26 dezembro, 2012

Muros Apiários em Moura

Poucos dias antes do Concurso de Mel de Moura telefonei ao apicultor Abel Ferreira.
Procurava histórias sobre a apicultura da região, apicultores, estruturas apícolas, coisas interessantes das grandes planícies em redor do também grande lago do Alqueva, e que pudesse partilhar com os visitantes do Montedomel.
Foi uma feliz descoberta quando soube que o próprio Abel Ferreira utilizava como apiários alguns muros de taipa e de pedra, essas importantes construções que outrora protegiam as abelhas do ataque de animais selvagens.
Chegamos a Moura numa tarde muito quente e seca de Setembro, já o Abel nos aguardava com toda a sua boa vontade e logo nos dirigimos para o campo.
A paisagem era a que já conhecíamos, predominavam as cores amarelas e castanho terrosas, um verde cinza dos arbustos ressequidos, além do azul do céu. É assim o Alentejo profundo no fim do Verão. Para quem gosta não há cores mais bonitas.
Foram os reflexos do Sol nos tampos metálicos que denunciaram o primeiro muro apiário, cujas paredes de taipa se mimetizavam de tal forma com a paisagem envolvente que muito facilmente passaria despercebido.
Já apresentava sinais da erosão. Décadas e décadas de chuva e vento acabaram por arrombar partes das paredes, cujo conjunto, de uma forma geral nem está muito mau conservado. Pelo menos são observáveis paredes e pormenores dessas paredes que deixam adivinhar não só o tipo e os materiais de construção como ainda algumas técnicas muito curiosas que utilizaram para as erigir.
Repare-se nas duas “linhas” de xisto que circundam toda a parede, decerto para estabilizar e dar mais resistência à parede de taipa.
Pormenor da parede onde se pode observar a sua largura, preceito a que se obrigavam as construções em taipa, dada a friabilidade dos materiais utilizados.
Seguia-se outro muro apiário. Desta vez o material eleito para a construção foi a pedra, o xisto que abunda na região.
Tratava-se também de uma silha de formato rectângular, mas este de grandes dimensões, como em tempos se usava nas grandes herdades, cujos proprietários ou funcionários demonstravam gosto pela apicultura.
Já vi casos em que estes muros albergavam outro tipo de gado: vacas, ovelhas, cabras, mas a instalação deste numa encosta virada a nascente não deixa grandes dúvidas acerca da sua utilização.
Tem os muros muito altos, não sei se se destinavam a evitar o ataque dos ursos como noutros muros de arquitectura semelhante, nunca ouvi relatos de tal fauna tão a Sul, mas…
Esta silha era bastante arborizada, muitos apicultores da antiguidade erigiam-nos em locais assim não só pela sombra em regiões tão quentes, como pela captura de enxames que as aproveitavam para pousar.
Pormenor do perfil do muro, nomeadamente as lâminas de xisto colocadas em “bico” no tipo do muro, não sei se protecção adicional contra a entrada de animais selvagens se para proteger a própria parede da intempérie.


24 dezembro, 2012

FELIZ NATAL 2012

O MONTEDOMEL deseja um FELIZ NATAL 2012 e um PRÓSPERO ANO de 2013 a todos os visitantes e amigos !!!
 
 

23 dezembro, 2012

Nogado de Natal com Mel

Nesta quadra festiva e com muitos doces, apresento-vos a receita para o Nogado de Mel, exactamente como a vi fazer à mãe da Luísa.
 
Componentes:
- 6 ovos
- 1/2 litro de mel
- 1/2 kg de farinha
- 2 meias cascas de ovo* de azeite
 
Procedimento:
Começa-se por colocar toda a farinha num recipiente, onde se colocam também os ovos.
Ao partir os ovos deve ser aproveitada meia casca de um deles para medir o azeite (duas meias cascas), que se adiciona à mistura já iniciada.
Mistura-se tudo e deve-se deixar a massa resultante repousar cerca de 15 minutos.
 
Uma vez pronta, a massa é colocada sobre uma superfície lisa e limpa, onde é esticada em filamentos compridos, com menos de 1 cm de diâmetro, com a ajuda das mãos.
 
Os filamentos de massa são posteriormente fritos em óleo quente.
 
Uma vez fritos e já arrefecidos, são cortados com uma tesoura em pequenos pedaços com menos de 1 cm cada.
 
 Entretanto prepara-se outro recipiente, para ir ao fogão, com cerca de 1/2 litro de mel e que servirá para "melar" a massa após cortada.
O mel deverá ser aquecido até atingir o ponto de rebuçado.
 
Os pedaços de massa frita são colocados dentro do recipiente com o mel fundido e envolvidos com a ajuda de uma colher de pau.
 
