16 outubro, 2008

Primavera Chuvosa


Durante a Primavera e como resposta ao influxo crescente de néctar, é comum as boas colónias ocuparem a maior parte dos quadros com criação. Por vezes há mesmo poucas reservas armazenadas, quer pela falta de espaço, quer pelo grande consumo que se verifica pela enorme quantidade de abelhas no estado larvar.
O néctar e o pólen que entram na colmeia pouco tempo têm para serem processados, são consumidos quase que de imediato. Trata-se portanto de um período em que há grande mobilização das reservas
Por vezes verificam-se interrupções prolongadas nas recolhas de néctar, nomeadamente nos dias de chuva intensa e contínua, este ano até acompanhadas de ventos fortes. Estas interrupções serão mais ou menos prejudiciais consoante o tempo que demoram. Normalmente as chuvadas de Primavera duram uma hora ou duas, surge um período sem chuva e recomeça outra vez horas ou dias mais tarde. O mau tempo surge assim interrompido por períodos onde as abelhas podem regressar à laboração normal, inclusivamente aos comportamentos higiénicos e sanitários.

Há no entanto situações em que a chuva e o mau tempo se prolongam por vários dias, dois, três, quatro e até mais. Desta feita poderão haver colónias que sofram graves injúrias e até a própria morte, caso se esgotem a totalidade das reservas e não haja possibilidade de reposição. Este fenómeno é mais comum em colónias muito fortes e populosas como as descritas atrás. Não só têm o espaço quase todo ocupado por criação, impossibilitando um maior armazenamento de reservas, como há demasiadas bocas para alimentar. Não é raro os apicultores queixarem-se da morte de colmeias com sintomas de fome durante a Primavera “ainda por cima as colmeias mais fortes”.
PROCEDIMENTO
Nesta fase é deveras importante um controlo rigoroso das colmeias para avaliação das reservas nutricionais. Em caso de faltas dever-se-á ministrar a alimentação artificial complementar, para que as colónias não pereçam com fome.
Os alimentadores deverão ser internos para que não se fomente a pilhagem. A composição dos mesmos deverá ser à base de açúcar e ou mel (de proveniência conhecida), não esquecendo a componente proteica como o pólen e ou a farinha de soja. Devemos lembrar-nos que quanto mais diluído for o xarope, mais se estimula a rainha para a postura o que poderá agravar o problema. Por outro lado, um alimento muito sólido poderá inibi-la em termos de postura o que não é muito indicado nesta estação.

...............................................................................

Em determinadas regiões, as Primaveras chuvosas acabam por ter outro tipo de consequências, desta vez do foro sanitário. Muitas vezes os apicultores deparam-se com um monte de abelhas mortas sem motivo aparente frente à colmeia. Os mais atentos acabam por observar a presença de abelhas muito escuras e brilhantes (quase gordurosas) a lutar com outras de aspecto normal na tábua de voo. São as chamadas abelhas “negrinhas”, infectadas com os virús da paralisia, cujo sintoma principal é a perda dos pelos das abelhas o que lhes confere a cor negra.
È uma doença com pouca incidência e que não causa grande mortalidade quando as condições climatéricas são boas. No entanto, nas colmeias com mais população e mais uma vez nas Primaveras chuvosas, o problema agrava-se. O mau tempo obriga a que grande quantidade de abelhas se junte e contacte num espaço exíguo, aumentando o contágio e por conseguinte o número de abelhas “negrinhas”. Surgem então as características lutas na tábua de voo, com a tentativa de expulsão das abelhas doentes e o monte de abelhas mortas junto à entrada.


PROCEDIMENTO

Não há verdadeiramente um medicamento para o combate dos referidos virús. No entanto, esta doença costuma aparecer associada à Varroose, pelo que controlando esta se diminuem as probabilidades de surgimento da primeira. Com o regresso do bom tempo, o número de colmeias diminui na colmeia (pois saem para a colecta), diminuindo assim o contágio e desaparecendo os sintomas.

Sem comentários: