25 outubro, 2016

Avis mellífera 2016

Sim! Haverá Avis mellífera este ano!!!

PROGRAMA das IX Jornadas Técnicas Apícolas Avis mellífera

É com orgulho que a ADERAVIS – Associação para o Desenvolvimento Rural e Produtos Tradicionais do Concelho de Avis vai realizar a IX edição das Jornadas Técnicas Apícolas Avis mellífera 2016.

Mais uma vez contamos com a participação de largas dezenas de apicultores, técnicos, dirigentes associativos e outros agentes do sector oriundos de todo o país. Vamos mais uma vez tentar que a Festa da Apicultura esteja ao nível das edições anteriores e se possível ainda melhor.

Para isso optamos uma vez mais por um programa diferente, por abordar assuntos apícolas dos quais se poderia dizer: tudo o que você queria saber sobre (…) e nunca ousou perguntar. Assuntos menos óbvios e talvez por isso muito interessantes…

Este ano o evento terá lugar no Salão da Junta de Freguesia de Avis, no Sábado 10 de Dezembro de 2016, com o seguinte programa e horários:

09:00 Horas - Recepção dos Participantes

09:30 Horas – Workshop

Higiene e Segurança no Trabalho Apícola - Eng.º José Joaquim Gardete

Dores musculares, entorses, fracturas, ciáticas, infecções, picadas, choque anafilático, intoxicações alimentares e incêndios, entre muitos outros riscos.

Haverá actividade mais perigosa que a apicultura?

Ou melhor, seguindo as regras de Higiene e Segurança no Trabalho Apícola conseguiremos evitar a maioria dos perigos da anterior “lista negra”? O Eng.º Gardete irá instruir-nos como tão bem o sabe fazer!

12:30 Horas - Almoço Organizado * no Restaurante O Clube Náutico

14:30 Horas – Colóquio

Moderador: Eng.º José Joaquim Gardete

Saudação – Direcção da ADERAVIS, Município de Avis, J. Freguesia de Avis

Tema 1 – O Mel e o Movimento Slow Food

Eng.º Victor Lamberto, Movimento SLOW FOOD INTERNACIONAL

Em contracorrente com os actuais (maus) hábitos alimentares, numa época em que o tempo escasseia para tudo, uma forma diferente de estar na alimentação – o Movimento Slow Food Internacional.
É legítimo perguntar se o mel e demais produtos da colmeia serão dignos de figurar nas iguarias desta nova filosofia de vida. Estamos certos que sim, as práticas milenares e saudáveis associadas ao labor das abelhas e dos apicultores decerto que justificarão esse estatuto aos produtos apícolas.

Tema 2 – O Património Apícola Cerieiro na Península Ibérica

Doutor Damián Copena, UNIVERSIDADE DE VIGO

Quem já ouviu falar em Lagares de Cera e em Eiras de Cera? Para que serviam? Ainda existem? Onde os podemos encontrar?

Um património que passa despercebido à maioria dos actuais apicultores, estruturas ancestrais ligadas ao sector apícola e que em tempos foram de grande importância no processamento da cera de abelha para o fabrico de velas, mobiliário e para muitas outras aplicações.

Tema 3 – A Abelha Ibérica, a Buckfast, a Ligustica, a Carnica…

3a - Conservação e Melhoramento Genético da Abelha Ibérica – Eng.º João Tomé – VALE DO ROSMANINHO

3b - As abelhas Buckfast e Ligustica  - Sr. António Patrício – APIGUARDA

Há muito que se fala nos prós e nos contras da importação das chamadas “abelhas exóticas”. Cada vez há mais adeptos da criação destas abelhas de temperamento dócil, sejam elas as Ligusticas, as Carnicas ou as Buckfast.

Serão essas abelhas realmente “exóticas”? Não são elas também oriundas do continente europeu? Não terão características suficientemente importantes para que as possamos utilizar nas nossas explorações?

E como ficará o pool genético da Apis mellífera iberiensis? Estaremos a evoluir para um híbrido descaracterizado e resultante de uma amálgama de genes ao sabor dessas importações?
Aguardemos pelo debate...

Debate

18:00 H - Encerramento das Jornadas Técnicas Apícolas Avis mellífera 2016

* O Almoço terá lugar pelas 12:30 horas no restaurante O Clube Náutico, em Avis, terá o custo de 12,00€/pessoa e constará de: Sopa + Febras de Porco Preto com Migas Alentejanas e ou Batatas Fritas, + Bebidas + Sobremesa e Café.


ATENÇÃO: Apesar de não ser necessária inscrição para as jornadas Avis mellífera, todos os interessados em participar no almoço organizado deverão inscrever-se até ao dia 2 de Dezembro de 2016 através do Email: montedomel@gmail.com

24 outubro, 2016

Turismo Rural Descaracterizado

Por António Marques

Recentemente fiquei, juntamente com a minha família, hospedado num alojamento de turismo rural na região do Oeste, concelho de Alcobaça.

