09 julho, 2008

À Sombra de uma Azinheira


O meu apiário de Verão: sombra; água próxima; azinheiras; cardo e girassol. È muito mais relaxante que na Primavera, livre do stress da enxameação e da vigília quase contínua às colmeias.
No Verão diminuo muito o número de visitas ao apiário, a cada quinze dias, ou mais raramente uma vez por semana.
Por causa do calor escolho sempre o período após as dezoito ou dezanove horas para inspeccionar os fluxos de entrada de néctar ou alguma moléstia que se possa manifestar. Há sempre um aroma muito agradável a essa hora nas tardes de Verão, a funcho, tágueda, orégão e sobretudo a montado. É deveras curioso, mas o montado tem um aroma muito característico durante o Verão, não sei se devido à decomposição das folhas pelo chão ou mesmo às da copa. Trata-se de um cheiro quente, quase ardente, no entanto muito familiar e confortável para quem passou a vida nestas paragens.
A última visita valeu mesmo a pena, além das habituais perdizes ainda vi duas ou três abetardas que esgaravatavam calmamente o solo no campo de girassol.
Alguém escreveu uma vez que sempre havia muita vida junto aos apiários.
Curiosidade: na Herdade do Lameirão – Cano – Sousel, e mesmo sob o meu apiário, passa um rio subterrâneo muito caudaloso que rasgou o subsolo calcário e ninguém sabe onde vai desaguar.

5 comentários:

Mário Matos disse...

Boa tarde
Sou um pequeno apicultor. Vivo nos arredores de Lisboa mas tenho as colmeias no concelho do Sardoal. Leio regularmente o seu blog com o qual tenho aprendido muito. Mas o meu contacto não está ligado à apicultura mas sim ao seu parágrafo "Curiosidade: na Herdade do Lameirão – Cano – Sousel, e mesmo sob o meu apiário, passa um rio subterrâneo muito caudaloso que rasgou o subsolo calcário e ninguém sabe onde vai desaguar". Um dos meus hobbys é a Espeleológia - exploração e estudo de cavidades naturais. Pertenço a uma associação AESDA que tem estado a explorar e topografar o Algar das Morenas, no Alandroal em colaboração com a respectiva Câmara. Este trabalho tem sido muito interessante mas não se revelou um acesso, para humanos, ao sistema aquífero Estremoz - Cano. Seria muito util se nos facultá-se uma localização mais precisa, eventualmente as coordenadas, do local referido. Ou talvez combinar uma visita conjunta para avaliar o potencial espeleologico do lugar.
(Nota: este comentário não tem utilidade para o blog mas não tenho outro meio de contacto.)
Os meus agradecimentos

Mário Matos
mariofmatos@gmail.com

PM disse...

Conto 40 colmeias no apiário.

Qual era a área do terreno?

Calculo que a presença da flora apícola fosse suficiente para as 40colmeias produzirem bem...certo?

Alien disse...

Olá PM,


Não podia haver pergunta mais oportuna, uma vez que no ultimo post do montedomel faço a apologia dos apiarios pequenos :)

Este apiario da foto, com 60 colmeias, é um apiário transumante, junto a 35 hectares de girassol.

Tratando-se de flora cultivada, a minha opinião, tal como a legislação não colocam limites ao número de colmeias (enquanto dura a floração).

Antigamente, para 35 ha de girassol colocar-se-iam 17 ou 18 colmeias (1/2 colmeia/ha). Mas nesse tempo o girassol, dito de ciclo longo, ficava um mês em floração.
Actualmente a floração do girassol mal chega aos 15 dias, pelo que ha toda a conveniencia em aumentar a carga apícola para que se recolha a maior quantidade de néctar possivel.
É caso para se dizer que compensa diminuir a produtividade para aumentar a produção...
Pelo que nos dias de hoje chego a colocar 2 colmeias/ha, e quando os agricultores solicitam e pagam os serviços de polinização chegam a exigir 3 colmeias/ha, o que já acho exagerado, mas...enfim...

Deixe-me dizer-lhe ainda da produção deste apiario de 2008:

Normalmente a maior parte da produção do girassol, ou pelo menos uma boa parte ocorre antes da floração.
Neste caso que aqui reporto, com o girassol a começar a florir, apenas uma das 60 alças colocadas estava cheia de mel. Todas as outras tinham quantidades tão infimas que se limitavam a uns quantos alvéolos por alça.

Recordo que eu ia sair de férias nesse dia e sai "deprimido" com a estimativa de tão baixas produções de Verão.
Quando regressei, 15 dias depois, ainda aguardei uma ou duas semanas antes de ir ao apiario, irritado com as abelhas.

Quando finalmente me decidi, o espectáculo que se deparou foi mesmo de arrasar: todas as 60 alças estavam cheias (muito cheias) de mel!!!
Todas essas alças mostravam indicios de algo que o apicultor pouco gosta de ver: a forma como o mel se encontrava nas alças indiciava que a produção podia ter sido bem superior se se tivessem disponibilizado mais alças às colmeias...

...mas quem é que podia prever tal situação se a campanha estava no fim e poucas reservas havia???

é por isso que as teorias são muito interessantes para a conversa mas na prática o ideal mesmo é o acompanhamento assiduo às colmeias

abraço

Joaquim Pifano

PM disse...

Bom, então se hoje em dia coloca 2 colmeias/ha para flora cultivada, para flora expontânea quantas coloca?

Pode-me dizer qual é o decreto ou portaria que falam da densidade de colmeias para a flora cultivada?

Pelas minhas "milhares" de contas e recontas para cenários ideais e utópicos e tendo em conta a legislação vigente para o Alentejo, usando 20 apiários de 25 colmeias cada, mas para flora expontânea, dá uma densidade aproximada de 1 colmeia/ha.

"Só" me faltam é os terrenos.

Cordiais cumprimentos,
Pedro Mendonça

Alien disse...

Olá Pedro Mendonça

Não sabia que era o PM :)

Pedro, quando puder ligue-me por favor para falarmos sobre esses assuntos todos
Um abraço

Joaquim Pifano