Por António Marques
Recentemente
fiquei, juntamente com a minha família, hospedado num alojamento de turismo
rural na região do Oeste, concelho de Alcobaça.
Um
empreendimento bastante agradável com uma classificação de “Fabuloso” nos
sítios da internet utilizados para fazer reservas.
Como
sabemos o turismo rural é uma modalidade de turismo cujo objetivo é permitir
aos hóspedes um contato direto e genuíno com a natureza, com as tradições
locais e também com a agricultura constituindo uma atividade geradora de
desenvolvimento económico para as zonas rurais. Tudo isto num ambiente rural e
familiar.
Portanto,
não estamos à espera de encontrar num empreendimento desta natureza gastronomia
estrangeira ou, neste caso, produtos alimentares que não sejam nacionais.
Infelizmente,
neste caso, encontrei no pequeno-almoço algo que me surpreendeu, e muito, pela
negativa e que manchou desnecessariamente a classificação que atribuí ao
empreendimento quando me foi solicitada.
Um
pequeno-almoço “normal” para este tipo de alojamentos: Pão, “croissants”,
compotas nacionais, manteiga nacional, etc. A partir do momento que me
apresentam MEL estrangeiro e por sinal de qualidade duvidosa e incerta deixou
de ser um pequeno-almoço normal, obviamente tendo em conta o espaço onde me
encontrava.
É
nosso dever – como portugueses – promover e defender o que é nosso e, como já
referi, um turismo com estas características ainda mais a isso é “obrigado”.
Apresentam
ao pequeno-almoço Mel Granja de São Francisco, um produto que não é Português e
como sabemos de origem incerta. Observando o rótulo não temos possibilidade de
saber a sua proveniência, ou seja, é impossível fazer a sua rastreabilidade.
Enviei
uma mensagem ao empreendimento a chamar atenção e a explicar os motivos porque
deveria optar por MEL nacional.
Foi
explicado aos proprietários que, no rótulo desse produto vão encontrar escrito
“mistura de méis CE e não CE”, o que quer dizer que pode ter de tudo no
interior daquele frasco. Por exemplo se “misturarmos 200g de um excelente
mel nacional num depósito com várias toneladas de mel oriundo do Sudoeste
Asiático ou da África Sub Saariana, já o podemos rotular com a desdita “mistura
de méis CE e não CE”. A legislação nem sequer obriga a mais - está em
conformidade”.
Normalmente
ou quase sempre, excetuando o mel Granja de São Francisco, os méis “mistura de
méis CE e não CE” são vendidos a preços muito baixos por serem provenientes de
regiões onde os custos de produção são mínimos. A saber, condições
higiosanitárias muito precárias e as abelhas são sujeitas a tratamentos
extremamente violentos com antibióticos e acaricidas. Como facilmente se
percebe o produto final não pode ter qualidade porque seguramente existirão
resíduos das substâncias referidas.
A
título de exemplo, em 2003 a DECO – Teste Saúde - testou várias amostras de mel
e detetou presença de medicamentos em cerca de metade das amostras. Entre elas
– quase todas de misturas de méis CE e não CE - encontrava-se o mel disponibilizado
na unidade turística referida que para agravar a situação ainda continha um
antibiótico proibido para uso veterinário na União Europeia, o Cloranfenicol.
Como
facilmente se percebe é sempre melhor optar por algo nacional e de proveniência
conhecida.
Suponho,
que neste caso o tipo de embalagem utilizada pela marca adquirida teve influência
na compra. No mercado nacional já existem embalagens que permitem uma
utilização do MEL mais controlada e adequada para este género de situações.
Aqui
temos duas hiperligações onde poderemos consultar os resultados dos testes
efetuados pela DECO em 2003.
Infelizmente
no nosso país o consumidor não está devidamente informado sobre as
características dos produtos alimentares que consome e a maior parte das vezes
é levado, por razões óbvias, a adquirir o mais barato.
Nas
superfícies comerciais do nosso país, grande e pequenas, encontramos uma
variedade imensa de méis de origem desconhecia ao preço da chuva.
António
Marques – Terceira - Açores
4 comentários:
Olá António.
Em S. Miguel, no hotel ao pequeno almoço havia mel em embalagens individuais da "Casa de Mateus" e, de acordo com o rótulo, Mel NÃO CE...
Abraços,
Abelhasah
Olá António
No sítio da internet da "Casa de Mateus" podemos ler o seguinte:
"Desde 1959 que os doces Casa de Mateus são preparados com frutas cuidadosamente seleccionadas, que nos asseguram a qualidade e tradição de sempre".
Sendo assim, parece que só selecionam cuidadosamente a Fruta. O resto são "peanuts".
Estive há pouco tempo no Hotel Canadiano em Ponta Delgada e tinham mel à descrição numa embalagem aberta (suponho que seria mel de São Miguel).
Abraços
Alguém me pode indicar compradores de mel a granel?
Temos 1400kg de mel de rosmaninho biologico, zona do alentejo
Queira enviar-me um email para:
montedomel@gmail.com
e poderei dar-lhe um contacto de um possivel comprador
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