilizando-lhe néctar com que as alimenta.
Há plantas que dispensam esta ajuda, produzindo um pólen menos nutritivo, em maior quantidade e com estruturas que lhe permitem voar, sendo levados pelo vento, são as ditas plantas anemófilas em oposição às entomófilas (polinizadas por insectos ou zoófilas quando polinizadas por animais em geral). De notar que o vento não é um “carteiro” muito fiável, e a probabilidade de o grão de pólen chegar ao destino é reduzida, daí a grande produção de pólen destas plantas como o pinheiro.
Já com as abelhas é completamente diferente, todos conhecem a fidelidade destes insectos à mesma espécie de plantas o que facilita muito as trocas genéticas na chamada polinização cruzada.

O que acontece então no processo de “polinização”?
As plantas com flor, apresentam folhas modificadas com cores vistosas, designadas por pétalas e têm como função atrair os polinizadores. Rodeadas pelas pétalas, normalmente, encontram-se as estruturas sexuais das flores: o carpelo, parte feminina, onde se encontra o ovário com os respectivos óvulos, e os estames, masculinos, com as respectivas anteras que produzem os grãos de pólen.

Na base dos ovários encontram-se estruturas designadas por nectários que segregam e disponibilizam o néctar às abelhas. Quando as abelhas entram no espaço apertado entre as pétalas e os estames e carpelos, acabam por arrastar grãos de pólen nos pelos do corpo, além dos que colectam para a sua alimentação, e que depois também acidentalmente depositam no carpelo doutra flor.

Nesta fase podíamos pensar que os polinizadores eram dispensáveis, na medida em que muitas flores possuem estruturas femininas e masculinas – hermafroditas, mas tal como no reino animal é muito preferível evitar toda e qualquer forma de consanguinidade.
Quando um grão de pólen cai no carpelo de outra flor várias coisas podem acontecer:

Fig. A). Autopolinização: o pólen de uma flor cai num carpelo da mesma planta, é reconhecido e pode ou não ser aceite, dependendo da espécie em causa e de outras circunstâncias. No entanto a consanguinidade deve ser sempre evitada.

Fig. B). Pólen de outra espécie: Não é reconhecido, não é aceite e não chega a germinar. Caso o fizesse originaria um híbrido, situação muito rara na Natureza.

Fig. C). Polinização cruzada: A situação ideal, o grão de pólen originário de uma planta vai fecundar uma flor da mesma espécie mas noutro indivíduo. O grão é reconhecido, aceite e humedecido para que possa germinar. Ao fazê-lo, emite um pequeno tubo, tubo polínico, que transporta dois núcleos até um dos óvulos. Há portanto uma dupla fecundação.

Nesse processo, uma das fecundações dá origem ao embrião, como é habitual, a outra dá origem ao endosperma, ou seja, à reserva de nutrientes da semente. O conjunto do embrião com o endosperma formam a chamada semente.

Durante o processo de germinação da semente, é o endosperma que permite a sobrevivência do embrião antes deste ter folhas fotossintéticas, e como tal, ser autosuficiente. Já toda a gente observou a germinação do feijão, do melão, etc, onde inicialmente surgem duas pequenas folhas muito espessas, os cotilédones, com o dito endosperma: reservas nutritivas que alimentam o embrião no início do crescimento.

Logo que os óvulos tenham sido fecundados e formadas as sementes, a planta inicia novos trabalhos e prepara novos “negócios”. Agora é necessário transportar as sementes para longe da planta mãe, de modo que não haja competição entre elas e as novas plantas tenham maior probabilidade de sobrevivência.
Para isso, a planta “constrói” uma nova estrutura, especializada na dispersão das sementes e que se designa por fruto. O fruto resulta do acumular de nutrientes em grande quantidade, sobretudo de açúcares, nas paredes do ovário/carpelo que ficam bastante entumescidas no final do processo:

Mais uma vez a planta volta a negociar com os animais, oferece os nutritivos frutos, que vão ser ingeridos por um herbívoro, cujos excrementos contêm as sementes que sobreviveram à digestão e que vão germinar longe da planta mãe, se encontrarem condições favoráveis para o efeito.

Ponto da Situação:
Se não houver polinizadores como a abelha, muito dificilmente haverá polinização e respectiva produção de sementes. Não havendo sementes, também não haverá propagação dos vegetais, com os consequentes danos ambientais.
Voltando à “economia natural”, se não houver formação de sementes a planta não “verá” qualquer necessidade de acumular reservas de açúcar e formar os frutos, uma vez que não há sementes para transportar. A produção de frutos representa um investimento demasiado caro em termos energéticos, para uma planta, pelo que tem de ser bastante “ponderado”.
A não produção de frutos, resulta nas consequentes perdas económicas que infelizmente já se fazem sentir. Do ponto de vista social e humano, a falta de alimentos, a fome e respectivas consequências são perspectivas que nem queremos imaginar.
Ainda se poderá argumentar que na falta de abelhas, outros polinizadores selvagens poderão dar conta do recado. Mas que outros polinizadores ocorrem em densidades tão grandes como as abelhas? Os apicultores chegam a concentrar cerca de 100 colmeias x 80.000 indivíduos, o que dá cerca de 8 milhões de insectos numa área restrita.

Posto isto, ainda não temos dados suficientes para simular “um mundo sem abelhas”, mas acredito que o resultado seja pouco animador. Pelo sim pelo não, é melhor continuarmos a lutar pela sobrevivência destes “bichinhos” que por vezes nos parecem ingratos, mercê das dores agudas que provocam, mas que em contrapartida muito lhes devemos.

26 setembro, 2008

AVIS Mellifera 08


Data, local e programa definitivo.
Para efectuar a inscrição:
Tel. 242 412 719
Tlm. 965 818 250
Mail. aderavis@gmail.com

25 setembro, 2008

"Estórias" da Apicultura ... Zero!