Um empreendimento bastante agradável com uma classificação de “Fabuloso” nos sítios da internet utilizados para fazer reservas.
Como sabemos o turismo rural é uma modalidade de turismo cujo objetivo é permitir aos hóspedes um contato direto e genuíno com a natureza, com as tradições locais e também com a agricultura constituindo uma atividade geradora de desenvolvimento económico para as zonas rurais. Tudo isto num ambiente rural e familiar.
Portanto, não estamos à espera de encontrar num empreendimento desta natureza gastronomia estrangeira ou, neste caso, produtos alimentares que não sejam nacionais.
Infelizmente, neste caso, encontrei no pequeno-almoço algo que me surpreendeu, e muito, pela negativa e que manchou desnecessariamente a classificação que atribuí ao empreendimento quando me foi solicitada.
Um pequeno-almoço “normal” para este tipo de alojamentos: Pão, “croissants”, compotas nacionais, manteiga nacional, etc. A partir do momento que me apresentam MEL estrangeiro e por sinal de qualidade duvidosa e incerta deixou de ser um pequeno-almoço normal, obviamente tendo em conta o espaço onde me encontrava.

É nosso dever – como portugueses – promover e defender o que é nosso e, como já referi, um turismo com estas características ainda mais a isso é “obrigado”.
Apresentam ao pequeno-almoço Mel Granja de São Francisco, um produto que não é Português e como sabemos de origem incerta. Observando o rótulo não temos possibilidade de saber a sua proveniência, ou seja, é impossível fazer a sua rastreabilidade.

Enviei uma mensagem ao empreendimento a chamar atenção e a explicar os motivos porque deveria optar por MEL nacional.
Foi explicado aos proprietários que, no rótulo desse produto vão encontrar escrito “mistura de méis CE e não CE”, o que quer dizer que pode ter de tudo no interior daquele frasco. Por exemplo se “misturarmos 200g de um excelente mel nacional num depósito com várias toneladas de mel oriundo do Sudoeste Asiático ou da África Sub Saariana, já o podemos rotular com a desdita “mistura de méis CE e não CE”. A legislação nem sequer obriga a mais - está em conformidade”.
Normalmente ou quase sempre, excetuando o mel Granja de São Francisco, os méis “mistura de méis CE e não CE” são vendidos a preços muito baixos por serem provenientes de regiões onde os custos de produção são mínimos. A saber, condições higiosanitárias muito precárias e as abelhas são sujeitas a tratamentos extremamente violentos com antibióticos e acaricidas. Como facilmente se percebe o produto final não pode ter qualidade porque seguramente existirão resíduos das substâncias referidas.
A título de exemplo, em 2003 a DECO – Teste Saúde - testou várias amostras de mel e detetou presença de medicamentos em cerca de metade das amostras. Entre elas – quase todas de misturas de méis CE e não CE - encontrava-se o mel disponibilizado na unidade turística referida que para agravar a situação ainda continha um antibiótico proibido para uso veterinário na União Europeia, o Cloranfenicol.

Como facilmente se percebe é sempre melhor optar por algo nacional e de proveniência conhecida.
Suponho, que neste caso o tipo de embalagem utilizada pela marca adquirida teve influência na compra. No mercado nacional já existem embalagens que permitem uma utilização do MEL mais controlada e adequada para este género de situações.

Aqui temos duas hiperligações onde poderemos consultar os resultados dos testes efetuados pela DECO em 2003.



Infelizmente no nosso país o consumidor não está devidamente informado sobre as características dos produtos alimentares que consome e a maior parte das vezes é levado, por razões óbvias, a adquirir o mais barato.
Nas superfícies comerciais do nosso país, grande e pequenas, encontramos uma variedade imensa de méis de origem desconhecia ao preço da chuva.

António Marques – Terceira - Açores

14 setembro, 2016

I Passeio da Flora Apícola ADERAVIS

I Passeio Pedestre da Flora Apícola ADERAVIS, integrado na Caminhada Anual nos Covões.
O Passeio terá lugar no Sítio de Covões, freguesia de Alcórrego.

A Concentração será às 09:00 Horas do dia 25 de Setembro de 2016 (Domingo) frente à Junta de Freguesia do Alcórrego. O percurso terá cerca de duas horas de duração e é considerado de dificuldade média.

Mais Informações e Inscrições no DDSCT do Município de Avis - 242410088


01 setembro, 2016

Venda de Material Apícola

Avis - Material em muito bom estado, motivo da venda: fim de actividade.

22 agosto, 2016

Sociedade dos Apicultores de Portugal - II Jornadas Apícolas

SEGUNDAS JORNADAS APÍCOLAS
SOCIEDADE DOS APICULTORES DE PORTUGAL – PARQUE FLORESTAL DE MONSANTO
   
 PROGRAMA PROVISÓRIO 

 9.00 horas – Abertura do secretariado 

10.00 horas – Abertura da sessão -  Sociedade dos Apicultores de Portugal – Parque Florestal de Monsanto
Moderador – Eng. João Casaca

10.20 horas –  Agrupamento de Escolas Conde de Oeiras: Projecto Educativo -  parte II – Dr. José  Baptista 10.45 horas –  Apitoxina:  Produção e Comercialização – Dr. Daniel Cardozo

11.10 horas – Intervalo para café

11.30 horas – As Abelhas no Mundo – Dr. Joaquim Pífano 

11.55 horas – A Apicultura na Rússia – Eng. Afonso Silva  

12.20 horas – A Apicultura no Magrebe – Dr. Yousef El-Amine

12.45 horas – Intervalo para almoço

15.00 horas – O Mel e a Culinária – Chefe Andreia Lima , Chefe Carolina Abelho

15.20 horas – Os Produtos da Colmeia e Sua Utilização – Engª. Andrea Chasqueira

15.45 – Intervalo para café

16.10 horas – O Associativismo Apícola na Região Autónoma dos Açores – Prof. Sieuve de Menezes  ( ? )
16.40 horas – Vespa Velutina. Chegou a nossa vez – Drª. Maria José Valério

17.10 horas – Alimentação e Suplementação em Apicultura – Eng. José Serranito

17.30 horas – Encerramento dos trabalhos 

Para mais informações:
Tm: 961 168 983 I E-mail: sap1951sap@gmal.com                       
Inscrições: Centro de Interpretação de Monsanto                          
Estrada do Barcal, Monte das Perdizes – 1500-068 Lisboa
Tel.: 218 170 200 I E-mail: monsanto@cm-lisboa.pt

29 julho, 2016

Vamos Crestar os Ninhos ???

