21 outubro, 2008

Uma Verdade “Deveras” Inconveniente...

Abelhas, Mel e OGM


Para a pergunta: “O que acontece ao mel com pólen de milho transgénico?” não havia resposta até há uns meses atrás...

Mel com comercialização proibida e apicultores sem protecção.
O cultivo de milhos transgénicos torna o mel ilegal.


Em 30 de Maio deste ano, o Tribunal Administrativo de Augsburg – Alemanha, acerca do mel de um apicultor alemão - Karl-Heinz Bablok, deliberou que todo o mel que contem grãos de pólen do milho geneticamente modificado MON810 não pode ser comercializado. Mesmo que o pólen seja encontrado em quantidades vestigiais torna o mel impróprio para consumo, na medida em que a variedade de milho MON810 é proibida para consumo humano, apesar de ser a única cujo cultivo é permitido no espaço europeu.
Por outro lado, o apicultor em causa, segundo decisão do mesmo tribunal, não pode reclamar qualquer protecção contra a cultura do referido milho. As alternativas poderiam passar pela recolha das flores do milho antes da floração, da responsabilidade do agricultor, o que parece ser missão impossível. A outra saída passaria pela deslocação dos apiários durante a floração do milho.
Os juízes reconheceram que com o aumento das áreas de cultivo de milhos geneticamente modificados poderão constituir para este e para outros apicultores um problema sem solução.

Source: Beekeepers against Genetic Engineering (German website)
http://mellifera.weitblick.de/gen/gen.news/para.gen.news.16/index.html


Segundo declarações da Prof.ª Dr.ª Margarida C. Silva, da Plataforma Transgénicos Fora, no XII Encontro da Agricultura Familiar Alentejana:

. Em 2007 cultivaram-se 114.000.000 de hectares de transgénicos em todo o mundo.
O único OGM autorizado na UE é a variedade de milho MON810 da Monsanto.
. Na UE (27 países) durante o ano de 2007 foram cultivados perto de 100.000 hectares do referido milho.
. Na Europa, o maior produtor de milhos OGM é a Espanha, com cerca de 70.000 ha.
. A segunda maior seguradora do mundo, a Lloyds, de Londres não tem apólices para OGM, não quer ter nada a ver com acidentes/efeitos secundários referentes a estas culturas.
. As próprias empresas de engenharia genética que os produzem, como a Monsanto, também não se responsabilizam.
. As rações para animais comercializadas em Portugal, quase todas têm milho e ou soja genética mente modificados na composição.
. Em Portugal, 2007, cultivaram-se cerca de 4837 ha da variedade MON810 de milho.
. No decreto que regulamenta o cultivo de OGM em Portugal não há qualquer referência ao mel.
. Na Alemanha, cerca de 22.000 apicultores já se encontram organizados contra os OGM nas suas regiões.

Face ao exposto, e como se diz na minha terra: parece que temos o “baile armado”...
Já são poucos os concelhos portugueses livres das culturas de OGM, o que atendendo à mobilidade das abelhas, faz com que a probabilidade de haver méis de Verão livres deste problema seja quase ínfima.
Para não fala da outra possibilidade, não menos negra, dos efeitos directos do referido milho nas nossas abelhas, uma vez que os mesmos foram transformados para produzir os seus próprios insecticidas.
Em 2008, dada a procura de mel na UE, transaccionaram-se muitas toneladas para fora do território português. Como a “fome” de mel era muito sentida, os compradores preocuparam-se sobretudo com a quantidade.
Mas o que irá acontecer em anos de maior produção e menor procura?
Não devemos esquecer que a Alemanha é um dos maiores importadores europeus de mel, senão do mundo. E os alemães são deveras “preciosistas” com tudo o que se relaciona com a sua alimentação...

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