“ESTÓRIAS” DA APICULTURA I

Ao contrário do que vos tenho habituado, desta vez não trago uma conversa cinzenta sobre a apicultura, sector que também nos dá muitos motivos para rir, mas desta vez com um riso saudável...
Por isso vou contar-vos cinco histórias de entre muitas que tenho coleccionado nos anos de técnico de apicultura:


1. PARA CAPTURAR ENXAMES

Há muitos anos atrás, ainda eu andava fora destas lides apícolas, quando um apicultor amigo me instruiu sobre a arte de capturar enxames. Contou-me em grande segredo os ingredientes e a técnica de borrifar os cortiços com a mistela mágica para atrair abelhas.
Jurou-me a pés juntos que a técnica era infalível, ainda no ano anterior capturara mais de vinte. O segredo da mistura era simples, urina de adolescente virgem! Imaginem!!! Ele próprio andava a guardar o orgânico líquido dos filhos, uma vez que se aproximava a Primavera.
Fiquei maravilhado com tal revelação. Nunca me passara pela cabeça que a castidade influenciasse tanto as abelhas, mas lá encaixei mais esse conhecimento.
Alguns dias mais tarde, noite escura, quando regressava a casa, encontrei por acaso a filha do dito apicultor. Vinha com o namorado, vinham dum local muito usado pelos jovens da terra para os “voos nupciais”.
Já devem calcular o fim da história..., no entanto fiquei tranquilo, ainda bem que os espanhóis comercializam o perfume de Aristeu, o conhecido atractivo de abelhas, pois à conta daquela filha ele nunca mais apanharia enxames.

2. PARA AFUGENTAR SAPOS E LAGARTOS DO APIÁRIO

Este truque foi-me ensinado pelo Galego, rapaz do campo e de muitos artifícios, 36 anos deles. Entre conversas de caça, dicas para matar lebres e javalis lá me confessou uma estratégia infalível para matar sapos e lagartos frente às colmeias, ensinamento que lhe transmitiu um idoso.
Ora o truque era o seguinte: em apiários onde se desconfie que sapos e lagartos façam o repasto entre as abelhinhas, crava-se obliquamente no chão um pau com 30 a 50cm.

Ainda pensei que se tratasse de um pau aguçado, e que a ideia daquele mastruço fosse a de espetar os bichinhos no pau. Mas não, nada disso, o requinte de malvadez ia mesmo mais longe.
Aconselhou-me então a atar um fio de pesca com anzol na extremidade do pau. O Galego não me falou no diâmetro do fio nem no tamanho do anzol, devia ser indiferente. De qualquer forma, e a quem interessar, basta ir a uma loja de pesca e pedir um anzol para capturar sapos.
Importa é que a extremidade do fio com o anzol não toque no chão, mas sim que fique a uma distância de 15 a 20 cm.

De seguida apanha-se uma abelha morta, ou mata-se para o efeito e prende-se no anzol, qual isco para sapo. Finalmente é só aguardar que o sapo venha almoçar, o vento oscile a abelha – isco e o sapo a engula. Ficará preso, mal tocando no solo, e o apicultor mediante umas pauladas certeiras fará justiça.



Moral da história: Pela boca morre o sapo ou o lagarto, ou como se diz na minha terra: levanta-se um padeiro às cinco da manhã para fazer pão para um mastruço destes!!!

3. PARA ANGARIAR FORMANDOS PARA A APICULTURA

Há uns anos atrás, um apicultor abeirou-se de mim informando-me que tanto ele como um grupo de apicultores seus conhecidos estavam interessados em frequentar uma formação em apicultura. Foi juntar o útil ao agradável, pois uma entidade local que organizava e promovia essas acções encontrava-se na disponibilidade de a realizar.
Contactei o grupo que tinha demonstrado interesse no curso, e estava tudo a postos para começar quando fomos informados de que faltariam ainda dois ou três formandos. Não me preocupei muito, dada a facilidade com que surgiram os primeiros, muito interessados no tema, arranjar-se-iam mais três.
Mas nada disso, missão impossível, mais ninguém queria aprender o ofício de “abelheiro”. Foi o cabo dos trabalhos para conseguir as três almas que faltavam. Entre muitas peripécias, contei com a ajuda de um apicultor meu conhecido, o Bacalhau. Foi então nestas andanças, depois de um dia de tentativas falhadas, que eu regressava a casa pronto a desistir, quando o Bacalhau teve um rasgo de ânimo e sugeriu que entrássemos numa tasca por ele frequentada. Talvez ali se encontrassem os formandos que faltavam. Se eu soubesse o que ia acontecer!!!
O Bacalhau conhecia o dono da tasca e lá fui apresentado como engenheiro, como já era hábito. Nisto, surgiu um gajo bêbado (mesmo muito bêbado), que estava ao balcão e começou a dizer que já conhecia o Bacalhau, e o Bacalhau dizia que não o conhecia. Esta discussão durou uma eternidade. Mais tarde, e conhecida por todos a nossa missão, o barman e o Bacalhau discutiam uma teoria sobre fazer-se ali na hora um cartaz formato A4 para promover o curso (apesar das inscrições terminarem no dia seguinte). Entretanto, o bêbado ia dando cotoveladas no meu braço sempre afirmando que já conhecia o Bacalhau, eu já transpirava. Da reunião Bacalhau – barman lá saiu uma deliberação – Fazer-se o Cartaz ! numa folha limpa e escrita com a letra do Sr. Engenheiro, que devia ser bonita...
Nesta fase, eu já não sentia o braço esquerdo. E foi também quando percebi o significado da expressão “ folha limpa” do barman, ao ver o caderno que ele me trouxe.
Alguém voluntariou uma caneta e consegui escrever qualquer coisa como “Curso de Apicultura”, a data e o local, o meu número de telefone e o do Bacalhau, para contacto dos interessados.
Eu sei que dias mais tarde alguém terá dito que a letra do Engenheiro não estava lá muito bonita naquele cartaz, mas o que as pessoas não sabiam é que enquanto o Engenheiro tentava caligrafar a letra bonita, estava um gajo bêbado (muito bêbado) a bater-lhe no braço e a dizer que conhecia o Bacalhau!
O barman entrou de novo em cena, com uma régua para cortar as franjas do papel A4 na margem arrancada às argolas. Trouxe também uma tesoura e fita cola para colar o cartaz, situação que provocou novo diferendo entre o barman, o Bacalhau e o gajo bêbado, relativamente à localização do papel... Ganhou o barman e o gajo bêbado.
Eu desenvolvia todos os esforços que me eram humanamente possíveis para abandonar aquele filme surrealista. O bêbado desapareceu, e o Bacalhau ainda me convenceu a tomar uma ginja.
Mais tarde, e já no caminho de casa, voltei outra vez a sentir o braço esquerdo...

