01 março, 2011

Hipersensibilidade à Apitoxina, um pedido de ajuda

A mensagem que se segue foi retirada do Fórum de Apicultura Forumeiros e enviada por um amigo. Curiosamente fora escrita por outro apicultor meu amigo também.
É comovente ver um pedido de ajuda assim. É o tipo de mensagem que nenhum apicultor espera vir a escrever. Pessoalmente não sei como reagiria ante a possibilidade de me ver impedido de contactar com as abelhas.

O problema da hipersensibilidade afecta imensa gente, mesmo entre os apicultores. É muito arriscado continuar a actividade nestas condições pois representa um sério perigo de morte. Há no entanto quem já se tenha sujeito a tratamentos de dessensibilização, caros e morosos, mas cuja experiência poderá ajudar quem agora se vê a braços com tal dilema.

Ouvi comentar que o tratamento é demasiado caro por causa das dosagens múltiplas que comportam cada embalagem do medicamento, e da sua curta longevidade. Pelo que se houver mais que uma pessoa (na mesma clínica) a fazer o tratamento em simultâneo, fica mais barato.

Não sei muito da veracidade desta informação, pelo que se houver quem mais experiência tenha do assunto e queira ajudar o Luís Miguel, pode deixar aqui os comentários ou enviar um mail para: goldfinder_69@hotmail.com

Na penúltima visita ás minha colmeias afim de aferir o seu estado a nível de população e reservas, fui ferrado no pescoço. Senti logo um enorme mau estar e perda de forças. Como estava num sítio distante e sozinho, decidir tentar chegar a casa. Lá consegui e só tive tempo de mandar chamar o INEM. Enquanto não chegaram, vomitei mas a falta de ar e mau estar continuavam. Depois de ter levado duas injecções passou tudo.

Ontem, numa nova visita, na penúltima colmeia fui ferrado perto dum joelho. Voltei a sentir o mau estar mas menor que da vez anterior. Afastei-me e vomitei, a falta de ar que se manifestava acalmou e pensei de estar tudo bem. Ainda fui ver a última colmeia. Ao chegar a casa, noto que tinha o corpo às manchas vermelhas e decidi ir ao médico. Nova injecção e tudo melhorou.

O médico decidiu assustar-me sobre a alergia de que sou alvo e que não posso andar sempre a levar injecções daquelas. Até aqui tenho tido tempo e capacidades, mas um dia a coisa pode acontecer mais forte e não ter tempo de ser socorrido.
Antes de ponderar abandonar o hobby de onde tenho tirado tantos e belos momentos, queria procurar algumas formas de não ser alvo de ferradelas ou possivelmente tratar a alergia.

Que soluções haverá para conseguir aliar a paixão pelo hobby com as reacções menos fáceis do organismo…

Não quero mesmo abandonar a apicultura, é um hobby que me completa na relação que tenho com o belo sitio onde moro e com a natureza, colocar no Fórum um inquérito online para tentar saber que pessoas enfrentam esse problema e assim organizar as informações e, falando com alguém que já o tenha feito, tentar arranjar "um melhor preço".


Luís Miguel

Não vale a pena insistir no “chavão” de que também nos pode acontecer a nós…

12 comentários:

Luís Miguel disse...

Amigo Joaquim,

um grande homem não se vê pelo seu tamanho, mas pelo tamanho dos seus gestos. Sempre o vi como um grande homem e o este seu gesto apenas espelha a sua grande postura como pessoa. Obrigado, muito obrigado pela ajuda.

A todos os que possam responder, fiz um pequeno questionário, disponivel em https://spreadsheets.google.com/viewform?formkey=dERXWExxMUNlYUQxMlVCQl8tWEFDTEE6MQ onde procuro recolher algumas informações. Caso tenham algumas sugestões, disponham. A todos, deixo já o meu obrigado.

Manuela Miguel disse...

