29 novembro, 2009

MelToon - 39

A pedido de várias famílias (por acaso foi só de uma, e nem foi a minha) o MelToon está de volta num novo formato, mas a essência é a mesma... espero que gostem.
J.Pifano

24 novembro, 2009

Muros Apiários: Silhas dos Ursos (Gerês)

Ainda não foi desta que o Gerês se viu livre de mim…
Primeiro foram as “Corpelas” dos Cortiços, depois veio a Flora e as paisagens apícolas do Parque Nacional, e agora um assunto não menos importante e que há muito me fascina: As Silhas dos Ursos, uma forma de Muros Apiários.
Recordo-me de há uns anos atrás ter visto uma reportagem na Revista “O Apicultor”, sobre a existência destes imponentes muros apiários que protegiam as colmeias/cortiços do ataque dos ursos, quando estes animais ainda faziam parte da nossa fauna.
Encontrando-me naquele local não podia deixar de procurar as ditas “Silhas dos Ursos” que imaginava de dimensões imponentes (face ao predador) e não me desiludi.
No próprio Parque existe um percurso pedestre denominado “Percurso Silhas dos Ursos” que tem uma extensão de cinco quilómetros e uma duração de cerca de três horas para ser percorrido. É muito fácil de encontrar, quando nos deslocamos de Gerês para Campo do Gerês, fica do lado direito da estrada e começa no sítio da “Junceda”.
O Trilho começa junto à Casa do Guarda e não precisamos de andar mais de 50 metros para encontrarmos a primeira Silha, da qual fiz estas fotos. Creio que há outras Silhas no percurso, mas nos 1000 ou 1500m que percorri não vi mais nenhuma, ou desatenção minha ou estariam em tão mau estado que não as reconheci…

A própria Silha da qual publico as imagens, está reduzida a um monte de escombros, mantendo ainda uma parede por outra do que se adivinha ter sido uma figura rectangular ou quadrangular com dez a quinze metros por outros tantos.
A altura original das grossas paredes feitas de grandes blocos de granito devia rondar os 2,5 a 3 metros.

Mais tarde, à conversa com o Sr. Pires do Parque de Campismo da Cerdeira (Campo do Gerês), contou-me que nem todos os cortiços eram protegidos dos ursos nas ditas silhas. Havia quem os colocasse em locais inacessíveis às feras sobre grandes blocos de pedra.
Locais de tão difícil acesso que até o próprio apicultor tinha dificuldade em os alcançar…

A imagem anterior, é uma montagem gráfica do que poderiam ter sido os apiários ancestrais, colocados em locais de difícil acesso ao ataque dos ursos...

21 novembro, 2009

Cerificador Solar de Alto Rendimento

Para quem não conhece o apicultor José Chumbinho, saiba que pertence àquela “raça” de apicultores – inventores.
Poderão argumentar que todos os apicultores são inventores, mas o Chumbinho eleva esta característica ao expoente máximo. E poderão comprovar o que escrevo enquanto ele continuar a mandar para o montedomel todas as peculiaridades que caracterizam o seu modo de estar na apicultura.
O Cerificador Solar de Alto Rendimento, por acaso, mas só por acaso, ainda não passa de um projecto, mas não lhe dou muito tempo para que possamos ter fotografias e relatos da sua funcionalidade.
Este “utensílio” para reciclar a cera, à partida não parece ter nada de mais, trata-se de um vulgar cerificador solar, como todos os que conhecemos, com a particularidade de se lhe fazer incidir a radiação solar com muito mais intensidade.

E como é que isso é possível?
Eu não sou grande conhecedor das Leis da Física, mas se tivermos um espelho côncavo, a receber e reflectir a luz solar, a forma específica do espelho faz com que a radiação emitida (reflectida) seja muito mais concentrada e energética que a recebida. Pelo que fornece muito mais calor ao objecto ou ao local para onde se apontem esses raios.
Funciona mais ou menos com uma lupa, objecto com que toda a gente já deve ter feito a experiência de concentrar os raios solares para “pegar fogo a alguma coisa”.
Não é fácil (ou barato) adquirir um espelho côncavo, mas pode-se construir com alguma precisão, facilidade e sobretudo a baixo custo, só não respondo pela paciência…
Para tal, basta quebrar um espelho em pequenos pedaços (atenção aos sete anos de azar…) e colar esses pedaços na parte côncava de uma antena parabólica reciclada, visto ter a conformação ideal para concentrar radiação dispersa (recebida) e emiti-la num feixe mais concentrado.