4. CRIAÇÃO DE RAINHAS EM DEZ MINUTOS

Certa vez, visitei um apicultor que me tinha contactado para o ajudar a juntar duas colónias. Ele optara por este procedimento porque uma delas teria ficado órfã numa fase do ano em que seria infrutífero, ou pelo menos muito difícil, criar outra rainha.
Cheguei ao local, verifiquei as condições de trabalho, e pareceu-me estar tudo em ordem para a operação. É então que reparo num pormenor que poderia resultar numa situação divertida e simultaneamente resolver o problema ao apicultor.
Chamei-o e disse-lhe _ Olhe, não há necessidade de juntar-mos as colónias. Desta vez sem exemplo, eu vou-lhe “criar” uma rainha rápida para a colmeia órfã. Mas peço-lhe por favor que não ensine este truque a ninguém...
O apicultor, estupefacto, olhava muito sério para mim, _ e como vai fazer isso? É possível ? _ Desta vez é, _ respondi eu, tentando ficar com um ar sério.
Retirei o tampo e a prancheta da colmeia órfã, coloquei uma folha de jornal por cima , e finalmente uma alça sobre o conjunto, borrifei tudo com água açucarada.
O apicultor seguia atentamente cada um dos meus movimentos. E o final em grande, virei-me e retirei de uma oliveira atrás de mim, um pequeno enxame de abelhas extemporâneo e coloquei-o na alça sobre o jornal, tapei tudo com a prancheta e o tampo.
O apicultor, muito admirado disse: _ desta é que eu não estava à espera. Nem respondi, contou-me ele mais tarde que o “enxerto” tinha funcionado.

5. COLMEIAS COM VÁRIAS RAINHAS

Depois de tanto falar nos outros... chegou a minha vez, também tenho telhados de vidro. A história passou-se há quase dez anos, no primeiro enxame que eu capturei.
Resolvi seguir os conselhos do Sr. Leonel Belchior, publicados n’ O Apicultor, sobre a tendência dos enxames migrarem para as regiões onde a floração está mais atrasada. E de facto resultou, em menos de três dias tinha um cortiço povoado. Foi uma excitação enorme transferir aquela massa de insectos para dentro de um núcleo, eu tremia que nem uma vara verde. Consegui enfiá-las na caixa à terceira tentativa, nas primeiras duas caíram quase todas ao chão. Mesmo assim ficaram muitas cá fora e receei que voltassem a fugir.
Dos fracos conhecimentos que tinha, recordei-me que se a rainha estivesse na colmeia todas as outras entrariam, só que eu nunca tinha visto uma rainha. Mas como a sorte ajuda os principiantes, imediatamente a vi pousada num ramo. Com todo o cuidado coloquei-a no núcleo. Logo de seguida vi mais duas cá fora, não há que desanimar e com a ajuda de um pauzinho consegui repatriá-las. Nos minutos seguintes ainda vi mais algumas e consegui capturar mais duas, pensei então que com cinco rainhas o trabalho estava perfeito.
Saí dali para deixar que as restantes obreiras (e eventualmente rainhas) entrassem na colmeia e mais tarde a levar para o apiário.
Horas mais tarde, fui buscar a colmeia com um amigo, apicultor recente como eu, contei-lhe a peripécia das rainhas e ele ficou curioso em vê-las. Nada mais fácil, procurei nas redondezas e lá encontrei mais uma, e o Nelson deu-me os parabéns por ter enfiado meia dúzia de zangãos no meu primeiro enxame!!!

Fica apenas a nota de que tenho um imenso respeito, carinho e cumplicidade com as personagens sobre as quais me referi neste escrito, aprendi bastante com eles.

23 setembro, 2008

O outro lado do Girassol

Além da sombra e da disponibilidade de girassol, cardo, melada de azinho e ou outras florações de Verão, consoante a região, é de importância extrema a proximidade de uma fonte de água limpa e se possível corrente.
As abelhas apreciam bastante as margens arenosas de um pequeno regato, quase nunca bebem directamente na água, mas antes na lama ou areia.


Um girassol muito “democrático”, 14 cabeças pensam mais que uma, mas para chegarem a acordo...

Recolha de pólen e néctar de girassol.

Flores já polinizadas, as sementes estão prontas. Cada flor de girassol é um autentico “prado”, a família das Compostas tem esta característica, juntam-se centenas e até milhares de flores aparentando ser uma única.



Flores caídas

As sementes desta variedade de girassol, onde coloquei as colmeias, produzem cerca de 42% de óleo. Nos últimos anos, a grande maioria da semente de girassol destina-se à produção de combustíveis como o biodiesel.

Para desenjoar...

Para desenjoar de tanto mel: salinas em Vila Real de Santo António – Algarve, mas haviam abelhas lá perto.
Contaram-me que a ASAE já lá esteve, qualquer coisa com as pás de inox, como podem ver melarias/salinas, doce/salgado, o Sol quando nasce é de facto para todos.
Um sitio bem agradável e proporciona imagens fantásticas...

