11 maio, 2009

Réguas Reguladoras de Entrada e outros mistérios...

Habituado a ver cortiços, foi para mim uma surpresa quando me apercebi da grande quantidade de componentes e peças que constituíam a colmeia de quadros móveis. A princípio era um autêntico quebra cabeças. Valeu-me a presença do fabricante ou não montaria a minha primeira colmeia.

Um dos componentes que mais me prendeu a atenção foi precisamente a régua reguladora de entrada, pareceu-me quase um instrumento de tortura medieval...
Os primeiros conselhos foram no sentido de a manter sempre... a “regular” a entrada da colmeia. Durante a Primavera e Verão na posição com mais buracos (30 ou perto disso), no tempo frio e chuvoso devia reorientá-la para a posição menos esburacada.
Assim fiz, e no Primeiro Verão (tinha começado a actividade a 8 de Maio), deparei-me com grande engarrafamento de abelhas à entrada da colmeia. Lembravam-me as cabines das portagens nas autoestradas em fins de semana prolongados. Num olhar mais acurado percebi o motivo do entupimento: dúzias de escaravelhos entalados nos buracos impediam a livre passagem das abelhas.
Tratavam-se das “cetónias”, coleópteros com cerca de dois cm e característicos das regiões de montado. Não aquecem nem arrefecem, apenas escavam pelos favos onde devem comer de tudo um pouco: mel, pólen e cera, mas com poucos prejuízos. Por vezes já mal se mexem, graças às camadas de própolis com que as abelhas as cobrem até à imobilização total.

A parte pior é mesmo o entupimento dos orifícios na régua reguladora de entrada e a consequente dificuldade que causam ao normal tráfego das abelhas.
Mas os apicultores em geral inventaram e mostraram-me dúzias de ferros retorcidos e pontiagudos, com e sem cabo, destinados a espetarem as ditas cetónias sobre a tábua de voo. As conversas na associação andavam à volta da quantidade de “carochos” colocados dentro de uma garrafa de plástico que cada um tinha conseguido...

Numa bela manhã, despido de preconceitos e farto dos “carochos”, resolvi eliminar nas minhas próprias colmeias um dos mitos mais enraizados na apicultura: a régua reguladora de entrada! Nem no Inverno lá as admitia, se bem que ultimamente já tive umas recaídas.
Pouco mais as uso que quando dou alimento artificial estimulante às abelhas. Este tipo de alimento, mesmo com alimentadores internos, induz a pilhagem. Por isso coloco as ditas réguas com a abertura mínima nos desdobramentos e com os “30 buracos” nas colónias com dez quadros ocupados.

Repare-se agora no efeito das réguas reguladoras de entrada com diversos graus de regulação (número de buracos ou dimensões da entrada) em dois tipos distintos de colmeia: as mais comuns e as colmeias características da fábrica Alberto da Silva Duarte & Filhos:

Régua Reguladora de Entrada com a abertura máxima:

Régua Reguladora de Entrada com a abertura miníma:

Colmeias sem Régua Reguladora da Entrada:

Aparentemente, o melhor sistema, para mim, é mesmo o último: ausência de qualquer impedimento à entrada de abelhas. Certo é que tal “desimpedimento” serve também às cetónias, ratos e outros problemas. Costumo argumentar que uma colónia forte se defende facilmente de qualquer invasor, se a colónia for fraca... não sei se vale a pena a sua manutenção, mas... há sempre as réguas reguladoras de entrada!
Num último olhar às imagens acima, as réguas das colmeias da marca Alberto da Silva Duarte & Filhos, na abertura máxima, parecem ter uma boa funcionalidade. Pessoalmente não sou grande (nem pequeno) apreciador deste modelo de colmeias.

Esta Primavera, após ter feito os desdobramentos, resolvi fornecer alimento artificial estimulante às colmeias resultantes. Reduzidas a metade da população e ocupando apenas cinco quadros, coloquei as ditas réguas reguladoras na posição de cinco orifícios. É mais fácil proteger uma entrada reduzida das tentativas de pilhagem ao alimento muito líquido.
Findo o período de alimentação, esqueci-me de retirar as réguas. Estiveram na colmeia durante os dez ou quinze dias de chuva em Abril. Quando as fui retirar no fim do mês deparei-me com o seguinte fenómeno: larvas mortas no exterior de várias colmeias.

Infelizmente não tirei fotografias, mas as larvas aparentavam sintomas de micose numa fase inicial. Numa inspecção ao interior confirmei as minhas suspeitas: boa parte das colmeias padeciam de micose numa fase muito precoce.

Colónia com criação saudável:

Colónia infectada com micose:
Habitualmente as larvas afectadas por esta patologia perdem a cor branca e brilhante e adquirem uma tonalidade mais creme e sem brilho. A partir desta fase a larva perde volume e ganha uma consistência cada vez mais dura.

Fica agora a questão: Ter-se-á devido tal moléstia à conjugação do tempo húmido, alimento artificial estimulante (muito húmido) e as réguas reguladoras com abertura mínima a restringirem o arejamento das colmeias?
Certo é que com o regresso do bom tempo todos os sintomas desapareceram, mas nunca me sucedera nada semelhante. Fiquei com mais esta má experiência a desfavor das réguas reguladoras de entrada associadas ao “clima abafado” e prejudicial no interior da colmeia.

7 comentários:

Mário disse...