Se apontarmos esse feixe para a superfície de vidro de um cerificador solar, segundo o Chumbinho, as temperaturas alcançadas dentro da caixa serão muito superiores às conseguidas com o método tradicional, pelo que a cera fundirá muito mais depressa. E qualquer Solzinho por mais “acanhado” que seja, é suficiente para quase derreter as madeiras dos quadros…
Por causa do movimento do Sol (aliás da Terra), é necessário reajustar o ângulo da parabólica ou prato reflector ao longo do dia. José Chumbinho aconselha um tipo de suporte sobreelevado para a parabólica, com manípulos de regulação, para a captação de diversos ângulos da luz Solar.

MUITA ATENÇÃO Fica a advertência para o uso de tal “instrumento”. Não esqueçamos do dito “efeito de lupa” e que o calor daí gerado é mesmo muito potente, podendo causar queimaduras graves ao utilizador.
O José Chumbinho aconselha a que se tape a parabólica com um pano sempre que retiramos ou colocamos ceras no cerificador. Por outro lado, devemos também ter cuidado com o local onde fazemos esta montagem, pois a existências de pastos, madeiras ou outros combustíveis podem muito facilmente originar incêndios…
Se houve ou há alguém que conheça o método e o utilize ou tenha utilizado, seria muito importante partilhar os resultados connosco.

19 novembro, 2009

Poesia de Meliponineos no Nordeste Brasileiro

Quando publiquei a “Poesia Apícola” da autoria do Sr. José da Silva Máximo, recebi um curioso comentário vindo do Brasil, pelo meliponicultor Paulo Romero, do Meliponário Braz (http://urucueabelhasnativas.blogspot.com) que dizia:

Sr.Joaquim, esses versos sobre as abelhas são muito bem feitos, parecem com o tipo de poesia aqui do Nordeste Brasileiro. Gostei muito.”

Resolvi aproveitar a “deixa” para lançar um desafio ao amigo Paulo Romero, para nos “mostrar” a poesia Nordestina referente à meliponicultura.
E não é que ele respondeu mesmo com a seguinte mensagem ???
Para quem não se diz ser poeta, acreditem que o resultado é excelente!!!

O amigo Joaquim Pífano, apicultor de Portugal, em visita ao meu blog me propôs um desafio: fazer uma poesia falando da meliponicultura no Nordeste Brasileiro. Mesmo sem ser poeta, aceitei o desafio e aqui está o resultado!

A Meliponicultura no Nordeste Brasileiro

Meu amigo Joaquim, de Portugal
Apicultor experiente e respeitado
Me fez um desafio sem igual
Falar da Meliponicultura em meu estado

As abelhas nativas do nordeste
São fortes e se adaptam muito bem
E o homem por ser cabra da peste
Sabe dar o valor que ela tem

Manduri, Canudo e Jandaíra
Hoje é mais difícil de encontrar
Jataí, Mosquito e a Cupira
Só encontro muito Arapuá

No nordeste a criação racional
De abelhas nativas tá crescendo
Pois o homem já viu o potencial
Precisa preservar e está fazendo

Lá do mato a abelha vem num toco
Pra poder ser transferido para a caixa
Mesmo o mel produzido ali é pouco
De meio litro a um litro, é nessa faixa

Pra transferir as abelhas para a caixa
Você tem que ter muito cuidado
Pois os discos de cria que se encaixa
Não devem ser por você machucado

Uma vez a transferência já completa
Faça um reforço alimentar
Pois o sucesso é sua meta
E é isso que você vai alcançar

Quando a colônia estiver bastante forte
É a hora de fazer a divisão
E se você tiver cuidado e sorte
Só irá aumentar a criação

Pra retirar o mel tenha cuidado
Uma seringa é bom você usar
Higiene sempre é recomendado
Pra que o mel não venha a fermentar

Esse alimento é fonte de energia
Conhecido por ser medicinal
É por isso que todo mundo deveria
Consumir esse néctar natural

Amigo, preserve a natureza
Não destrua o seu meio-ambiente
Pois isso é sua maior riqueza
Aprenda a preservar daqui pra frente