Ola Luís Miguel

Comprendo o seu problema, pois debato-me um um igual, que neste caso é a minha filha que é alergica ao veneno de abelha, já tinha sido ferrada e nada acoteceu, mas um dia fez um choque anafilatico, a sorte foi estarmos relativamente perto do Hopital e levou essas injecções e tudo passou.
O paso seguinte foi a consultas de alergologia e um ou dois anos depois fomos encaminhados para o hopital São João no Porto, onde fez novos teste e começamos os tratamento.
No início, 1º mês, uma vez por semana no hospital, 3 doses de veneno, passaamos a uma vez por mês, um ano depois de 6 em 6 semanas, vamos lá leva duas vacinas e meia hora depois vamos embora, estamos a uma distancia de 200Km do porto.
A vacina custa 170,00 € paguei na semana passada, há dois anos atrás era 156,00 €.
Em relação se no final, fica livre da alergia, ninguém sabe, só tempo o dirá.

AnaPCarvalho disse...

Ola

A alergia pode ter graves, gravissimas consequências!
O que fazer? consultar um hospital central onde possa fazer testes e tratamento de dessensibilização.
Entretanto pedir ao médico que faculte medicação de emergência que possa trazer consigo sempre que vai ao apiário e nunca esquecer medidas básicas de segurança, que no nosso caso são um bom fato, luvas, sapatos, etc!

Apisarte disse...

Algo complicado de se entender!
O nosso corpo ao tentar defender-se de algo estranho, pode asfixiar-nos!

samuel disse...

boa tarde.

tenho alguns conhecimentos na área que gostaria de partilhar.
a apitoxina em pessoas alérgicas, causa desgranulação excessiva dos mastócitos (células que combatem invasores através de produção de grânulos de histamina), os mastócitos causam inchaço dos tecidos, por dilatação dos vasos sanguíneos, podendo levar a choque anafilático. são sintomas comuns de choque anafilático insuficiência pulmunar e cardíaca (falta de ar e morte por paragem cardíaca).
os meus conhecimentos são bastante limitados, contudo aconselho a repensar o seu hobby, um choque anafilático é algo muito sério e perigoso.

cumprimentos

Anónimo disse...

Estou convencido que não será necessário a medida radical de abandonar a actividade.
Porventura uma mudança de hábitos e de "atitude" no trabalho apícola.
Os azares acontecem, mas se o apicultor, como neste caso, sacrificar um pouco o "conforto" e utilizar correctamente e de forma mais cuidada o equipamento de protecção aliado a uma abordagem mais cuidada às colmeias e evitando situações de "demonstração de valentia", certamente que o risco de ser ferroado será practicamente nulo.
É apenas a opinião de quem preveligia sempre o uso de protecção, e que amando as abelhas detesta ser picado... e só o é quando facilita.

Anónimo disse...

As minhas saudações apícolas!
A situação que descreve corresponde a uma reacção anafilática ligeira. É uma situação grave que pode ser potencialmente letal.
O procedimento a adoptar deverá ser:
1- dirigir-se ao seu médico de família relatando-lhe a situação para que possa ser referenciado para uma consulta de alergologia em meio hospitalar.
2- na consulta de alergologia em hospital central deve contar em pormenor a ocorrência, referindo a sua actividade apícola e a frequência da exposição, para que possa ser programada uma forma de dessensibilização.
Faço notar que não é de uma vacina que se trata, uma vez que estas têm por finalidade estimular a produção de anticorpos. Aqui o que se faz é administrar de forma repetida e prolongada no tempo, injecções de veneno purificado, com a intenção de produzir um bloqueio da resposta dos anticorpos IgG ao veneno e assim reduzir a recorrência de anafilaxia a menos de 5%.
Embora se reduza a resposta, esta não se elimina por completo.O risco de uma reacção sistémica (generalizada)após a suspensão de imunoterapia efectuada durante 5 anos é aproximadamente de 5 a 10%.
Todo este processo é moroso. Seria fortemente aconselhável suspender a actividade apícola pelo menos até o processo de dessensibilização estar concluido e mesmo depois disso tem de ter em mente que o risco de alergia (leia-se risco de vida) é elevado.
Se entretanto continuar a ter contacto com as abelhas tem de se proteger de forma adequada, com roupa por baixo do macaco e especial atenção à máscara bem vedada assim como os punhos e tornozelos.
Deverá ter sempre consigo um "kit" de emergência.
As reacções anafiláticas desencadeiam-se geralmente nos primeiros 10 minutos após a picada e raramente após 5 horas.O tratamento de emergência é feito com a injecção sub-cutânea de epinefrina (hidrocloridrato de epinefrina) 0.3 a 0.5 ml diluida a 1:1000. Esta é repetida cada 20 a 30 minutos se necessário. o "kit de emergência tem uma seringa pré-cheia (como as da vacina da gripe) com a dose certa a ser injectada pelo próprio.
ATENÇÃO! ATENÇÃO! ATENÇÃO!
O "kit" NÃO É um tratamento. destina-se apenas a retardar/atenuar a reacção anafilática ATÉ QUE POSSA TER AJUDA MÉDICA O MAIS RAPIDAMENTE POSSÍVEL.
Em regra não está disponível nas farmácias mas pode ser encomendado (se não conseguir em Portugal, em Espanha arranja).Além do "kit" é aconselhável ter também consigo um anti-histamínico injectável (p. ex. Antistina) e prednisolona (Soludacortina em ampolas de 50 ou 100 mg, com o respectivo diluente até um total de 1000 mg) com seringas e agulhas para poderem ser administrados por via endovenosa ou intramuscular.
NÃO ADMINISTRE NENHUM DESTES PRODUTOS SEM SABER COMO O FAZER.CONSULTE O SEU MÉDICO E ESCAREÇA TODAS AS DÚVIDAS.
Também sou apicultor e sei o que lhe custa deixar as suas abelhas, mas a sua vida é certamente mais importante.Não a ponha em risco.
Um abraço.
Abelhasah.

