09 fevereiro, 2009

Multiplicação de Colónias – Desdobramentos


Muitas são as formas de duplicar colónias de abelhas.
Pessoalmente, costumo optar por esta que agora descrevo e com muito bons resultados. Na Primavera passada desdobrei cerca de 20 colónias, com um sucesso de 100%. Tendo ainda conseguido (em média) cerca de 20 kg de mel por cada uma das novas colónias até ao fim da época.
Claro que esta produção poderia ter sido muito ampliada com a disponibilidade de rainhas novas à data da divisão, e consequentemente com a prontidão da nova colónia para a produção de mel em menos tempo.
Confesso que a disponibilidade de tempo para a criação de rainhas, onde o controlo é quase horário, me chega a provocar calafrios, dado que a minha agenda apícola chega a ser adiada às semanas...
Mas este método é muito mais confortável, após a divisão as colónias seguem a sua vida normal com poucas intervenções do apicultor.

Habitualmente começo a preparar as colmeias um mês antes desta tarefa, com a adição de ALIMENTO ARTIFICIAL ESTIMULANTE, obviamente muito líquido e o mais parecido possível com os néctares naturais. Assim, só são desdobradas as colónias fortes, com todos os quadros do ninho ocupados e com muita população.

Começo por deslocar ligeiramente a colmeia original, a desdobrar, e colocar duas novas caixas (ou núcleos) nesse local. As novas caixas terão cores e cheiros diferentes da original, evitando que a separação das abelhas que andem no campo seja preferencial por uma delas.

Partindo de uma colónia com estas características, encontrar a rainha é a primeira etapa, de cujo sucesso dependem as acções subsequentes. Não costumo usar muito fumo para que as abelhas não fiquem agitadas e dificultem o processo.
Logo que a encontro, coloco o respectivo quadro num dos núcleos preparados para o efeito. A partir daí, limito-me a seleccionar os quadros com as melhores características para que a nova colónia “faça” uma nova rainha.
O desdobramento que vou referir, designo-o por “desdobramento ideal”, na medida em que todas as circunstâncias são favoráveis a este trabalho: Encontra-se a rainha, e a constituição dos quadros corresponde a uma “Colmeia Equilibrada” (EQUILIBRAR UMA COLÓNIA DE ABELHAS 04/02/2009):

Da Figura anterior, quais os quadros a colocar no núcleo sem rainha?

O núcleo ou colónia que ficar sem rainha, será obviamente a mais frágil, pelo que devemos ter todas as atenções e cuidados na sua “construção” para que evolua bem.
Nesse sentido, convém colocar na posição central um quadro com ovos, ou larvas com um ou dois dias de vida. Idealmente este quadro devia ter nas extremidades criação operculada prestes a nascer, e pólen.
Quando a criação se resume a “ovos” não há dúvidas, mas quando tem larvas, fica sempre a dificuldade em saber a sua idade, e as larvas com três dias de vida já não servem para a criação de rainhas.
Claro que este processo fica muito facilitado se tiver alvéolos reais disponíveis, a qualidade da rainha será decerto superior e estará activa em menos tempo.
De ambos os lados do quadro central, com ovos, larvas de um ou dois dias ou com alvéolos reais, costumo colocar criação operculada prestes a emergir. A abundância de abelhas jovens, amas, é determinante para os cuidados e qualidade da nova rainha, nomeadamente para a produção de geleia real e aquecimento do ninho.
Finalmente, nas extremidades coloco dois quadros ricos em pólen e mel.
Resta agora providenciar as abelhas adultas em quantidade e qualidade suficientes para o efeito. Para isso, e além das abelhas que já vão nos quadros, “sacudo” outros quadros para o interior deste núcleo, tentando que a maioria das abelhas a recrutar sejam recem nascidas: amas.
Para isso dou uma pancada seca ao quadro sobre a colmeia original, para que caiam as mais velhas, e sobre o núcleo que me interessa “despejo” então as abelhas jovens.
Findo o trabalho, coloca-se o núcleo na posição definitiva e ao entardecer forneço-lhe alimento artificial estimulante (líquido) enriquecido com pólen.