Aveloz, marmeleiro e catingueira
Fazem parte da paisagem do sertão
Umburana, umbuzeiro e quixabeira
O pereiro, juazeiro e o pinhão

A meliponicultura tem ajudado
Na preservação ambiental
Pois o meliponicultor tem evitado
De cortar a mata natural

Criem abelhas, faz bem pra todos nós
É o que eu sempre vou dizer
Mesmo que eu seja uma só voz
É isso que eu sempre irei fazer

Me desculpe se a rima não prestou
Mas foi feita com muita dedicação
Atendendo a um pedido hoje estou
Dando uma de poeta do Sertão

Meu amigo Joaquim, aquele abraço
Muita sorte na sua criação
Por aqui vou seguindo passo-a-passo
Esse ofício que escolhi por profissão

Um abraço...

Paulo Romero
http://urucueabelhasnativas.blogspot.com

17 novembro, 2009

Apicultura na Galiza "Costa da Morte": Litoral Norte de Espanha

A apicultura desta região, face à máxima de que “as abelhas são as guardiãs do ambiente” é um autêntico paradoxo.
Porquê? É simples, apesar de ser uma das zonas mais verdes, florestadas e com muita vegetação espontânea e cultivada que já vi: não tem abelhas! Pelo menos, eu não as vi, ou melhor, vi muito poucas para o que estava à espera…
Finda a visita ao Gerês, continuamos o nosso périplo por aí acima, o objectivo era chegar ao cabo Finisterra, passando por Vigo, Pontevedra e Santiago de Compostela.

Logo à saída desta cidade trocamos a autovia pela estrada nacional e depois esta por estradas mais secundárias. O objectivo era cruzarmo-nos com pequenas aldeias rurais e conhecer um pouco mais da vida no campo daquelas paragens – em particular a apicultura e os apicultores.
Ia arranjando um torcicolo por tanto olhar à direita e à esquerda na esperança de ver as ditas caixinhas pintadas, com insectos a entrar e a sair. Perdi a conta aos povoados com meia dúzia de casas, entre prados e florestas em busca de “colmeneros”, mas nada, “colmeneros aquí? no, no los hay”.
Quando muito conheciam um ou dois, com duas ou três colmeias e viviam lá mais para a frente, num local que eu nunca conseguia encontrar.
Em Santiago de Compostela ainda acertei na casa de um, mas segundo a família tinha-se ausentado por causa da caça…

Foi já em desespero e a caminho de Santa Comba que… maravilha das maravilhas, encontrei quatro ou cinco colmeias a uns 50 metros da estrada. Nem pensei duas vezes, encostei o carro, atravessei um pequeno pinhal e vá de tirar fotografias…
Estavam em muito bom estado as ditas colmeias, bem orientadas, sobre suportes (blocos de cimento) e algumas com placas de fibrocimento a reforçar o tampo. Não lhe consegui adivinhar o modelo, pareciam um híbrido de Reversível com Langstrooth. Enfim, eram colmeias, com pouca população mas eram colmeias.

O que mais me chamou a atenção foi um pormenor que podem observar na imagem acima: um mosaico, à laia de tapete de boas vindas frente a cada colmeia. Não sei qual a sua serventia, talvez para evitar o crescimento de ervas junto à entrada das colmeias, o que é um facto é que todas tinham aquele “lajeado” frente à porta.

Mais satisfeito, abandonei o apiário em direcção ao povoado. Se havia “colmenas” decerto haveria um “colmenero”… e eu queria falar com ele, dois dedos de conversa, daqueles que os apicultores prolongam durante horas…
Após duas tentativas frustradas lá encontrei a casa do homem, mas nem cheguei a bater à porta, logo uma vizinha me advertiu que o mesmo se ausentara para ir ao médico, problemas com uma perna, enfim… contratempos…
Ainda não tinha chegado à estrada nacional quando num relance vislumbrei novo apiário com duas ou três colmeias instaladas num quintal. Identifiquei as caixas pelo característico telhado ondulado de fibrocimento. Desta vez havia de “apanhar” as abelhas e o apicultor, a coisa começava a aquecer.
Não calculam a curiosidade que tinha em conhecer a apicultura daquelas paragens, pela dificuldade em desencantar apicultores a busca tornou-se quase uma obsessão.
Nem cheguei a sair do carro, já preparava a máquina fotográfica quando de uma das “colmeias” saiu uma gigantesca abelha a ladrar enfurecida, felizmente estava presa a uma corrente…

Foi já perto do cabo Finisterra que mesmo junto à estrada encontrei o próximo apiário, ainda por cima o apicultor estava em casa, um caso de sucesso finalmente.

