Realizou-se no passado dia 8 de Dezembro a quinta edição das Jornadas Técnicas Apícolas - Avis mellífera. Trata-se de uma
iniciativa que começou em 2008 e que durante estes cinco anos tem trazido a
Avis apicultores, técnicos, dirigentes associativos e outros agentes do sector,
oriundos de todo o território nacional.
Trata-se de um evento privilegiado para a troca de
conhecimentos e experiências, quer pela diversidade de participantes como pela
multiplicidade de temas que têm sido abordados.
É de louvar, dadas as dificuldades que as famílias
portuguesas atravessam nestes tempos conturbados, o elevado número de
visitantes e participantes que este ano acorreram a Avis para participar no
evento que já é considerado uma “festa da apicultura”.
09:00 Concursos de Mel
Júri: Eng.º José
Gardete; Eng.º Paulo Varela
(Montemormel); Eng.º Jorge Rocha
(ADERAVIS)
Mel Multifloral – 26 amostras
1º Lugar – João Domingos Xarez da Rosa
– Avis (AVIS)
2º Lugar – Custódia Maria Casanova – Pavia (MORA)
3º Lugar – João Carlos Castelinho – Vale de Seda (FRONTEIRA)
Mel de Rosmaninho – 9 amostras
1º Lugar – Carolina Paraire Durão – Vale de Açor (PONTE DE SOR)
2º Lugar – José Nunes Oliveira – Montargil (PONTE DE SOR)
3º Lugar – José Zeferino Traquinas Barata
– Alcórrego (AVIS)
09:30 Workshop –
Produção de Hidromel
Formador: Dr. António
Hermenegildo (SAP – Sociedade dos Apicultores de Portugal)
Foi um dos momentos mais marcantes das jornadas. Tão
importante e misterioso como o “segredo
da abelha” é o segredo de transformar o mel em vinho – hidromel.
Sempre que se solicita a receita de tal iguaria é habitual
ouvirmos como adenda às instruções de fabrico: “…e ao fim de uns meses teremos hidromel, ou vinagre!”.
Foi pela dificuldade geral na confecção de tal sucedâneo do mel, pelo interesse demonstrado por inúmeros apicultores no Hidromel e
conhecendo os trabalhos que o Dr. António Hermenegildo já desenvolvera nesse
campo, que a organização das jornadas o convidou para formador no workshop e a
quem agradecemos a disponibilidade e alegria que proporcionou ao evento.
Como era de esperar, a degustação de hidroméis que variavam
entre o seco, meio seco e doce, redundou num dos momentos mais aguardados da
manhã. Causando tal ajuntamento de participantes em torno da mesa de provas que
não havia mãos a medir para encher tanto copo. O sabor, algo estranho a
princípio, harmonizava-se depois com as papilas gustativas, melhorando
gradualmente ao longo das provas, havendo quem chegasse ao 7º e 8º copo para o
comprovar…
14:30 Colóquio
Boas vindas por parte da Direcção
da ADERAVIS e pela Presidente da Junta de Freguesia de Avis, Dr.ª Anabela Pires, também em
representação do Município de Avis.
Moderador – Eng.º José
Joaquim Gardete
1º Tema: Flora Apícola, abordagem
passiva/activa do apicultor - Dr.
Joaquim Pifano (ADERAVIS)
Foram apresentados vários factores responsáveis pelo declínio
da apicultura, como as questões sanitárias, a sobre-exploração de recursos e as
alterações climáticas entre outros. Propôs-se também um novo formato de
intervenção, mais activo, do apicultor sobre a flora apícola, nomeadamente a
plantação/sementeira de espécies melíferas e poliníferas que floresçam
sobretudo em datas determinantes para o desenvolvimento das colónias de
abelhas.
É sabido que o período pós estival, cuja flora rarefeita
pelas altas temperaturas associadas a incêndios devastadores e a más práticas agrícolas,
impedem as abelhas de renovarem a população que há-de subsistir durante o
Inverno, tendo como consequência o colapso de inúmeras colónias durante esta
estação.
Qualquer intervenção no coberto vegetal que contribua com novas
fontes de pólen/néctar é sempre desejável, não esquecendo a alimentação
complementar ou mesmo a transumância.