Quais os quadros a colocar no núcleo com rainha?
O núcleo com rainha, o menos problemático por motivos óbvios, recebe os restantes quadros, independentemente da sua constituição.
Tenho sempre o cuidado de os distribuir o mais aproximadamente possível a uma COLMEIA EQUILIBRADA, com a criação ao centro e os nutrientes nas extremidades:

Para evitar pilhagens, uma vez que o alimento fornecido ao outro núcleo é muito atractivo, também alimento a colónia que ficou com a rainha velha. Apenas o alimento desta não leva pólen.
Logo que mude os núcleos de apiário, ou tenha espaço para o fazer no local original, o núcleo com a rainha velha é transferido para uma colmeia de dez quadros, passadas 24 horas, e o ninho completo com cinco quadros de cera moldada.

Desdobramentos em que não encontramos a rainha:
Mas como nem tudo são rosas, muitas são as vezes em que procuramos a rainha, uma, duas, três vezes e... nada, ela teima em não aparecer. O tempo poupado em não querer marcá-la é agora gasto nas tentativas de a encontrar.
Para quem tem tempo, passa à colmeia seguinte e regressa à “rainha escondida” mais tarde. Para quem faz dos relógios só com 24 horas uma desculpa constante para tudo, “avança” assim mesmo...

E assim faço, o processo é muito mais difícil, pois os cuidados redobrados a ter com o “núcleo-sem-rainha” são agora... quadruplicados, pois se ela não aparece, assumo que cada uma das colónias resultantes... não terá rainha...

Sendo assim, tento que cada um dos núcleos fique o mais igual possível, e ambos semelhantes ao referido atrás para a construção do núcleo sem rainha.
No dia seguinte, o núcleo que tiver “ovos do dia” é o que tem a rainha, e podem/devem fazer-se alguns acertos no sentido de reforçar com criação o outro núcleo. É claro que esta tarefa só se faz se necessária. Não esquecendo que ao colocar-se demasiada criação ou abelhas jovens num núcleo, este acréscimo tem de ser compensado com abelhas adultas para a recolha de nutrientes, (a colónia deve ficar EQUILIBRADA).

Claro que agora surgem outros casos “bicudos”, como os quadros de criação com larvas de três, quatro e até cinco dias de vida, que em situações de emergência as obreiras podem utilizar para “fazer” a rainha. Nos primeiros esquemas que exemplifiquei, iriam para o núcleo com rainha, mas neste caso não sabemos onde ela está.
Estas larvas, já tiveram respectivamente, um, dois ou mais dias de alimentação à base de mel e pólen e nunca darão rainhas de qualidade.
Quando me surgem quadros com essa constituição costumo destruir as larvas dessas idades:

Às obreiras, como opção para “fazer” a nova rainha vão restar: os ovos, ou as larvas com um ou dois dias de vida, pois as demasiadamente grandes, na pré-operculação, já não são seleccionadas.

A situação que acabo de referir, à semelhança de tantas outras, dá razão à afirmação que fiz há uns tempos atrás: As colmeias são livros de 20 páginas, que devem ser bem lidas e interpretadas para uma intervenção correcta.
Nos esquemas que apresentei, reduzi “o livro” a dez páginas, assumindo que cada quadro é igual na frente e no verso, porque na realidade as coisas são bem diferentes...

Com os desdobramentos concluídos, a prolificidade de opções é gigantesca, e quem anda nas lides apícolas compreende, entre o deslocar todas as colónias que ficaram com rainha (mais resistentes) para outro local, para evitar a competição com as mais fracas (sem rainha), ou vice versa, ou deixar tudo como está, ou ainda um rol de variantes, tudo é possível.
Na época passada desloquei as colmeias e núcleos sem rainha para perto da minha casa, ao fim do dia dos desdobramentos, para uma assistência mais cuidada. Tal acto permitiu-me alimentá-las mais vezes sem ter de o fazer às restantes colónias.

38 comentários:

Mário disse...

Mais uma boa aula de apicultura, e é por essas e por outras que o trato por Mestre, consegue meter a matéria toda explicita sem que haja recurso a perguntas e duvidas sobre o assunto.
Mais uma teórica estudada, num futuro vou dizer-lhe como correu a pratica.
Grande abraço
Ferradela

Apisarte disse...