22 setembro, 2008

MelToon - 4


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21 setembro, 2008

LE MONDE: Síndroma do Despovoamento de Colmeias (SDC)


Revelações perturbadoras, no entanto muito reais na edição de 19 de Setembro de 2008 no jornal francês “Le Monde”.

O Declínio das Abelhas produz os seus primeiros efeitos económicos
As abelhas domésticas diminuem por todo o mundo. Porquê?
As possíveis causas deste declínio estão no centro de vivos debates. Enquanto cientistas e apicultores discutem as possíveis causas, os primeiros efeitos na produção de frutos e legumes fazem-se já sentir nos Estados Unidos.
Dennys van Engelsdorp, de 39 anos, investigador no Departamento de Agronomia da Universidade da Pensilvânia – EUA, foi um dos primeiros cientistas a descrever o que os americanos chamaram Colony Collapse Disorder ou CCD (Síndrome do Despovoamento de Colmeias), no Outono de 2006.

Como definir o Síndroma do Despovoamento de Colmeias?
Trata-se de um fenómeno caracterizado pelo desaparecimento brusco, em alguns dias a algumas semanas, da quase totalidade de uma colónia de abelhas. Na colmeia pouco mais resta que a rainha e um punhado de abelhas jovens. Os cadáveres das abelhas adultas (desaparecidas) não se encontram na colmeia nem nas suas proximidades.

O declínio das populações de abelhas fora dos Estados Unidos também apresenta tais sintomas?
Foram identificadas situações semelhantes na maioria dos países Europeus. Mas aparte do que chamamos Síndroma do Despovoamento de Colmeias, constatamos uma mortalidade anual superior a 30%, em todos os países onde existe uma monitorização correcta da mortalidade das abelhas. Este ritmo não poderá ser suportado durante muito tempo.

Por agora quais são as repercussões económicas desta situação?
Nos Estados Unidos a problemática é diferente porque temos grandes apicultores, alguns dos quais detentores de 40 000 colmeias. Enquanto que na Europa não têm mais que várias centenas de colmeias/apicultor.
Um em cada dois apicultores nos EUA não vive do comércio de mel, mas antes da transumância e serviços de polinização. Ao contrário do que se passa na Europa, nos EUA há uma verdadeira indústria com apicultores a carregarem centenas de colmeias em camiões e que percorrem o país a vender serviços de polinização às grandes explorações de frutas e legumes.

Por exemplo?
Um apicultor da Pensilvânia começa a estação nos pomares de Laranjeiras da Flórida, depois regressa à Pensilvânia para colocar as colmeias nos pomares de Macieiras, seguem-se os produtores de Mirtilo do Maine, pomares de Amendoeiras da Califórnia...
Em cada mudança o apicultor aluga ao agricultor os serviços de polinização das suas abelhas. A questão económica não se reporta apenas à produção de mel, mas repercute-se bastante nos custos de produção de frutos e legumes.

E já se faz sentir esse impacto?
Actualmente os apicultores continuam a responder à procura de polinizadores. Mas se a mortalidade anual de 30% das colónias se mantém por mais três ou quatro estações, começaremos a ver os apicultores a fecharem as portas.
Há um verdadeiro risco. A Califórnia, por exemplo, produz 80% das amêndoas consumidas no mundo. Hoje faltam metade dos 2,4 milhões de colónias de abelhas americanas para polinizar os pomares de amendoeiras. Em 2012, se tudo continuar ao mesmo ritmo, nos Estados Unidos não existirão abelhas suficientes para polinizarem as suas culturas.

A redução das populações de abelhas já se fazem sentir: antes os apicultores alugavam as colónias de abelhas entre 45 e 65 dólares (32 a 46 €). Este ano, o preço pago pelos produtores de amendoas já se situa em torno dos 170 dólares (120,00€) por colónia. Globalmente, os custos de polinização aumentaram para todos os tipos de produtores.

Pela primeira vez, os produtores de pepinos da Carolina do Norte reduziram as produções em 50%, apenas porque não conseguiram alugar um número de colmeias suficientes que assegurasse a polinização.

E os polinizadores selvagens?
Nos estados unidos havia cerca de três espécies principais de Abelhões/Bombus , que tal como as abelhas também fazem a polinização. Uma das espécies está extinta, e as outras duas estão ameaçadas.
Na Europa, estudos recentes demonstraram que os polinizadores selvagens também se encontram em declínio, o que ameaça também as plantas selvagens que deles dependem.

Há um debate nos Estados Unidos sobre os pesticidas e a sua influência no declínio das abelhas?
Sim, uma das nossa prioridades é analisar os resíduos de pesticidas nas colmeias.
Mas quando retiramos amostras das colmeias atacadas ou não pelo CCD, não encontramos qualquer vestígio de resíduos químicos. No entanto, não é de excluir que os pesticidas tenham efeitos sub-letais algumas semanas após a exposição, provocando por exemplo um enfraquecimento do sistema imunitário dos insectos.

E as radiações electromagnéticas emitidas pelas antenas ou as recentes culturas geneticamente modificadas (OGM)?
Os autores de uma publicação que sugeriram uma eventual ligação às antenas de telefones móveis apontaram para resultados inconclusivos.
Relativamente aos OGM, nos Estados Unidos, as zonas onde existem mais culturas de milho transgénico não coincidem com as zonas de maior mortalidade de abelhas. Um estudo Europeu sugere que as colónias de abelhas expostas a culturas geneticamente modificadas pode torná-las mais sensíveis a certos patogénicos.
Nós sabemos uma coisa: encontramos junto a muitas abelhas afectadas pelo CCD uma forma de virús gripal Israeli Accute Paralysis Virus (IAPV) – Virús da Paralisia Aguda Israelita?. Mas a questão é saber porque é que ele é mortal numas colónias e não noutras...
No actual estado de conhecimentos, não podemos atribuir o declínio das Abelhas a uma única causa, mas sim a um conjunto delas.

