06 outubro, 2008

Troca de Ceras


A substituição de ceras no ninho é uma das decisões mais acertadas dos apicultores, apesar de por vezes haver alguma resistência a esta prática. De facto, alem do mel e do pólen que as abelhas perdem nesta operação, visto que são quase sempre os quadros com reservas que retiramos, fica-nos sempre a sensação de atrasarmos muito o trabalho delas, ao retirar toda a cera já puxada.
No entanto, este trabalho acaba por ser muito compensado em termos de aumento da postura da rainha quer no desenvolvimento da própria colónia, para não falar na importância sanitária de tal operação. As ceras velhas, normalmente albergam agentes patogénicos como bactérias e fungos entre muitos outros causadores de moléstias.
Outro dos problemas desta cera, prende-se com a aversão que a rainha demonstra em fazer nelas a postura, obrigando-a muitas vezes a subir para as alças.
Há pois uma série de razões que justificam a substituição anual de pelo menos dois ou três quadros por outros de cera nova (moldada).
A melhor altura para o fazer é antes da Primavera, durante o mês de Fevereiro e inícios de Março, logo que as temperaturas sejam suficientemente altas.
Nessa altura, seleccionam-se cerca de dois ou três quadros de cera mais velha, já escurecida, quadros com reservas (mel e pólen) dado que não podemos retirar os que têm criação. No seu lugar colocam-se então outros com cera moldada, tendo muita atenção ao lugar onde estes se inserem. Surge-nos assim uma situação controversa, ou seja, se por um lado a cera nova deve ficar à disposição da rainha, perto do centro, por outro não pode de modo algum “separar a zona de criação” o que a poderia arrefecer e causar outros estragos:

A situação esquematizada atrás parece ser uma boa solução, disponibilizando os quadros de cera nova no centro do ninho o que permite a sua utilização imediata pela rainha. No entanto, e pelo que foi visto, a zona de criação deve manter-se inalterável.

Esta ultima situação parece ser a mais acertada, pois nessa posição a cera nova é imediatamente “puxada”, e logo que a rainha resolva aumentar a zona de criação poderá fazê-lo para os lados.
Quando os quadros novos estiverem repletos de criação podem então ser deslocados para uma posição mais central, “empurrando” sempre as ceras velhas para as extremidades para que no próximo ano, ou na próxima época de produção (no caso de transumância) se possam substituir novas ceras.

Quem tenha por hábito fazer desdobramentos para aumento dos efectivos, tem à partida este problema resolvido, na medida em que substitui pelo menos metade dos quadros (e ceras) de cada vez.

Aos quadros de cera velha retirados às colmeias deve-lhe ser extraído o mel, tendo em atenção que este è impróprio para consumo humano, na medida em que já esteve em contacto com produtos químicos. Este mel deve ser armazenado em recipientes para ser fornecido às abelhas como alimentação artificial quando necessária.

As ceras velhas uma vez libertas do mel deverão ser recicladas e trocadas, optando sempre por cerificadores solares, as questões ambientais são da responsabilidade de todos e os apicultores mais que ninguém devem continuar a contribuir para essa causa.

8 comentários:

Anónimo disse...

boa noite
O senhor Pifano guarda quadros com cera puxada de uma ano para o outro?
se sim como procede para os conservar?
cumprimentos

Pedro Soares

Alien disse...

Olá Pedro Soares,

Em resposta à sua questão veja o post de 10 de Novembro de 2008 sobre a "Conservação de Cera" no Montedomel, com o seguinte link:

http://montedomel.blogspot.pt/2008/11/conservao-das-ceras-e-alas.html

De qualquer forma, o uso do phostoxin, aí referido, não me parece o método mais correcto, mas envie-me um mail para montedomel@gmail.com
para que possamos falar sobre o assunto.

abraço
Joaquim Pifano

Anónimo disse...

bom dia
Alguém sabe onde encontrar cera estampada com células de 4.9mm ou de 5mm?
ou alguém esta já a usar esta cera para tentar reduzir a propagação da varroa?
cumprimetos

Jorge Sousa

Alien disse...

Olá Jorge Sousa

Se procurar na barra lateral de links do MONTEDOMEL, irá encontrar um site (blog) chamado IBERICA QUEENS cujo autor (Rui Rodrigues) costuma moldar essa cera de diâmetro reduzido.

Abraços
Joaquim Pifano

Anónimo disse...

bom dia
Alguém já experimentou usar cera de 4.9mm??
cumprimentos
carlos santos

Alien disse...

Olá Carlos Santos

Tal como eu disse no comentario anterior, tente contactar o Sr Rui Rodrigues, do blog IBERICA QUEENS, sei que ele há tempos moldava e utilizava cera com essas dimensões ou aproximadas

um abraço
Pifano

Unknown disse...

Bom dia, sou um iniciante nesta vida, e tenho uma colmeia lusitano que era do meu avô que está a trabalhar bem, mas está muito degradada, e queria trocar para uma Reversível, pois todas as minhas colmeias novas que comprei sao reversiveis. Alguém me pode dar uma ajudinha como consigo passar o enxame de uma para a outra e qual a melhor altura?

Alien disse...

Olá

Pessoalmente colocaria a colmeia Lusitana, sem estrado, sobre uma colmeia reversível com ceras novas. Com o fumigador passava a maior parte das abelhas para a colmeia reversível, incluindo a rainha, e colocaria uma grade excluidora entre as duas colmeias.

Abraço