10 novembro, 2008

Conservação das Ceras e Alças

Trabalhos de fim de Verão
Findas as estações de produção, Primavera e Verão, importa realizar uma série de tarefas na apicultura

Desvantagens da manutenção das Alças sobre o Ninho durante o Inverno:
A existência de um maior volume na colmeia trará problemas de aquecimento acrescidos, o que se irá reflectir na duração das reservas de mel, que além de alimento é também usado para aquecimento da colónia. A presença de alças sobre o ninho durante a estação fria leva mais facilmente ao esgotamento das reservas e à morte por fome ou frio.

Durante a aplicação de medicamentos a existência de um volume maior levará à diluição do mesmo medicamento e consequentemente a uma baixa na dosagem e na eficácia.
Por este facto as colmeias tratadas na presença das alças são mais susceptíveis à resistência da Varroose e de outras moléstias.

As ceras das alças que passaram o Inverno em contacto com o medicamento ficarão com resíduos tóxicos que contaminarão o mel durante a próxima fase de produção.


Face ao exposto, há toda a vantagem em nunca juntar alças e medicamentos no ninho, antes de colocar o acaricida (ou outro medicamento), retiram-se as alças. Quando è tempo de colocar as alças na colmeia, antes, devem ser retirados todos os medicamentos.
O problema è assim bem fácil de resolver, cria-se no entanto outro mais complicado de solucionar
A CONSERVAÇÃO DAS ALÇAS.
Quase sempre o empilhamento de alças no armazém leva a ataques de traça e consequente destruição da cera puxada. Esta situação à deveras desagradável, pois há que repor toda a cera danificada, o que trás custos para a exploração, como também pelo trabalho moroso de retirar as ceras destruídas dos quadros, esticar arames e colocar a nova cera.

Muitos apicultores tentam resolver esta etapa:

- Mantendo as alças sobre os ninhos, com as já verificadas desvantagens.
- Retirar os quadros, colocá-los num recipiente estanque conservando a cera com bolas de naftalina, com a combustão de enxofre ou outros produtos químicos.
- Arejar os quadros, retirando-o-os das alças e pendurando-os num fio.
- Armazenando os quadros com cera puxada numa arca frigorifica.
- Mantendo as alças sobre os ninhos durante o período quente e retirando-os apenas no Inverno quando a traça deixa de constituir perigo para a cera.

Todos estes métodos apresentam uma ou mais falhas, pelo que o mais indicado será a construção/adaptação de um pequeno armazém ou câmara para as alças e cera puxada.
Cada alça (meia alça) ocupa um espaço de 0,20 metros quadrados ou um volume de 0,030 metros cúbicos.
Ou seja, num metro cúbico è possível armazenar cerca de 30 a 33 alças.
Desta feita è possível construir ou adaptar a baixos custos uma pequena instalação que possa albergar as alças durante o período em que estão fora das colmeias. Uma pequena casa ou dependência semelhante aos usados para os motores de rega com cerca de 2 x 2 x 2 metros, 8 metros cúbicos, permite armazenar aproximadamente 250 alças, o que excede as existências da maioria dos apicultores.


Se aumentarmos uma das dimensões da casa de 2 para 3 metros, aumentamos a capacidade de armazenamento em mais 150 alças, ou seja um total de 400.
O armazém de alças deverá ter o chão e o tecto em cimento para evitar a humidade. Uma porta e uma janela, fáceis de vedar/isolar para que uma vez cheias de alças e com o insecticida, este não escape para o exterior.
O insecticida habitualmente usado para o efeito, o PHOSTOXIN, è extremamente tóxico, pelo que todo o cuidado com o manuseio, crianças e animais não è de descurar. Já se verificaram acidentes graves com a sua utilização, por isso o interesse na construção/adaptação de instalações exclusivas para o efeito.
No chão deve ser colocado um estrado em madeira (paletes) para evitar problemas de humidade e os inconvenientes fungos. Uma vez colocadas as alças no armazém, a porta e janela(s) serão fechadas e preferencialmente isoladas com fita ou silicone.

A quantidade de PHOSTOXIN a utilizar poderá ser de uma pastilha para 20 ou 30 colmeias. Este insecticida não è habitualmente usado na apicultura, sendo vocacionado para a conservação de cereais, no entanto DEVERÁ SEMPRE LER O RÓTULO E SEGUIR AS INDICAÇÕES DE SEGURANÇA.As pastilhas de PHOSTOXIN não podem ficar em contacto directo com o chão ou com humidade pois poderá resultar numa reacção de combustão, deverá utilizar um recipiente seco e aberto para as colocar.
O ideal será colocar a pastilha dentro de um frasco, destapado, que se coloca na alça de cima após abrir-se um espaço central entre os quadros.

Na Primavera, e uma ou duas semanas antes de retirar as primeiras alças para colocar nas colmeias deverá abrir a porta e a janela para que o armazém possa arejar convenientemente. Se as temperaturas forem altas deverá controlar as eventuais reinfestações de traça nas ceras que permanecem armazenadas.
Há quem opte pelo segundo esquema, comprando manga de plástico onde coloca as alças em pilhas individuais. Neste caso, o mais acertado, poderá colocar uma pastilha em cada saco para 20 alças.
ATENÇÃO: A pastilha deverá ser colocada no frasco imediatamente antes de fechar o saco, para que o apicultor não fique sujeito aos gases tóxicos. Esta operação deve ser feita com bastante ventilação e com o cuidado necessário.
Esta parece ser a melhor solução, na medida em que o apicultor só vai arejando e retirando do ARMAZÉM DE ALÇAS, a quantidade suficiente sem que as restantes sejam afectadas pela traça.

10 comentários:

Anónimo disse...

bom dia. explique-me apenas umas coisa se faz favor.
imagine que tenho uma pilha de alças, sendo que a 1ª alça considero a que está em cima da palete, o phostoxin deve ser colocado nessa alça ou na última?

pelo que entendi deve ser na última, mas gostava de compreender a lógica desse processo, uma vez que me parece mais lógico ser na primeira.

cumprimentos

Alien disse...

Bom dia,

Antes de mais um pedido de desculpa na demora da resposta.

Aconselho-o a não utilizar o phostoxin, visto que deixa residuos na cera e evidentemente no mel.
Quando soube dessa informação já tinha publicado o post e ainda não alterei.
Actualmente utilizo apenas a mecha de enxofre incandescente que coloco sob a alça de baixo de todas. Neste caso o saco ou manga de plástico é enfiado na pilha de alças a partir de cima (como se fosse um preservativo) de modo a que o possamos levantar por baixo para colocar a lata com o enxofre a arder.

Respondendo à sua pergunta, quando utilizava esse outro produto colocava-o num frasco na alça de cima, na mais alta, segundo indicações de quem me vendeu o phostoxin...

abraço
Joaquim Pifano

João gomes disse...

Boa tarde. Qual a quantidade de enxofre que põe a arder e que altura deve trem o estrado param evita que a chama do enxofre ponha em causa o material apícola.

Abraço e obrigado pela atenção

Alien disse...

Olá João Gomes,

Normalmente coloco uma pilha de 15 a 20 alças sobre um corpo vazio (que serve de estrado) onde abro uma entrada.
Sobre toda a pilha + estrado coloco uma manga de plástico.
Depois levanto a manga um pouco por baixo e coloco uma ou duas tiras de enxofre a arder
dentro de um recipiente de metal. A altura de um corpo vazio é suficiente para que a chama não chegue à cera da alça de baixo.
Mas... convém estar por perto durante a combustão não vá alguma coisa correr mal, e não tão perto assim pois muito desses gases escapam para o exterior e podem intoxicá-lo, deixe uma janela aberta se a pilha estiver no interior de um armazém e não permaneça lá dentro durante a combustão.

espero ter ajudado

abraço
Joaquim Pifano

j disse...

Boa tarde

E depois como fecha a manga, sabendo que é o peso de 20 alças?

Abraço
João Murta

Alien disse...

Caro João Murta

Este artigo sobre a conservação de ceras está desactualizado, pelo menos relativamente ao procedimento que actualmente tenho.
O PHOSTOXIN deixa resíduos na cera, pelo que há vários anos que deixei de o utilizar,
o ideal é mesmo a mecha de enxofre em combustão. O enxofre não tem os mesmos níveis de
toxicidade do PHOSTOXIN e não deixa resíduos na cera, o problema é tratar-se de uma combustão
e há o risco de incêndio se não forem tomadas as devidas precauções.
Por outro lado também há que precaver a sua própria intoxicação ao lidar com os gases da combustão do enxofre, deve usar máscara própria e num local ventilado.

Relativamente à questão que me coloca, o procedimento também mudou, eu opto por colocar um ninho vazio no chão, sem estrado e sem tampo, como se fosse apenas um corpo ou alça igual ao ninho. Neste ninho faço um orificio suficientemente grande por onde possa introduzir um recipiente de metal ou de porcelana onde coloco mais tarde as mechas ou tiras de enxofre a arder. Esse orifício do ninho deve ser fechado para evitar que os gases escapem.
Uma vez colocado o ninho no chão coloco sobre ele uma pilha de alças com cera puxada, num número que me pareça razoável, 12, 15, 20...
Sobre a pilha de alças coloco uma prancheta com o orificio bem tapado e colo a prancheta em redor com fita adesiva.
Finalmente coloco a manga de plástico mas desta vez de cima para baixo, revestindo toda a pilha até abaixo, incluindo o ninho (onde se coloca o enxofre a arder).
Quando quero fazer o tratamento contra a traça levanto um pouco o plástico, retiro o prato ou recipiente de metal ou porcelana, coloco a tira de enxofre a arder e meto o recipiente pelo orificio dentro do ninho que suporta a pilha de alças. Tapo esse orifício, baixo rapidamente o plástico até ao chão e se possível passo fita cola em redor ou um elástico para que os gases de enxofre se mantenham dentro da manga.

Eu tenho pilhas de 12 alças, e uma ou duas tiras por mês no tempo quente são suficientes, mas é muito importante ir monitorizando não surjam novos ataques da traça.

Espero ter sido claro na explicação, mas se houver alguma dúvida envie-me um email para montedomel@gmail.com

Abraço
Joaquim Pífano

j disse...

Obrigado, compreedi

Houve tempos em que comprava manga, penso que de 8o ou 90 cm e agora só consigo comprar de 1 metro.

Abraço
João Murta

j disse...

Bom dia

Guardei as alças em pilha numa casa fechada onde queimei enxofre, agora a minha duvida é se o enxofre não vai deixar resíduos os mau gosto no mel?

Obrigado,
Cumprimentos,
João Murta

Alien disse...

Caro João Murta

Pessoalmente costumo arejar as alças
tratadas com a combustão do enxofre
um semana antes de as colocar na colmeia
e nunca detectei qualquer rejeição por
parte das abelhas ou maus odores no mel,
ou qualquer outro problema.

Cumprimentos
Joaquim Pífano

j disse...

Obrigado