Uma aula de abrir os olhos até ao branco!
Um abraço

Anónimo disse...

APIAÇORES
Gostei da aula. As abelhas são mais complicadas do que parecem.Tenho uma colmeia zanganeira e não sei o que lhe fazer. Está a morrer lentamente,já lhe coloquei rainha virgem não resultou, coloqueilhe um quadro com realeiras operculadas e não resultou, coloqueilhe também um quadro com ovos do dia e também não resultou. Se tiver alguma solução diga-me. OBRIGADO - CUMPRIMENTOS

Alien disse...

Caro amigo APIAÇORES,

Se a situação se passasse comigo, pura e simplesmente juntava essa colónia (que presumo fraca) a outra, desde que a primeira não tivesse doenças.
Tanto as rainhas virgens que lhe adicionou, como as realeiras ou os ovos do dia "precisam" de abelhas "amas" para serem aceites, ou seja, abelhas com aprox. uma semana de vida (excelentes produtoras de geléia real).
Se calhar a colónia a que se reporta já está zanganeira à demasiado tempo (não tem abelhas jovens (amas) daí o facto de não aceitarem rainhas...
Será que vale a pena repetir tudo o que já vez adicionando-lhe também uma boa quantidade de abelhas ama?
Eu não o faria, confesso.

Não tendo sido grande ajuda, espero pelo menos ter elucidado o processo...

Um abraço
JPifano

Eliseu disse...

como eu faça pra extrair uma rainha de uma larva,? abraços

ricardo disse...

bom dia
Qual a tinta que se deve usar para pintar as colmeias? é de que tipo ou marca??
cumprimentos

Alien disse...

Olá Ricardo

Não creio que haja grandes referencias sobre o assunto, no entanto se puder usar tintas ecológicas, sem chumbo, etc,... ou óleo de linhaça, poderá ser mais saudável para as abelhas e para o mel...

abraço

Ricardo disse...

obrigado
qual o tipo de tinta que o senhor usa nas suas??
pareceu-me ver algumas colmeias pintadas com tinta de areia,esta tinta será uma boa opção?
cumprimentos

Alien disse...

Olá Ricardo,

Este ano, curiosamente, substitui todas as minhas alças, pintadas sobretudo com tinta de areia, por alças pintadas com óleo de linhaça.
Tal como já tinha referido, o óleo de linhaça puro ou misturado com parafina, parecem começar agora a ter mais procura.
Neste momento os meus ninhos ainda são maioritariamente pintados com tinta de areia. Em tempos pedi alguns com tinta de óleo, mas creio que o efeito é semelhante.
De qualquer forma estou com alguma vontade de passar tb para o óleo de linhaça.
Disseram-me que o óleo de linhaça necessita de alguma manuetenção, talvez seja menos resistente. Devem ser "repintadas" de 2 em 2 ou 3 em 3 anos.
Não é nada do outro mundo, se o Ricardo não tiver muitas colmeias, aconselhava-o vivamente a todos os anos (antes do Inverno quando ainda há calor, ou depois do Inverno quando já houver calor...) a substituir as colmeias que tem no campo por outras que tenha em armazem, depois de bem desinfectadas, ex: com o maçarico. Até o pode fazer por fazes: substitui meia duzia, leva as utilizadas para o armazem, desinfecta-as e utiliza-as para substituir as seguintes e assim sucessivamente.
Nestas "trocas" para a higineização das colmeias (com resultados francamente positivos) pode aproveitar para raspar o óleo de linhaça já gasto no exterior e banhar a colmeia em óleo de linhaça quente, fazendo assim a manutenção da pintura...
Para tal precisa de um recipiente em metal, meio bidom, para o efeito...

Em tempos ouvi dizer a apicultores mais velhos que a tinta de areia nas colmeias era uma má aposta porque desgastava as luvas mais depressa :)
Por outro lado, essa tinta resistia melhor aos incendios :) :) :)

abraços
Pifano

Ricardo disse...

obrigado pelo comentário
mas mesmo assim estou a pensar a pintar algumas com tinta de areia, pelo facto de algumas delas terem pequenas rachas, e a agua pode vir a entrar por essas rachas

Ricardo disse...