 
Vamos crestar os ninhos?

Dito assim de chofre soa a estranho, um autêntico paradoxo, não só pelo risco do mel com resíduos de medicamentos, como pelo facto de saquearmos as reservas estratégicas da colónia.
No entanto não é nada disso que vamos tratar nesta experimentação, nem o mel dos ninhos se destinará à alimentação humana nem tão pouco as abelhas vão ficar desprovidas de reservas.

OS FACTOS…

Todos os anos na Primavera aumentamos os efectivos desdobrando as colónias pré-existentes. O processo utilizado (numa descrição simplista) é o habitual: dividir os dez quadros da colmeia original por duas colmeias e completando os espaços vazios com lâminas de cera moldada.

Na colmeia que fica com a rainha, regra geral, os cinco quadros de cera moldada são “puxados” numa ou duas semanas e preenchidos regularmente com criação e algumas reservas, mas sobretudo com criação.

na colmeia que fica órfã, independentemente de lhe adicionarmos ou não um alvéolo real ou mesmo uma rainha virgem, há um intervalo de tempo sem qualquer postura que pode ir de quinze dias até quase aos dois meses (como estranhamente se verificou este ano), mas a média de tempo normalmente ronda as cinco ou seis semanas.

Durante esse período, nas colmeias com estas características, os quadros de cera moldada são puxados e preenchidos com néctar cuja rapidez depende da quantidade de abelhas aí colocadas, bem como da disponibilidade de néctar no campo.

Como normalmente provimos a colmeia órfã com muitas abelhas adultas e criação, e fazemos os desdobramentos na Primavera, o enchimento da totalidade dos quadros com néctar é muito rápido.

Dependendo dos anos, nas colmeias que ficaram com rainha, sobretudo nas que não foram desdobradas, pode verificar-se (e normalmente verifica-se) alguma incidência do fenómeno da enxameação. Pela mesma ordem de ideias, verificadas na prática, também estas colónias passam por um período de quatro ou cinco semanas sem que haja qualquer postura, o que leva a que as obreiras ocupem todos os quadros e alvéolos disponíveis com néctar, dado que:

a) Há imensa floração nesta data

b) Não há rainha em postura para competir com as obreiras na utilização dos alvéolos.

c) Toda a criação acabou por emergir dos alvéolos, disponibilizando novo espaço e libertando as amas e abelhas mais maduras para colectarem maior quantidade de néctar, até porque o seu consumo diminuiu bastante na colmeia pelas mesmas razões.

O PROBLEMA…

Mais tarde ou mais cedo, se as coisas não correrem mal, as rainhas acabam por emergir dos alvéolos reais, fazem o voo nupcial e iniciam a almejada postura. Mas iniciam-na com muita dificuldade visto que o espaço disponível é pouco (ou nenhum).

Excesso de reservas de mel e pólen nos ninhos, dificultando ou impossibilitando a postura da rainha.

Algum tempo antes de isso acontecer é habitual as abelhas desbloquearem os alvéolos removendo o mel armazenado numa área em forma de “disco” com cerca de dez centímetros de diâmetro, na zona central do quadro. Muitos apicultores já se habituaram inclusivamente a “prever” o início da postura da nova rainha, sem remexerem os quadros todos (o que é contraindicado nessa fase), mediante a observação desses “discos” de alvéolos vazios e com um aspecto polido e brilhante.

Apesar desse esforço das obreiras em disponibilizarem espaço para a postura da rainha, muitas vezes tenho observado em inspecções às colmeias no fim da Primavera, normalmente no pós-cresta, uma área mínima de criação, associada a ninhos extremamente pesados pelas imensas quantidades de mel armazenado.

Como temos por hábito (e por possibilidade) a deslocação das colmeias para a floração de Verão, surgem-nos dois problemas:

a) Ninhos (Lusitanos) demasiado pesados para o transporte, o que sempre se ressente na “estrutura” do apicultor…

b) Colmeias deficientemente povoadas quer pelo período sem rainha, quer pela dificuldade de postura por falta de espaço, numa fase em que a população é extremamente necessária para as florações que se aproximam.

 c) O terceiro problema (numa série de dois) nunca augura nada de bom… mas ele poderá existir, fica à vossa consideração e critério. Mas não lhe chamemos para já um problema, será antes uma dúvida sobre a qual gostava que refletissem:

Será que as rainhas novas impossibilitadas de fazerem uma postura regular e abundante, por causa da indisponibilidade de espaço, não poderão ser erradamente “consideradas” pelas obreiras como “rainhas deficientes” e como tal sujeitas a eliminação ou substituição?

Por esta ou por outras razões, talvez até por serem rainhas de emergência devido ao método de desdobramento utilizado, rainhas biologicamente imperfeitas, com ovários menos desenvolvidos, será por isso que são frequentemente substituídas?

No entanto, também observo tais substituições nas colmeias (não desdobradas) que enxamearam e essas não serão decerto “rainhas de emergência”, fica a dúvida.

Em todo o caso resolvemos agir proactivamente no sentido de resolver os três problemas anteriores de uma assentada:

UMA HIPÓTESE DE MANEIO…

Será que crestando os ninhos antes da floração de Verão, a rainha irá aproveitar o espaço para ampliar suficientemente a área de postura e com isso aumentar muito a população para a nova colheita? Tal como ainda “dar provas” da sua vitalidade e impedir que a substituam?
Ou as obreiras vão mandar o nosso trabalho extra “por água abaixo” e voltam a bloquear o ninho com néctar?

Quadros do ninho a que se extraiu o mel, prontos a serem reintroduzidos nas colmeias.

a) O primeiro desafio será ganho por nós sem qualquer dúvida: diminuiremos significativamente o peso dos ninhos para a transumância!

b) Dependendo das regiões e das florações, a rainha poderá ou não ter estímulo para encher de ovos os quadros de cera puxada que desta feita lhe disponibilizamos. Se não “sentir” esse estímulo sempre podemos fazer batota e adicionar alimento estimulante…

c) O facto de as obreiras voltarem, ou não, a bloquear os quadros de cera puxada com néctar dependerá da flora disponível. Por aqui sempre temos cerca de um mês a seis semanas de intervalo entre a cresta de Primavera e a Melada de Azinho ou a floração do Cardo de Abelha…

ATENÇÃO: Reparem que eu sublinhei na hipótese acima a expressão: “antes da floração de Verão”:
O método proposto na presente experimentação sobre a Cresta dos Ninhos poderá ser deveras arriscado nalgumas regiões. Tal só deverá ser praticado se, e apenas se, tivermos a garantia de uma floração abundante para breve!

Em todo o caso, se a experiência correr mal, sempre temos armazenado o mel que “saqueamos” aos ninhos e que lhe podemos devolver em caso de fome…

O PROCEDIMENTO…

O habitual em qualquer cresta, apenas nos temos de preparar para manusear e transportar quadros quatro ou cinco vezes mais pesados que os das alças…

O acto da cresta é determinante em todo o processo, nomeadamente a decisão de quantos e quais os quadros a retirar sem com isso afectar demasiado a fisiologia da colónia.

Na imagem de cima: retirar o excesso de quadros com reservas e rearranjo dos quadros de criação na posição central da colmeia.
Na imagem de baixo: preenchimento dos espaços vazios (entre a criação e as reservas) com quadros de cera puxada, ou seja, a que se extraiu o mel...

Devemos deixar pelo menos dois quadros de reservas. Até podíamos reduzir este número mas poderá ser arriscado nalgumas regiões.

Aproveitamos o rearranjo de quadros no ninho para juntar todos os que têm criação ao centro e deixar os quadros com reservas nas extremidades.

Os espaços vazios, que ficarão após a cresta do ninho, entre a criação e as reservas, serão o mais breve possível ocupados pelos quadros de cera puxada, uma vez extraído o mel.
Podíamos optar também por intercalar alguns quadros de cera puxada entre os de criação, aproveitando a “esfera de calor” para que a rainha aumente ainda mais a área de postura, mas acho o pormenor pouco relevante, que fique ao critério de quem queira experimentar.

Não é demais recordar que os espaços vazios deverão ser ocupados por quadros no período máximo de 48 horas, caso contrário as abelhas erigirão favos naturais.

Na sequência de imagens acima podemos ver como os quadros recém crestados, lambuzados de mel, são apetecíveis para as abelhas que os ocupam imediatamente...

Uma vez extraído o mel aos quadros do ninho é guardado em vasilhas próprias, neste caso utilizei garrafões de plástico reciclados, e mais tarde (fim do Verão e ou Inverno) é devolvido às colmeias sob a forma de alimento artificial, diluído em água ou concentrado com açúcar, consoante queiramos estimular a postura ou apenas manter a população.

É importante identificar bem esse vasilhame para evitar que tal mel, inadvertidamente, vá parar a embalagens de mel… biológico…, ou a outros mercados para consumo humano. Tal como é também importante, findo o processo, higienizar todo o equipamento da melaria implicado na extracção deste mel.

OS RESULTADOS…

A maioria dos quadros de ninho com reservas que sujeitei a este processo, sobretudo nas colónias mais populosas, encontravam-se repletos de criação, o que foi bastante encorajador visto que era esse o objectivo da experiência.
Veja-se o exemplo na imagem seguinte, obtida duas semanas após a “cresta” dos ninhos:


AS CONCLUSÕES…

Parece-me bastante proveitoso este tipo de maneio, na medida em que com um pouco de trabalho suplementar conseguimos desbloquear os ninhos, ou pelo menos acelerar bastante esse desbloqueio, proporcionando espaço de postura à rainha, aumentar a população e manter as reservas mobilizadas em acção de as devolver à colónia quando forem necessárias.

No entanto, convém observar e ponderar sobre outros factores e aspectos a ter em conta por quem venha a optar por um maneio semelhante:

1. Se bem que não seja o aspecto mais grave, isto é mais uma artificialização a somar à longa lista que infelizmente já caracteriza o sector…

2. Como já foi referido, e não é demais recordar, tal acção só se justifica quando há a garantia de fortes entradas de néctar a curto prazo. Caso contrário não só não vale a pena incrementar o aumento da população antes de uma estação sem flores, tal como corremos o risco de enfraquecer irreversivelmente as colónias.

3. Se por qualquer razão climática ou de maneio as colónias apresentarem sete ou oito quadros de criação, também não se justifica tal acção. No presente caso apenas o fizemos pelo facto de os ninhos estarem bloqueados por excesso de reservas e isso constituir um impedimento à postura da rainha.

4. A remoção do mel dos ninhos deverá ser feita antes da transumância, não apenas lhes reduzimos o peso, com fortes benefícios para quem com elas carrega, como ainda providenciamos mais espaço para que as abelhas se acomodem durante o transporte, diminuindo o risco de esmagamentos.

5. A gestão correcta dos méis extraídos neste processo poderá resultar numa economia em termos de alimentação artificial na estação fria, podendo até significar a diferença entre o colapso e a sobrevivência de algumas colónias.

6. Ficará a dúvida apresentada mais atrás, mas se esta acção estimular a rainha para maiores posturas, poderá evitar a sua substituição pelas obreiras e neste caso desnecessária…

7. Oportunidade para substituir alguns quadros com cera demasiado velha e ou bloqueada de pólen.

8. Atenção ao acto de “crestar os ninhos”, nomeadamente a remoção das abelhas que estão nos quadros, pois nesta cresta em particular é possível que uma dessas abelhas seja a rainha…

9. Com tal medida também evitaremos ou diminuiremos bastante a postura da rainha nas alças.

10. (…)

Um forte abraço para todos aqueles que continuam a manter e a disseminar abelhas pela Natureza!
Joaquim Pifano

13 junho, 2016

4ª Sessão de Esclarecimento - Vespa velutina - Cooperativa Terra Chã - Rio Maior

É já no próximo dia 26 de Junho, pelas 14:30 horas nas instalações da Cooperativa Terra Chã, em Chãos - Rio Maior

11 maio, 2016

3ª Sessão de Esclarecimento - Vespa velutina - Portalegre

A 3ª Sessão de Esclarecimento sobre a Vespa velutina terá lugar no dia 22 de Maio de 2016 (Domingo), pelas 14:30 horas no Auditório do Museu da Tapeçaria de Portalegre Guy Fino.

Programa:

14:30 H - Sessão de Abertura 
(QUERCUS e ADERAVIS)

15:00 H - Colóquio

Eng.º Luís Lourenço (ADERAVIS)
Novas Ameaças às Abelhas

Eng.ª Dulce Alves (APILEGRE)
Apicultura em Modo de Produção Biológico

Eng.º Miguel Maia (APISMAIA)
Vespa Asiática (Vespa velutina)

16:45 H - Debate
17:30 H - Sessão de Encerramento

01 março, 2016

Polinizadores - Sessão de Avis (14-02-2016)

Sessão “Polinizadores, Apicultura e Espécies Exóticas” – 14 de Fevereiro de 2016, Avis

A Quercus, em parceria com a ADERAVIS, e com o apoio do grupo Jerónimo Martins, tem vindo a realizar um Ciclo de Sessões de Esclarecimento no Alentejo, subordinado ao tema “Polinizadores, Apicultura e Espécies Exóticas”.

O objectivo destas sessões é alertar a opinião pública, as autoridades competentes e os agricultores/apicultores em particular, para os perigos que a introdução de espécies exóticas pode ter no equilíbrio dos ecossistemas. Actualmente, a apicultura vê-se confrontada com as abelhas ameaçadas por novos predadores como a Vespa-asiática (Vespa velutina) e novas doenças que afectam as explorações apícolas, ambas com impactes quer na biodiversidade, quer na economia e na produção de boa parte dos alimentos que nos chegam à mesa.

Assim, decorreu em Avis, no dia 14 de Fevereiro de 2016, no Salão da Junta de Freguesia desta vila, uma sessão de esclarecimento que contou com a presença de cerca de 50 pessoas entre apicultores, técnicos, dirigentes associativos e outros interessados e amigos das abelhas. O evento teve como oradores técnicos credenciados na área, nomeadamente o Eng.º Paulo Ventura, o Eng.º Paulo Varela e o Eng.º Miguel Maia, e contou com a presença do Dr. Nuno Silva, Presidente da Câmara Municipal de Avis na abertura da sessão.

Ao longo de cerca de 4 horas foram abordados temas como as Novas Ameaças às Abelhas, a Polinização e a Biodiversidade e a Vespa-asiática (Vespa velutina). No final da sessão foi realizado um debate muito participado, onde todos tiveram oportunidade de colocar as suas dúvidas e dar a sua opinião, e ficou claro que esta é uma região onde a apicultura e os polinizadores têm sem dúvida um papel muito importante e que é necessário continuar a apostar em novas formas de defender este património. 


17 fevereiro, 2016

2ª Sessão de Esclarecimento - Ferreira do Alentejo

A QUERCUS em parceria com a ADERAVIS e com o apoio do grupo Jerónimo Martins, do Município de Ferreira do Alentejo e do Grupo de Amigos Apicultores APIFERREIRA, vão realizar a segunda Sessão de Esclarecimento desta vez em Ferreira do Alentejo subordinado ao tema: Polinizadores, Apicultura e Espécies Exóticas
O evento decorrerá às 14:30 horas do dia 28 de Fevereiro de 2016, Domingo, no Centro Cultural Manuel da Fonseca.

É objectivo da organização alertar a opinião pública, as autoridades competentes e os agricultores/apicultores em particular, para os perigos que a introdução de espécies exóticas pode ter no equilíbrio dos ecossistemas. É neste quadro que actualmente se encontra a apicultura, com as abelhas diariamente ameaçadas por novos predadores como a Vespa velutina e novas doenças que tanto afectam as explorações apícolas, ressentindo-se estes efeitos quer na biodiversidade quer na economia e na produção de boa parte dos alimentos que nos chegam à mesa.

Por estas razões a QUERCUS e a ADERAVIS convidam todos os apicultores, técnicos, dirigentes associativos e demais interessados e amigos das abelhas a participarem neste ciclo de colóquios e debates…

A participação é gratuita e não necessita de inscrição prévia!

PROGRAMA:

14:30 – Sessão de Abertura - Quercus, ADERAVIS, Município de Ferreira do Alentejo, Grupo de Amigos Apicultores APIFERREIRA.

15:00 – Eng.º Luís Lourenço - ADERAVIS, Novas Ameaças às Abelhas, onde será abordada a problemática das novas moléstias que poderão chegar ao território nacional como a Aethina thumida e o ácaro Tropilaelaps. Outros assuntos como os polémicos OGM’s e os pesticidas à base de neonicotinóides caberão também neste tema.

15:30 – Eng.º Osvaldo Silva - APIGUADIANA, Polinização e Biodiversidade, um dos mais importantes e simultaneamente menos conhecidos e utilizados serviços prestados pelas abelhas. Os benefícios para a apicultura, agricultura e para o ambiente de uma prática que se deseja cada vez mais divulgada entre os apicultores.

16:00 – Intervalo

16:15 – Eng.º Tiago Moreira - APICAVE, A Vespa velutina, Um dos temas fulcrais deste ciclo de debates, um assunto que há muito circula nos meios de comunicação, suscita tantos receios e sobre o qual ainda restam muitas dúvidas. Ainda não é um problema no Alentejo, mas pela forma e velocidade com que esta espécie exótica invasora se tem dispersado a partir do Norte de Portugal, poderá chegar a curto prazo a esta região.

16:45 – Debate

17:30 – Sessão de Encerramento

11 fevereiro, 2016

Patagónia, Apicultura do Fim do Mundo

Fui para a Patagónia

Foi com um telegrama assim, dramático e lacónico, que Bruce Chatwin mandou o resto do mundo à fava e se refugiou por uns tempos nas planuras sem fim dessa região do globo. Também nós fomos para a Patagónia de Chatwin, sobretudo para a Patagónia de Luís Sepúlveda e diga-se que nunca tínhamos ido tão longe na vida…

Esta viagem começou a ser desenhada há mais tempo, mas em 2013 reparei que um dos seguidores do Montedomel era um apicultor chileno, da Patagónia, e isso acabou por ser a faúlha que incendiou a nossa decisão de partir para o Fim do Mundo. Trocamos uns mails com Bruno Fierro (Colmenares Fierro de Purranque) e ficamos a aguardar pela oportunidade de ir, oportunidade que se proporcionou em finais do ano passado.

O percurso começou em Buenos Aires na Argentina e terminou em Santiago do Chile, pelo caminho cruzamos e visitamos lugares míticos entre os Paralelos 42 e 55, como Puerto Madryn, Trelew, Rio Gallegos, El Calafate, Glaciar de Perito Moreno, Puerto Natales, Torres del Paine, Punta Arenas no Estreito de Magalhães, Ushuaia na Terra do Fogo, Puerto Montt, Ancud e Castro na Ilha de Chiloé, Osorno e Purranque. Avançamos pela América do Sul até haver terra firme, estivemos pertíssimo do Polo Austral, mas a ausência de transportes públicos até lá demoveu-nos de ir mais longe…

Alguns dos meus desenhos nos Cadernos de Viagem...

Foi uma viagem de grandes números: cerca de 30.000 Km entre a saída e a chegada a casa, dos quais 8.600 Km de autocarro pelas pampas, colinas e vales da Patagónia, 8.140 Km só nos percursos entre as principais cidades.

Nos principais percursos de autocarro consumimos cerca de 120 horas, o equivalente a cinco dias distribuídos entre várias viagens de 12 e de 20 horas, e uma delas de 34 horas, entre outras menores… foi duro, extremamente duro, mas valeu cada segundo gasto e cada metro percorrido.

Chegamos a Osorno ao 20º dia de viagem e depois de tantos quilómetros e noites pouco e mal dormidas, a vontade de cumprir com mais uma “Apireportagem” era mínima. Apesar de serem apenas duas pequenas deslocações de cerca de 40 km cada, implicava fazer o reset das ideias nómadas que me iam na cabeça e voltar a instalar o software apícola para esse efeito… 
Mas as “Apireportagens” que começaram em Outubro de 2009 no Camping de Cerdeira no Gerês, quando o Sr. Pires nos ensinou a fazer as Corpelas para os Cortiços, tornaram-se uma tradição nas nossas viagens e a Patagónia não iria ser uma excepção.

Por volta das 14:00 horas locais chegamos à pacata localidade austral de Purranque, um aglomerado simétrico e colorido de pequenas casas em madeira e metal, mas muito ordenadas e jardinadas. Tinha enviado um mail ao Bruno Fierro na noite anterior a confirmar a nossa visita, mail que ele não recebeu conforme mo disse mais tarde. O último mail que recebera tinha sido enviado uns meses antes e esta falta da minha responsabilidade, mais não se deveu que às tremendas dificuldades logísticas que uma viagem com estas características costuma trazer: nós não conseguíamos prever com mais de 24 horas onde e em que dia chegaríamos a cada lugar, nem tão pouco se chegaríamos…

Mas estas andanças sempre se baseiam no factor sorte, pelo que nos preparávamos para ingerir umas ubíquas e nutritivas costeletas com puré de batata, num restaurante da Plaza de Armas, quando fazendo uso das mesmas capacidades que permitem a dois anões reconhecerem-se mutuamente numa multidão, eu também reconheci o apicultor Bruno Fierro, de relance e a passar na rua, ou não fosse ele vestido com um macacão branco e polainitos…

Cumprimentamo-nos e conseguimos marcar uma hora ao fim do dia para trocar umas impressões e eu tirar umas fotografias a um apiário de criação de rainhas que ele tinha junto à sua casa. Foi o possível e foi uma sorte, que eu bastante agradeço ao Bruno, pois ele andava ocupado com dois clientes a visitar apiários no campo e nós tínhamos já marcada uma longa deslocação para essa noite.

Quando chegamos ao apiário do Bruno, nunca mais me esqueço, andava ele com os seus clientes Jorge e Joana, jovens apicultores de Rio Negro, a inspeccionar os alvéolos reais numa enorme colmeia criadeira de rainhas. De máquina fotográfica em punho, a minha primeira preocupação foi inquirir sobre que raça de abelhas se tratava: híbridos de Abelha Negra Europeia com Ligústica e Carnica. Estávamos na América do Sul onde esta pergunta não é descabida, uns anos antes estive muito bem equipado a abrir colmeias com Abelhas Africanizadas em Manaus e foi o cabo dos trabalhos, enquanto hoje apenas envergava um fato de treino e um casaco polar…

Fiz um figurão, completamente desprotegido enquanto os apicultores abriam e fechavam colmeias, mas nunca cheguei a ser incomodado pelas abelhas que até me pareceram dóceis. Percorremos o colorido apiário de núcleos Langstrooth até ao fundo do quintal onde recentemente foi instalado um pequeno laboratório onde trabalham o Bruno e quatro investigadores/técnicos apícolas, pertencentes a outras tantas associações, num projecto em parceria com a Universidade de Los Lagos.

Já no gabinete de Bruno Fierro encetamos uma curta e informal conversa, onde lhe pedi que nos caracterizasse a Apicultura Patagónica, não esquecendo as duras e adversas condições climáticas que sempre afectam a região e que tanto dificultam a prática da apicultura.

O Bruno iniciou a sua actividade como apicultor em meados da década de 1990, sem qualquer referência apícola na família, referindo que a principal dificuldade para quem começa a ser apicultor na Patagónia é a inexistência de informação, nomeadamente livros sobre o tema, que se possam adaptar às características peculiares desta região. Região com Invernos longos e difíceis, temperaturas muito baixas associadas à queda de neve, ventos fortes durante quase todo o ano e outros factores que limitam a actividade. Passou por isso bastante tempo para conhecer os ciclos naturais da região, para adaptar a sua exploração a essas condições, mas ironicamente refere que essas mesmas condições climáticas estão a mudar drasticamente nos últimos anos, dificultando ou inviabilizando o que até então tinha dado como estável.

Este fenómeno tem afectado sobretudo a criação de rainhas, levando a taxas de sucesso muito baixas quando comparadas aos resultados de há uns anos atrás. Ultimamente, o período em que é suposto as rainhas saírem no voo nupcial para a fecundação natural tem coincidido com chuvas fortes e temperaturas baixas.

A Colmenares Fierro dedica-se sobretudo a cinco sub-produtos dentro da actividade apícola:

1 - Fabrico e Comercialização de Colmeias, actividade que os tornou conhecidos dentro do sector em toda a Patagónia.

2 - Produção e Comercialização de Colónias de Abelhas, material genético seleccionado, como complemento da Criação de Rainhas.
3 - Serviços de Polinização, trabalhando apenas com uma empresa agrícola de produção de Mirtilo, o que lhes ocupa parte das colmeias durante dois meses, tempo que dura a floração.

4 – Serviços de Capacitação e Assessorias, estão agora a dar assessoria a um projecto da Universidade de Los Lagos, financiado pelo Governo Regional. Este projecto tem duas grandes linhas: Fomentar a Apicultura Orgânica (em Modo de Produção Biológico) e Seleccionar as linhagens genéticas melhor adaptadas ao clima do Sul do Chile, a partir de colónias de abelhas da região.

5 – Produção e Venda de Mel.

O Calendário Apícola do Sul do Chile:
O ano apícola na região de Los Lagos acaba e logo começa quase na mesma data, no mês de Abril, no fim do Verão patagónico, data em que aplicam os tratamentos contra a Varroose a que se segue um período de acomodação da colónias à invernada.

