O MelToon IIIt começou há
uns tempos atrás, no mercado de antiguidades de Estremoz. Foi quando comprei
uma Abelha Maia em pvc, daqueles
bonecos que surgiram aquando da série televisiva.
Fiquei algum tempo a olhar para
ela até perceber que aos personagens das primeiras duas séries do MelToon
faltava personalidade, algo de humano com que nos identificássemos, um rosto,
qualquer coisa que nos permitisse adivinhar-lhe os sentimentos.
Na segunda série chegou a haver
uma preocupação quase cientifica em desenhar as abelhas o mais parecidas
possível com a realidade, mas também não resultou.
As cores utilizadas foram talvez
o principal problema, nem sempre conseguia o contraste ou a atmosfera desejada
para cada acção. Muitas vezes acabava por perceber que era a luminosidade do
monitor completamente desajustada, e resolver o desajuste nos equipamentos de
todos os visitantes tornar-se-ia algo moroso e sobretudo muito caro para os
orçamentos do montedomel. O patrocínio generoso e desinteressado que este
blog aufere da Sociedade dos Afiadores de Agrafos para Uso Exclusivo nos
Quadros de Alça, nunca chegaria para tanto.
O MelToon da terceira
temporada será a preto e branco, duas cores que combinadas permitem uma
infinidade de tons e nuances, o cartoon ganha outra sobriedade e até
dramatismo. Ou talvez seja apenas algum saudosismo dos tempos d’ O Cavaleiro Andante, do Jornal do Cuto, do Falcão, do Mosquito e de
tantas outras páginas memoráveis que ainda a preto e branco nos enchiam a
infância de cor.
Talvez o MelToon IIIt seja uma
homenagem, ainda que humilde, a essas publicações que o meu pai me conta e um
dia descobri numa velha arca lá em casa. Procurei inclusivamente reproduzir o
papel já gasto e rasgado com que algumas se apresentavam, e será então nesse
cenário nostálgico que as “aventuras” da nossa apicultura se vão desenrolar.
As personagens serão basicamente
as mesmas, os suspeitos do costume, os bons, os maus e os assim-assim que
povoam o imaginário e o dia-a-dia de todos quantos se dedicam ao sector apícola,
a saber:
As Abelhas, no papel principal, a razão de ser desta “publicação”.
Mais “abonecadas” desta vez, uma cabeça maior para que se lhes vejam os
sorrisos e as tristezas. Contará com as obreiras, pousadas ou em voo, a rainha,
os zângãos e as princesas sempre à procura de noivo.
Os Apicultores, também já mereciam outra cara. Contam com a habitual
parelha, apicultor - principal e o gajo do fumigador, vulgarmente conhecido
pelo “gajo-do-fumigador”, menos apreciador da actividade mas sempre presente e
cumpridor.
Um apicultor idoso, apologista
das tradições e das velhas técnicas, repudia tudo quanto é tecnologia e ainda
mantém um apiário de cortiços, embalando e vendendo o mel nos saudosos frascos
da “tofina”. Não deixa de ser útil,
bom conselheiro, uma verdadeira cartilha dos saberes antigos.
Uma homenagem a um velho amigo e
apicultor com quem fiz a primeira cresta de cortiços, o “Ti Barriga”, que nem é
careca nem usa bigode mas não se importa com a representação. Lembro-me da
tarde em que eu e ele fugia-mos colina acima, à frente de um enxame de abelhas
furiosas e me ocorreu aconselhá-lo a desfazer-se desta colónia tão brava, ao
que ele me respondeu com uma gargalhada “Bravas?
Estas? As bravas já acabei com elas…”
Justiça seja feita às mulheres,
desta vez também temos uma apicultora. Ainda que se apresente de saltos altos
na lida das abelhas lá vai dando conta do recado. Muito enérgica e activa, tem
sempre uma solução para cada problema, mesmo que não seja a mais ortodoxa.
Os vilões, aqueles que diariamente fazem a vida negra às abelhas e
apicultores, contarão com as personagens do costume e outras novas que aqui se
apresentam, além de muitas que agora não me ocorrem.
O ácaro varroa, surge com um aspecto muito mais agressivo e desta
vez com os olhos na posição correcta. Verdadeiro dizimador de colónias de
abelhas, tem agora o pagamento merecido: uma miríade de pequenos parasitas que
ainda não baptizei mas que lhe irão tornar a existência insuportável.
