01 dezembro, 2008

A Extinção das Abelhas


O mundo dos insectos sociais é um sistema complexo e intrincado de pequenos seres vivos, cuja presença discreta muitas vezes nos passa despercebida. Da mesma forma que sensorialmente nos parecem invisíveis, também as suas acções pouca ou nenhuma importância parecem trazer ao nosso quotidiano.

Um olhar mais atento permite-nos descobrir um carreiro de formigas, um vespeiro, um enxame de abelhas selvagens ou outra qualquer colónia de insectos. Para quem gosta destas coisas, pode procurar nos buracos das árvores ou do chão, debaixo das pedras ou na madeira em decomposição.
Todos têm uma importância fundamental no equilíbrio dos ecossistemas, quanto mais não seja pelos números elevados cujas colónias alcançam.
As abelhas e os Bombus, são as responsáveis pela polinização de milhares de espécies vegetais espontâneas e cultivadas, além da importância económica das primeiras na produção de mel. As vespas também têm muita importância na polinização, tal como no combate a pragas indesejáveis. Juntamente com as formigas fazem ainda o saneamento dos campos, através da remoção e reciclagem de toneladas e toneladas de cadáveres que lhes servem de alimento.
Todos estes animais já povoavam o planeta muito antes do aparecimento do Homem, exactamente com as mesmas funções e comportamentos que ainda hoje os caracterizam. Infelizmente as abelhas já não gozam da mesma independência que ainda assiste aos seus parentes aqui referidos. Há mais de 20 anos, desde a proliferação do ácaro Varroa destructor como parasita da Apis mellifera, que estas estão totalmente dependentes do ser humano.

Se deixarmos de as assistir com os tratamentos acaricidas, aquela moléstia em menos de um ano acaba com todas as colónias levando as abelhas à extinção. Até há poucos anos haviam uma série de ilhas isentas de Varroas, mas com as importações de abelhas das regiões contaminadas, depressa a moléstia chegou a todas as latitudes.
Desde o surgimento da doença que os laboratórios se têm desdobrado em esforços para a combater, só no nosso país são comercializadas quatro marcas homologadas e outras tantas clandestinas. Em Portugal existem cerca de 500.000 colónias de abelhas na posse de apicultores registados, cada uma tratada duas vezes por ano pelo menos.
Assumindo um preço médio, estimado, de 2,00€/colmeia/tratamento, equivale a 4,00€/colmeia/ano, o que soma cerca de 2 milhões de euros por ano, gastos em Portugal no combate a uma única doença das abelhas, por enquanto e em parte suportados pelo Programa Apícola. Se extrapolarmos estes valores para o resto da Europa, EUA, América do Sul e Central, Canadá e Austrália entre outros grandes produtores de mel, atingimos somas fabulosas, que fazem da apicultura uma tremenda mina de ouro para os laboratórios. Curiosamente, volvidos vinte e tal anos da proliferação do dito ácaro, ainda não se conseguiu um medicamento ou uma medida de facto eficaz que debelasse a doença.
A manutenção do Varroa destructor, e dos respectivos tratamentos obrigatórios, aumenta substancialmente os custos de produção do mel, os riscos de contaminação dos produtos da colmeia, e o risco de surgimento de uma variante mais agressiva e resistente do referido ácaro.

Clique nas imagens para ampliar

Sem comentários: