18 setembro, 2008

Use os seus €urónios II

Tal como observaram e muito bem nos comentários, de facto agora parece moda a disponibilidade de produtos regionais nos grandes hipermercados, nomeadamente na secção de charcutaria e até queijos e vinhos. No entanto, e pelo que consegui apurar, o minipreço/dia não faz distribuição de enchidos e ou carnes frescas, pelo menos no caso que citei o talho/charcutaria até tem uma certa independência.
Agora o meu post “Use os seus €urónios” resulta da observação de tantas referências de mel estrangeiro à venda, quando há mais de dez anos que ouço os nossos apicultores a queixarem-se da dificuldade de escoamento desse produto. Ora... há aqui qualquer coisa que não estará bem, e este “qualquer coisa” rebenta pelas costuras em ironia.
Também digo, e nisso não tenho qualquer dúvida, a culpa nunca opta pelo celibato à hora da morte, se por um lado a falta de organização ao nível da produção pouco resolve o problema, por outro, as politicas comerciais das grandes superfícies nada ajudam a resolvê-lo. Contaram-me há pouco tempo que um desses hipermercados tentou comprar toda a produção de tomate a um pequeno produtor, colocando a condição de no ano inicial o tomate ser totalmente oferecido. Para não falar nas famosas facturas a 30; 60; 90 dias e por aí fora.
Também é certo que os apicultores poderiam optar por outras formas de abordagem, e até de mercados, o problema é que padecem de um sentimento tão primário como legítimo: O MEDO. Os apicultores afirmam-no taxativamente, as regras, as fiscalizações, a ASAE, tudo isso os envolve numa confusão tal que preferem a passividade e a inércia. A legislação das melarias, pelo menos das primárias, muitas vezes apela ao bom senso, o que até dá uma certa margem de manobra. Mas será que quem as vier fiscalizar virá credenciado com o mesmo bom senso? O que esperar de uma instituição que em vez de educar e formar primeiro, tem como meta um determinado número de autos e até detenções?

Em resumo, custa-me saber que lotes tão bons como os que temos, de produtores que conhecemos, fiquem esquecidos nas melarias ou então vendidos no “mercado negro” dos frascos da “Tofina”, enquanto que méis de origem quase desconhecida abundem por aí impunemente.

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