22 dezembro, 2008

A Visão das Abelhas

Nem me passava pela cabeça vir a escrever qualquer coisa sobre este tema. No entanto, consegui saber que alguns brasileiros que visitam o montedomel fazem-no colocando no Google as palavras de busca: “visão das abelhas”.
Desconheço completamente o assunto, mas como tenho alguns livros que o abordam, um até é brasileiro, resolvi transpor para aqui alguma da informação... talvez um pouco desactualizada, é de 1960.
Só que desta vez não vou “trabalhar” de graça, vou mesmo cobrar pela informação. Não peço muito, só queria que alguém do Brasil me dissesse porque razão todo o mundo anda interessado na VISÃO DAS ABELHAS??? Dá-me uma curiosidade enorme...
Mandem-me a resposta para os comentários do blog,(http://montedomel.blosgpot.com)ou para o meu mail: (montedomel@gmail.com), fico à espera e agradeço antecipadamente.

As abelhas possuem dois grandes olhos compostos, ou seja, formados por milhares de omatídeos ou ocelos. As obreiras possuem cerca de 6300 ocelos nos dois olhos, a rainha apenas 3900 e os zangãos 13000.
Além dos olhos compostos, cada abelha ainda possui mais três pequenos olhos simples implantados na “testa”.


Os estudos de dois alemães demonstraram que as abelhas vêm as cores e inclusivamente são sensíveis à radiação ultravioleta. Ou seja, vêm num comprimento de onda ou uma cor que o olho humano não vê. Essas descobertas deveram-se respectivamente a Karl von Frisch e Kuhn.

Segundo o autor, daqui podem ser retirados conhecimentos importantes para a prática da apicultura: as abelhas não vêm o vermelho, pelo que as restantes cores visíveis para elas podem e devem ser utilizadas para pintar a frente das colmeias.
Por outro lado, os olhos das abelhas são “parados” o que lhes dará vantagem na detecção de movimentos.

O Sentido de Orientação das Abelhas
Segundo Kerr e Amaral, as abelhas orientam-se sobretudo de três maneiras: pelos acidentes do terreno; pelo Sol e pelo céu (luz polarizada).
“A abelha decora o caminho da colmeia até às fontes de alimento, tomando por referência troncos de árvores, postes, estradas, morros, etc...”
O mais importante para a orientação das abelhas é a posição do Sol quando está visível. Através da conhecida dança que fazem na colmeia, comunicam a outras abelhas a posição do alimento através do ângulo que terão de fazer com o Sol para chegarem a esse local.
Frisch e Lindauer fizeram uma curiosa experiência em que demonstraram como as abelhas percebem que o Sol se movimenta no firmamento de Este para Oeste, a uma determinada velocidade e sabem fazer o cálculo do seu itinerário.

Experiência de Frisch e Lindauer:
Foi colocado um alimentador com xarope açucarado a uma determinada distância de colmeias teste. As abelhas foram habituadas a esse alimentador, de manhã até às 10 horas, fazendo um ângulo que varia entre os 130º e os 100º à direita do Sol.

As abelhas foram depois fechadas às 10 horas, quando aquele ângulo era de 116º. Todo o equipamento foi levado de seguida para um local afastado 10 km e montado como estava, com o alimentador à mesma distância e ângulo das colmeias.

Às 17 horas, quando o Sol estiver entre os 30º e os 45º à esquerda do alimentador, se se libertarem as abelhas, elas irão directamente para o alimentador, agora apenas orientadas pelo Sol, pois o terreno é diferente. Se as abelhas “desconhecessem” o movimento do Sol iriam ter ao local assinalado com um (?), ou seja, a um ângulo de 116º do Sol como tinham feito na parte da manhã.

Voltando aos “olhos” das abelhas, os omatídeos começam por ter uma secção hexagonal, que se torna octogonal na zona do nervo óptico. Von Frisch descobriu que é nas partes octogonais que as abelhas são sensíveis à luz polarizada.
Dessa forma, as abelhas não vêm o céu “limpo” como os humanos o vêm, mas sim manchado, com tantas manchas octogonais quantos os omatídeos dos seus olhos. É assim formada uma espécie de “grelha” no céu, cada zona com uma configuração diferente, onde a abelha consegue determinar com precisão a posição do Sol, mesmo que o céu esteja muito nublado.
A luz polarizada contribui assim para a orientação das abelhas.
Clique nas imagens para ampliar...
Retirado de:
APICULTURA – Científica e Prática
Warwick Estevam Kerr e Erico Amaral, 1960

Secretaria da Agricultura do Estado de S. Paulo
Diretoria de Publicidade Agrícola

10 comentários:

Mário disse...

Excelente trabalho sobre uma coisa que muita pouca gente sabe.
Quanto a tua pergunta, posso darte uma pequena ajuda, no Brasil não sei mas na argentina tem alguém que se interessa profundamente por esses temas, o nome é Ernesto e o link é http://www.apitox.eu/
Abraço

Anónimo disse...

Olá,
Tenho interesse na "Visão das abelhas", pois elas são importantes polinizadores. Como saberemos o quanto ela visita uma planta (flor) se não conhecemos sua visão?
Trabalho com ecologia de abelhas e seu estudo, mesmo que superficial, me ajudou a ter referências.
Obrigada.
Luana

Alien disse...