f.fernandes disse...

esta tudo virado para o lado do tratamento do apicultor eu acho que a soluçao passa pela troca das abelhas por uma raça manos agreçiva

Malijo disse...

sim diria que a solução mais fácil seria trocar as abelhas por outra raça sem ferrão.

Abraço

Malijo

Luís Miguel disse...

Antes de mais, obrigado a todos pelas respostas e indicações dadas. Em relação a ir ao médico, já o fiz mas ao de família, que me conduziu para uma consulta de especialidade mas sem grande esperança em lá conseguir quaisquer informações sobre o tratamento, coisa que ele desconhece aqui na nossa zona.
Como possivelmente irei demorar ate ter marcação de consulta num hospital central, ando á procura de um alergologista para que me possa orientar e aconselhar…

Em relação á protecção, isso é coisa que sempre primei pela tentativa de bom uso, pois as picadas doem e masoquista não sou nem nunca fui. Eu já pareço um esquimó com tantas camadas de roupa tentando evitar as ferradas, 2 pares de calças grossas, camisolas, mascara e casaco de pano duplo, 2 pares de luvas. Nas fotos de participação pela 100.000 visita ao blog são visíveis 2 fotos onde se vê que apesar de eu ser muito magro, ali pareço redondinho. A próxima etapa é comprar um fato completo e tentar com ele.

Em relação a mudança de raças, na minha região não há ninguém com raças diferentes, poderia investir numa raça mais calma, mas corro o risco dos cruzamentos na região e pelo que li, alguns híbridos são piores. Também procurei pelas abelhas sem ferrão, mas que eu tenha conseguido informações, só o sr João Pedro Cappas e Sousa as tem no Insectozoo -Museu de Insectos Sociais em Vila Ruiva, Cuba, Beja. Alem de que a importação e introdução de exóticas segundo a legislação que consultei ter graves limitações, ate penso ser necessário um estudo de impacto da possível introdução. Como digo, posso estar errado e todas as correcções são bem vindas.

Por enquanto, manter-me-ei afastado das colmeias até ter mais informações e porque o receio do risco de vida é grande.

Obrigado a todos e votos dum bom ano apícola que pelo que vi ate ser ferrado, prometia ser muito bom,
Luís Miguel

Meliponário do Sertão disse...

Prezado Pífano,

É por essas e outras que amo as minhas Jandaíras, o maior perigo da meliponicultura é a gente experimentar o mel dessas abelhas, mas morar no outro lado do mundo e não ter aquele mel disponível. rsrs..

Mês que vem estarei te enviando uma bela amostra de nossa produção, tenho certeza que o amigo vai gostar bastante.

Grande abraço,

Kalhil
www.meliponariodosertao.com

Anónimo disse...

como posso purificar a apaitoxina, para tirar a parte alergenica?
Dubrasko manrique
dubraskomanrique@hotmail.com