E muitos parabens pelo Blog, aprendi muita coisa com este blog

Paulo Pereira disse...

Ola Sº Alien
Gostava de saber a sua opinião sobre o seguinte
E verdade que se quando andamos a procura da rainha e não a encontramos, se tiramos um quadro dessa colmeia sem abelhas, e formos a outra colmeia e tirar-mos de la um quadro puxado tb sem abelhas, e os trocarmos podemos encontrar mais fácil a rainha porque passado 30 minutos as rainhas encontram-se nos quadros que trocamos.
A explicação que me deram – e que cada rainha tem a sua Esfero mona, e quando elas chegam a esses quadros a Esfero mona e diferente não é delas então pensão que esta la outra rainha, e então vão andar um bocado em volta do quadro para tentar apanhar a outra rainha que não existe.
Não tenho experiencia disso mas quando precisar vou tentar.
Tenho gostado e aprendido muito no seu blog.
Obrigado pele ajuda.
Paulo Pereira
Anadia

Alien disse...

Olá Paulo Pereira,

Já ouvi falar acerca desse assunto, se bem que nunca o tenha feito ou soubesse de alguem que tenha utilizado tal estratégia.
No entanto, deixe-me dizer-lhe que faz sentido.
De facto, a introdução de um quadro de uma colmeia, com o cheiro característico de uma colónia, seja com as feromonas da rainha ou outro qualquer marcador, cause alguma perturbação na colónia onde é introduzido.
E pelo que se sabe do comportamento muito territorial da rainha faz todo o sentido que ela inspeccione o novo quadro "contaminado" com feromonas intrusas.

Um abraço
Joaquim Pifano

Energias alternativas disse...

Eu acabei publicando um livro em que basicamente ensino o método de semi orfanação> Neste método é tudo muito simpes e ainda pode se a partido do que ensino nele desenvolver outros métodos. Todos eles são feitos de forma que não se perde uma abelha se quer. Voce pega uma parte das crias e isola dentro da própria colméia num sobreninho e aos nove dias já tem algumas realeiras prontas que podem ser separadas para montar núcleos ou deixar formar apenas um enxame novo. Na pior das hipóteses, se não criar rainhas, este sobre ninho se torna uma melgueira gigante, mas se for observada a tempo se tem crias para separar, dá para refazer o mesmo método com o mesmo enxame.http://www.agbook.com.br/books/search?utf8=%E2%9C%93&what=antonio+correa&sort=&commit=BUSCA
Estes são o mesmo livro com capas diferentes

Paulo Pereira disse...

Olá Sº Joaquim Pifano
É só dizer aqui uma coisa ao Sº das
Energias alternativas se o Sº na vez de ter feito um livro, tinha feito um blog, e explica-se o que escrevei no livro, ajudava muitos mais apicultores, porque ainda não vi nenhum apicultor ficar rico com o que ganha com a apicultura vai vivendo.
Por isso poucos têm dinheiro para lhe comprar o livro.
E no blog o Sº demonstrava que gostava de partilhar com os outros, sem ser a troco de dinheiro.
Um bem aja ao Sª Joaquim e a todos os apicultores que descrevem de forma gratuita os seus conhecimentos e disponibilizam o seu tempo, para ensinar os outros.
Que deus ajude a todos.
Paulo Pereira
Anadia

Anónimo disse...

Daqui escreve-lhe Jose Ferreira, membro dos foruns de apicultura: As abelhas; Forumeiros. Muito prazer.

Não sei se será tarde ou não para me esclarecer as dúvidas com que fiquei ao ler este seu excelente tópico.

Cá vai:

- Quando damos uma pancada num quadro, só as abelhas velhas é que caiem? As novas ficam no quadro?

- Como distinguimos abelhas novas de abelhas velhas?

- Os custos de alimentar todas as colónias desdobradas sem rainha com xarope e polen são rentáveis? Compensam? É que a apicultura trás muitos encargos monetários.

- Esta forma de desdobramento produz uma boa rainha na colmeia orfã?

- Como destroí as larvas com mais de 3 dias? Sem serem as pré-operculadas?

- As abelhas conseguem fazer uma rainha com larvas até que dias? Pelo que pensava era até 3 dias, mas afinal são mais. A qualidade é que é muito mais reduzida, certo?

Muito obrigado desde já pelo seu maravilhoso tópico e espero que me possa ajudar.

Abraço

Jose Ferreira

Alien disse...

Olá José Ferreira,

1- Supostamente é isso que acontece, se bem que esse acontecimento é sobretudo estatístico, ou seja, "a maior parte" das abelhas velhas deverá cair com uma pancada seca, ficando no quadro "a maior parte" das abelhas jovens(amas).


2- As abelhas novas (amas) têm uma cor acinzentada, pois são muito peludas. Jás as abelhas de campo, mais velhas, perderam a maioria desses pelos e apresentam uma cor negra e brilhante.

3- Nem me fale em custos com a alimentação artificial, estou precisamente a fazer um artigo que deverei colocar no montedomel lá para finais de Março, sobre os custos de produção, e... de facto os resultados são dolorosos.
Mas respondendo à sua pergunta, de facto compensa alimentar esses núcleos, se bem que a quantidade de alimento dependerá muito da flora da região, sobretudo do tempo em que irá durar essa floração.

4- As rainhas para serem boas devem ser novas, com ovário desenvolvido e de boa genética. Para o primeiro aspecto sim, serão boas, visto serem novas, para o terceiro depende das características da colónia que as originou, para o segundo aspecto, o desenvolvimento dos ovários é que não devem ser muito boas pois quase sempre são rainhas de emergência.
Para o evitar teria de utilizar apenas ovos ou larvas até ao 2º dia, ou ainda ter disponibilidade de alvéolos reais ou rainhas já nascidas.
Pessoalmente é um assunto que pouco me preocupa, pois como faço transumância no Verão, ou seja, mantenho essas colónias em floração contínua por mais 2 ou 3 meses após o desdobramento, e se a rainha não "tiver ovários" à altura para fazer a postura necessária aos estímulos de grande entrada de néctar, as abelhas irão substitui-la por outra não de emergência.
Acontece muitas vezes encontrar pequenos enxames nos apiarios de Verão devido a essas substituições naturais de rainhas.

5- As larvas podem ser destruidas com uma agulha, mas como deve calcular é um trabalho moroso. O ideal é recorrer a quadros que não as tenham, nem que os procure noutras colónias.
Também pode optar por destruir os primeiros alvéolos a serem operculados (de larvas mais velhas), mas não o aconselho, até porque no ponto anterior se percebe que as abelhas poderão fazer essa selecção à posteriori, necessitam para tal que haja é muito néctar no exterior, para que haja pressão sobre a rainha.

6- Esse limite varia de autor para autor, pessoalmente acho que não se deviam usar larvas com mais de 2 dias após a eclosão do ovo. Não o afirmo com muita certeza, mas suponho que o Sr Vicente de Lagos (com imensa experiência no assunto) admite larvas até ao 3º dia.
As abelhas podem fazer rainhas até com larvas mais velhas, se bem que estas já terão ingerido mel e pólen e nunca terão os ovários tão desenvolvidos.

Caro José Ferreira, espero ter ajudado, se houver algo mais em que eu possa ajudar, contacte-me por favor.
Supostamente, no mês de Março, a ADERAVIS irá ter algumas formações práticas sobre desdobramentos, ainda não temos datas, mas convido-o desde já a participar se for do seu interesse.

montedomel@gmail.com

abraços
Joaquim Pifano

Unknown disse...

Boa tarde.

Eu tenho 2 colmeias, num só apiário. Uma delas vou desdobrar na sexta feira, mas tenho um pequeno problema. Visto só ter um apiário, e não poder levar o desdobramento para mais de 3km há alguma maneira de desdobrar e ficarem os dois lá? Eu já pensei eu trocar a posição das caixas, para a nova receber as abelhas mais velhas, que andam fora, e a velha ir para um novo local. Será isto uma boa ideia? Têm outra solução?

Outra coisa para aproveitar o post. Apanhei um enxame recentemente, e quero que ele desenvolva o mais rápido possivel. Mas como já estamos em plena primavera e já há floração, vale a pena alimentar?