A tradução, livre, foi minha, pelo que se houver alguma gafe...

A Abelha Faia

Ainda se lembram da antiga “Crónica Feminina”? Uma revista de modas, novelas e mexericos, creio que dos anos 60 e 70.
Encontrei uma datada de 1 de Novembro de 1979, de onde recortei estas tiras de banda desenhada. Sempre me fascinaram as expressões das personagens e o grafismo dos livros antigos, dão um ar muito dramático à acção.
É curiosa a alusão às “bombas de pólen” e ao filme “Scalps on the Honey Trail”, mas fiquemos por aqui e aproveitem a arte de comunicar do tempo dos nosso avós.


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19 setembro, 2008

Um conto de José Falcato Varela

Uma homenagem póstuma ao meu primo José Varela, grande companheiro de infância do meu pai, uma sensibilidade extrema para as tradições, o campo e para o mundo natural. Publicou imensos contos sobre os costumes e tradições de Casa Branca no jornal Brados do Alentejo de Estremoz.
Foi também o autor do livro Aldeia Branca - um sortilégio da infância, inteiramente dedicado à sua terra natal.
Ofereceu-me este conto exactamente 40 anos depois de o ter escrito...

Instantâneo (17):
Morte de uma Abelha


Três horas da tarde. Junho. O calor abafa. À sombra da velha pereira, sentado numa velha cadeira, João Manuel estuda. Os pássaros cantam, embrenhados na espessa folhagem da nespereira, a desabar de nêsperas por cima do poço. O caldeiro descansa. Ao fundo, dormem os restos do velho galinheiro. Falta agora referir as afanosas abelhitas que teimam em lembrar a João Manuel as trabalhosas geórgicas de Virgílio. São centenas, todas zumbindo a seu lado, sugando o néctar precioso. Uma delas, contudo, permanece indiferente a este belo manjar. Foi vítima de uma ardilosa aranha. Como se arranjou, nem João Manuel sabe. O facto é que ela ali está... E de que maneira!... Na extremidade do fio de baba está a aranha, e nas suas minúsculas mandíbulas, a abelha enclavinhada pelo dorso. Esta agita as patas, mas sem resultado. Vai morrer, a pobre. João Manuel inquieta-se, mas o exame está próximo. É preciso estudar... Tenta embrenhar-se no estudo. A imagem aranha/abelha interpõe-se. “É preciso salvar a simpática abelhita”. Fecha o livro e com ele tenta aliviar a carga da aranha. Logo rebolaram ambas, criminosa e vítima, tão bem seguras elas estavam. Foi preciso um pauzito para as separar. A aranha viu assim perdida a sua presa. João Manuel quase sentiu pena dela. Mas num ápice, eis que sobe a toda a pressa na corda invisível, qual ágil marinheiro, e, furiosa e matreira, retoma posição para nova emboscada. Agora, parada, só as mandíbulas se agitam, frenéticas.

João Manuel desce os olhos até à capa do seu livro de História e, quando esperava ser recompensado com os agradecimentos da abelha agora libertada, eis que a pobre expira num aceno lento das suas patitas.
Com cuidado, para que a morte não lhe fosse mais difícil, colocou-a numa pedra da calçada que lhe pareceu mais branca e lisa. “Mas é preciso estudar. O exame está à porta...” Passados momentos, fechou o livro e os seus olhos procuraram, curiosos, a abelha doente. Estava morta. “Afinal, o mundo é feito de carrascos e de vítimas”, pensou revoltado.
Alheias à sua morte, as companheiras zumbem alegres, sugando o mel de flor em flor. O gatito, amodorrado na calçada quente do quintal, lambe a pata satisfeito.

José Falcato Varela, Casa Branca, 03-06-1962

Curiosamente, quando fiz a fotografia que acompanha o texto, há dois anos atrás, também não me contive com a “emboscada” da aranha à abelha que pastava na flor de girassol e... borrei a pintura.

18 setembro, 2008

Investigaçãozinha acessória da outra investigação...


Durante a minha incursão nos hipermercados da nossa nação, aproveitei para “matar uma série de coelhos com a mesma cajadada”... A minha namorada acompanhou-me e logo na primeira loja investiu num saco de areia para o gato, uma areia perfumada e com menos atrito ao raspar das unhas do bichano.
Logo na segunda loja a vi dirigir-se à secção de animais de estimação e colocar umas quantas latinhas e pacotes no carrinho. Entretanto eu continuava a tomar nota das marcas e preços do mel que encontrava nas prateleiras. Lembro-me de pensar que a Luísa estivesse a fazer as ditas compras com o único intuito de não sairmos de cada supermercado com as mãos a abanar, mas nem toquei no assunto.
Na terceira ou quarta loja não me consegui controlar, acabei as anotações e fui ter com ela à secção de animais de estimação. Nessa altura ela preparava-se para engordar o gato com mais uma série de mariquices: patê de caça, salmão do atlântico, vaca seleccionada, pato gourmet, salmão normal, etc... Antes de qualquer reacção passaram-me pl'a cabeça aquelas imagens da fome em África, e de quanto as pobres almas não dariam pela porcaria duns carapaus de escabeche, e o meu gato preparava-se para aquele festim digno de um rei.
Porque é que ninguém me avisa destas coisas? No meu tempo os gatos enchiam o bandulho com espinhas e outras iguarias que sobravam da nossa refeição e eram gordos e felizes! Faltou pouco para que numa tarde de extravagância eu tirasse uma cervejola fresquinha e aproveitando o frigorífico aberto ingerisse meia lata de Salmão do Atlântico, que até tinha bom aspecto.
Passei os olhos pela prateleira dos animais e nem queria acreditar, qual lojas gourmet qual carapuça, aquilo mais parecia a dispensa do Rei Henrique VIII, não faltava lá nada. Mas aí é que reside o nosso engano, até faltava e muito. A ideia ocorreu-me nesse preciso instante. Não haviam sobremesas! doces, chupa-chupas caninos, felinos ou outra idiotice qualquer.
Ainda ninguém descobriu?! ... o MEL!!! pois claro, o melhor é começarmos a explorar esse filão, docinhos de mel para mimar os nossos animais de estimação. A forma como os donos os mimam com guloseimas caras, seria uma óptima alternativa para o escoamento do mel. Ainda há os outros produtos da colmeia, geleia real para os aditivos alimentares vitamínicos e própolis para a secção de veterinária. Uma vez, há falta de melhor, dei uma colher de pólen aos peixinhos de aquário e nem correu mal de todo.
Num tempo em que a inovação é um argumento tão pesado, vamos todos usar os nossos neurónios e dar uma lufada de ar fresco à apicultura.

Use os seus €urónios II

Tal como observaram e muito bem nos comentários, de facto agora parece moda a disponibilidade de produtos regionais nos grandes hipermercados, nomeadamente na secção de charcutaria e até queijos e vinhos. No entanto, e pelo que consegui apurar, o minipreço/dia não faz distribuição de enchidos e ou carnes frescas, pelo menos no caso que citei o talho/charcutaria até tem uma certa independência.
Agora o meu post “Use os seus €urónios” resulta da observação de tantas referências de mel estrangeiro à venda, quando há mais de dez anos que ouço os nossos apicultores a queixarem-se da dificuldade de escoamento desse produto. Ora... há aqui qualquer coisa que não estará bem, e este “qualquer coisa” rebenta pelas costuras em ironia.
Também digo, e nisso não tenho qualquer dúvida, a culpa nunca opta pelo celibato à hora da morte, se por um lado a falta de organização ao nível da produção pouco resolve o problema, por outro, as politicas comerciais das grandes superfícies nada ajudam a resolvê-lo. Contaram-me há pouco tempo que um desses hipermercados tentou comprar toda a produção de tomate a um pequeno produtor, colocando a condição de no ano inicial o tomate ser totalmente oferecido. Para não falar nas famosas facturas a 30; 60; 90 dias e por aí fora.
Também é certo que os apicultores poderiam optar por outras formas de abordagem, e até de mercados, o problema é que padecem de um sentimento tão primário como legítimo: O MEDO. Os apicultores afirmam-no taxativamente, as regras, as fiscalizações, a ASAE, tudo isso os envolve numa confusão tal que preferem a passividade e a inércia. A legislação das melarias, pelo menos das primárias, muitas vezes apela ao bom senso, o que até dá uma certa margem de manobra. Mas será que quem as vier fiscalizar virá credenciado com o mesmo bom senso? O que esperar de uma instituição que em vez de educar e formar primeiro, tem como meta um determinado número de autos e até detenções?

Em resumo, custa-me saber que lotes tão bons como os que temos, de produtores que conhecemos, fiquem esquecidos nas melarias ou então vendidos no “mercado negro” dos frascos da “Tofina”, enquanto que méis de origem quase desconhecida abundem por aí impunemente.

16 setembro, 2008

12º Encontro Agricultura Familiar Alentejana

Extremamente interessante, normalmente também se discutem temas apícolas...

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15 setembro, 2008

Use os seus €urónios...


Há duas ou três semanas entrei numa loja “minipreço” da minha área de residência, um mini mercado já com dimensões consideráveis.

Inevitavelmente deito sempre o olho à prateleira do mel, e até me detive por ali, parecia hipnotizado por um rótulo muito apelativo.
Olhei à minha volta não fosse algum dos meus clientes de mel ou outro apicultor ver-me e desconfiar de alguma marosca. Como não havia ninguém agarrei o frasco e li... li a proveniência, e o resto, o preço, o produtor... li tudo. O que mais me interessava era mesmo a proveniência, a origem do dito néctar, mas a minha curiosidade apenas teve direito a um lacónico: “mistura de méis CE e não CE”. A legislação nem sequer obriga a mais - estava em conformidade.
Então, mesmo sem usar os €urónios, percebi que a CE é constituída por 27 países, e a parte não CE do globo por mais de duas centenas ou perto disso. Ou seja, entre a dita menção e a ausência dela fiquei exactamente na mesma, não consegui saber onde tinha sido produzido o mel. Ainda fiquei dois ou três minutos armado em idiota com o frasquinho na mão, tentando adivinhar a língua dos apicultores que o produziram, quando me ocorreu uma ideia brilhante e que de imediato pus em prática.
Procurei o gerente e disse-lhe que havia uma pequena associação de apicultores em Avis, cujo mel tem uma excelente qualidade e seria interessante, até bom para ambas as partes, que aquele fosse comercializado no dito mini mercado. Depois da surpresa o gerente mostrou-se mais compreensivo que interessado, mas... confessou-me que a politica comercial do “minipreço” não autorizava tal negócio, a loja era obrigada à exclusividade do mel que lhe era fornecido pelo dito “minipreço”, a tal mistela oriunda algures da Europa Comunitária e de outro ou outros locais do planeta.
Agradeci a atenção dispensada e afastei-me. Enquanto atafulhava o carrinho com pacotes, sacos e latinhas, matutava na dúvida que ainda tenho: se misturar-mos 200g de um excelente mel nacional num depósito com várias toneladas de mel oriundo do Sudoeste Asiático ou da África Sub Saariana, já o pudemos rotular com a desdita “mistura de méis CE e não CE”?.
Ainda os “€urónios” da cabeça andavam nesta confusão, quando os do bolso me ficaram quase todos na caixa registadora à saída.
Foi já fora da loja que me iluminei: então estes gajos não só querem os nossos €urónios, como ainda evitam que nós os ganhemos para... mais tarde lhos vir devolver!!! A política comercial do “minipreço” desqualifica assim os nossos produtos, o nosso labor, o nosso mel, substituindo-o por outro de proveniência incerta ou pelo menos desconhecida para o consumidor. Desde há alguns anos a esta parte, não só estas lojas como os hipermercados se instalam cada vez mais no interior, chegam como uma lufada de ar fresco, falam em desenvolvimento e depois dão nisto, no fundo vêm é pedir-nos os nossos “€urónios”...
Há vinte e tal mil apicultores em Portugal, mais umas centenas de milhares de produtores de carne, leite, ovos e hortícolas entre muitos outros, potenciais clientes minipreço entre outros, e cujos produtos vêm assim vedada a sua entrada neste tipo de lojas. Sempre que interrompem a programação da TV para nos mandarem usar os €urónios ou outras baboseiras do género, deviam logo informar os produtores (que também são clientes), para evitarem aparecer com as “zurrapas” que produzem, pois a política comercial que os rege não se compadece com o desenvolvimento dos locais em que se instalam. O que lhes interessa de facto não cabe nas prateleiras, engorda sim é a caixa registadora...