Pois é Mestre e amigo Pifano, é mais uma maleita a juntar ao rol.
Ainda sou muito verde para poder opinar sobre o caso, mas em conversa propositada com o Mestre-Duarte consegui perceber um pouco mais da coisa, permita-me que lhe transfira as palavras:
Numa dedução lógica pode ter a ver com ceras velhas, as aberturas mais ou menos fechadas pode em nada ter peso no assunto, visto que as abelhas no seu habitat natural tentam por todos os meios reduzir ao máximo as aberturas e pontos de passagem, apontava mais para a humidade e ceras antigas.
A alimentação estimulante é isso mesmo, estimula as abelhas, em observações feitas, elas saem para os campos mesmo em dias de chuva, sinónimo de força e pujança.
Madeiras e ceras velhas pode ser a causa dos sintomas.

Sei que com a sua audácia vai conseguir descobrir a patologia.

Abraço
Ferradela

Alien disse...

Amigo Mário,
Não posso deixar de concordar consigo, desde sempre que nas "tocas" naturais as abelhas tendem sempre a reduzir as entradas para melhor se defenderem.
Mas... quem trocava as ceras velhas aos enxames selvagens instalados em troncos e buracos nas pedras???

Hoje em dia passamos o tempo a recordar os dias felizes em que apenas a traça incomodava as abelhas, ainda há pouco tempo eu o escrevi...
No entanto, ainda ontem me contaram um antigo ditado que dizia:

Ovelhas e Colmeias
Quem quiser ter a conta certa
deve ter sempre a bolsa aberta...

Parece indiciar que tanto umas como outras sofreriam de grandes flutuações nos efectivos, mesmo em tempos idos... enfim
Abraços
JPifano

Apisarte disse...

Eu uso as réguas para minimizar a pilhagem ou no Inverno e em geral nas colmeias que estão mais distantes. Na maioria das vezes elas impedem as abelhas de fazerem uma boa limpeza e por isso é que se notam alguns resíduos do estrado. Para mim é um mal menor. Quando aparecem as larvas de giz numa colmeia que por muito forte que seja esta começa a enfraquecer. Neste caso e na varroa, colmeia forte, maior o problema. Para mim significa um recomeçar de novo com essa caixa e com todas as medidas sanitárias, para que não alastre ao resto do apiário! Primeiro começo por bloquear a mestra para não haver mais descendência e o final resume-se ao calor da fogueira e do maçarico! Já passei por este problema e a conclusão que cheguei é que temos de ter muita sorte com os zângãos que fecundam a rainha. Podem não ser provenientes da nossa selecção mas do apiário vizinho que também está infectado. Na transmissão genética o macho tem uma mais valia que muita gente desconhece! CP

Alien disse...

Caros Mário e Apisarte

Quando fiz este post, foi no sentido de "partilhar" uma dúvida que me assaltou, nomeadamente o surgimento de criação morta no exterior e com as características que tentei apresentar.
Não havendo outra justificação ocorreu-me "culpar" as réguas reguladoras de entrada, ou melhor, o meu esquecimento (preguiça?) de as retirar.
Associei tal facto à possibilidade de menos arejamento (durante o período de chuva) aumento da humidade interior e consequentemente a eventual micose. Surpreende-me o facto de os ninhos onde fiz as observações terem muito espaço disponível, eram desdobramentos, 5 quadros ocupados, e ainda assim desenvolveram tal moléstia.
Também desconfiei do "mau comportamento higiénico" das ditas abelhas, mas tratando-se de Ascosferiose, agradou-me pois as abelhas limparam tudo antes da fase contagiosa (quando as larvas estão duras, com manhchas brancas e escuras, ou seja, com os esporos do fungo já maduros e prontos a disseminarem-se)...
Uma das hipóteses que não explorei poderá ter sido o arrefecimento da criação, mas os sintomas também eram atípicos.

Um erro meu:
A mensagem no seu geral deixa transparecer uma "guerra aberta" contra as réguas reguladoras de entrada. E não foquei um aspecto deveras importante levantado pelo Apisarte, a dificuldade que causam às abelhas em higienizar o interior.
Fiz tais afirmações porque na globalidade as ditas réguas me atrapalham mais o trabalho do que ajudam. Mas também lhe reconheço algumas utilidades.
Abraços
JPifano

Apisarte disse...

Caro amigo,
O atrapalhar por vezes ajuda no diagnóstico.
Se colocarmos uma caixa na entrada da colmeia (tipo caça pólen) com uma frente de rede aonde atrapalhe a passagem das abelhas e outra por baixo que deixe passar os resíduos, podemos recolher a maioria dos resíduos que as abelhas trazem do interior da colmeia.
Aqui poderemos ver as abelhas deficientes e com as asas roídas (varroa) ou as larva de giz.
Para quem usa os estrados de rede poderá ver resíduos tipo carvão (larvas de giz).
Na minha opinião quando aparece uma larva de giz por muito que as abelhas sejam higiénicas, nada a fazer!
A mestra já está condenada e a sua postura será sempre problemática!
Quem a contaminou já pouco importa neste caso, porque agora passa a um círculo vicioso!
A mestra deixa de ser de confiança assim como as ceras, mel, abelhas e os zângãos provenientes desta rainha.
Assim como os nossos utensílios, luvas e maneio apícola.
Passei a usar o termo “larvas de giz” tradução directa da doença em inglês e penso que seja mais fácil para a maioria dos apicultores.
Um abraço
C. Pimenta

Anónimo disse...

Le estaría muy agradecido que me indicara un fabricante de piqueras langstroth y dandat en Portugal y tambien de Divisoes de metal de 8,9 y 10 quadros
mi email es. jose_guijo@hotmail.com
Un saludo y feliz navidad. Jose Maria

jose_guijo disse...

Le estaría muy agradecido que me indicara un fabricante de piqueras langstroth y dandat en Portugal y tambien de Divisoes de metal de 8,9 y 10 quadros
mi emial es: jose_guijo@hotmail.com
Un saludo y feliz navidad. Jose Maria