05 novembro, 2008
As Oliveiras da discórdia
Desde a antiguidade que são consideradas um símbolo da paz, desta vez as oliveiras parecem estar no centro de mais uma polémica.
Nos últimos anos, empresas espanholas compraram ou arrendaram dezenas de milhares de hectares de terra no Alentejo. Terrenos cerealíferos, olivais centenários, olivais muito recentes, ou em plena produção, terras de regadio, tudo foi abatido para a instalação de oliveiras anãs para produção super intensiva de azeite.
Que diriam os poetas que exaltaram a beleza das oliveiras e dos olivais soalheiros, agora substituídas por arbustos raquíticos, porém pródigos em azeitona?
Para que esta máquina de produção forçada funcione, serão necessários milhões de hectolitros de água, recurso escasso nesta província. Mais químicos, herbicidas, fertilizantes e pesticidas, toneladas de venenos que a curto prazo afectarão a qualidade de vida das populações rurais.
No fim desta campanha as terras não terão qualquer utilidade, vão ficar aí a definhar e a acelerar um processo de desertificação que já quebrou todos os limites de velocidade.
Para a apicultura, mais umas pérolas, muito em breve todo este cocktail de produtos químicos acabará por entrar no circuito, mais mortalidades inexplicadas e respectivas quebras de produção. Seguem-se os impactos ambientais indirectos, alem dos já citados. Por mais localizadas que sejam as pulverizações, que nunca o são, acabam por infectar a flora circundante e os cursos de água.
Curiosamente cada vez se fala mais no mel em Modo de Produção Biológico, sempre que um apicultor me fala da possibilidade de vir a produzir mel com tais características eu pergunto-lhe se tem facilidade em colocar as colmeias em Marte.
Finalmente incriminam-se os telemóveis e coloca-se tudo no saco de culpas a que agora resolveram chamar Síndroma do Despovoamento de Colmeias...
Se houver outro dilúvio, muitos animais de Noé ficarão satisfeitos ao verem as pombas com ramos de oliveira, mas as abelhas decerto hão-de desconfiar desta aparição.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário