21 fevereiro, 2009

Nucléolos de Fecundação e Estágio de Abelhas Rainhas

Mais uma das “maravilhas” apícolas que o Vicente Furtado, de Lagos, terá trazido da Suécia e decerto aperfeiçoado.
Estes pequenos nucléolos de estágio de rainhas, concentram vários adjectivos como: versatilidade, economia e sobretudo muita eficiência. Uma pequena caixa contem dois módulos, cada um com um pedaço de favo, um alimentador e um punhado de abelhas para cuidarem da respectiva rainha, até esta iniciar a postura e estar pronta para ser expedida.

Os módulos têm saídas para os lados opostos da mesma caixa, para evitar desvios caso a rainha saia da “mini-colmeia”.
O problema dos núcleos/nucléolos de fecundação não é só o custo, ou os materiais para os construir, como também a quantidade de abelhas mobilizadas.
Com estes mini-nucléolos resolvem-se esses problemas, na medida em que são fáceis de fazer com materiais reciclados, e sobretudo necessitam de quantidades mínimas de abelhas para funcionarem. Cada um dos módulos leva na câmara principal um pedaço de favo, cera puxada, cortada de forma que fique perfeitamente encaixada e sem obstruir os orifícios de saída (lateral), de introdução da rainha (por cima) e o respirador tapado com rede (em baixo).
O ideal talvez seja colocar-se um pedaço de favo com criação, acompanhado das respectivas abelhas. Segundo Vicente Furtado, a aceitação da rainha virgem, recém saída da incubadora, é fácil quando se “borrifa” todo o conjunto com um aroma forte. Ele costuma usar um aroma à base de aniz.
Como se trata de uma colmeia pouco equilibrada, pouco estável, pela quantidade de abelhas envolvidas, o alimentador artificial deve estar sempre presente, numa câmara secundária, contígua, com acesso na parte superior da câmara principal. O alimentador usado nestes nucléolos não passa de um pequeno pacote de leite ou de natas, reciclado e bem lavado, após o que é cheio com candy ou outro alimento sólido.
As rainhas virgens, ou princesas, (se bem que o sinónimo hoje em dia já tenha pouca aplicação), permanecem uns dias no respectivo módulo até estarem prontas para serem inseminadas artificialmente, só depois regressam ao mesmo local. Após a inseminação “estagiam” mais uma ou duas semanas até efectuarem a postura, até essa postura (quantidade/qualidade) ser avaliada, e possam ser expedidas para venda ou introduzidas numa colónia orfanizada. Curiosamente, a postura “deixada” por uma rainha providenciará as abelhas necessárias aos cuidados da próxima rainha, uma vez que a produção é contínua.
O mesmo módulo pode servir como nucléolo de fecundação, basta para isso regular a abertura exterior para permitir a saída da rainha e deixá-la efectuar naturalmente o voo nupcial.
Trata-se de um “engenhoso” mecanismo, que ornamenta a abertura para o exterior: numa posição (aberto) permite a saída e entrada de obreiras e rainha, noutra posição só permite a circulação das obreiras e numa terceira em que nada pode entrar ou sair do módulo.


Para quem quiser construir os nucléolos e os respectivos módulos:

As dimensões que apresento nas próximas figuras poderão obviamente ser alteradas para outras mais “ao agrado” de cada um, podendo até ser interessante modificar o conjunto de forma a que possam albergar “meio quadro” de alça. Desta feita seria mais fácil obter a cera “puxada” e inclusivamente poderia permitir outras “habilidades” no maneio...

Deixo-vos um concelho IMPORTANTE: caso queiram “bricolar” é melhor verificarem e reverificarem as dimensões que apresento, não vá alguma coisa correr mal. Sempre que utilizo martelos, pregos e madeira, raramente resulta em algo que me possa orgulhar. De facto, pareço um “relâmpago” a pregar pregos, nunca acerto duas vezes no mesmo sítio... e com as medições é semelhante!