Olá Luana,

Li atentamente o seu comentário que agradeço, e gostaria de poder contactá-la sobre o seu trabalho acerca da Ecologia das Abelhas.

o meu mail é:

montedomel@gmail.com

muito obrigado,
Joaquim Pifano

Marcella disse...

Sou brasileira e estou fazendo uma matéria sobre a rosa-louca, uma espécie de hibisco cuja flor muda de cor (do branco para o rosa escuro). A razão dessa mudança é exatamente sinalizar a seu poliniador (as abelhas) sua propensão à polinização. Caso ela tenha néctar e pólen, produz um pigmento róseo que a torna visível para as abelhas, que enxergam ultravioleta.

Achei engraçada a sua curiosidade, eu mesma a teria!

Alien disse...

Olá Marcella,

Gostava muito de publicar no Montedomel algo sobre o seu trabalho sobre a relação entre a "rosa louca" e as abelhas.
Se achar que é interessante para si, o meu mail é:
montedomel@gmail.com

muito obrigado,

Joaquim Pifano

Valdir Oliveira disse...

Os Olhos da abelha – Uma visão Incrível
Elas são muito interessantes de serem estudadas.
As abelhas são conhecidas como insetos. Na ciência elas são chamadas de artrópodes. Esta palavra é a junção de duas palavras da língua dos gregos antigos: arthros, que significa “articulado” e podos que signifca “patas”. Portanto, um dos significados de artrópodo é “pés com articulações”.
Embora as abelhas sejam muito conhecidas pelo mel que elas produzem, pouco se fala sobre o que a ciência tem aprendido delas.
Por exemplo, você sabiam que o olho da abelha é muito diferente do nosso?
Os cientistas descobriram que a visão das abelhas é muito mais complexa do que se pensava.
Veja só este exemplo.
A televisão mostra aproximadamente 30 imagens diferentes por segundo. Porque o olho humano não consegue distinguir mais do que isso, a impressão que você tem ao assistir televisão é que as coisas estão se movimentando. Mas cada imagem é como uma fotografia. Cada imagem da televisão pode ser considerada como um flash de luz.
O olho da abelha é um olho composto. Isto significa que ele é formado por aproximadamente 6.300 pequenos receptores de luz hexagonais, chamado de omatídeos.
Através desses pequenos receptores, as abelhas conseguem distinguir até 300 flashes de luz por segundo! Lembre-se que nós, seres humanos distinguimos aproximadamente 30 por segundo. Isto faz com que elas, mesmo voando rapidamente, consigam distinguir cores e formas, como flores, árvores e pessoas.
Toda a informação recebida pelos olhos de uma abelha, é enviada para um pequeno cérebro com cerca de 1 milhão de neurônios, aproximadamente 0,01% do número de neurônios do nosso cérebro (0,01% é igual a um décimo de um milésimo da quantidade de neurônios do cérebro humano).

Isto tudo é algo fascinante e também muito intrigante. Coisas complexas como olhos e cérebros não são produzidos por processos aleatóreos e espontâneos como a teoria da evolução propõe. Seria como dizer que computadores e câmeras digitais aparecem sem que hajam engenheiros para projetá-los e construí-los. Isto não faria nenhum sentido!
O que dizer dos olhos e do cérebro de uma abelha?
Da próxima vez que uma abelha passar voando perto de você, lembre-se de que ela foi inteirinha projetada para fazer coisas e achar coisas que as nossas máquinas e computadores mais sofisticados não conseguem fazer, usando uma visão e um cérebro que a verdadeira Ciência sabe que não teriam aparecido pelos processos da evolução, mas sim pelo design inteligente de um Criador.

Louvado seja nosso Senhor e Criador
Abraço a todos

Pb Valdir Oliveira
IPB Mogi das Cruzes-SP
Conheça nosso site de cursos On Line www.empreendedorvirtual.com.br

Alien disse...

Olá Valdir,

Fico muito grato pela sua colaboração. Aliás, também partilho os mesmos sentimentos acerca dessa "máquina" maravilhosa que é a Natureza projectada pelo Criador.
Muito Obrigado, e visite-nos mais vezes...
Joaquim Pifano

Victor disse...

ameiisso, vc me ajudou muito, vlw cara!

Carlos A Henriques disse...

Sou português e Professor de Cinema e Televisão e ultimamente tenho estudado imenso sobre a visão das abelhas dado que as Câmaras profissionais de captação de imagem no futuro, digamos, 2019/2020, serão baseadas, precisam neste tipo de visão.

Espero ter respondido ao seu apelo à razão pela qual o interesse pela visão das abelhas cresceu tanto.

Estou a finalizar um Livro, que irá ter o título:

"Cinema e Televisão......Porquê O Digital"

no qual irei desenvolver toda a teoria e prática destas novas câmaras.


Entretanto, tenho algo escrito no meu site: www.colorizemedia.com

Abraço

Carlos A Henriques

Alien disse...

Muito Obrigado Carlos Henriques

Não imaginava que um aspecto das abelhas
que diariamente negligenciamos pudesse
servir de modelo ao desenvolvimento
de tais tecnologias.
De facto as melhores criações tecnológicas
humanas mais não são que cópias de sistemas naturais

Cumprimentos
Joaquim Pifano