Obrigado

Alien disse...

Olá José Miguel,

Caso não tenha outro local disponível para deslocar a nova colónia pode optar por deixar as duas exactamente no mesmo local da colónia original.
Já o fiz inúmeras vezes com sucesso. O problema é que não poderá alimentar a colónia sem rainha sem riscos de pilhagem, mas nesta fase também não é um problema maior.
Aconselho-o no entanto a colocar a rainha na nova caixa, para que as obreiras entrem preferencialmente na colmeia velha (agora sem rainha) onde são mais necessárias.
Mesmo assim, tratando-se de um só desdobramento, pode perder uns instantes junto às duas colmeias e monitorizar o fluxo de abelhas para as duas caixas, tapando ou obstruindo a entrada daquela onde elas entram maioritariamente para que haja uma divisão mais igual.
Como deve calcular elas irão escolher a caixa original, onde estão habituadas, e não convém deixar a caixa com a rainha desprovida de abelhas adultas, pode enfraquecê-la em demasia.

Não esqueça de fazer umas marcas com tinta na colmeia sem rainha, na tábua frontal, caso as duas colmeias sejam de cor semelhante, para que a rainha entre na colmeia correcta após o voo nupcial.

A segunda questão: depende, poderá alimentar só com água açucarada, muito diluída, para estimular o puxar da cera, mas se o novo enxame está no mesmo apiário corre o risco de pilhagem...

É sempre bom termos um segundo apiário (local) para estas manobras.

abraço
Joaquim Pifano

Unknown disse...

Boa tarde;

Este ano penso que não conseguir fazr muitos desdobramentos, mas para o próximo ano vou ter de arranjar outro local.
A distância necessária são 3km certo?

Obrigado pela resposta!

Alien disse...

Sim José Miguel,
a velha regra diz que não se deve deslocar uma colmeia mais de 3 passos ou menos de 3 km.

Abraços e bom trabalho!

JoaquimPifano

Unknown disse...

Muito obrigado mais uma vez.

Tenho aprendido muito no seu blog como já lhe disse por telemóvel.
Eu uso/usarei colmeias Lusitanas envernizadas/emalhetadas, que são todas da mesma cor. Em caso de desdobramento no mesmo apiário tenho de colocar algo se cor diferente na tabua de voo.

Obrigado mais uma vez, e continuação de um excelente trabalho!

Alien disse...

Olá de novo José Miguel

Poderá pintar a spray algumas manchas, riscos, sinais, apenas na parede frontal da colmeia, ou então, caso não queira pintar sobre a madeira envernizada, pode usar um papel colorido e autocolante que não perca a cor com a humidade...

abraços e bom trabalho
Joaquim Pifano

Paulo Pereira disse...

Olá Sº Joaquim Pifano
Só uma pergunta.
Quando se faz o desdobramento já com os alvéolos reais já feitos (Leva-se para mais de 3km) mete-se logo o alvéolo real ou só se mete passadas as 8 horas depois das abelhas se sentirem organizadas.
Se as abelhas não forem todas da mesma colmeia (quando se esta a fazer o desdobramento) pode-se levar lodo para outro apearia ou é melhor fecha-las 24horas até elas se acostumarem umas com as outras, e a então depois abri-las, e colocar-lhe o alvéolo real.
Obrigado pela ajuda.

Paulo Pereira disse...


Bom dia
eu tenho eu erro eu queria dizer.
depois das abelhas se sentirem ORFANIZADAS e não (organizadas)
peço desculpa pelo erro.
Obrigado mais uma vez.

Alien disse...

Olá Paulo

Essa é mesmo uma daquelas perguntas complicadas :)
De facto a colmeia desdobrada, sem rainha, pode ser deslocada de imediato para outro apiário e convém só colocar o alvéolo real só após umas 24h, quando elas sentirem a orfanização.
No entanto, cuidado com o transporte de alvéolos reais, são estruturas muito frágeis no respeita à viabilidade da rainha que têm lá dentro.
Quanto à familiarização das abelhas de várias colónias, se forem molhadas com um pulverizador com água açúcarada, aceitam-se mais depressa ou então usando abelhas muito jovens.
Mas se usar só abelhas jovens, apesar de ter boas amas para a produção de geleia real para a rainha, essa colónia não será muito funcional, pois serão necessárias abelhas de campo para a recolha de néctar e pólen.


abraços
Joaquim Pifano

henrique disse...