Pedi autorização para tirar umas fotografias e o Sr. Ernesto, extremamente simpático, e falador… acompanhou-me ao apiário. Eram poucas colmeias, dez ou doze, ainda por cima colocados num terreno tão alagadiço que mais parecia uma linha de água, mas as abelhas lá andavam labutando felizes.

Usava o mesmo modelo de colmeias do apiário anterior, compradas a um fabricante em Santiago de Compostela, desta vez deu para perceber que se não eram Langstrooth, eram algo muito parecido.
Há costumeira pergunta acerca da floração das redondezas, do tipo de mel e das doenças que mais afectavam a região, falou-me no Eucalipto, nas Silvas e na “Carrasca”, que percebi depois tratar-se de uma Urze semelhante à que tinha visto no Gerês.

Quanto às doenças: a inevitável Varroa e uns quantos casos de Loque Americana, felizmente mais raros.
Questionei-o quanto à localização do apiário num lugar tão alagadiço, se não tinha problemas com a micose. Respondeu-me que não e resolvera o problema da humidade colocando as colmeias em cima de autênticas torres feitas de blocos, como podem ver na próxima imagem:

Convidou-me a entrar na melaria dele onde a conversa se prolongou por mais uns instantes, provamos o mel, muito escuro e de sabor agradável. Era nítida a presença do néctar de Urze. Acabei por lhe comprar um frasco pela módica quantia de 5,00€.

Com o aumentar da confiança ainda me mostrou um líquido e umas ripas “mágicas” com que eliminava a Varroa, o “Klartan” é de facto uma mesinha universal…
Falou-me de uma série de apicultores da região que não constituindo uma verdadeira associação, se organizavam quando era para vender o mel por junto, mas ele não tinha dimensão para essas coisas, vendia tudo à porta.

Continuamos a viagem e entre Finisterra e La Coruña, nada de abelhas. Já no regresso entre La Coruña e Ourense, via Lugo, nem um cortiço encontramos para alegrar a vista.
Devo ter feito o dobro dos quilómetros por causa do ziguezaguear de um lado para o outro da estrada nacional, mas nem colmeias nem “colmeneros” quanto mais “abejas”...
Apesar disso acredito que as houvesse, pois a flora parecia ser suficientemente abundante e apropriada para tal prática, fosse pela quantidade de Castanheiros como da grande extensão de prados de trevo em flor:


Se isto se tivesse passado há uns anos atrás, decerto me saía o comentário:
Como é que posso encontrar colmeias em Espanha se eles as levam todas para Portugal?
Mas fiquemos por aqui…

16 novembro, 2009

Acesso ao Avis mellifera 2009

Clique na imagem para ampliar...

(1) PARA QUEM VEM DA REGIÃO DE LISBOA, LITORAL OESTE, ETC…
O ideal será a auto-estrada A2, muda para a A6, sai em MONTEMOR O NOVO (Arraiolos) e segue até ARRAIOLOS.
Não chega a entrar em ARRAIOLOS, pois imediatamente antes da vila, na base da colina vira à esquerda para PAVIA. Atravessa PAVIA e vem directo até AVIS.

Se quiser evitar as portagens vem por ALCOCHETE, INFANTADO, passa ao cruzamento de CORUCHE, seguem para MORA, PAVIA e AVIS.

(2) PARA QUEM VEM DO SUL
Poderá optar por chegar a ÉVORA de onde sai para ARRAIOLOS e continua pelo itinerário (1).

(3) PARA QUEM VEM DE PORTALEGRE, ELVAS, ETC…
Vem pelo antigo IP2, sai à esquerda em direcção a FRONTEIRA, FIGUEIRA E BARROS, ERVEDAL e AVIS.

