MelToon, making of…

Este post é dedicado àquelas crianças que estão a fazer os deveres escolares e são afastadas da frente do teclado pelo pai que chegou do emprego.
“É só para confirmar a segurança dos sites que visitas…”
Tretas, nem olham para as discretas “janelinhas” do facebook ou do novo catálogo da Playstation que piscam muito encolhidas na barra inferior…

Entretanto vai "p'rás abelhas" e surge-lhe no monitor a imagem que se vê acima. A criança ri a bandeiras despregadas com as coisas com que o pai perde tempo, ainda por cima quando estava tão concentrado nos trabalhos de casa…

Mas de facto estes 28 objectos (não o consegui por menos) são a matéria com que construo as abelhas do MelToon.

Muitas vezes perguntam-me como desenho as imagens e esquemas do MelToon e do Montedomel, alguns até elogiam… assumindo que não estão a ironizar ;-), aí vai a explicação:

Os elogios que por vezes ouço acerca dos meus desenhos, só acentuam a frustração que sinto por não saber desenhar.

O truque: desenhar devagar, muito devagarinho, diminui muito as probabilidades de erro, se bem que pouco se note nas de sucesso… chego a desenhar uma árvore quase à mesma velocidade que ela cresce. Creio que já cheguei a esquecer-me do que estou a rabiscar, dada a lentidão…

O software é o Corel Draw, a versão 9, a minha preferida. Utilizei o Artistic Media Tool para as patas, antenas e listas, o Ellipse Tool para o corpo, olhos, asas e cabeça, e o Interactive Transparency Tool para a cor em gradiente das asas. Testei dúzias de cores combinadas, procurei as mais contrastantes e saiu isto…

A imagem anterior faz lembrar o facehugger da saga Alien…

Não é o formato mais acertado, pois por vezes convém “dar expressões” ao “rosto” das abelhas e com este não é possível. A simplicidade deste desenho não permite grandes sorrisos, tristezas ou expressões de ironia.

Para a abelha em voo, com menos componentes, foi fácil, deixou de ser simétrica pois puxei ambas as asas para cima, reduzi o número de patas e ajeitei a posição da cabeça, olhos e antenas. Tanto uma como outra existem na versão com e sem ferrão.

A rainha é quase igual à obreira, apenas aumentei o comprimento do abdómen para que sobrasse das asas e pintei os olhos mais claros, como passa mais tempo à sombra devem ser menos pigmentados, ou então deu-me mais jeito…

As vespas e vespões resultaram da alteração das cores da abelha, de vários tons de castanho passaram a preto e amarelo. Adicionei as grandes peças bucais para lhe dar um ar mais predador.

O apicultor também deu luta, apesar das linhas, ou melhor, das figuras simples, não foi fácil acertar com as proporções. O pior são mesmo as luvas, surgem sempre na mesma posição, mãos abertas até para pegar no levanta quadros ou no fumigador. Também não é lá muito expressivo, está sempre com aquele ar de quem destapou uma colmeia e tenta perceber como é que tão numerosa colónia de varroas consegue suportar a presença de uma dúzia de abelhas…
Ainda tem um pé maior que o outro, lembra um amigo meu, mas ocultei o excesso com o polainito.
A rede da máscara, composta por vários elementos, consegue-se facilmente com o Graph Paper Tool e os hexágonos que sempre abundam nestes desenhos faço-os com o Poligon Tool.

“Tool” é mesmo “ferramenta”, na língua da outra rainha, a que não põe ovos, não tem nada a ver com o meu estado de alma…

As varroas são uma gracinha, conseguem-se com uma facilidade tremenda, basta não tratar as abelhas e… agora a sério, apenas utilizei o Ellipse Tool e o Rectangle Tool. Já para as “varroas louras” tive de me socorrer de novo do Artistic Media Tool. E ainda podem sair nas versões com ou sem olhos, consoante o ar menos ou mais sério que pretendo dar ao boneco.

As colmeias com o Rectangle Tool, mais umas distorções gráficas, perspectivas, copy paste e constrói-se o apiário num piscar de olhos…

O Abelharuco… foi deveras complicado. Muitas cores, muitos ângulos e o olhar frio. Devo ter passado toda uma noite de Inverno em tentativas e erros. Só usei o Artistic Media Tool e com muitas cores.
No fim sobravam-me peças, acontece-me muito sempre que desmonto qualquer coisa. Se olharem com atenção percebem que há muitas que se sobrepõem, pois eu optei por ir construindo e adicionando elementos. Acabei por não os remover, ficam ocultos por outros.
Fiz várias tentativas para os pôr a voar mas nada feito, na última vez parecia um bando de radiadores coloridos a pairar sobre as colmeias…

Os cenários e paisagens são mais fáceis, recorro ao Apllication Launcher e selecciono o Corel Photo Paint, onde abre um vasto leque de possibilidades:

Para soluções mais simples o Paint Tool, dúzias de pincéis com todos os tamanho e formatos, além de uma paleta de cores quase ilimitada. Com o mesmo desenho selecciono pequenos ou grandes planos consoante o objectivo.

Para imagens mais surrealistas, ou mais naturais, depende do ponto de vista, valho-me do Image Sprayer Tool que pinta directamente as imagens que nos interessam, neste caso seleccionei um pincel que “pinta girassóis”… Dava-me jeito este pincel durante o Verão…

Para os enredos, as histórias, os temas, nada como a Sexta-Feira depois das duas da manhã, quando boa parte dos neurónios já foi de fim de semana…

Se o Programa Apícola Nacional alguma vez financiar tal iniciativa edito o MelToon em cromos, voltaram a estar na moda.