Boa tarde, depois que tive conhecimento deste espaço tenho apreendido imenso, o meu muito obrigado por partilhar op seu vasto conhecimento.
Gostaria que me desse a sua opinião sobre o seguinte assunto:
Como por brincadeira adquiri um enxame, contudo, essa curiosidade deixou-me apaixonado por estes maravilhosos insectos. Dizia, adquiri um enxame à cerca de um ano, o tempo passou e foi adicionando as alças conforme a necessidade do enxame, neste momento está na terceira alça. À cerca de uma semana na visita que fiz constatei que na terceira alça (colocada um mês antes) todos os quadros estavam puxados e pelo menos num deles havia criação. Não verifiquei as outras alças. Fiquei admirado pois pensava que na terceira alça haveria só mel. Perante esta quadro de situação estou pensando fazer um desdobramento (no mesmo apiário), é aconselhável? Se for o caso a rainha vai para a nova colmeia ficando a antiga sem rainha e ficando ainda com as três alças?
Gratao pela atenção dispensada.

Alien disse...

Olá Henrique,

É possível fazer o desdobramento tal como sugeriu, não vejo qualquer problema em a colónia nova (sem rainha) ficar com as 3 alças em cima, desde que tenha população adulta suficiente para cuidar da criação e da manutenção desse mel que aí fica.
Pessoalmente preferiria colocar os 5 quadros da nova colónia (sem rainha) num núcleo ou noutra colmeia, colocar aí dentro a quantidade desejada de colmeias adultas e leva-la para mais de 3km.
Logo que a nova rainha tivesse postura optaria então por trazê-la de volta ao apiário.
Não digo que o método que sugeriu não vá funcionar, decerto que vai correr bem, mas para maximizar o sucesso dessa acção eu optaria pela segunda hipótese.
Caso afaste a colmeia sem rainha do apiário poderá e deverá providenciar-lhe boa quantidade de alimentação estimulante.

Espero ter ajudado!

abraço
Joaquim Pifano

Alien disse...

No comentário anterior, onde digo "colmeias adultas" queria antes dizer "abelhas adultas"...

henrique disse...

Boa tarde,
Cá estou eu novamente, em primeiro devo lhe dizer que o desdobramento que lhe solicitei informação no comentário acima decorreu e está a se desenvolver bem. Muito obrigado por partilhar o seu conhecimento. Ora neste momento o que me leva a contactá-lo é sobre o assunto que passo a descrever:
1- o enxame que foi desdobrado anteriormente tem três alças;
2- a rainha "velha" ficou na colmeia ;
3- Durante trinta dias não tive qualquer contacto com esta colmeia, deixando-a desta forma retomar a sua atividade normal o que a " Olho nu" assim me pareceu;
4- na última visita constatei que não havia criação do dia, larvas de qualquer idade e somente criação já devidamente operculada pronta para nascer a qualquer momento, pólen e mel;
5 - constatei também cerca de quatro a cinco alvéolos reais ;
6- perante este quadro tomei a iniciativa de fazer um outro desdobramento, retirando cerca de cinco quadros;
7- dois com alvéolos reais, dois com criação quase a nascer e pólen e ainda um quadro com mel e pólen;
8- aleatoriamente sacudi dois quadros com muitas abelhas para a nova colmeia;
9- levei esta nova colmeia para um novo apiario afastando mais de 5km;
10- deixando na colmeia alvéolos reais, criação quase a nascer, pólen e mel e muitas abelhas .
Neste momento estou com algumas dúvidas relativamente ao sucesso desta operação, será que irei conseguir recuperar os enxames.
Desde já agradeço a sua opinião e caso seja necessário efectuar algum procedimento qual ?
Um bem haja.

Alien disse...

Olá Henrique,

O procedimento que descreveu parece-me bastante correcto, pessoalmente só lhe adicionava um novo ponto:
- Alimentação estimulante (enriquecida com pólen e ou levedura de cerveja) em quantidade, convém que o alimento seja bem líquido pois as abelhas precisam de mais humidade nesta estação para fazerem boas rainhas. E não esqueça de retirar as alças para lhes fornecer o alimento estimulante, caso contrário irá adulterar esse mel...