Quando os pedaços de massa frita se encontram bem envolvidos (melados)
retiram-se do fogão e estão prontos para a finalização do nogado.
 
São então colocados num tabuleiro ou travessa e com as mãos moldam-se em formato de salame ou coroa, como a da próxima imagem:
 
 Bom Apetite!!! e... FELIZ NATAL


18 dezembro, 2012

Potes de Mel, na Olaria das Brotas

Uma proposta para este Natal: Potes de Barro pintados à mão para o Mel.
Pode encontrá-los na Olaria das Brotas, em Brotas, concelho de Mora.
O design de cada peça fica ao critério do cliente.
Para mais informações contacte os responsáveis pela olaria em olariadasbrotas@hotmail.com
ou pelos telefones: 965743930 e 919422017.


15 dezembro, 2012

FRUTERCOOP, Campanha de Natal

Nesta quadra Natalícia a Fruter e a Frutercoop estão a desenvolver uma campanha promocional de um dos produtos que comercializa: O MEL.
Para além da divulgação que é feita regularmente nas escolas e na própria sede da Fruter/Frutercoop, no âmbito do Projeto "As Abelhas são Minhas Amigas", foram colocados dois itens publicitários, um cartaz de grandes dimensões, designado Outdoor, e outro de menor dimensão designado por Mupi.
 

13 dezembro, 2012

Avis mellífera 2012

Realizou-se no passado dia 8 de Dezembro a quinta edição das Jornadas Técnicas Apícolas - Avis mellífera. Trata-se de uma iniciativa que começou em 2008 e que durante estes cinco anos tem trazido a Avis apicultores, técnicos, dirigentes associativos e outros agentes do sector, oriundos de todo o território nacional.
Trata-se de um evento privilegiado para a troca de conhecimentos e experiências, quer pela diversidade de participantes como pela multiplicidade de temas que têm sido abordados.
É de louvar, dadas as dificuldades que as famílias portuguesas atravessam nestes tempos conturbados, o elevado número de visitantes e participantes que este ano acorreram a Avis para participar no evento que já é considerado uma “festa da apicultura”.

09:00 Concursos de Mel
Júri: Eng.º José Gardete; Eng.º Paulo Varela (Montemormel); Eng.º Jorge Rocha (ADERAVIS)
Mel Multifloral – 26 amostras
Lugar – João Domingos Xarez da Rosa – Avis (AVIS)
Lugar – Custódia Maria Casanova – Pavia (MORA)
Lugar – João Carlos Castelinho – Vale de Seda (FRONTEIRA)
Mel de Rosmaninho – 9 amostras
Lugar – Carolina Paraire Durão – Vale de Açor (PONTE DE SOR)
Lugar – José Nunes Oliveira – Montargil (PONTE DE SOR)
Lugar – José Zeferino Traquinas Barata – Alcórrego (AVIS)

09:30 Workshop – Produção de Hidromel
Formador: Dr. António Hermenegildo (SAP – Sociedade dos Apicultores de Portugal)
Foi um dos momentos mais marcantes das jornadas. Tão importante e misterioso como o “segredo da abelha” é o segredo de transformar o mel em vinho – hidromel.
Sempre que se solicita a receita de tal iguaria é habitual ouvirmos como adenda às instruções de fabrico: “…e ao fim de uns meses teremos hidromel, ou vinagre!”.
Foi pela dificuldade geral na confecção de tal sucedâneo do mel, pelo interesse demonstrado por inúmeros apicultores no Hidromel e conhecendo os trabalhos que o Dr. António Hermenegildo já desenvolvera nesse campo, que a organização das jornadas o convidou para formador no workshop e a quem agradecemos a disponibilidade e alegria que proporcionou ao evento.
Como era de esperar, a degustação de hidroméis que variavam entre o seco, meio seco e doce, redundou num dos momentos mais aguardados da manhã. Causando tal ajuntamento de participantes em torno da mesa de provas que não havia mãos a medir para encher tanto copo. O sabor, algo estranho a princípio, harmonizava-se depois com as papilas gustativas, melhorando gradualmente ao longo das provas, havendo quem chegasse ao 7º e 8º copo para o comprovar…

14:30 Colóquio
Boas vindas por parte da Direcção da ADERAVIS e pela Presidente da Junta de Freguesia de Avis, Dr.ª Anabela Pires, também em representação do Município de Avis.