(4) PARA QUEM VEM DO NORTE E BEIRAS
Vem pela A1 até TORRES NOVAS, onde sai para a A23 até ABRANTES.
De ABRANTES vem por PONTE DE SOR e depois AVIS.
Quem vive mais para o interior, CASTELO BRANCO, GUARDA, etc, obviamente que evita a A1, tem logo a A23
Se me esqueci de alguma região perdoem-me, mas decerto que chegarão cá tão facilmente como se não tivessem lido este escrito, pois… para quem já conhece o meu “sentido de orientação” é melhor munir-se de um GPS ou um mapa e ir perguntando pelo caminho…

De qualquer forma espero que façam uma boa viagem e sejam BEM-VINDOS!!!

Esta mensagem e o mapa de Avis com a localização do evento estarão novamente na primeira página durante os dois ou três dias antes das Jornadas Técnicas Avis mellifera 2009.

Se restar alguma dúvida sempre pode ligar para o meu número: 96 58 18 250, ou para a Engª Dália Peças: 96 57 78 681.

14 novembro, 2009

Acondicionamento de Colmeias na Transumância: BRASIL

Depois de tantas “conversas” acerca da transumância, vantagens, desvantagens, florações de destino, cuidados com o transporte, legislação, etc., o amigo Carlos Correa enviou-me as instruções para o transporte seguro de colmeias a grandes distâncias.
Normalmente, as minhas transumâncias não vão além dos 50 km, já as fiz com o dobro da distância, mas poucos cuidados tenho com a preparação das caixas para a viagem. Refiro-me obviamente ao arejamento das abelhas durante o trajecto.
Por um lado faço o transporte durante a noite, quando as temperaturas estão mais baixas, nunca transporto muitas colmeias sobrepostas (o que também aumenta o stress da colónia e consequentemente a sua temperatura. Por outro, e como já referi, na minha região não preciso de mais de 50 km para cobrir uma área suficiente de florações.

Neste caso falamos mais uma vez do Brasil, em que um “é logo ali” corresponde por vezes a centenas e centenas de quilómetros. O transporte prolongado de muitas colónias sem arejamento pode resultar na morte de toda a carga.
O Carlos apresenta-nos então um conjunto de técnicas e equipamentos que permitem um transporte longo, demorado e seguro, quer para a carga quer para as próprias abelhas.

Antes do transporte começa por substituir o tampo e a prancheta de cada colmeia por uma cobertura de “tela” rede mosquiteira, fixa com quatro ripas:

Com esta montagem (e não sobrepondo muitas colmeias), é possível fazer transumância para longas distâncias sem riscos de sobreaquecimento e morte de abelhas.

Agora um curioso modo de fixar a alça (melgueira) à caixa, para uma melhor estabilização da carga e sem que o conjunto se separe:

Para tal, usa-se um grampo com 5mm de diâmetro cujo formato podemos observar na próxima imagem e uma fita de 20mm de largura semelhante à dos cintos de segurança de um carro:

Depois de colocar a fita em torno da colmeia, unem-se as pontas e coloca-se o grampo:

O grampo deve sofrer uma rotação de 180º, e se por acaso escorregar e não esticar as fitas devem inverter-se as pontas da fita:

Na sequência, com o grampo, unem-se as fitas e gira-se 180º:

Em seguida, dão-se duas voltas com o grampo e faz-se um laço para maior segurança:

Finalmente, a colmeia está segura, arejada e pronta para a viagem:

Apesar de todos estes cuidados com a ventilação e arejamento das colónias a transportar, ainda há o cuidado, imagine-se, de deixar espaços entre filas de colmeias para passar uma mangueira com água para refrigeração das abelhas em dias de muito calor…

13 novembro, 2009

POESIA APÍCOLA

Como tristezas não pagam dívidas, fiquem hoje com estas "décimas" da autoria do Sr. José da Silva Máximo, grande mestre na arte de versejar e pai de um grande amigo (Fernando Máximo) a quem solicitei a obra, digam lá se não valeu a pena:

Voando de flor em flor
Fazem polinização;
Desse constante labor
Resulta a fecundação.


Numa caixinha quadrada
Que o homem lhe preparou,
Nela o enxame encontrou
Quadros com cera moldada;
Uma pequenina entrada
Evita algum predador,
Uma rampa tem valor
Para chegada e partida,
Quão é grande a sua lida
Voando de flor em flor…

Crescem a cera fazendo
Com arte e com perfeição
Os favos que mais não são
Que alvéolos que vão crescendo;
Com o mel os vão enchendo
O mel doce que nos dão,
Esses insectos que vão
Aqui e ali procurando
Nas flores sempre poisando
Fazem polinização.

