Mais que as vespas, as térmites e até as abelhas(?), as formigas foram sempre um dos meus animais preferidos.
Na infância passava o tempo a observá-las, a capturar grandes quantidades e a “enfiá-las” em frascos com terra para as observar a fazer túneis, a armazenar cereais e uma infinidade de outros comportamentos que me fascinavam.
Actualmente, quando a minha casa ou a de familiares é invadida por esta “praga”, sou o único que intercedo a favor delas. Chego a inutilizar armadilhas e outros pesticidas empregues para o seu controlo. Por vezes até esqueço (e disponibilizo) açúcar ou mel nos locais mais disparatados para essa “rapaziada” nos vir visitar. Tenho então um gosto especial por umas douradas e pequeninas que nos invadem a cozinha.
Orgulho-me de nos meus 20 anos ter levado para a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, onde estudei Biologia, um exemplar de coleóptero muito curioso que vive em simbiose com determinada espécie de formigas. A surpresa foi quando me disseram a importância de tal insecto, pois o pequeno escaravelho âmbar nunca tinha sido descrito ou observado a Sul do Tejo.
Debaixo do bebedor do meu cão, o Torresmo, vive uma curiosa colónia de formigas em perfeita harmonia com imensos “peixinhos de prata”, associação muito comum, ou não fosse a enorme quantidade destes bichos.
Fica prometida uma reportagem fotográfica sobre as diversas colónias de formigas que encontro sob as rochas, só para apreciadores, claro…
Clique na imagem para ampliar...Um grande frenesi à porta do formigueiro, onde são abertos muitos orifícios para o êxodo de milhares de insectos.
Não esqueçamos que as fêmeas (futuras rainhas) contêm grande quantidade de óvulos e outras substâncias nutritivas para a futura prole. Para não falar na responsabilidade biológica destes indivíduos onde cada um “carrega” uma nova colónia.
Este evento acaba por atrair imensos predadores que nesse dia “tiram a barriga da miséria”, por isso a concentração de soldados agressivos para protecção do investimento do formigueiro.
Escava um orifício pouco profundo, onde se abriga, e inicia a postura. Poucos ovos, não tem obreiras disponíveis para a colecta de alimentos nem para cuidar das larvas, esse trabalho é só para ela. Ela própria abandona o “proto - formigueiro”, com todos os riscos inerentes, para alimentar a prole.
Quando nascem as primeiras formigas já ajudam na criação das novas posturas, sucessivamente, gradualmente até o formigueiro ultrapassar o número crítico de sobrevivência. É mínimo o número de fêmeas que atingem esta fase.
Trata-se de uma sociedade fantástica, que apesar de alguns prejuízos conquistou com mérito o seu lugar no planeta Terra!!!
AS VESPAS, OS VESPÕES, AS FORMIGAS…
Pragas nojentas e assassinas! Não servem para nada! Apenas pilham e matam as nossas colónias de abelhas entre muitos outros estragos.
Nos últimos tempos, nas notícias, documentários de televisão e tantos outros órgãos de informação, (no Montedomel…) têm sido veiculados conselhos e avisos para a sua perigosidade e para os estragos que fazem nas nossas explorações apícolas.
É verdade, são inconvenientes, matam imenso, causam enormes prejuízos ao sector apícola e à agricultura em geral…
Mas… Não acham que já è tempo para um olhar crítico, racional, consciente e menos apaixonado sobre este tema?
As vespas, vespões e formigas podem e devem ser considerados predadores relativamente às abelhas. O ser humano enquanto entidade justa (sobretudo justiceira) reage sempre mal à actividade dos predadores, revolta-se. Quantas vezes ao assistirmos a um documentário em que um leão persegue uma frágil gazela não “torcemos” por esta última? Para que consiga fugir, o leão quebre uma pata ou simplesmente não a capture?
Os leões perseguem e capturam (maioritariamente) gazelas com características semelhantes às das abelhas atacadas por vespas ou formigas: animais fragilizados, fracos e doentes. Contribuem assim para um estado sanitário (e genético) muito melhorado na população global de gazelas.
Durante o Outono poucas ou nenhumas abelhas mortas ou doentes encontramos frente às colmeias. As vespas e formigas já levaram uma boa quantidade delas. É certo que também arrastam muitos animais saudáveis, mas congratulemo-nos pelo facto de afastarem sobretudo indivíduos inviáveis, de baixo rendimento e autênticos focos de contágio de doenças.
E já houve quem se me queixasse das vespas por levarem as abelhas mortas da frente das colmeias, dificultando os diagnósticos sanitários…
Mas, mas…Também não excluo a hipótese de que desequilíbrios ambientais e alterações climáticas tenham de alguma forma alterado as populações de predadores de abelhas. Qualquer causa mais recôndita pode ter tido como consequência uma explosão demográfica de vespas e vespões muito acima do que é habitual.
E nós estamos a pagar a factura.
Eu escrevi “desequilíbrios ambientais”? é curioso.
Quando concentramos milhares de colmeias em determinada região (porque há muita flora apícola), ou fazemos apiários com largas dezenas de colmeias (para poupança de combustível nas deslocações), não estaremos a praticar uma “monocultura apícola” ??? As monoculturas não são uma forma de desequilíbrio ambiental?
Não estaremos a concentrar uma quantidade exagerada de “ouro” para provocar o “bandido”, criando assim a ocasião que faz o ladrão?...
Experimentem uma vista de olhos neste link:
http://montedomel.blogspot.com/2009/04/sanidade-apicola-ou-insanidade-humana.html

5 comentários:
... o Mário "FERRADELA" está proibido de comentar este post!!!
:-) :-) :-)
abraços
Joaquim Pifano
Joaquim,
Vestimos os animais com roupas humanas!
Em relação aos predadores das abelhas, por exemplo, parece-me que algumas vezes tem mais responsabilidade o apicultor que esses predadores.
E ao dizer isto tenho-me a mim em mente...
Mas nem sempre é assim, como é óbvio.
A própria casa das abelhas - a colmeia - é, em mais do que um sentido, uma construção nossa, e parece que às vezes nos esquecemos disso, e que as abelhas funcionam mais pelo território abrangem que pelo sentido de propriedade!
Abraço
Ricardo
... e muitos outros insectos que, pela sua "estranha" beleza ou pela organização social, são fascinantes.
Aguardando a reportagem...
Abraço
Francisco
Amigo Joaquim,
Só mais uma informação para juntar ao caderninho, na minha terra (Almendra - V.N. Foz Côa) nós chamamos-lhe "formigas azeiteiras".
Não sei se será devido ao seu brilho que parece azeite ou porque só saem com o pintar da azeitona.
São optimas para apanhar uns barbos no Outono.
Cumprimentos
Bruno Furtado
Olá Bruno,
Eu sabia da utilização das "agúdias" para a pesca, nalgumas regiões.
Desconhecia-lhe o nome de "formigas azeiteiras", era giro que conseguisses saber a origem do nome...
Um abraço
Pifano
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