Moderador – Eng.º José Joaquim Gardete
Tema: Flora Apícola, abordagem passiva/activa do apicultor - Dr. Joaquim Pifano (ADERAVIS)
Foram apresentados vários factores responsáveis pelo declínio da apicultura, como as questões sanitárias, a sobre-exploração de recursos e as alterações climáticas entre outros. Propôs-se também um novo formato de intervenção, mais activo, do apicultor sobre a flora apícola, nomeadamente a plantação/sementeira de espécies melíferas e poliníferas que floresçam sobretudo em datas determinantes para o desenvolvimento das colónias de abelhas.
É sabido que o período pós estival, cuja flora rarefeita pelas altas temperaturas associadas a incêndios devastadores e a más práticas agrícolas, impedem as abelhas de renovarem a população que há-de subsistir durante o Inverno, tendo como consequência o colapso de inúmeras colónias durante esta estação.
Qualquer intervenção no coberto vegetal que contribua com novas fontes de pólen/néctar é sempre desejável, não esquecendo a alimentação complementar ou mesmo a transumância.

Tema: A Apicultura e a Nova PACEng.º Pedro Santos (CNA)
Uma perspectiva sobre a Agricultura em geral e Apicultura em particular, após a nova remodelação da já tristemente célebre PAC.
Um quadro a que infelizmente já nos habituamos, com novos agravamentos dos custos de produção, diminuição das ajudas e da protecção aos produtos nacionais, com os consequentes abandonos de explorações agrícolas e apícolas que se anteveem.
Já as importações de produtos apícolas, oriundos de países extra CE aumentam a cada ano…

Tema: Melarias Colectivas, vantagens e desvantagensEng.º Paulo Varela (Montemormel)
Também  nas melarias, a união de vários apicultores parece ser bem mais vantajosa que a iniciativa individual. Sobretudo no ponto de vista económico, onde a redução de custos com um único investimento colectivo, é preferível a investimentos vários, onde a taxa de utilização é quase sempre mínima, rentabilizando-se muito mais a exploração e aumentando a competitividade.
Como desvantagens, poucas mais se encontram além dum investimento inicial mais avantajado e da perda de individualidade de cada produtor.

Tema: Sanidade Apícola, produtos Químicos vs HomeopáticosEng.º José Serranito (Qalian)
A eterna polémica entre medicamentos de síntese química e à base de produtos naturais, as respectivas eficácias, condições e métodos de aplicação e… custos, sempre e sempre com o espectro dos produtos ilegais à espreita.
A Qalian disponibiliza actualmente o APILIFE VAR (à base de produtos naturais) e o APIVAR (de síntese química) ambos com comprovada eficácia no combate ao ácaro Varroa destructor.
Um apelo também à sincronização de tratamentos e utilização das mesmas substâncias activas em cada região, para um combate mais eficaz à Varroose, moléstia que há quase três décadas fustiga as explorações apícolas.

17:30 Entrega dos Prémios dos Concursos de Mel
18:00 Encerramento das Jornadas Técnicas Apícolas Avis mellífera 2012.


Conclusões das Jornadas de Apicultura Avis mellífera 2012
1. As entidades oficiais, nomeadamente a autoridade sanitária nacional para a apicultura, Direcção Geral de Veterinária, devia intervir no sentido de promover os tratamentos simultâneos em todo o território contra a varroose, bem como a uniformização dos medicamentos a utilizar pelos apicultores.

Só dessa forma se conseguirá um controlo efectivo da moléstia que tantas baixas tem causado no sector apícola, bem como evitar o surgimento de resistências por parte do ácaro em causa que tornam obsoletos os medicamentos utilizados.
2. Tendo em conta a dimensão do país, seria muito mais interessante e sobretudo eficaz, generalizar o estatuto de Zona Sanitária Controlada a todo o território. Fomentando assim as acções de carácter profilático e de controlo que actualmente apenas visam as áreas restritas com tal estatuto.
Mas que esse controlo vise também o imenso tráfego de colónias de abelhas estrangeiras que todos os anos são trazidas para Portugal, desrespeitando a legislação sanitária das já existentes Zonas Sanitárias Controladas.
3. Que os Serviços Oficiais do MAMAOT articulem e reúnam sempre que seja necessário com as várias associações e agentes do sector disseminados por todo o território, de modo a que o movimento associativo nacional seja ouvido no levantamento e resolução de todos os problemas do sector apícola.

4. O actual surgimento de grande quantidade de novos apicultores e consequente aumento muito elevado do número de colmeias neste sector, requer a coordenação e regulação pelas entidades oficiais, de modo a que seja respeitado o ordenamento apícola. Tendo em conta os recursos apícolas disponíveis em cada região, evitando sobrecargas de colónias de abelhas, evitando o esgotamento de recursos e ou a quebra de rendimentos até níveis insustentáveis.

A ADERAVIS solidarizou-se com o movimento Em Defesa da Agricultura Familiar, e Contra o Fim dos Serviços Publicos e Freguesias, tendo exibido um cartaz de protesto.