Fazem lembrar uma piada muito antiga, acerca do Pthirus púbis, mas que não devo aqui reproduzir por razões que irão perceber mais tarde.
Fazem lembrar uma piada muito antiga, acerca do Pthirus púbis, mas que não devo aqui reproduzir por razões que irão perceber mais tarde.
Os abelharucos, os “passarões” irónicos cuja assiduidade marcou as
primeiras duas séries do MelToon. Desta vez consegui
representá-los a voar, enfim… quase que consegui, se na primeira vez pareciam
um bando de radiadores a pairar sobre as colmeias, desta vez parecem as
ventoinhas de refrigeração, mas dá para o gasto.
A cetónia ou “grosadeira”, que não aquece nem arrefece, mas cuja
presença inconveniente tanto tira a paciência aos apicultores como às abelhas.
Ainda que muito pacífica, faz lembrar uma conhecida personagem da saga Star
Wars.
A borboleta caveira e o Braula
coeca, duas relíquias da apicultura antiga. Personagens de um tempo em
que o problema da apicultura era mesmo o não ter problemas.
Desconfiava-se que o dito piolho
já estava extinto mas afinal ainda pulula nas abelhas de regiões indemnes de
varroa. No MelToon IIIt será
uma personagem algo Kafkiana, insólito até, mas de poucas conversas e um bom
companheiro.
Não será uma figura assídua, até
se mexe pouco, mas quando aparecer agradeço que não batam no vidro, até porque
isso que tem à frente não é nenhum aquário.
A ripa de choupo e a tira de cartão canelado, representam os
maiores tabus da nossa apicultura e por isso mesmo a sua participação não foi
pacífica.
Parece conversa de vendedor, mas
gostava que olhassem para elas pelo seu valor ecológico, onde a “ripa”
personifica os atentados ambientais, o abate de árvores, nomeadamente do
choupo. Já a “tira de cartão canelado”, qual hino à Natureza, evoca o
ambientalismo pela prática da reciclagem.
Resta-nos agora a surpresa maior
do MelToon
IIIt: a notável presença de Lorenzo Lorraine Langstroth, criador da
colmeia de quadros móveis, o pai da apicultura moderna. Qual provedor do
MelToon, irá surgir em espírito, entre as nuvens, a cada tentativa de “avacalhar”
o cartoon, repondo a moral e os bons costumes.
Ora vejam lá um exemplo:
E já sabem: qualquer semelhança
com pessoas, entidades, casos, objectos e situações da vida quotidiana será
mera coincidência…
8 comentários:
Boa tarde...
é possivel adquirir o canto da Sr. Chumbinho? Pois sou uma recente apicultora aqi na área e tive conhecimento que o senhor vende e molda cera pa fora--
*peço desculpa pelo erro... o contacto era o que qeria dizer!
Olá Piquena Catinha
Convinha que me enviasse um mail para montedomel@gmail.com para eu lhe dar o contacto do Sr. José Chumbinho, como deve calcular não o posso fazer por aqui.
Joaquim Pifano
Pifano
Parabéns pelas renovadas personagens do Meltoon... A coisa promete...
Louvo a tua paciência e imaginação em torno deste teu Monte do Mel, que é para todos nós uma grande referência!!
Forte Abraço
Parabéns por mais um MELTOON! Abraço
Caros João Rodrigues e João Tomé
Obrigado pela vossa amizade!
Não é difícil encontrar inspiração para um cartoon com o nosso panorama apícola nacional...
Obrigado também pelo excelente contributo do "Abelhas da Lezíria" e do "Vale do Rosmaninho", e tantos outros lugares de visita obrigatória, onde tanto se aprende
Abraços
Joaquim Pifano
boa noite, nao conhecia o meltoon mas sigi este blogue á cerca de um ano e sempre me supreende e ensina muito, gostei e fiquei com curiosidade de acompanhar mais esta faceta, cumprimentos, filipe pedro
Olá Filipe Pedro
De facto o MelToon esteve mais ou menos parado no último ano, espero agora actualizá-lo com mais assiduidade.
Seja bem vindo!
abraços
Joaquim Pifano
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