17 dezembro, 2008

Instalar um Apiário II

7. A Disposição das Colmeias
Acerca deste ponto tenho visto de tudo um pouco, desde os apiários colocados numa linha recta muito certinha, aos que, para irmos de uma colmeia a outra temos de ir de carro...
É outra das situações em que se apela ao bom senso, e podemos optar por uma série de soluções muitas vezes condicionadas pelo terreno.

A) – Linha Recta: Facilita bastante o trabalho de inspecção, agrava no entanto o problema da deriva de abelhas quando há poucos referenciais.
Quando se opta por este esquema, convém pintar de cor diferente a parede frontal de cada colmeia, ou colocar símbolos que facilitem a respectiva distinção pelas abelhas.

B) – Linhas Rectas Paralelas: Tem as mesmas vantagens e desvantagens do modelo anterior, com a agravante de as abelhas das filas de trás encontrarem uma ou mais “barreiras” de colmeias no regresso a casa. Minimiza-se o problema quando o terreno tem um declive muito acentuado.
Em circunstâncias de falta de espaço já o tenho utilizado sem grandes problemas, mas é uma opção que evito sempre que possível.

C) – Curva ou Semicírculo: Há quem o defenda apontando vantagens sobre a linha recta, alegando que as colmeias estão viradas para direcções diferentes, reduzindo o risco de deriva. No entanto, existem apicultores que dizem exactamente o contrário.
Muitas vezes opta-se por ele pelas características do terreno, mas não sou grande adepto deste modelo.

D) – Colmeias Dispersas: Do ponto de vista da deriva de abelhas é talvez o esquema mais correcto, agora em termos de desempenho para o operador não parece ser lá muito eficaz.
Diria que menos de 10% dos apicultores optam por este desenho, mas lá vai encontrando os seus adeptos. São quase sempre as condições do terreno, normalmente acidentado e rochoso, que levam os apicultores a optar por ele.
Estes apiários têm quase sempre acesso difíceis e por isso pouco práticos para quem faça transumância.

E) – Linha Irregular: Esta disposição parece juntar os aspectos positivos dos pontos anteriores. Por um lado, as colmeias em linha recta facilitam o trabalho ao apicultor, e por outro, a rotação suave para direcções diferentes decerto reduzirá a deriva de abelhas.
Não é um esquema muito comum, costumo utilizá-lo mais vezes quando tenho pouco espaço e as colmeias estejam demasiado próximas, evitando que as entradas fiquem muito juntas.
Em resumo, a forma de colocar as colmeias num apiário é importante, mas... há aspectos bem mais influentes.

8. Suportes e Distâncias entre as Colmeias

A existência de suportes sob as caixas irá sem dúvida prolongar-lhes a longevidade, sobretudo a do estrado, e por outro lado evitará o excesso de humidade no interior da colmeia.
Nesta matéria, mais uma vez a imaginação dos apicultores não tem limites: Blocos de cimento, lajes de xisto, traves de madeira, vigas, pneus,... por aí a fora. Não há uma regra definida, convém optar por materiais baratos e resistentes.
Já a distância entre as colmeias tem “pano para mangas”, desde encostadas umas às outras até aos casos em que não se percebe se pertencem ao mesmo apiário. Dizem as referências que não há uma distância ideal, convém que estejam suficientemente afastadas que permitam a passagem do operador entre elas.
No meu caso deixo espaço suficiente para outra colmeia no intervalo, para o caso de ter de fazer desdobramentos.

Há quem opte por uma solução aparentemente cara, mas que é muito resistente e duradoura. Trata-se de um suporte feito com dois blocos de cimento e duas vigas de pré-esforçado com três metros cada. Os custos afinal rondam os 1,5 a 2,0 €/colmeia, mas são quase eternos e facilmente recicláveis.

9. Protecção Anti-Formigas

Tenho o maior respeito por quem as utiliza, e até gosto de ver, dão um ar cuidado ao apiário e são extremamente úteis. Mas para quem tem muitas colmeias e passa o tempo com “elas às costas”, torna-se muito difícil de realizar.
Prefiro continuar a ser apologista de que colmeias fortes são à prova de formigas; ratos; vespas; traças; etc...
Actualmente há um aspecto muito importante a ter em conta: o transporte, manuseio e utilização de óleos lubrificantes usados ou “queimados”. Já soube de muito boa gente que foi multada por haver uma mancha de óleo no solo da quinta, no local onde habitualmente estacionam o tractor. Bem basta não sermos reconhecidos como merecedores de ajudas agroambientais, só faltava sermos acusados de poluir o ambiente...

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