Tal como nós temos o “Verão de S. Martinho”, no Sul do Chile têm o “Verão de S. João”, em finais de Junho, que aproveitam para fazer a inspecção de Inverno às colmeias. É por esta data que nas abelhas melhor adaptadas à região as rainhas iniciam a postura, o mais tardar no início de Julho, e as não adaptadas só o fazem mais tarde. Quando a Primavera é íntegra, surgem os primeiros dias de Sol durante o mês de Agosto, verificando-se os primeiros fluxos de néctar, as colónias de abelhas iniciam então a actividade nesta fase, assim o clima o permita, frisou.

É só durante o mês de Setembro, coincidindo com as Festas Pátrias, que nas colónias mais desenvolvidas se começam a colocar as primeiras alças. Em Outubro já começa a designada febre de enxameação. Na exploração de Bruno Fierro esta característica comportamental tem sido gradualmente eliminada do pool genético das suas abelhas, uma vez que é considerada uma má característica. Em Novembro acentua-se o controlo de enxameação, visto ser neste mês que saem a maior parte dos enxames, torna-se por isso muito cansativo e desgastante para o apicultor.

Em Dezembro e ainda às voltas com o controlo da enxameação, começa a produção de mel de Canola (miel de Raps), comum e muito procurado na região, cujo fluxo de néctar bastante fomenta a tendência para as colónias enxamearem. No entanto tratando-se de um mel muito valorizado é por isso importante a passagem das colmeias por esta floração, sobretudo para os apicultores de média a grande dimensão.

Este mel pode ser aproveitado como primeira colheita, que chega a ser muito importante com produtividades de 20 a 30 kg e por vezes 50 kg, quando o clima o permite e nas melhores colónias. Já os apicultores do Norte apenas a utilizam para dimensionar as colmeias, para depois as levarem para as fontes de néctar nativas, nos bosques de montanha.

Quem não utiliza a floração da Canola sempre pode optar pela da Amora (Silvas) que foram trazidas pelos colonizadores europeus, alemães, para delimitar as propriedades e que se converteram numa praga, felizmente com boas produções de néctar. Segue-se também a “alfafa chilota”, mais comum em terrenos húmidos e também uma importante fonte de néctar da qual se chegam a colher méis monoflorais.

Abelhas num jardim em Santiago do Chile.

Em Janeiro colhem-se os méis multiflorais, genericamente conhecidos como méis de Primavera. É importante para os apicultores fazerem esta cresta no início do ano uma vez que isso lhes permite libertar as alças para a floração principal de Verão: a dos bosques nativos onde predomina o mel de Ulmeiro, creio que o mel melhor cotado e que chega aos 50 a 60 kg/colmeia. Estas florações estão disponíveis quer na cordilheira da costa, no litoral, ou na Cordilheira dos Andes, na fronteira com a Argentina.

Daqui se conclui que com um bom maneio, em colónias selecionadas e com clima favorável se podem chegar a médias próximas dos 90 a 100 kg/colmeia o que é melhor que excelente. Mas nem tudo são rosas, a floração do Ulmeiro é muito caprichosa, há anos em que está em plena floração e as flores pura e simplesmente têm os nectários secos, outras vezes são as geadas que queimam por completo a floração e toda a produção desse ano fica comprometida.

Para esta floração concorrem também apicultores do centro e do Norte do país, chegando a percorrer cerca de 1.200 Km para o efeito. Por isso, regiões onde antes havia duas ou três mil colmeias chegam agora a ter 20.000 e 50.000, reflectindo-se essa pressão na produtividade local.

Mas a floração de Ulmeiro, apesar de ser a mais importante não é a única do bosque nativo, também me falou no monofloral de Aveleira, pouco explorado por falta de conhecimentos e outras há que são importantes mas que não consegui reter o nome nativo.

Como principais problemas referiu a ausência de legislação apícola de uma forma geral e o ordenamento em particular. Também a falta de técnicos apícolas com formação universitária, uma vez que os curricula agrícolas não contemplam a apicultura.

Disse-nos que a Varroose está a ganhar terreno, muito por culpa dos apicultores que continuam a utilizar as mesinhas caseiras para a combater. Referiu os produtos orgânicos como eficazes no combate a esta moléstia, especialmente o Apilife Var.

No campo da comercialização de mel, uma Universidade Chilena da região de Temuco demonstrou que para um apicultor vender mel com facilidade fá-lo até à tonelada, na exploração e nas feiras, para lá da primeira tonelada começam os problemas de comercialização. No mercado grossista, no ano passado chegaram a um preço record de cerca de 3,00€/Kg, este ano o preço quase roçou os 2,00€/Kg…

E foi assim, no meu sofrível castelhano ainda encontrei palavras para agradecer e mais uma vez pedir desculpa pela visita relâmpago, mas ainda tínhamos um troço de doze horas de autocarro daí a instantes, até Santiago do Chile…


Obrigado e um grande abraço aos irmãos Fierro pela forma simpática com que nos receberam e pela agradável conversa apícola que nos proporcionaram, esperamos um dia regressar a Purranque com mais disponibilidade!

Seguem-se algumas imagens da Patagónia chilena e argentina...

Farol do Fim do Mundo e Parque Natural Torres del Paine

Lago em Ushuaia, Glaciar de Perito Moreno e Lago Argentino

Leões Marinhos e Corvos Marinhos no Canal Beagle, Pinguim de Magalhães na Isla Magdalena (Estreito de Magalhães) e Guanaco no P. N. Torres del Paine

Ushuaia, Terra do Fogo, Argentina