07 março, 2013

Consola para soldar cera e esticar arames...

Invenções Apícolas do José Chumbinho – Algarve

Várias vezes já referi que um dos recantos mais interessantes de visitar nas explorações apícolas é a oficina do apicultor. Lugar de intimidade, de segredos e sobretudo de muita criatividade.

Pelo número de locais que já visitei ainda não me é possível formular uma lei, mas arrisco a dizer que a taxa de inventos criativos e úteis é proporcional ao grau de desarrumação da oficina, sinal de uma actividade febril e pouco tempo para organizar os utensílios.

Desta vez foi a visita ao meu amigo José Chumbinho, apicultor algarvio muito activo e de cujo trabalho e mérito têm resultado importantes criações que em muito lhe facilitam o maneio apícola, como também aos que o rodeiam. É prova disso a reconhecida qualidade da vasta gama de produtos da colmeia, que com merecido orgulho disponibiliza aos clientes, visitantes e amigos.

A oficina e os “inventos” do José Chumbinho não foram o principal objectivo da visita, mas ao passarmos por esse local é impossível ficarmos indiferentes a tudo o que se nos depara, mesmo o que está “na forja”. Ainda que em formato de protótipo, já são funcionais e sobretudo muito úteis.

Destacava-se uma cadeira modificada, com uma espécie de consola frontal, uma tábua de madeira com cabos eléctricos, interruptores, luzes de aviso, placas metálicas e tubos de um compressor.

A consola, móvel, encontra-se acoplada a uma das pernas da cadeira, o que lhe permite girar lateralmente, facilitando a entrada e saída do operador.

Funções da “Consola”

1- Esticador de arames para quadros do ninho e de alça.
2- Soldagem da cera nos quadros do ninho e alça.

1- Para a função de esticar arames, retira-se o painel de madeira e o quadro é assente directamente na estrutura metálica da consola, encostado a um batente de ferro localizado do lado direito. Uma vez aí encostada a ripa lateral do quadro, accionamos um interruptor que vai ligar o compressor que com um êmbolo empurra a outra lateral do quadro, comprimindo-o ligeiramente (sem quebrar as ripas laterais), ficando os arames afrouxados ou lassos.

Com os arames frouxos podemos então apertá-los, só com a mão. Voltamos a pressionar o botão, as laterais do quadro voltam à posição original e os arames ficam esticados com uma boa tensão.

Pormenor dos arames frouxos e em tensão, consoante accionamos ou desligamos o botão do compressor.


Aparentemente parece um preciosismo, mas o acto de “esticar os arames” dos quadros, para mim e para muita gente, é uma das actividades mais ingratas na oficina de apicultura. Não só se quebram os arames com muita facilidade, como não ficam com a tensão desejada ou acabamos bastas vezes com mãos e dedos entrapados…

Podem consultar outra forma de construir um esticador de arames, este de utilização manual e menos complicado de conceber, no blog Apiários Forte - Du Zoo do amigo Ozorio Gonçalves Jr:


2- Para soldar as lâminas de cera ao quadro, este é colocado no painel de madeira. Tendo atenção para que os arames assentem sobre as duas chapas metálicas correspondentes, ligadas à corrente eléctrica.

Existem três chapas metálicas no painel de madeira, o que permite a utilização de quadros do ninho ou das alças.

Através de um interruptor liga-se a corrente eléctrica, há inclusivamente uma luz de aviso que nos informa da existência de corrente. Fazendo uma leve pressão com os dedos sobre a lâmina de cera, aproximamo-la com cuidado do arame quente.
É interessante como a luz de aviso baixa de intensidade quando encostamos os arames do quadro às chapas metálicas, sinal de que o processo está a decorrer bem.

Lado esquerdo da imagem: Pormenor da luz de aviso que nos informa que as chapas metálicas se encontram com carga eléctrica. Do mesmo lado pode observar-se como os arames do quadro assentam directamente sobre as chapas metálicas.
Lado direito da imagem: Batente metálico onde assenta a lateral do quadro durante a função “esticar arames”.


Apesar de muito funcional e bastante utilizado, este utensílio ainda é um protótipo, mas já existe uma boa quantidade de encomendas a que o José Chumbinho vai tentando responder.

Seguiam-se outras surpresas, agora era uma caldeira para fundir cera, que o Chumbinho adaptou a partir de outra para que possa funcionar com várias fontes de calor. Um complexo conjunto de tubos que transportam água quente e que ejectam vapor de água para a câmara principal, onde se encontram os quadros/cera.

A caldeira é instalada num nicho concebido para o efeito, com um fogão industrial por baixo, sendo utilizado neste caso o gás como fonte de calor.

Também nesse nicho desembocam vários tubos e ligações, provenientes de outros tubos de aquecimento localizados numa caldeira a lenha.

É sempre um orgulho quando nos deparamos com estes exemplos de criatividade, mais será ainda se um dia alguém partilhar connosco um invento que nos livre da Varroose, esse sim, acabará decerto homenageado pela Fundação de Estocolmo.

Um obrigado especial ao amigo Chumbinho pela forma amistosa e alegre com que sempre nos recebe.

Joaquim Pifano
Luísa Garcia
Luís Lourenço

1 comentário:

Anónimo disse...

Esta sim é uma novidade para mim agora a outra desculpre mas é velhinha.