São da colmeia ciosas
Se alguém as for atacar,
Não hesitam aplicar
As picadas dolorosas;
Não são nada carinhosas
Ao defender-se a rigor,
Desde manhã ao Sol por
Vão trabalhando a preceito,
E o homem tira proveito
Desse constante labor.

Há uma abelha rainha
Que é a que põe os ovos,
Logo dão enxames novos
Quando Abril se avizinha;
Procura nova casinha
Esses milhares que então
Dentro em pouco já irão
Trocando o pólen colhido
Nas flores que hão escolhido
Resulta a fecundação.

Autor: JOSÉ DA SILVA MÁXIMO/Santo António das Areias

12 novembro, 2009

“História” do Velho dos Cortiços Atrás da Colina…

É uma história triste mas verdadeira.
Aliás, é um paradoxo, uma história verdadeira sobre mentiras, desculpas e formas de “sacudir a água do capote”… conheci-a há uns anos atrás, e hoje continua tão actual como nesse data.
Foi nos meus tempos de técnico de apicultura. Sempre que visitava um apiário e encontrava demasiadas colónias mortas, ou sempre que um apicultor me relatava tal facto, a culpa nunca era dele.
Quer a colmeia morresse com Varroose, Loque Americana, Fome, Frio, falta de rainha, fosse o que fosse a culpa era sempre de um tal velhinho que tinha uns cortiços “ali para trás daquela colina”, “nunca os trata, tem para ali aquela porcaria ao abandono”, “é um foco de doenças e ninguém faz nada”…
Eu argumentava que de facto se podia fazer alguma coisa, ou se chamava a atenção ao tal “velhinho”, convidando-o inclusivamente para sócio da associação e… caso ele mantivesse tudo na mesma, se alertassem as autoridades oficiais.
A resposta – tipo do apicultor andava sempre à volta disto: “Ahhh, ele ainda é de família, ou já tem problemas que chegue, não vale a pena incomodá-lo, qualquer dia eu é que as mudo de sítio…
Passaram-se os anos e percebi que todas as terras e locais tinham um “velhinho – com – cortiços – abandonados – ali – atrás – da - colina…”.
Até ao dia em que não aguentei de curiosidade e resolvi ir procurar os ditos cortiços abandonados. Era uma injustiça, o apicultor cumpria com as obrigações, fazia os tratamentos e acabava por levar por tabela, com perdas nos efectivos, e o velho ainda se andaria a rir com isto tudo…
Com ou sem apicultor queixoso, foram vários os locais onde calcorreei covas e cabeços, vales e planícies e… nem um cortiço abandonado para amostra. Por vezes nem colina havia… o terreno era mesmo plano.
Amadureci e percebi que o “velhinho dos cortiços” era uma metáfora, ou se a gramática mo permite: uma treta. Boa parte das vezes o apicultor não tratava as colmeias, ou tratava tarde e mal, e as consequências eram óbvias.
Mas… é aqui que está o busílis, o ORGULHO em admitir a falha ou a preguiça “encalhada” no meio de tão doutos conhecimentos. Assumir as culpas era o último recurso, nem se colocava tal hipótese.
Hoje em dia, já não “engulo” a história do velhinho, mas também já poucos a usam. Agora há um “sacudidor de água dos capotes” muito mais eficaz: O Síndroma do Despovoamento de Colmeias.

O apicultor faz os tratamentos, as abelhas desaparecem e não deixam sintomas, é como um crime perfeito. “Está a ver? Nem sinais de Varroa, e Loque nem pensar, os quadros estão cheios de mel mas as abelhas desapareceram”, “fiz tudo como devia ser feito e olhe, veja por si próprio, nem uma abelha”.

Primeira ilação: O SDC mais que um problema é um alívio.
Se as abelhas morressem de Fome, Varroa, Loque ou outra moléstia qualquer: desatenção ou incompetência do apicultor, uma vergonha. Assim todos temos as mãos limpas, ninguém pode fazer ou ser acusado de nada.
Ao menos deixaram o “velhinho em paz”…
De há dois ou três anos para cá, só em Portugal, estão a morrer milhares de colónias de abelhas. Deixamos de culpar o velhinho, isentamo-nos a nós próprios das culpas, mas… o ORGULHO impede-nos de falar nestas coisas.
Carregam-se as colmeias vazias para o armazém e ninguém toca no assunto. Eu disse colmeias “vazias”? Nada disso! Elas vão é atestadas de traça. Maldita praga, apesar das baixas temperaturas ocupam a totalidade dos quadros abandonados em menos de uma semana.

Porque razão os apicultores não comunicam estas baixas às entidades oficiais? Directamente, via associação ou via Federação?

Recentemente consegui saber que grande parte dos apicultores da região, e doutras regiões, apicultores com mais de 200, 300 e até 500 colmeias já perderam mais de metade dos efectivos. Soube-o em grande segredo, com garantias de não revelar os lesados. Não fossem as respectivas famas de grandes abelheiros sofrerem uma beliscadura.
Há um que posso revelar a entidade, o “Mestre Pífano”, como já me chamam no blog, tinha 86 colmeias no fim de Setembro. Anteontem tinha 61, e ainda a “Procissão vai no Adro”, mais de 70% dos meus efectivos estão com menos de cinco quadros ocupados.
Tratei com acaricidas, não encontro uma Varroa nem para uma mesinha, e o que vejo é aterrador. Já vou na terceira sessão de alimento artificial (com características de estimulante, apesar da estação do ano) e nem isso as parece animar. Há alimentadores que nem foram visitados.

No Verão de 2003 morreram milhares de colmeias com a vaga de incêndios. Depressa e bem foram accionados mecanismos de ajuda aos apicultores para reposição dos efectivos.
Acredito que as baixas causadas pelo SDC (?) já ultrapassaram ou vão ultrapassar em muito os números de 2003. Mas parece que ninguém quer reparar nisso.

Já alguma associação se lembrou de contabilizar as baixas entre as colónias de todos os associados? De o comunicarem à Federação para que por sua vez informasse a DGV?
Que me tenha chegado aos ouvidos: nada!
E isto é de lei, quando há uma alteração superior a 20 colmeias nos efectivos deve ser feita uma nova Declaração de Existências de Apiários…

Surge um foco de Língua Azul, Febre Aftosa, Brucelose ou outra maleita qualquer nas cabras, vacas ou ovelhas e todos os telejornais abrem com essa notícia. A não ser que o Cristiano Ronaldo seja considerado mal empregue para jogar na selecção, ou os amigos do nosso primeiro-ministro cometam uma argolada.
As raras reportagens em que se falou na “eventual” mortalidade exagerada de colmeias, concluiu-se que não passavam de números dentro da normalidade. Nada havia a recear.

As características climáticas deste ano, associadas às do anterior, que também não foi famoso, apontam para tremendas baixas nos efectivos apícolas. Que aliás, já se estão a verificar e ainda o pior está para vir.
Mas ninguém repara nisto? Não se contabilizam as baixas? Os prejuízos? E as Zonas Sanitárias Controladas? Têm alguma alínea que previna esta situação? E o Programa Sanitário? Esse mito, sempre é o desejado D. Sebastião que o vai trazer?

Caros amigos, no próximo fim-de-semana realiza-se o Fórum Nacional de Apicultura, espero encarecidamente que alguém tenha a coragem de tocar a sério no assunto. Caso não se tome nenhuma medida séria, eu deixo uma sugestão:

Talvez as abelhas desaparecidas se tenham refugiado nos cortiços do tal velhinho, aqueles abandonados atrás da colina…

11 novembro, 2009

Flora Apícola: O Capixingui - BRASIL

Imagens de um tipo de flora apícola quiçá desconhecido na Europa. Fotos enviadas pelo amigo Carlos Correa de Guarulhos – SP BRASIL.
Não vou fazer grandes comentários às imagens, elas falam por si, e de que maneira…
Só faço votos para que as gerações vindouras não precisem do montedomel para as ver, antes as possam sempre admirar ao vivo. Sinal que essa floresta maravilhosa continua de pé e com saúde.
Não consigo ficar indiferente quando me refiro à floresta tropical, creio que ninguém consegue…