Conte-me depois o sucesso da operação

cumprimentos,
Joaquim Pifano

DML disse...

Excelente post! Muito obrigado pela partilha!

lbentomanso disse...

ola,

Deixo desde já os meus parabens pelo blogue. Estou a escrever para perguntar o que faz no caso de a colmeia orfã criar 6 ou 7 alvéolos reais devidamente operculados. Eu fiz desdobrementospela primeira vez e tenho esta situação. Quais os critérios para a selecção. quantos dias deixa passar desdo desdobramento e primeira inspecçao. obrigado pela atençao

Alien disse...

Olá, Bom dia!

Pela minha experiência não destruiria/seleccionaria nenhum desses alvéolos.
Lembre-se que muitas vezes são rainhas de emergência e algumas poderão não ser muito boas e sempre há a possibilidade de havendo várias que fique a melhor.
Por outro lado uma dessa rainhas vai sair em voo nupcial (uma etapa com algum risco) e poderá não voltar à colmeia, nesse caso as abelhas permitirão a saída de outra rainha virgem 8se a tiverem disponível). Pelo que acho preferível não destruir nenhum alvéolo real.
Por vezes, o que fazemos para evitar as "rainhas de emergência" ou seja, feitas a partir de larvas com mais de dois dias é destruir os alvéolos reais já operculados ao fim do 4º/5º dia após o desdobramento. Mas acredite-me que o ideal é mesmo não perturbar a colónia nesta fase.
Se por acaso nascer uma rainha menos boa, havendo floração suficiente ela será pressionada para por muitos ovos, não o fazendo as próprias abelhas se encarregarão de a substituir.
Para fazer a inspecção para ver se já há rainha viregm/rainha fecundada/postura, aguarde 3 a 5 semanas.
Logo que veja uma área de cerca de 10 cm de diâmetro nos quadros centrais com os alvéolos vazios e muito polidos, é sinal que dentro de uma a duas semanas a nova rainha iniciará a postura.
Espero ter ajudado,

abraço
Joaquim Pifano

Anónimo disse...

Tive um problema parecido e encontrei uma solução para o problema. A princípio entremos na biologia da abelha, quando uma colmeia vira zagueira ela acaba perdendo a rainha e abelhas operárias se predispoe a botar ovos, mas por obras do destino genéticamente esses ovos só nascem zangoes que só se alimentam na colmeia. Mas para a operária botar ovo ela precisa desenvolver de alguma forma o seu ovário, nesse processo ela acaba perdendo a agilidade e disposição para votos. O procedimento prático é o seguinte, você vai pegar sua colmeia, e deslocarla aproximadamente 50a 100metros do local de origem, após isso, retire todas, isso mesmo, TODAS AS ABELHAS DA CAIXA e as deixem jogadas no chão, e volte ao local de origem e coloque a colmeia VASIA no lugar, após esse procedimento, coloque um quando de outra colmeia de um dia de vida ou até mesmo com uma realeira em desenvolvimento, as abelhas que se predisporam a botar ovos não vão conseguir voar e volta a caixa enquanto que o resto da população da colmeia voltará e não destruíra mais os ovos e rainhas. Espero ter ajudado

Anónimo disse...

Excelente artigo, obrigado por toda esta importante e objectiva informação

Unknown disse...

Boa noite. Ao fazer o desdobramento e se descobrir a rainha em vez de passar para 2 núcleos não pode passar só alguns quadros para um núcleo deixar rainha na colmeia inicial e preencher logo com restantes quadros de cera puxada? Deixar essa colmeia no local ondese encontra e levar apenas o núcleo para outro local? Obrigado.


Alien disse...

Evidentemente que sim.
Pessoalmente faço isso a maior parte das vezes.
Devemos ter em conta é que no núcleo (ou até colmeia) que ficar sem rainha
quantos mais quadros de criação e abelhas adultas tiver, maior será a probabilidade
de ter sucesso, ou seja, de criar uma nova rainha.

Cumprimentos