Agora a legenda dos módulos:

1. Caixilho de Madeira.
2. Parede móvel, de vidro, para monitorização da câmara principal e captura da rainha. A parede oposta também é de vidro.
3. Câmara (secundária), do alimentador, com parede de vidro de um lado, para monitorizar a quantidade de alimento, e de madeira no lado oposto.
4. Bloco de madeira (ou outro material), para suporte e dar a altura correcta ao alimentador.
5. Mola de metal, pregada ao caixilho, para segurar as paredes de vidro.
6. Alimentador com candy, pode ser reciclado a partir de um mini-pacote de leite ou de natas (bem lavado).
7. Orifício de entrada/saída de abelhas.
8. Comunicação entre a câmara principal e a do alimentador.
9. Orifício de introdução de rainhas, alvéolos reais*?, tapada com uma rolha.
10. Abelha rainha.
11. Parede de madeira para separação entre a câmara principal e a do alimentador.
12. Orifício (respirador) tapado com rede.

* O reduzido número de obreiras envolvidas no processo, aparenta ser insuficiente para aquecerem e cuidarem de um alvéolo real, até ao nascimento da rainha. No entanto, modificando o esquema para dimensões maiores, mais abelhas, creio que poderá executar essa tarefa sem grande risco.

Apiário de Nucléolos de Fecundação/Estágio:

As pequenas dimensões destas “colmeias” permitem colocar o “apiário” sobre uma estrutura de madeira construída ou adaptada para o efeito:

As “asas” laterais de cada nucléolo permitem o seu encaixe na estrutura de madeira, podendo colocar-se ou retirar-se sempre que necessário.
Estes apiários têm sempre o dobro dos efectivos que aparentam ter, na medida em que cada nucléolo tem dois módulos com saídas para lados opostos. As cores usadas devem ser facilmente diferenciadas pelas abelhas para evitar desvios.
Qualquer dia faço um “post” com o modelo de nucléolos de fecundação que utilizamos há dois anos na ADERAVIS, adaptados de colmeias reversíveis mas igualmente funcionais... e coloridos!
Até lá e para quem se quiser “entreter” com estes, já tem muito que fazer...

4 comentários:

Unknown disse...

Ora aqui está uma excelente ideia.
Já estava a fazer uns em madeira parecidos com um que tenho em esferovite, mas acho que vou tentar fazer uns destes.
Aparentemente são mais fáceis de fazer e o vidro facilita imenso a vida.
No entanto, vou efectuar algumas alterações para levarem meios-quadros Langstroth. Com estes quadros podemos facilmente reintroduzir as abelhas órfãs numa colmeia ou núcleo sem perder nenhuma criação. ;)

Alien disse...

Olá JELeal,

estou a preparar um post com as dimensões de cada componente dos nucléolos e dos módulos, oxalá chegue a tempo...
mas como está a adaptar para Langstroth, na volta não vou ajudar muito.
De qq forma gostava de saber os resultados da sua adaptação.
JPifano

Lucilandio disse...

Muito legal, gostaria de saber como faço pra capturar abelhas (italiana/africana) e colocá-las dentro de uma caixa de madeira, pois as mesmas se encontram numa parede no sítio! Agradeço pelas as informações!
José Luciandio Barros
Fortaleza-Ceará.
21/11/2009.

Alien disse...

Caro Lucilandio,
Há uma série de formas de capturar
um enxame selvagem, dependendo do tempo a que ele está instalado e das condições de acesso ao local.
Se vir neste link do "montedomel", poderá ver como se captura um enxame já instalado:

http://montedomel.blogspot.com/search?q=capturar+um+enxame+selvagem

De qualquer forma, e para melhor o poder ajudar é enviar-me fotos e outras informações para "montedomel@gmail.com" sobre as condições em que as abelhas estão instaladas na parede.
Um abraço
JPifano