2º Tema: A Apicultura e a Nova PAC
– Eng.º Pedro Santos (CNA)
Uma perspectiva sobre a Agricultura em geral e Apicultura em
particular, após a nova remodelação da já tristemente célebre PAC.
Um quadro a que infelizmente já nos habituamos, com novos
agravamentos dos custos de produção, diminuição das ajudas e da protecção aos
produtos nacionais, com os consequentes abandonos de explorações agrícolas e
apícolas que se anteveem.
Já as importações de produtos apícolas, oriundos de países
extra CE aumentam a cada ano…
3º Tema: Melarias Colectivas, vantagens e
desvantagens – Eng.º Paulo
Varela (Montemormel)
Também nas melarias, a
união de vários apicultores parece ser bem mais vantajosa que a iniciativa
individual. Sobretudo no ponto de vista económico, onde a redução de custos com
um único investimento colectivo, é preferível a investimentos vários, onde a
taxa de utilização é quase sempre mínima, rentabilizando-se muito mais a
exploração e aumentando a competitividade.
Como desvantagens, poucas mais se encontram além dum investimento
inicial mais avantajado e da perda de individualidade de cada produtor.
4º Tema: Sanidade Apícola, produtos
Químicos vs Homeopáticos – Eng.º
José Serranito (Qalian)
A eterna polémica entre medicamentos de síntese química e à
base de produtos naturais, as respectivas eficácias, condições e métodos de
aplicação e… custos, sempre e sempre com o espectro dos produtos ilegais à
espreita.
A Qalian disponibiliza actualmente o APILIFE VAR (à base de
produtos naturais) e o APIVAR (de síntese química) ambos
com comprovada eficácia no combate ao ácaro Varroa
destructor.
Um apelo também à sincronização de tratamentos e utilização
das mesmas substâncias activas em cada região, para um combate mais eficaz à
Varroose, moléstia que há quase três décadas fustiga as explorações apícolas.
17:30 Entrega dos Prémios dos Concursos de Mel
18:00 Encerramento das Jornadas Técnicas Apícolas Avis mellífera 2012.
Conclusões das Jornadas
de Apicultura Avis mellífera 2012
1. As entidades oficiais, nomeadamente
a autoridade sanitária nacional para a apicultura, Direcção Geral de
Veterinária, devia intervir no sentido de promover os tratamentos simultâneos
em todo o território contra a varroose, bem como a uniformização dos
medicamentos a utilizar pelos apicultores.
Só dessa forma se conseguirá um controlo efectivo da moléstia que tantas baixas tem causado no sector apícola, bem como evitar o surgimento de resistências por parte do ácaro em causa que tornam obsoletos os medicamentos utilizados.
2. Tendo em conta a dimensão do país,
seria muito mais interessante e sobretudo eficaz, generalizar o estatuto de
Zona Sanitária Controlada a todo o território. Fomentando assim as acções de
carácter profilático e de controlo que actualmente apenas visam as áreas
restritas com tal estatuto.
Mas que esse controlo
vise também o imenso tráfego de colónias de abelhas estrangeiras que todos os
anos são trazidas para Portugal, desrespeitando a legislação sanitária das já
existentes Zonas Sanitárias Controladas.
3. Que os Serviços Oficiais do MAMAOT
articulem e reúnam sempre que seja necessário com as várias associações e
agentes do sector disseminados por todo o território, de modo a que o movimento
associativo nacional seja ouvido no levantamento e resolução de todos os
problemas do sector apícola.
4. O actual surgimento de grande quantidade de novos apicultores e consequente aumento muito elevado do número de colmeias neste sector, requer a coordenação e regulação pelas entidades oficiais, de modo a que seja respeitado o ordenamento apícola. Tendo em conta os recursos apícolas disponíveis em cada região, evitando sobrecargas de colónias de abelhas, evitando o esgotamento de recursos e ou a quebra de rendimentos até níveis insustentáveis.
A ADERAVIS solidarizou-se com o movimento Em Defesa da Agricultura Familiar, e Contra o Fim dos Serviços Publicos e Freguesias, tendo exibido um cartaz de protesto.
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