Face a esta desilusão e como já vai sendo meu hábito, resolvi fazer uma pequena investigaçãozinha sobre as origens e outras curiosidades acerca do mel comercializado noutros mercados da região e que passo a apresentar:

Feira Nova – Ponte de Sor

Mel de marca branca “Pingo Doce”, de origem portuguesa e com número de licenciamento de melaria.
Também tinha o já clássico “Mel Granja São Francisco”, mais clássico que o embalado nos frascos da Tofina. Tem a denominação de venda “Mel de Néctar”, é embalado em Espanha, e trata-se de uma mistura de méis CE e não CE. 500G a 4,99€ face aos 1,99€ pelas 470g de mel português da marca branca.

LIDL – Ponte de Sor

Mel da marca “Maribel”(Pure Clear Honey) uma mistura de méis não CE: América do Sul e Central.
Também tinha mais duas referências em embalagens de plástico, marca “Maribel” (Wildbluten Honig e Wald Honig), ou seja Mel de Flores Silvestres e de Flores do Bosque. Mistura de méis CE e não CE, embalados na Alemanha para o LIDL.

Modelo – Ponte de Sor

Uma verdadeira feira apícola, ele era mel simples, com favo, com frutos secos, pólen, própolis, havia de tudo um pouco, várias referências e a grande maioria de origem portuguesa, como o proveniente das conhecidas “Colmeia Belchior”; “Pulo do Lobo”; “Serramel”, “Europrópolis” e “Quinta da Urgeira”.
Fiquei deveras surpreendido com a qualidade e a variedade disponibilizadas pelo “Modelo”.
Também lá havia o “Mel Granja São Francisco” mistura CE e não CE, com o respectivo antigoteo e um “Mel de Nectar” da Ferbar, produzido na Argentina.

CONCLUSÕES:
Em conversa com o responsável de cada loja percebi que as compras eram da responsabilidade de um organismo central que recolhia os produtos e os distribuía por todas as lojas do mesmo grupo. Também percebi que nalgumas situações (raras), se não tinham mel nacional era porque não haviam propostas dos respectivos produtores ao dito organismo central que depois os distribuía, resta no entanto saber os preços praticados.
Fica também a informação que o Feira Nova se encontra numa fase de procura ou pelo menos de interesse por produtos regionais para venda nas lojas locais, no entanto o contacto terá de ser feito com a respectiva central.
Surgem algumas marcas portuguesas, com especial destaque para o Modelo, sendo no entanto a maioria de origem estrangeira e principalmente de fora da CE.
Face ao exposto, era interessante que apicultores e respectivas associações pensassem numa estrutura supra associativa que se debruçasse sobre estes e outros problemas, e que de certa forma pressionasse no sentido de se alterarem estes números. A apicultura podia ser um importante pólo de desenvolvimento para as regiões interiores, caso houvesse um fácil, ou possível? escoamento do mel.
Já o governo, podia aproveitar a dica e criar também uma espécie de ministério que se ocupasse da gestão e dos problemas da agricultura e dos agricultores.
Caso estas instituições já existam... que me perdoem, pois daqui não se nota nada.

Curso de Apicultura


A Associação TRILHO - Associação para o Desenvolvimento Rural, vai organizar uma Acção de Formação Inicial para Apicultores em Pavia, concelho de Mora.
O curso terá início em princípios de Outubro e durará até Dezembro, num total de 150 horas pós laborais, distribuídas por quatro noites/semana.
Para mais informações e inscrições contactar a TRILHO pelo telefone 266 701 210

09 setembro, 2008

Meltoon - 3

Especial 11 Setembro (7 anos)...


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X Concurso de Mel MONTEMORMEL


Tipos de Mel a Concurso

MEL DE SOAGEM (12 Amostras)
1.º - Cuizcamp - Escoural - Montemor o Novo

MEL DE ROSMANINHO (11 Amostras)
1.º - Vicente Maltêz - Baldios - Montemor o Novo

MEL MULTIFLORAL (16 Amostras)
1.º - Cuizcamp - Escoural - Montemor o Novo

JÚRI
José Gardete
Dulce Alves
Joaquim Pífano

04 setembro, 2008

OGM não obrigado...

Autocolante

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03 setembro, 2008

Muros Apiários em Casa Branca

Casa Branca foi uma localidade com marcada tradição apícola em tempos idos. Haviam inclusivamente várias famílias que não vivendo exclusivamente da produção de mel, este seria um dos principais sustentos, senão o principal.
Tinham na ordem dos 200 ou 300 cortiços, que albergavam em pequenos muros apiários. Estes muros localizavam-se em encostas com mato, nomeadamente a Esteva e o Rosmaninho, os mais abundantes.
Os apiários encontravam-se sempre perto dos terrenos de cultivo onde as famílias passavam largas temporadas na lavoura e noutras ocupações agrícolas.
Nesses tempos abundavam a caça e os predadores, os cortiços eram muitas vezes pilhados por animais selvagens. Entre os mais citados encontravam-se os Javalis e os Texugos, que pela sua voracidade causavam grandes danos quer na produção de mel, quer nos próprios cortiços que acabavam destruídos com estas visitas. Para proteger os apiários destes ataques construíam-se pequenas fortificações em taipa que não teriam mais de metro e meio de altura.
Como nem sempre havia disponibilidade de pedras para construções mais sólidas, usava-se o barro muito abundante nestas paragens e faziam-se as paredes em taipa. Para o efeito limpava-se o local, normalmente uma encosta pouco inclinada, fazia-se um pequeno alicerce e colocavam-se moldes de madeira (taipais) para segurar a “lama” enquanto estava fresca.


A terra era escavada ali mesmo ao lado, era misturada com pequenas pedras para dar estrutura, e com água claro, mas em quantidades mínimas, ao contrário do que possa parecer. Ás vezes pouco mais era que humedecida, o mais importante era o aperto que se lhe dava com os paus, conforme referem os mais velhos. Iam adicionando mais material e batendo lentamente como se se tratasse de um pilão.

O muro tinha sempre uma forma quadrada ou rectangular, com cerca de 20 x 20m ou 25 x 25m e uma altura de 1,5m.

Deixavam-lhe uma abertura mais ou menos estreita para acesso ao interior e que tapavam com uma porta rudimentar, normalmente feita de ramalhos de azinho e mato.
Um dos aspectos mais curiosos tinha a ver com a protecção das paredes de taipa contra a chuva. Como estes materiais eram muito friáveis, depois de um Inverno as paredes desprotegidas por cima muito rapidamente se desgastavam, o que obrigaria a frequentes trabalhos de reparo. Para evitar esta situação arrancavam-se Estevas verdes, abria-se-lhe a ramagem e eram colocadas sobre o muro com as raízes para cima, de modo que a água da chuva escorresse pelo arbusto e não danificasse a parede. Isto era feito a toda a extensão da parede de taipa, desta forma duravam muitos anos sem precisarem de concertos importantes. Essas Estevas que eram substituídas anualmente.

Estes recintos, por vezes tinham três ou quatro socalcos baixos e pouco nítidos onde o apicultor dispunha filas paralelas de lajes de xisto, sobre as quais assentavam então os cortiços.
As visitas aos apiários eram mais frequentes consoante os trabalhos agrícolas sazonais obrigavam a estadias mais ou menos prolongadas na proximidade das colmeias. Fora isso, os apicultores poucas mais vezes lá iam que as necessárias para capturar novos enxames e fazerem a cresta. Até porque a sanidade apícola nunca tinha grandes novidades, as colónias só pereciam com fome ou sem rainha, e nessa altura a traça tomava conta do resto. Era ainda cedo para se ouvir falar em Loque Americana ou na Varroose.
De qualquer forma, quando os cortiços “morriam” infestado de traça, era normal o apicultor colocá-los nos fornos onde cozia o pão e dar-lhes o calor necessário para destruir esta moléstia.
Era uma vida pacata a de “apicultor da antiguidade”, ouvi falar de um caso nesta localidade, onde o apicultor tinha um certo receio das abelhas e pouco se aproximava do muro, era antes a esposa que desempenhava as funções de “abelheira”. Ao que parece, as vezes que o marido lá ia, era para retirar umas garrafas de aguardente que escondia nos troncos das árvores, pois com a proximidade das abelhas não tinha de recear que alguém lhas roubasse...
Dos muros em taipa, pouco mais resta que pequenas saliências de terra em forma quadrangular, a falta de protecção e reparos levou á sua quase total erosão. Até há cerca de três anos, um deles ainda estava activo, albergava um apiário com mais de 50 cortiços, no entanto, também este já foi desactivado.

02 setembro, 2008

MelToon - 2

Desertificação...

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01 setembro, 2008

Alentejanices


Só espero que a ASAE e as colheres de pau não façam "faísca"...

ADERAVIS Polinização do Girassol

No fim da Primavera, a ADERAVIS conseguiu que vários dos seus associados deslocassem cerca de 700 colmeias para as florações de Verão.
Tal facto deveu-se à celebração de contratos de polinização entre os apicultores e produtores de girassol espanhóis que alugaram terras na região para esse efeito. Para a produção de sementes híbridas era necessária a polinização cruzada entre várias cultivares de girassol, tarefa que foi levada a cabo pelas abelhas.
Acabou por ser um Verão positivo para os apicultores que alem do incentivo monetário pago pelo serviço de polinização (9,00€/colmeia), ainda viram a produção anual acrescida com o mel obtido na transumância.
As exigências feitas pelos agricultores limitavam-se a colmeias bem povoadas, crestadas e com alças vazias sobre o ninho, uma densidade de 3 colmeias/hectare e a permanência no local durante todo o período de floração. Em contrapartida e além do pagamento da polinização, os produtores de girassol ainda disponibilizaram “sombreros” que protegiam as abelhas do Sol e do ataque dos Abelharucos.




Os sombreiros eram longas redes suportadas por cabos e postes de ferro com cerca de dois metros de altura, e que albergariam 60 a 80 colmeias cada um. Foi opinião unânime dos apicultores que aqueles teriam desempenhado melhor a sua função se a rede utilizada fosse substituída por rede verde, de sombreamento, uma vez que protegia mais da luz solar. De qualquer forma não houve baixas assinaláveis nos efectivos e as produções foram muito satisfatórias.



O balanço final foi bastante bom quer para os apicultores, pelas razões apontadas, quer para os agricultores que conseguiram a respectiva produção de sementes, ficando a vontade de ambas as partes em continuarem no ano seguinte.




Será que ouvi alguém pensar alto em utopias como o Ministério da Agricultura nacional conceder ajudas aos agricultores para pagamento de serviços de polinização? Pelo menos era uma alternativa às anedóticas Agroambientais para a apicultura com que ninguém beneficiou há poucos anos atrás.